Noite de Natal escrita por Sgt_Whiplasher


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

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Sim, eu não sei dar títulos às fics. rs
A fic está habituada na fase Shippuuden, antes de a Akatsuki atacar Suna.
Feita para minha Amiga Secreta em um fórum de Naruto. Espero que goste da fic, de verdade. =)
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Konoha estava preparada para a celebração do Natal, lanternas de papel colorido enfeitavam as ruas. Árvores haviam sido enfeitadas pelos próprios moradores, iluminando-as com diversos pisca-piscas, dando uma visão bonita e alegre para quem visse a vila de longe.

Tudo havia sido planejado com antecedência, e realizado com calma. Tsunade apreciava festas como ninguém, e mesmo que o clima da vila constantemente não fosse o dos melhores, ela exigira que a data fosse celebrada “para acalmar os ânimos”.

Um grande salão decorado para a ocasião acolhia os moradores da vila e os convidados de fora. O som de vozes sobressaindo-se umas às outras era confuso, risos e discussões amenas eram por vezes as mais audíveis.

Havia comida disposta por uma grande mesa ao centro, bebidas e uma profusão de mesas menores que a rodeavam, a maioria ocupada.

Aquela era uma noite de diversão. E de celebração. A alegria, sobrepondo-se à sensação de perigo que por vezes assombrava a todos, reinava naquela noite.

Todos sorriam, divertiam-se aos montes, alguns saboreando os quitutes oferecidos enquanto outros degustavam da companhia dos amigos.

Apenas um rosto, pálido, olhos verde-água que percorriam o ambiente sem se abalarem, permanecia sério. E em silêncio. Após cumprimentar a Godaime e retribuir seus desejos de boas festas, Gaara sentara-se à mesa destinada aos convidados de honra. Sendo ele mesmo o Godaime de sua vila, aquilo não passava de uma formalidade. Mas desde que se sentara ali, tornara a seu estado habitual. Silencioso e observador. Apenas desviava os olhos pelas pessoas no salão, seus gestos, sorrisos... algo que ainda não podia retribuir com significância, algo que ainda tentava compreender.

E ali permaneceu, apoiado com os cotovelos sobre a mesa, gesticulando com movimentos de cabeça aos cumprimentos formais que lhe eram dirigidos, pensando seriamente no porque de ter de estar ali. Ele não fazia parte daquilo, ainda não fazia. E sua principal pergunta era se um dia faria parte daqueles sorrisos, daquilo que chamavam amizade... ainda não podia responder a nada disso.

Desviou os olhos para os irmãos, que reconheceu facilmente conversando com ninjas de Konoha. Podia ver que se divertiam, brincavam e celebravam aquela data como se esperava que celebrassem.  Não havia nada de errado com eles. O problema era consigo mesmo, e isto só perturbava Gaara ainda mais.

Só então sua atenção, desviando-se dos dois, fixou-se em um garoto vestido de verde, que exibia sua satisfação por aquela noite para quem quisesse ver. Apertando os olhos, Gaara reconheceu o ninja pelos cabelos pretos cortados em formato ‘tigelinha’, as sobrancelhas incrivelmente grossas e a expressão abobalhada de sempre. Como poderia se esquecer, se um dia tentara matá-lo?

Lee... o nome surgiu tão logo se lembrara do evento, mas tratou de esquecê-lo. Havia muito tempo, e muito havia mudado desde então. Tratou de acompanhar o garoto com os olhos, minuciosamente, enquanto ele cumprimentava cada uma daquelas pessoas no salão. Seus dentes estavam sempre à mostra com o sorriso que mantinha sempre vivo, a expressão alegre que nunca morria naquele rosto. Gaara desviou os olhos tentando acompanhar a festa como um todo, mas logo se voltava novamente para o garoto. Acompanhava os gestos exageradamente infantis de Lee com curiosidade, mesmo que seu rosto não o demonstrasse.

Aquele garoto e ele... eram completamente diferentes. Apesar de exagerado, não havia nada de forçado naqueles gestos, e isto era o que mais impressionava Gaara. Ninguém podia ser capaz de ser simpático com todos, gritando e sorrindo como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo.  Mas então, mais uma vez, ele lembrou que aquilo era o natural em uma festa. Gaara é quem não sabia como fazê-lo.

Os olhos negros de Lee desviaram-se então, de súbito, quando sentira que alguém o observara. Era algo que ele já havia percebido, mas envolvido na conversa sobre seus últimos treinamentos, ignorara-a por um tempo. Mas com a persistência, ele passara a procurar pelos olhos que o acompanhavam.

E logo os encontrou. Os olhos pretos fixando-se nos verdes, que Lee reconhecera prontamente como Gaara... ou melhor, como o Godaime Kazekage. Suas grossas sobrancelhas ergueram-se de surpresa, mas logo tornou ao estado habitual. E, abrindo um sorriso simpático, ergueu o polegar direito em direção ao ruivo, que encarou aquela situação meio desconcertado. E, gesticulando com a cabeça quase imperceptivelmente, ele se obrigou a desviar os olhos.

Lee manteve o olhar no ruivo por mais algum instante, mas logo fora abordado por mais um conhecido, e tornou a descrever seus novos treinamentos.

Os olhos de Gaara permaneceram desviados para o lado, para o nada. E só depois de um tempo ele voltou-os à festa, parando exatamente na figura vestida de verde, como se o tivesse procurado. E realmente fora o que fizera, mas Lee não mais o encarava. Tornara a conversar e a sorrir como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo... o que de fato devia ser. Para ele. Nunca para Gaara. Com um suspiro pesaroso, Gaara continuou a observar Lee, como se seus modos exagerados e sua voz acima do tom fosse tudo o que havia no salão.

E por essa razão, por não conseguir afastar o olhar, tanto quanto os pensamentos, de Lee, Gaara simplesmente se levantou, indicando aos dois ninjas de Suna que estavam a seu lado que permanecessem ali, e se dirigiu à área externa do salão.

Não havia ninguém ali, de modo que Gaara avançou até o parapeito da área, apoiando-se com os cotovelos e encarando a vila e o céu escuro, sem nuvens, que se estendia sobre ela. Sabia que aquela não tinha sido sua melhor atitude como Godaime, mas realmente precisava por os pensamentos no lugar. Aquela era uma noite peculiar e Gaara nunca se sentia bem acomodado em festas. Ainda mais quando ela abrigava garotos extremamente exibicionistas e exagerados.

- Feliz Natal, Gaara-sama.

A voz totalmente inesperada sobressaltou o ruivo, que estremeceu ligeiramente com o susto, voltando-se na direção daquela voz. Era Lee quem o encarava, o sorriso simpático e sempre parecendo sincero estampado no rosto, suas mãos para trás do corpo.

Sem responder prontamente, os olhos de Gaara continuaram fixos nos de Lee, a expressão surpresa evidente em seu rosto. Só passado um tempo, percebendo o quão idiota devia ter parecido parado ali sem respondê-lo, Gaara o fez.

- Obrigado, Lee-kun.

Estabeleceu-se um momento de silêncio, em que Lee ergueu as sobrancelhas para a resposta do ruivo, e Gaara continuou a encará-lo, sem mais nada dizer. O silêncio fora quebrado então, com uma risada de Lee, que voltou a exibir seus gestos descontraídos, mesmo que os houvesse controlado por estar diante de alguém importante.

Não por ele ser o Godaime Kazekage, ou por um dia tê-lo derrotado... por algo mais que isso. Mas sem saber dizer de que maneira, Lee apenas sorriu, observando a expressão séria e amena de Gaara, aquela postura firme que ele mesmo tentara algumas vezes, mas nunca o conseguira realizar.

Afinal, ele nunca possuíra o perfil de um líder. Não era sério, tampouco tinha voz de comando suficiente. Sempre achou que Neji era quem detinha esse perfil em seu time, e Gaara possuía aquele mesmo perfil centrado e firme. Lee admirava isso.

- Bom... – Lee quebrara o silêncio, meio constrangido – Eu devia ter feito isto mais cedo, mas achei que você não queria ser incomodado... bem, talvez não queira ser incomodado agora também, não é?

Lee deu uma risada, coçando a cabeça com a expressão abobalhada. Gaara apenas continuou a encará-lo, soltando um suspiro entediado com aquela atitude de Lee.

- Aonde quer chegar? – Gaara finalmente disse, já que o outro não complementara.

As mãos de Lee que estavam detrás do corpo vieram à frente, erguendo-se diante de Gaara. Suas mãos seguravam um embrulho de papel brilhante, com um laço em cima da caixa. Um presente.

- Eu espero que goste do presente. – os olhos de Lee permaneciam fechados, como se os abrisse, perderia a coragem de manter aquela atitude.

Afinal, o que Gaara pensaria dele? Eles não eram nada, não eram amigos, não tinham nenhuma intimidade. Mas para Lee havia um significado, ele tinha por Gaara um respeito muito grande, uma grande admiração. Lee se lembrava de seu primeiro encontro, nada amistoso, com Gaara. E a luta que se seguiu. Conhecia o grande problema que o afastara das pessoas, e como ele superara tudo, aprendera o valor das pessoas e se tornara a autoridade máxima de sua vila. Para Lee aquilo tudo era um grande exemplo, uma força de vontade imensa e a superação de seus próprios problemas. Lee também tivera as suas próprias superações. E sua força de vontade fora a responsável. Eles tinham isso em comum.

A expressão de Gaara congelara encarando aquele embrulho. Sua expressão de total surpresa. Sem perceber sua pulsação acelerara além da conta, enquanto tudo o que era capaz de fazer era encarar o presente que lhe era oferecido, e o rosto mudo, de olhos fechados, de Lee. Aquilo era totalmente inesperado.

- Por que isto?

Lee tornou a abrir os olhos, encarando os verdes de Gaara, que o encaravam fixamente, a expressão de surpresa ainda evidente em seu rosto sempre sério.

- Por que é Natal!

Aquela era a resposta mais óbvia, e mais idiota, pensou Lee, que ele poderia ter dado.

- Só por isto?

Lee respirou fundo. E encarou o rosto do ruivo com determinação. O presente ainda em mãos, ainda erguido.

- Não só por isto. Porque... Porque eu achei que lhe devia isto.

Gaara estava cada vez mais surpreso com aquilo. Não podia sequer imaginar o que o outro pensava que lhe devia.

- Não me deve absolutamente nada.

- Está errado. – Lee respondeu prontamente. Ainda segurava o presente. Começava a achar que o outro o recusaria. E começava a se achar um idiota. Um completo idiota. Inspirou profundamente o ar, antes de prosseguir.

- Eu sinto que devia lhe dar um presente. Pelo que eu pude aprender com você. É um agradecimento. Muito obrigado, Gaara-sama.

Gaara não tinha uma resposta àquilo. Simplesmente não havia palavras para o que Lee lhe dizia. O que ele poderia ter ensinado a ele, que tipo de brincadeira era essa? Mas Gaara apanhou o presente, pois achou que isto era o correto. E, de algum modo, ele se sentia estranhamente empolgado com a idéia de receber um presente de Lee.

E Lee sorrira. Seu presente não fora recusado. Suas mãos estavam novamente vazias, e ele mantinha os olhos fixos em Gaara, em sua expressão quanto ao presente. Esperando que ele o abrisse, e na reação que ele teria.

- Ainda não compreendo o porquê disto... mas, obrigado.

E erguendo os dedos finos para o laço, Gaara começou a desembrulhar o presente, sentindo os olhos de Lee acompanhando seus movimentos minuciosamente. Era uma sensação estranha. Mas ele continuou seu trabalho devagar, até que a caixa de papelão estivesse completamente exposta, o papel de presente embolado em sua outra mão. Lee apanhou o papel enrolado das mãos de Gaara, quase como num reflexo. E assim, Gaara prosseguiu.

Seus olhos encararam o conteúdo daquela caixa, estupefato. Voltou-se a Lee, apenas para tornar a encarar o conteúdo da caixa. E com a mão livre, ergueu o pano dobrado, deixando agora a caixa no chão e segurando o seu presente, sem saber o que dizer.

Um macacão verde, como aquele que Lee vestia. Exatamente como aquele que Lee vestia. Aquilo só podia ser uma brincadeira. Tinha de ser.

- E então, o que achou?

Gaara tornou a encarar Lee. Aquilo era realmente sério? O ruivo abriu a boca para dizer algo, mas não havia nada o que dizer. Ele continuou encarando aquela roupa absurda, e um pensamento infame dele mesmo vestido com a roupa lhe fez engolir a seco.

Apanhou a roupa, dobrando-a como pôde de volta à caixa e fechando-a. E encarou Lee. Ele ainda o observava com os olhos sinceramente questionadores, esperando pela resposta. Gaara não cansava de se surpreender com aquele garoto.

- Realmente peculiar. Mas eu agradeço o presente.

Lee sorriu. Não esperava uma grande explicação como ele poderia ter dado. Apenas assentiu, satisfeito.

- Gai-sensei foi quem me deu esta roupa. Ela é excelente para o treinamento, você vai ver. Ela é ótima para movimentos rápidos... – e deu uma risada sem graça, sabendo que o modo de luta de Gaara não prezava os movimentos.

Gaara pôde adivinhar o porquê de o outro ter se calado, e sua risada sem-graça. E se divertiu, de verdade, com a expressão de encabulamento de Lee. Além do mais, que pensariam dele se usasse uma roupa como aquela? Mas não era nisso que Gaara pensava. Ele continuava a observar os olhos negros de Lee, pelo fato dele ter vindo até ele, e lhe dado aquele presente. O próprio fato de ele estar encabulado, era a surpresa de Gaara.

E um ligeiro sorriso, que surgira e se fora numa fração de segundo, brotou em seu rosto. Lee pensou tê-lo imaginado, mas ele estivera ali, o sorriso. E Gaara compreendeu que não era Lee quem devia agradecê-lo por algo que ele ensinara, pois ele não poderia ensinar nada. Era ele, Gaara, quem devia agradecer a Lee, e não só a ele, por tudo o que pudera aprender desde a primeira vez que estivera na vila. Que o maior presente que ele pudera receber já lhe fora dado, e com o tempo ele aprenderia como retribuir.

Era ele quem aprendia, dia-a-dia, com todos de Konoha. E com Lee, agora ali, sorrindo para ele, como se eles fossem velhos amigos.

E com o mesmo sorriso, Lee o chamou de volta à festa, quando as vozes se elevaram indicando que passava da meia-noite. E, com o presente em mãos, Gaara o seguiu, para aquela que seria mais uma lição que ele aprenderia.

 


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Notas finais do capítulo

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Considerações Finais: Nunca escrevi nada de Naruto, e espero que não tenha saído demais da personalidade dos dois. Ficou extremamente fraca, mas foi feita de coração. Espero que tenha gostado.
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