Naufrágio escrita por Miss Desaster


Capítulo 2
Capítulo Final


Notas iniciais do capítulo

Aproveitem bastante o último capítulo.



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– Passo na sua casa daqui há meia hora. – Damon disse ao telefone.

– O que? Eu vou trabalhar amanhã de manhã, não vou sair com você. – Ric resmungou do outro lado da linha. – Está bêbado?

– Não, idiota. Preciso que vá comigo em um lugar.

Alaric desligou o telefone sem dizer uma palavra e ele sabia que o amigo estaria pronto quando buzinasse em frente ao condomínio.

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Passou uma hora dirigindo por uma estrada deserta, vegetação em volta e na estação de rádio tocava uma música que falava de amor, muito antiga e lhe trouxe uma memória apagada no fundo de sua mente. Continuou afirmando que a visita não tinha nenhuma relação com o passado, só precisava se redimir.

Você não precisa do meu perdão.

Conviver com a falta dele estava tirando sua paz de espírito, isso sim.

– Essa é uma péssima ideia. – Ric reclamou pela centésima vez.

– Não sou conhecido pelas boas. – Cansado de ignorar o amigo apenas deu de ombros, acelerou com o carro na esperança de que a velocidade afastasse seus pensamentos.

O caminho de pedras levava até o centro de uma espécie de cabana que estava enfeitada com a quantidade de balões que dariam para três festas infantis. O falatório quase se sobrepunha a música tocada por um DJ na beira da piscina, que contava com uma cascata do alto de uma sauna.

Pode ver no canto mais afastado do círculo, Rose sentada com alguns amigos e a conversa fluída. Fez o maior esforço para que a amiga não o visse, com certeza tentaria arrastá-lo para bem longe e sua viagem teria sido um desperdício de tempo.

– Diz que a Elena te convidou e avisou que ela também viria. Distraia a Rose.

Notou uma pequena figura passando por trás dos jardins que ladrilhavam o caminho das pedras e caminhava na direção do DJ.

– É a minha festa e quero escutar Justin Timberlake. – Elena disse ao DJ. – Seu trabalho é me fazer feliz hoje.

– Você disse que poderia tocar o que eu quisesse. Não estou nem aí com a sua felicidade musical. – O cara respondeu tacando batatas frita nela.

– Eu deveria desejar feliz o quê? – Perguntou se aproximando de Elena.

A expressão dela foi pior do que no aniversário de Rose, parecia infeliz de vê-lo ali e aquilo quase o desencorajou. Quase.

– Só ficaria feliz se desse o fora daqui. O que veio fazer aqui? Não está muito longe do seu lugar? – As mãos estavam agarradas na mesa de som, como num esforço para não bater em alguém.

– É uma festa de despedida, com todos os seus amigos e pessoas que você se importa.

– Exatamente. Você não é nem meu amigo, muito menos alguém de quem eu goste. – Ela se virou para o DJ. – Jer, você pode nos dar licença?

– Se isso é uma verdade, não estaria tão irritada depois que te magoei.

– Eu quero distância das pessoas que me fazem mal, só isso. Por que é tão difícil respeitar a minha decisão?

– Sinto muito por ter te magoado, de verdade. Nós sempre demos um jeito nas coisas, sempre consertamos tudo de ruim e você vai embora. Quer levar esse peso com você?

Os lábios dela se ergueram numa espécie de sorriso distorcido e as mãos relaxaram, por fim acabou soltando a mesa.

– Sabe o que não entende? Eu sempre dei um jeito nas coisas, sempre dava um jeito de colar as merdas que fazia, perdoava suas mentiras, seus erros e até mesmo quando não estávamos fingindo ser um casal. Eu aceitei tudo isso de você por tudo que vivemos juntos e percebi que existiu mais esforço da minha parte do que da sua. Seu egoísmo não era problema porque você acabava voltando atrás e eu não tenho mais treze anos pra jogar esse jogo, Damon.

Aquilo foi mais difícil de se ouvir do que a própria decisão de vir até a festa sabendo que poderia ouvir coisas desagradáveis. Ele sempre foi egoísta e acabara sempre magoando Elena, ao mesmo tempo em que a mantinha por perto e não foi justo. Sabia disso, mas a necessidade de tê-la independente do tempo era bem maior do que o arrependimento.

– Sei que sempre esteve ali, mesmo se passando um, dois, três ou quatro anos. Gosto de você e... – Desistiu de pedir o perdão. – Só quero que aja nessa noite como se fosse Damon e Elena de sempre, depois disso você vai embora e será tudo que teremos.

Puxou pela mão e a abraçou com força.

– Está com fome? – Ela perguntou quando se soltaram.

– Claro, o que vamos comer?

– Tudo que aguentarmos. – Sorriu para ele como sempre faziam nos desafios de quem comeria mais.

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– A Rose quis me esfaquear quando te viu por lá. – Ric disse enquanto dirigia com os olhos na estrada escura e pouco iluminada. – Elena e você ficaram numa boa, né?

Suspirou e evitou pensar no futuro.

– Foi uma desculpa temporária. Só por essa noite.

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Uma semana depois Elena estaria partindo para Austrália. Eles não se falaram no decorrer dos dias, não haveria muito o que dizer e então viu um post de cinco minutos atrás.

Amigos, finalmente estou embarcando para realizar um sonho. Deixar minha família e vocês por um tempo foi o que mais pesou na minha decisão de viajar por um período tão longo e ainda sim, estou indo. Não posso descrever o quanto sentirei falta de tudo. Talvez tenha deixado de fora o fato de que não tenho certeza de que ficarei apenas por um ano, pois planejo uma viagem por toda Austrália depois de um ano de trabalho e isso pode demorar mais do que imagino. Não estou fazendo planos a longo prazo, mas se algo acontecer no percurso, ficarei mais tempo.

Espero que todos tenham ótimas coisas para me contar quando voltar. Desejo-lhes toda sorte do mundo.

Nos vemos em breve e amo vocês.

Damon queria explicar o nó no estômago após ler a mensagem. Que merda.

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A decisão de ir ao aeroporto foi mais idiota do que ir em uma festa que não fora convidado.

Demorou cerca de vinte minutos para encontrar o portão de embarque, pois o voo estava programado para dali a duas horas e os passageiros não estavam autorizados ao embarque. Mesmo porque o avião ainda não se encontrava no local exato da pista de pouso.

Mais dez minutos para examinar as centenas de rostos e viu a família Gilbert.

– Olá, Sr. e Sra. Gilbert. – Tentou não contrair os músculos e respirar fundo para soar mais confiante do que realmente se sentia.

– Oi, Damon. Não sabia que viria se despedir da Elena. – Lançou um olhar para a filha que ainda decidia ter choque, surpresa ou raiva. – Vamos olhar algumas lojas, querido.

Miranda e Grayson saíram com um olhar duvidoso, porém nada disseram.

– Achei que semana passada fosse a última vez. – Disparou assim que os pais sumiram do campo de visão.

– Era. Até eu ver o que postou. Como pode ser que fique mais de um ano? É muito tempo, Elena.

– Sei disso e não poderia estar mais feliz por fazer isso. É meu sonho explorar lugares novos, se pudesse sairia agora e voltaria daqui uns três anos. Conheceria todos os lugares possíveis, cada cultura, povo e comida. – Os olhos pareciam distantes como se estivesse presa em um sonho de olhos abertos.

– E seus amigos? – Pensou a respeito. – E eu?

– Da última vez pelo que me consta, passaram três anos e sobrevivemos. – Suspirou e voltou a se sentar na cadeira ao lados das duas malas vermelhas chamativas. – Damon, eu não esqueci do que fez, que você tem uma namorada e tudo que aconteceu antes.

– Dizer que sinto muito não vai resolver nosso problema. – Passou a mão nos cabelos totalmente frustrado por não pensar em algo convincente. – Estou te pedindo pra não ir.

No último mês se acostumou com a frequência das mudanças de expressões no rosto de Elena, desde felicidade, alegria, divertimento, raiva, tristeza, frustração e essa a primeira vez que viu a incredulidade. Pode ver que ela respirou algumas vezes até que falou:

– Você não pode me pedir isso. Não tem esse direito. – Sibilou a última palavra.

– Sei que tenho ferrado com as coisas nos últimos meses. – Com o olhar de escárnio que recebeu. – Eu sempre estrago as coisas, sei disso. Só acho que dessa vez é diferente.

– Como era diferente cinco meses atrás quando me procurou de novo? Não tem nada de diferente agora, só está louco por eu ir embora de verdade pela primeira vez nas nossas vidas. Vai ter que lidar com isso sozinho. – Ela apontou o dedo em seu rosto. – É minha vida e faço dela o que bem entender.

Sua garganta estava ficando seca.

– Você foi embora uma vez.

– Quando estava planejando essa viagem, encontrei uma frase que me estimulou e não me deixou desistir no meio do caminho. Naufrágio é não partir. Não é apenas uma viagem, um passeio, um trabalho, desafio ou qualquer coisa que esteja pensando, é um estilo de vida que preciso experimentar.

Nesse momento soube que nada que dissesse faria diferença, nem se contasse o que sentia por ela faria alguma alteração nos planos traçados. Mas o que sentia por ela?

– Fique bem. – Ela lhe deu um beijo no rosto e saiu arrastando as malas até que sumisse de vista.

–-

O último ano fora uma loucura em tantos sentidos que sua cabeça doía só pensar nos assuntos. Estudou tanto nos meses após a partida de Elena que suas notas era uma das mais altas de todas as classes que cursavam o mesmo período de seu curso. Viajou para a França para estudar gastronomia e o motivo de seu pai ter investido realmente na viagem. Vinhos.

Conheceu safras de vinhos de países que não recebiam tanta atenção dos leigos, participou de degustações, a química, conheceu alguns vinhedos e teve o privilégio de acompanhar a produção de perto. Também estudava a possibilidade de importar alguns que conquistara seu paladar e no normal não seria de fácil acesso.

Andy não soube lidar com sua viagem e terminou o relacionamento que não tinha sequer completado seis meses. No início se sentiu estranho, até mesmo triste e no fim entendeu que talvez nunca tivesse gostado de verdade dela. Era empolgação, química e fuga.

Mesmo estando exausto depois de chegar do trabalho, resolveu olhar seu e-mail, ler algum artigo que teria para estudar e depois dormiria como um anjo.

As postagens agora não o incomodavam tanto quanto no início, se acostumou com as fotos, a paisagem, a mudança no visual, alguns relatos curtos das experiências que estava obtendo e agora foi o mais importante que leu em um ano e.... Um ano e meio, constou depois de olhar no calendário. O tempo era muito relativo agora.

Nem acredito que minha aventura está chegando ao fim. Acabo de chegar em Whitmore e esse fuso horário está me matando. Meu antigo número foi desativado e ainda preciso resolver essas questões, prometo que entro em contato com todos assim que possível e me mandem seus números.

Estou morrendo de saudades de todos.

Desligou o notebook e tentou dormir o melhor sono que tivera em muito tempo. O que teve foi dúzia de sonhos embaralhados, desordenados e lhe tiraram a tranquilidade.

–-

No dia seguinte, resolveu que não iria para a faculdade, apenas o trabalho seria o suficiente para lhe distrair a mente.

O barulho estridente da garrafa se espatifando no chão o fez xingar em francês, hábito que adquiriu depois da viagem e não perdera.

Acabara de quebrar uma garrafa de vinho branco que custava 500 dólares. Deus, o que estava acontecendo com ele?

– Você deveria subir para o seu apartamento. – Stefan disse enquanto ajudava com os cacos. – Posso ficar aqui até o final do dia.

– Joseph vai fazer um rombo no meu salário esse mês. – Resmungou sabendo que teria de usar muito do seu poder de persuasão para contornar a situação ou colocá-la em seu favor.

– Papai nunca foi conhecido por aliviar para os funcionários. – Disse se dirigindo para o fundo da loja.

– Mesmo que sejam seus filhos.

–-

Seu celular tocava pela quinta vez ao seu lado na cama.

– O que? – Rosnou para a pessoa do outro lado da linha.

– Estava morto? Pensei que tinha cortado os pulsos ou algo dramático. – Ric respondeu com uma risada.

– Pra que ligou?

– O dia que esteve contando no calendário chegou. Elena está de volta e eu finalmente terei paz.

– O que isso tem a ver com sua paz? – Perguntou num súbito interesse.

– Você vai parar de resmungar tanto sobre ela ou até mesmo pensar nisso. Seus pensamentos eram tão altos que podia ouvir você e todo esse... – Parou de repente, ponderando se diria. – Sofrimento.

– Estou tentando trabalhar no meu projeto da semana que vem. Pare de me ligar também.

– Já fiz meu trabalho te conseguindo o endereço dela. Passo aí em uma hora.

–-

Alaric tomou a frente e tocou a campainha. Passaram por volta de três minutos até que uma Elena com os cabelos bagunçados e olhos sonolentos apareceu na porta.

– Ric? Damon? – Coçou os olhos. – O que fazem aqui?

A garota aparentava estar bem mais magra, com os músculos definidos e cabelo com várias mechas de tonalidade rosa que eram vistas do outro lado de uma avenida movimentada.

– Venho dirigindo por uma hora e nem um sorriso ou: É bom te ver, Ric. – Alaric apertou Elena em um abraço.

– Claro que é bom ver você. – Bocejou. – Só não esperava ver meus amigos tão cedo.

– Achei que sim. Esse cara estava precisando te ver. – Damon lançou um olhar assassino para o amigo.

As emoções nos olhos dela se passaram muito rápido para que identificasse qualquer uma delas.

– Oi, Damon. – Lhe deu um abraço forte.

–-

Achou um milagre divino que Elena tivesse aceitado ir com eles até Mystic Falls. Alaric deveria levar todo crédito, não conseguiu se expressar muito bem e a sensação de estar pisando em ovos era o que mais travava suas ações.

– Agora moro aqui. – Disse abrindo a porta do loft dando passagem para que Elena entrasse primeiro. – Fico perto da loja e posso ser escravo do meu pai na hora que ele quiser.

Ela caminhou até o outro lado da sala, parando na parede de vidro que fornecia luz solar durante o dia e em algumas noites a luminosidade da lua e um abajur faziam um belo serviço. Queria algo sustentável e gostou quando o arquiteto mostrou esse projeto.

– É lindo.

Pendurou as chaves no gancho estrategicamente posicionado ao lado da porta, para que nunca esquecesse onde as tinha guardado.

– Estava pensando em te fazer um jantar.

– Não posso voltar para casa com infecção, lembre-se disso. – Riu para ele e sentou em uma cadeira alta e continuava olhando a paisagem através do vidro. – Pode pedir pizza, não é vergonha.

– Você vai voltar todos os dias na minha porta, me implorando um pouco do que os deuses comem. – Lembrou do chef que lhe dera aulas e suas frases de efeito.

– Ou posso apenas te tacar tomates podres.

Estava abrindo a geladeira e agradeceu as compras que fez três dias antes por um impulso ou apenas por ser um dia que sua mente estava divagando demais para que não fizesse nada a respeito.

– Achei que não falaria comigo ou olharia na minha cara. – Disse enquanto cortava queijo, também servia para disfarçar a agitação das mãos.

– Nada é como antes, mas muito mudou desde que viajei.

– Pegue um prato raso no segundo armário de frente pra você.

Olhou para a adega, procurando o vinho que combinaria com a ocasião e com o queijo escolhido.

– Tinto, branco ou rosé?

– Tinto. – Disse na ponta dos pés, tentando alcançar a prateleira mais alta do armário.

– Se quiser, posso te trazer uma escadinha. – Riu e escolheu Recioto della Valpolicella para acompanhar.

– Assim que trata as suas visitas, não me estranha que não esteja namorando. Ninguém aturaria. – Colocando o prato no balcão e lançou um olhar desafiador.

– Quem te disse que não estou?

– Não está ou não teria me procurado. Você gosta de mim atrás das cortinas e se tivesse uma namorada, ela não aceitaria muito bem essa visita.

Arrumou o queijo no prato e colocou o vinho nas duas taças dispostas no balcão. Discutir só levaria direto para situações como faziam antes e estava na hora de mudar o enredo. Estendeu uma na direção de Elena.

– As nossas brigas infinitas. – Brindou.

Tin-tin. – Ela disse jogando a cabeça para trás e rindo.

–-

A conversa fluiu durante o jantar. Parecendo os mesmos amigos de anos atrás, mas com uma pitada de seriedade que nunca existira antes. Tirava um pouco do encanto, pois ele gostava de como eram e não dessas pessoas civilizadas de agora.

Ele contou sobre a França, chefs que atiravam pratos nos alunos que não desenvolviam o seu potencial, vinhedos no sul da França, do novo projeto para adega que pretendia abrir e que isso não nenhuma influência com a faculdade de administração que cursava.

– Parece que descobriu seu caminho. Esse tempo te fez bem. – Elena comentou.

Ela falou da Austrália, de como Sydney era linda e muito cheia de turistas, que viajou com os amigos para Nova Zelândia, aprendeu a surfar e morava na maior parte do tempo em Gold Coast. As experiências pareciam tê-la mudado para alguém mais segura de si e se possível, mais livre.

– Descobri outras coisas nesse tempo. – Disse e subiu as escadas para procurar os rabiscos. – Li seu diário de viagem.

Desceu a escada de dois em dois degraus, antes que perdesse a coragem. Entregou dezoito folhas rabiscadas.

– Cada folha dessa tem uma música que escutei durante esse tempo, porque escrevia todo mês e guardava. Elas me lembravam você.

– I wish you were here? – Perguntou erguendo a sobrancelha. – Você escutando Avril Lavigne?

– Sei que foi embora em um momento ferrado, fiz tudo que não deveria e ainda tive a ideia que você desistiria de um sonho por minha causa. Fico feliz que tenha ido e me deixado pensando no que me neguei a acreditar todo esse tempo.

– O que? – Estava desconfiada.

– Eu... Eu te amo. – Apertou a taça entre os dedos. – Sempre amei, acho que desde aquele dia que nos conhecemos quando eu tinha dez anos e você sorriu pra mim ao entrar na sala. Nós fomos tão idiota, nosso orgulho, nossa teimosia e sei que magoei você diversas vezes no decorrer dos anos, te afastando quando achava que iria enlouquecer por querer tanto uma pessoa só.

Elena olhava diretamente nos seus olhos e passava a taça de uma mão para a outra:

– Mas você namorou outras pessoas.

– Nenhuma delas tinha esse poder. Uma hora eu quero matar você, te jogar na próxima ponte e ir embora sem olhar pra trás. Em outros momentos eu quero ficar contigo, rir das suas piadas horríveis, ouvir você falar sem respirar por um segundo e nos divertirmos juntos. As outras não eram minha melhor amiga e a pessoa que quero estar.

– Eu... – Pousou dois dedos nos lábios de Elena para impedir que continuasse com o protesto.

– Se é minha amiga, eu não consigo me interessar e se eu me interesso, ela não é minha amiga. Você é os dois. Você é o céu e o inferno. Demorei quase doze anos pra entender que fugia do que você sempre me ofereceu, o equilíbrio.

Os olhos de Elena estavam arregalados, de surpresa e logo depois as lágrimas surgiram. Grossas. Uma tempestade violenta. Ela nunca chorava na frente das pessoas. Se recusava a demonstrar algo que ela considerava fraqueza.

– Não chora, por favor.

Ela o encarou com os lábios entreabertos, como se esperasse apenas um movimento. Então a beijou sabendo que não haveria nenhuma resistência. Ouve resposta desesperada, mãos agoniada por mais toques, corpos quentes que procuravam respostas um no outro e podia jurar que sentia o coração dela batendo descompassado.

– Demorei muito. – Disse com os lábios roçando nos dela. – Eu sei.

– Você é o cara mais idiota que conheço. – Ela o beijou rapidamente.

O sorriso que estava estampado no rosto dela era o que mais gostava, aquele aberto, sincero e de uma criança que acabara de ganhar o melhor presente de Natal. Ele não sabia o que fez nessa vida para merecer o perdão de alguém como Elena – sempre orgulhosa -, mas faria tudo que pudesse para não deixar o relacionamento naufragar.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenha tocado vocês de alguma forma com essa história. Tudo que escrevi tem um lugar no meu coração, quase como se fossem meus filhos e essa é uma das que mais me orgulho. Ela pode não ter nada de espetacular, mas foi algo que esteve preso na minha mente por um tempo e significou muito conseguir por em prática. Vocês que leram, muito obrigada. Não sei o quanto agradecer.
Ari, obrigada por finalizarmos mais uma história. Por ser fofa, paciente e me dar mais força pra continuar escrevendo.
Se quiserem ler mais alguma das minhas loucuras, visitem meu perfil. Nos vemos em breve. Beijos.



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