Rafaela estava correndo de um lado para outro, tentando se trocar o mais rápido possível. Desde que saiu de casa para começar a faculdade de medicina, tempo era o que mais faltava.

Rafaela foi estudar fora quase sem nada, e voltou com um diploma de medicina e com um emprego no hospital local, e aquilo era o que mais importava. Mas naquele momento ela estava muito atrasada.

Ela começou a nomear todos os objetos mentalmente, para ver se tinha esquecido algo, e teve que voltar para pegar o estetoscópio. Colocou-o na bolsa e desceu correndo as escadas.

Ela estava preste a sair quando ouviu seu pai a chamando, ela parou e foi correndo para a sala para ver o que ele queria.

– Oi pai, sem querer sem grossa, mas fala rapidinho.

– Rafa, para um pouquinho, eu e sua mãe queremos falar com você.- Falou seu pai.

Ela se permite parar por um segundo, não sabendo o que era tão importante para eles a fazerem ficar ainda mais atrasada. Eles estavam na sala de jantar, sentados lado-a-lado nas cadeiras, ela caminha em sua direção e senta na cadeira a sua frente.

– Pode falar, estou escutando- Rafaela podia ouvir o som do relógio, Tic-Tac, e a cada batida, mais atrasada ela estava.

– Você já ouviu falar da seleção, Rafaela ?- Pergunta sua mãe.

Ótimo, eles tinham a feito perder tempo, apenas para falar sobre uma competição patética. Ela não aguentou aquilo, e se levanta para ir embora.

– Senta Rafaela, você não respondeu a pergunta! – Ela já estava bufando, aquilo era ridículo. Mas quanto mais rápido eles falassem, mais rápido ela estaria livre, então voltou para a cadeira.

– Sim mãe, eu já ouvi. É uma competição idiota, onde garotas idiotas fazem de tudo para casar com algum príncipe fresco que adora chamar atenção e...

– PARA. Já chega, Rafaela. Porque você é assim ?- Gritou seu pai, ela podia perceber que ele estava irritado.

– Nós a inscrevemos – Falou sua mãe, rapidamente.

– Vocês não fizeram isso – Falou Rafaela com a esperança deles estarem fazendo algum teste com ela.

Só podia ser brincadeira. Porque aquilo, logo agora ? Pensou ela.

– Sim, nós fizemos. Esse modo de você pensar é tão grosseiro, é errado.- Falou sua mãe, Tentando justificar aquela ação.

– Você tem que pensar mais no seu futuro, não só naquele hospital.

– Mas eu penso, eu quero viajar, conhecer o mundo- Esse era um dos sonhos de Rafaela, não ter nenhuma preocupação, apenas viver e aproveitar a vida.

– Não dessa maneira, você tem que começar a pensar em construir uma família, casar e ter filhos. Nós queremos netos- Dessa vez ela riu, tentando se imaginar como uma mãe, uma dona de casa qualquer.

– E vocês acham que o príncipe é a resposta ?- Perguntou Rafa, ainda rindo.

– Sim, exatamente isso- Afirmou seu pai decidido. Aquela era uma batalha perdida, então Rafa simplesmente levanta e sai pela porta.

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Layza tentava animar sua irmã dizendo que seus cabelos logo cresceriam. Mas não estava dando certo.

– Mas porque Layza ? Porque tiveram que cortar todo meu cabelo ? - Perguntou novamente sua irmã, Lisa. Ela era tão pequena, toda mirradinha, Layza só queria abraça-la e pegar toda a sua dor.

– Minha pequena, você está dodói, tinham que cortar seu cabelo- Tentou explicar Laysa.

Quando Lisa era apenas um bebê, os médicos descobriram que ela tinha Leucemia, e desde então a família fazia de tudo para poder pagar o tratamento. Hoje, Lisa tinha 5 anos, mas não importa o que fizessem, a doença não ia embora e corria constantemente risco de morte.

– Tenho uma novidade – Disse Layza a irmã, tentando mudar de assunto.

– O que ¿- Perguntou Lisa, toda curiosa.

– Talvez eu vá para o castelo, mas... – Tentou dizer Laysa, antes de sua irmã a interromper.

– Shiuu. Deixa eu falar- Layza tentou acalmar Lisa, ela amava tudo o que envolvesse o castelo.- Eu disse talvez, eles têm que me escolher.

De repente Lisa fez um biquinho e seu olho encheu de lágrima.

– Você vai me deixar Layza ?

– Claro que não bebê, eu nunca vou te deixar- Prometeu Layza rapidamente, e a abraçou. Ela odiava ver a irmã chorando. Lisa foi se acalmando nos braços de Layza, e aos poucos adormecendo.

Ela odiava a ideia de deixar a irmã, mesmo que fosse por pouco tempo. Mas aquela poderia ser sua chance.

Todos os anos lendo contos de fadas, e sonhando com o príncipe, aquela competição não podia ser coincidência. Layza não tinha tanta esperança em ser escolhida para ir ao castelo, muito menos ser escolhida pelo príncipe. Mas ela ficaria mais que feliz se tivesse a chance de ser uma selecionada, toda a experiência que ela teria, toda a história que ela ganharia poderia ajudar na escrita de seu livro. Sem falar no dinheiro que receberia, que seria de grande ajuda para o tratamento de sua irmã.

Mas o que ela mais queria era conhecer o príncipe, saber se ele realmente era seu príncipe encantado, aquele que ela tanto procurou.

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Dília estava em seu ateliê, fazendo outra escultura para uma cliente. Ela estava cantarolando e viajando por sua mente, quando o idiota do seu irmão, James, apareceu.

– Você vai vender isso ? Duvido que alguém queira essa coisa feia- Disse James, rindo.

Dília sentiu seu sangue esquentar, ela fazia de tudo para ficar longe de sua família, em especial, seu irmão. Mas não importa o quanto de esforço ela fizesse, James sempre atormentava ela.

– Você que se engana, essa escultura já está encomendada- Rebateu Dília, rezando para ele ir embora logo.

Por toda a sua vida seu irmão a atormentou. Ele apenas mentia para seus pais, dizendo que ela havia o batido, quebrado algo, ou qualquer outra coisa fútil, e seus pais brigavam com ela e a batiam.

Sua vida só foi melhorar quando seus pais descobriram seu talento com esculturas, ela pode trabalhar no ateliê e consequentemente, ficar o dia todo longe de James.

– Essa pessoa precisa de um psicólogo, pois isso está horrível. Está até parecendo com você- Dília tentou respirar fundo, como sempre fazia para se acalmar.

– Soube que você se inscreveu para aquela seleção. Espero que você não esteja com esperança de ser escolhida, pois isso é impossível.- Disse James, rindo. Dília se limitou em virar as costas e sair do ateliê.

Ela havia feito sua inscrição aquela manhã, e apesar de tudo o que James dizia, ela ainda tinha esperança em ser uma escolhida. Isso a afastaria de sua família e melhoraria sua vida imensamente, mas Dília não era burra, e sabia quantas jovens haviam se inscrito, e ser escolhida em meio a tantas meninas seria uma chance em um milhão.

A única coisa restava fazer, era aguentar sua família e torcer, torcer muito.

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– Você não entende !!- Gritou Miranda.

– Claro que eu entendo. Você é apenas uma adolescente sonhando acordada. Você acha que esse príncipe é especial ? Acorda Miranda!!! Ele quer é aproveitar de sua inocência! – Gritou seu pai de volta.

Fazia dias que eles estavam discutindo sobre a seleção, mas sempre fora briguinhas de pai e filha, mas aquela briga tinha saído do limite.

– Você não sabe, nem intende!!! Você não pode controlar toda minha vida.- Tentou argumentar, Miranda.

– Você não pode largar sua vida assim, Miranda. Você é uma pianista agora, tem um futuro a sua frente. E vai simplesmente jogar tudo isso fora, apenas por causa de um príncipe! Você vai envergonhar toda a família se você fizer isso, Miranda.

– Você já tentou imaginar que talvez eu não queira isso ? O dinheiro ou boa profissão não são as únicas coisas importantes na vida, pai.

– A é ? O que é mais importante que essas coisas ?- Perguntou seu pai, Paul.

– O amor- Respondeu Miranda. Deixando seu pai em silêncio.

Quando seleção foi anunciada, Miranda apenas sentiu que devia ir para lá, e depois do incentivo da mãe, ela fez sua inscrição.

Por toa a sua vida ela acreditou naquele amor puro que movia terras, e faria de tudo para conseguir ele, como em todos aqueles livros que já leu.

Não que ela não desse importância para vida que tinha, ela adorava o piano, mas ela tocava principalmente por causa da pressão de seu pai, ele queria uma vida para ela como a dele, tendo uma boa condição profissional e uma fama para se orgulhar. Mas não importava o quanto ela ficasse conhecida, a fama de cantor que seu pai tinha, sempre se sobressaia a dela.

– Você não sabe o que está dizendo, nós não precisamos disso, Miranda. Temos uma vida ótima, você não sabe o que diz.

– Sim pai, eu sei, e estou decidida. Se me chamarem para ser uma selecionada, eu irei ao castelo sem hesitar.