Uma vez mais, o dia das bruxas havia retornado. Para a maioria das pessoas seria apenas uma simples comemoração como todos os anos. Doces, festas e alegrias em demasiado. Mas havia, porém, uma pessoa a quem esse feriado possuía um novo significado...

Após um ano de espera, Amy Rose estava mais empolgada do que acreditava que realmente deveria estar. Ela tinha esperanças de que pudesse participar do “Baile das Sombras” uma vez mais. Desde que despertara na manhã seguinte do tal baile, ela não conseguia conter a euforia de presencia-lo uma vez mais, tirando os perigos e riscos que correra naquela noite, algo parecia chama-la de volta para lá. Ela mesma não sabia o que era, dentre as noites em que sonhara revivendo tal noite, lembrando-se de Neko, a garota quem a ajudara a se misturar entre os seres das sombras que lotavam o salão de baile, as vezes se recordando até das próprias criaturas que lhe eram tão aterradoras, havia algo que sempre lhe voltava à mente e trazia-lhe um sorriso quando acordava de seu sonho. Os olhos cor de vinho do ouriço que a protegera tão bravamente, que a tomara em seus braços cuidadosamente enquanto sussurrava a ela um adeus carinhoso antes dela adormecer em segurança. Tais pensamentos sempre a faziam sorrir e até ruborizar.

Mas ela sabia que as chances de poder participar desse baile milenar eram quase nulas, estaria colocando tanto sua vida como a do ouriço negro em risco. Ele arriscara a própria vida para que ela conseguisse escapar com vida de lá, não queria desperdiçar tal gesto apenas para satisfazer seu desejo de revê-lo. Ela estranhara o fato de não tê-lo visto desde aquela noite, nem mesmo a morcega que quase sempre podia ser encontrada ao lado dele sabia do paradeiro do anfitrião do baile. Negando-se a acreditar que algo havia lhe acontecido naquela noite, ela continuou a aguardar ansiosa pela noite em que poderia revê-lo, se assim ele quisesse...

A noite caíra rápida, Uma vez mais Amy se encontrava arrumando-se para participar de uma festa à fantasia organizada pela sua amiga Cream. No ano anterior a festa acabara fazendo grande sucesso e retornaria ainda maior esse ano, como a própria coelha prometera. Apesar de Amy ainda ter suas esperanças de que Shadow surgiria em sua janela durante a noite e a carregaria em seus braços até o “Baile das Sombras” onde valsaria com ela até o amanhecer, um de seus mais frequentes devaneios, Ela se via sem opção se não aceitar que deveria passar as festividades com seus amigos.

Terminando de dar os últimos toques em sua fantasia que dessa vez, para contrapor a do ano anterior, era de Anjinha, com um longo vestido branco e asas de algodão, Ela se olhou uma última vez no espelho sobre a pia em seu banheiro. Não tinha uma expressão animada, não se sentia realmente animada em ir à festa, mas seria melhor do que aguardar a noite inteira para que seu cavaleiro de olhos rubros viesse lhe buscar. Suspirou pesadamente colocando o último acessório, uma auréola dourada suspensa por um arame preso a uma tiara branca rendada, com isso, ela estava pronta. Saindo depois de pronta, ela se deparou com seu quarto em total escuridão, não se lembrando de ter apagado a luz antes de entrar no banheiro. Ela se virou na direção da janela próxima de sua cama, o vento frio da noite esvoaçava as cortinas brancas com leveza deixando a luz da lua ondulando conforme iluminava parte do quarto, A rosa acompanhou com os olhos até onde a luz ia direto, avistando algo sobre a cômoda rosa que vinha a ficar de frente para a janela. Aproximou-se a passos lentos, mantendo-se atenta ao objeto acima da cômoda que não estava ali antes.

Havia uma rosa negra sobre a cômoda, com um envelope de carta abaixo dela. Ela pegou a rosa negra e aproximou-a para sentir seu perfume. Era um aroma adocicado, porém, não enjoativo, viciante, preenchendo os pulmões da jovem ouriça e praticamente dominando-a. Assim que afastou a rosa de si com um sorriso no rosto, ela se voltou para a carta. Abriu o envelope com cuidado removendo de dentro dele o bilhete que continha a mensagem pela qual ela estava aguardando...

“Querida Rose

Veio por meio dessa carta convidá-la a comparecer ao Baile das Sombras.

Tenho certeza de que não se esqueceu da última vez em que nos vimos, arrependo-me de que não pude fazer nada para prolongar nossa noite juntos, mas garanto-lhe que nada nos atrapalhará dessa vez. Aguardo ansioso pela sua presença...

De seu anfitrião.”

A euforia preencheu o peito da rosada assim como a flor havia feito à pouco. Ela colocou a flor e a carta sobre a cômoda novamente e correu em direção ao seu armário, Arrancando os adornos de sua fantasia pelo caminho. Ao abrir as portas de seu armário, seus olhos correram depressa em direção a uma caixa cuidadosamente guardada no topo. Ela abriu a caixa sobre a cama e de lá retirou um velho vestido de baile. O mesmo que ela usara da última vez em que estivera no “Baile das Sombras”, vestido esse que uma vez pertencera a Neko, a garota que a ajudara a se passar por esposa do anfitrião. O coração da ouriça palpitou com a ideia de mais uma vez presenciar o baile ao lado do ouriço negro. Ela trocou rapidamente de vestes, dando nada mais do que alguns retoques em sua maquiagem antes de sair apressada de casa.

Diferente do ano anterior, As ruas agora não estavam vazias e desoladas como quando ela errara o caminho por acidente. Pessoas lotavam as ruas, crianças pedindo doces vestidas com as mais variadas e criativas fantasias que elas poderiam inventar, também haviam vários adolescentes caminhando em direção às festas à fantasia que ocorriam em toda a cidade. Amy passava desatenta de todas essas pessoas, sua mente se concentrava em apenas uma coisa, O Baile. Sua mente se perdia nas mais variadas fantasias sobre como seria a noite: valsas entoadas do além enquanto ela e seu anfitrião, o ouriço de olhos cor de vinho, com um olhar penetrante e sedutor, bailavam até o raiar do dia se não mais...

Todas as fantasias que vinham à sua mente faziam-na querer mais e mais chegar ao local onde elas poderiam se realizar. Seus devaneios enquanto corria, porém, fizeram-na esbarrar de frente com alguém. Ela teria ido de encontro ao chão se a pessoa em quem ela esbarrara não tivesse reflexos rápidos o suficiente para segura-la com o braço passando por trás da cintura dela.

-Concede-me essa dança, milady? –O ouriço sorriu segurando alto a mão da rosada

-Sonic?!

Amy olhou espantada para o ouriço azul diante dela, Ele estava vestido com uma longa capa preta com o interior vermelho e seus caninos pareciam mais longos, parte da fantasia também. Atrás dele estavam um raposo loiro fantasiado de Frankenstein e um Echidna ruivo que não parecia esta fantasiado.

-Onde você vai tão apressada? –O ouriço perguntou ajudando ela a se recompor

-Eu... eu estou indo à uma festa. E vocês?

-Estamos indo à uma festa também, provavelmente a mesma que você vai... –Amy se espantou por um breve momento, ela não havia contado à ninguém sobre o baile, sabia que ninguém acreditaria nela, mas ela então se lembrou que tinha outra festa na qual ela tinha sido convidada. –Você não esqueceu da festa da Cream, ou esqueceu? –O ouriço sorriu diferente, notando que ela havia realmente se esquecido da festa de sua melhor amiga

-O quê? Claro que não esqueci! Eu estava indo para lá nesse exato momento! –Ela respondeu indignada pelo olhar zombeteiro dele.

-Jura? Porque eu tenho quase certeza de que é pra lá que fica a casa da Cream. –Ele apontou na direção em que a ouriça vinha. Amy ruborizou ao ver que ele tinha razão, mas não deixaria ele vencer a discussão, sendo que nem mesmo era uma.

-Ora, eu sei muito bem disso! Eu só estava apenas indo passar na casa de uma amiga antes de ir à festa.

-E que amiga seria essa? –Ele manteve seu sorriso zombeteiro

-Ela se chama “Não é da sua conta”! –Ela respondeu ríspida ajeitando seu vestido antes de passar de nariz em pé pelo ouriço que a segurou pelo braço.

-Ames, o que está acontecendo, pra valer? –Ele se virou para ela olhando-a com pesar. Ela vinha tratando ele dessa maneira já a algum tempo e ele ressentia ter feito algo que a magoasse.

-Perdão? –Ela retribuiu ao olhar dele com indiferença

-O que aconteceu conosco, por que vem me tratando dessa maneira? –Amy suspirou arrependida, não sentia raiva do ouriço à sua frente, estava apenas irritada pelo tom zombeteiro dele e com pressa de ir ao baile, fora isso, a única coisa que mudara na relação entre os dois era simplesmente que ela percebera que não haveria mais nada do que uma amizade entre os dois, ele havia assumido pouco tempo atrás o namoro firme com Sally Acorn, a não-mais-rival da ouriça. Desde então ela veio fazendo o possível para manter a amizade com o ouriço, sua paixão por ele havia se apagado antes do namoro ser assumido, mas ainda havia ressentimento entre os dois.

-Me desculpa, Sonic. Não quis ser rude... –O ouriço soltou-a e se virou voltando a sorrir

-Tudo bem, Ames.

-Então, Amy, você vai na festa da Cream? –Quem perguntou foi o raposo, Amy então se deu conta de que havia prometido a sua amiga que compareceria à festa, mas não queria abandonar o baile.

-Diga a Cream que farei o que puder para ir, mas eu tenho que ir a um lugar primeiro e já estou atrasada! Boa festa para vocês! –Ela falou passando rápida por eles, não queria ter que dar mais detalhes sobre aonde iria, não sabia como explicar direito a eles tudo o que estava prestes a presenciar.

Amy avançou rápida pelas ruas, chegando então aos portões de metal contorcidos que davam entrada à mansão onde se daria o “Baile das Sombras”, o ar em volta do lugar ainda era o mesmo, tenebroso e pesado, mas a ouriça já estava ciente do que iria enfrentar. Não poderia demonstrar nenhum tipo de generosidade ou bondade pois os espíritos das sombras repudiavam tais atos. A ideia de ter de confrontar tais criaturas lhe causou certo arrepio, mas não se deixaria abalar por tal coisa, sabia que Shadow estaria lá para protege-la de qualquer que fosse o perigo.

Ela subiu pelo caminho de terra que levava à porta da frente da velha mansão. A música podia ser ouvida dês da metade do caminho e as vozes também, pareciam estar em grande alegria. Amy imaginou se a alegria dos espíritos das sombras seria um mal sinal. Ela prosseguiu apesar de estar mais apreensiva agora do que antes. Ao tocar na maçaneta, uma corrente elétrica percorreu lhe o corpo, como se lhe avisasse para se afastar, fazendo-a hesitar em abrir a porta, mas acabou não sendo ela quem abriu, e sim, Nesmet, o velho mordomo que ela mal conhecera da última vez em que esteve ali. O olhar do pobre mordomo foi de espanto ao ver a ouriça parada na entrada da mansão, mas logo se tornou triste conforme ele se afastava dando passagem a ouriça.

-Entre, Madame, o anfitrião está a sua espera! –Ele falou com um tom triste e receoso. Amy estranhou, mas não o conhecia direito para saber se esse era seu jeito normal de ser.

-Obrigada. –Ela se arrependeu ao agradecer temendo que ele fosse como os espíritos das sombras, mas tudo o que o mordomo fez foi abaixar a cabeça e deixa-la passar.

Amy entrou na mansão, deixando-se levar pela sensação de estar ali de novo, era como imaginara em algumas de suas fantasias, todo o ar colonial estava de volta àquele lugar, somente durante aquela noite, a mansão retornava ao que era em seus dias de glória. Amy escutou aplausos e comemorações vindos da direção do salão principal, várias das “pessoas”, pois eram assim que pareciam quando usavam as máscaras brancas que encobriam-lhes parte do rosto, Estavam a esperar nos corredores olhando para ela, os aplausos pareciam ser para ela já que eles a acompanhavam com o olhar conforme ela ia passando. Amy tentava manter a compostura, sem demonstrar lisonja pelos aplausos, ou medo pela estranha sensação que tinha por receber aplausos vindos “deles”.

Amy continuou andando pela multidão que abria espaço para ela passar através do salão de baile, a sensação incomoda dentro dela aumentava a cada novo passo, algo ali parecia extremamente errado. Seu corpo parou inconscientemente a meio caminho de onde ficaria os dois “Tronos” do anfitrião e sua esposa, seu corpo se recusava a se mover um único passo que fosse adiante ou regresso. Amy fazia o que podia para ocultar o pavor que já lhe apertava o peito, não podia demonstrar medo diante daquelas criaturas ou elas só se tornariam mais fortes contra ela. A multidão percebeu que ela não avançaria mais, então, cessando os aplausos e sendo todos tomados por sorrisos maquiavélicos, eles continuaram a abrir caminho. Amy esperava angustiada ver o ouriço de pelos negros sentado em um dos tronos, fitando a ela com seu olhar sedutor que lhe mostraria que estava tudo bem, mas ao invés dele, quem estava sentado no trono de anfitrião era um homem de porte alto vestido com uma capa negra que lhe encobria os ombros e um traje de gala colonial, seus cabelos eram brancos e pareciam secos e velhos, apesar da feição forte e jovial em seu rosto, sua pele também era de um branco incomum, seus olhos pequenos eram de um negro profundo com íris cor de sangue fitando à ouriça com intensidade. Amy sentiu seu sangue congelar dentro do corpo, seu próprio coração pareceu parar ao avistar a tenebrosa figura que se pôs de pé.

-Bem vinda, minha cara Amy Rose, ao “Baile das Sombras”!

Todo o salão estremeceu quando os ali presentes começaram a gritar em alegria. A algazarra foi tanta que pôde se ouvir uivos e risadas maléficas ecoando de todas as direções. Amy sentiu seu estômago revirar e seus olhos arderem imaginando o que estava pra acontecer, tudo o oque ecoava em sua mente eram suplicas para que Shadow surgisse e salvasse ela do destino que a aguardava. Uma voz ressoou sobre as outras, silenciando-as.

-Já chega, irmãos! –O tal homem falou, ele voltou seu olhar para a pobre ouriça que gastava suas forças tentando não demonstrar o pânico em que estava. –Desculpe a nossa falta de educação, mas sua presença era muito aguardada por todos nós. –Houve mais algumas comemorações exageradas, mas foram contidas quando o estranho homem ergueu a mão. –Meu nome é Sir Alucard Decort, mas pode chamar-me apenas de Alucard. –Ele sorriu para Amy que se lembrou de ter escutado o nome dele antes. Ele havia sido o último descendente da família do fundador da mansão e foi o décimo terceiro anfitrião do baile das sombras, até conceder a liberdade aos espíritos das sombras em troca de poder e acabar aprisionado no mundo das trevas. –Acredito que já saiba o porquê de ter sido convidada a vir ao baile hoje, não sabe?

-Sim. –Amy respondeu mantendo a postura ereta, não sabia de onde estava tirando forças para não desabar aos prantos ali mesmo ao tentar fugir, sabia que nenhum dos dois adiantaria. Estava ciente de que as criaturas ao seu redor a queriam por ter invadido o último baile, não sabia o que fariam a ela, mas no fundo, tinha esperanças de que Shadow a salvaria.

-Então sabe, que ao final dessa noite, você terá de morrer, ou virar uma de nós. –Ele sorriu cruelmente, Amy quase desabou de joelhos, mas conseguiu se recompor e manter a feição fria, ouviu algumas risadas baixas vindas da plateia que devia estar adorando vê-la daquele jeito, mas não daria a eles o gostinho de vê-la se ajoelhar e implorar pela vida. –Tem algum último desejo?

-Desejo ver o anfitrião! – Alucard soltou uma risada grave voltando a se sentar em seu trono.

-Sinto em lhe informar que o homem a quem se refere seja eu mesmo! –Amy não conseguiu disfarçar o olhar de espanto, uma alta gargalhada ecoou em todo o salão vindo da plateia ao redor dela. Alucard riu assistindo a ouriça desabar de joelhos ao chão, a última esperança dela havia sido perdida. As gargalhadas só aumentavam conforme as lágrimas escorriam pelo rosto da rosada. Tudo o que ela desejava para aquela noite era poder rever o ouriço negro novamente, mas agora ela estava condenada e nem fazia ideia de onde ele estaria. Foi então que ela se deu conta que Shadow também correu risco ao mantê-la no baile com uma mentira, e que ao não entrega-la aos espíritos sombrios, ele havia quebrado uma das regras do baile...

-Onde está ele?! Onde está o Shadow?! Oque fizeram com ele?! –Ela gritou desesperada sem saber qual destino o ouriço teria sofrido por salva-la da última vez. As gargalhadas continuaram e Alucard se recostou no trono mantendo seu sorriso maligno para ela.

-Não se preocupe, você irá vê-lo de novo, eu lhe asseguro isso! –Amy foi erguida por dois seres que a seguraram pelos braços. –Levem-na para os aposentos dela, e certifiquem-se de que ela fique lá até que tudo esteja pronto!

Amy foi arrastada escada acima pelos dois seres que a seguravam firme apesar dela se debater veemente gritando pelo nome do ouriço negro. Eles a levaram por um dos corredores da mansão e abriram a porta de um dos quartos, jogando Amy para dentro do quarto e trancando-a lá dentro sem sequer falarem algo.

Amy tentou se levantar mesmo seus braços estarem tremendo e as forças de seu corpo estarem falhando. Tudo parecia um pesadelo, o pior que já tivera em sua vida, seu coração batia acelerado dentro do peito e suava frio, sentia-se como se estivesse para morrer ali mesmo, ajoelhada no chão do quarto. Shadow não viria salva-la, ele poderia estar preso no mundo das sombras, sofrendo qualquer que for a punição que fosse aplicada a quem quebrasse as regras, ou poderia até estar morto, e tudo isso por causa dela, por ela ter entrado na mansão quando não devia, e agora ela estava presa naquele lugar, sozinha e a espera do destino nas mãos das criaturas das sombras.

Seu choro ecoou doloroso pelo quarto, o soluçar ardia lhe o peito e os pulmões ardiam, não queria ter causado nada daquilo. Foi então que um brilho estranho lhe chamou a atenção. Uma luz branca opaca começou a emanar saindo de dentro de uma das paredes, aos poucos, a luz tomou a forma de uma gata de vestido branco gasto. Amy se espantou ao ver Neko surgir diante dela. Quando a fantasma abriu os olhos, o espanto surgiu em seu rosto também.

-Senhorita Amy?

-Neko! –Ela se levantou correndo em direção à felina, envolvendo-a num abraço forte que a gata retribuiu confusa

-O que a senhorita está fazendo aqui?! –Amy afastou-se para olha-la nos olhos, a presença de Neko já era um alivio

-Eu fui enganada, me fizeram pensar que o Shadow havia me convidado para vir, mas era tudo uma armadilha, e agora...

-Isso não é bom, temos que tira-la daqui agora! –A felina passou por Amy indo em direção à porta. Ela trespassou apenas sua cabeça através da porta, vendo dois guardas vigiando a porta, ela então retornou para dentro do guardo e trespassou suas duas mãos pela parede no ponto onde os guardas estavam, virando-se depois para Amy. –Vamos, temos que sair daqui logo! –Ela segurou Amy pelo pulso

-Mas não existe uma lei que impede mortais de sair da mansão depois das dez horas?

-Não depois do último Baile. Os três juízes já não tem mais autoridade sobre os espíritos das sombras depois que o senhor Shadow quebrou uma das leis ao proteger você! –Neko tentou puxar Amy até a porta mais a mesma não foi, quando ela se virou confusa para a ouriça ela a viu fitando ao chão com o semblante triste.

-Oque... Oque eles fizeram com o Shadow?

-Senhorita, eu...

-Por favor, apenas... apenas me diga oque... eu causei a ele... –Neko fitou com tristeza a ouriça rosa. Aproximou-se dela com o olhar baixo também.

-Depois do último baile, quando o senhor Shadow deixou que você fosse embora sem ao menos transforma-la numa meio sangue como ele, ele foi arrastado para o mundo das sombras onde foi julgado por ter quebrado uma das regras. O sen.... o Alucard, convenceu os três juízes de que algo deveria ser oferecido aos espíritos das sombras pela transgressão do senhor Shadow, e ele exigiu a sua vida... ou a do senhor Shadow... –Amy fitou surpresa à Neko

-Espera... Ele está vivo?!

-Sim, mas... –Neko não conseguiu terminar pois Amy a abraçou com força, sorrindo de alegria, Ela temia que tivessem matado Shadow, mas agora que sabia que ele estava vivo, ela só precisaria encontra-lo e tudo seria resolvido.

-Onde ele está, Neko? Onde? –Ela segurou a felina pelos ombros dando risadas de alegria

-Ele está preso no porão, mas a senhorita não pode... –Amy passou por ela depois de escutar apenas onde Shadow estava, mas a felina a segurou antes que ela abrisse a porta. –Me escute, senhorita Amy, você não pode ir atrás dele! Vão matar a senhorita se não for embora logo!

-Eles vão mata-lo se eu for embora e deixa-lo aqui!

-É o que o senhor Shadow iria desejar! –Amy fitou surpresa à felina, não podia acreditar que ela realmente estava pedindo para que deixa-se o ouriço morrer sem ao menos tentar salvá-lo. A ouriça puxou seu braço da mão da felina, olhando com raiva para ela.

-Mas não é o que eu desejo! –Ela saiu sem deixar que Neko falasse algo mais.

Amy avançou com cuidado pelo corredor, tinha presa em encontrar Shadow, mas não podia deixar-se ser pega. Neko havia falado que o ouriço estava preso no porão, então ela teria que arranjar um jeito de descer até o andar inferior e encontrar a entrada para o porão. As escadas principais não eram uma opção, então ela seguiu pela outra direção no corredor. Encontrou uma escadaria que levava ao andar de baixo, mas não estava certa se deveria seguir por ali pois várias vozes vinham lá de baixo. Não querendo se arriscar a continuar a vagar pela mansão em busca de outra descida e acabar sendo pega, ela prosseguiu pela escada em silêncio, a chegar no andar inferior, ela se deparou com a cozinha da mansão. Haviam três pessoas na cozinha e Amy se agachou, escondendo-se atrás do corrimão de grades grossas.

-Hoje nós teremos um banquete! –Uma das criaturas presentes ali na cozinha riu, ele tinha a aparência de lobisomem com pelos cor de vinho. Um morcego de pelos azuis escuros também riu bebendo um liquido rubro em uma taça.

-Sim, já faz um bom tempo dês da última vez que experimentei um sangue puro, mal posso me conter na espera! –Os dois gargalharam juntos. Amy sentiu seu peito apertar ao ouvi-los falar de maneira tão repugnante. Ela desceu o resto dos degraus em silêncio se mantendo agachada, para sua sorte havia uma bancada entre a base da escada e o local onde os três estavam, ela continuou indo em direção a porta que ficava do outro lado do ressinto, até escutar o rosnar do lobo.

-Espero que aquele maldito Alucard não nos trapaceie como da última vez!

-Do que está falando? Quando ele nos libertou da última vez nós nos baqueteamos com os servos dessa casa! Foram aqueles malditos juízes que nos aprisionaram de volta ao mundo das sombras! –o morcego grunhiu de raiva ao se lembrar do dia em que quase tiveram sua liberdade retomada.

-Não se preocupem, aquele homem tem grandes planos para essa noite, e aquela garota e o maldito anfitrião anterior serão o prato principal! –Quem falou foi o terceiro ali, era um ser parecido com um homem, mas a sua pele era cinza e parecida com pedra, o corpo extremamente obeso sacudia ao menor movimento dele, ele deveria ser o cozinheiro pois estava vestido como tal.

-Heh, Alucard prometeu que haveria o suficiente para cada um de nós, me pergunto como você fará para que isso aconteça? –O lobo sorriu para o cozinheiro que estava a preparar algo, o mesmo sorriu pegando uma faca larga que estava pendurada na parede afrente dele.

-Não se preocupe, apesar dela ser bem magra, eu sei como preparar algo que satisfará a todos!

O barulho da porta se fechando alarmou os três, mas vendo que ninguém havia entrado, eles ignoraram. Amy se afastou o mais rápido que pôde da cozinha e parou encostando contra a parede respirando depressa. Seu coração batia a mil e fazia de tudo para não imaginar as coisas horríveis de que eles falavam. Concentrou-se em encontrar Shadow o mais rápido possível, ele com certeza saberia o que fazer. Ela continuou seguindo pelo corredor a passos apressados, o suor frio escorria pelo rosto e seu corpo tremia, estava com medo e precisava encontrar o ouriço negro o quanto antes. Ela parou quando o corredor terminava em uma curva, não quis avançar e acabar dando de cara com mais uma dessas criaturas repugnantes. Ela avançou rente a parede e espiou o restante do caminho, Havia uma porta no final do corredor protegida por dois guardas, os dois seres tinham portes muito fortes para que ela pudesse confrontá-los, teria de usar outra estratégia para passar, estando certa de que ali seria o porão onde Shadow estaria sendo mantido.

Ela recuou um passo para trás afim de poder se manter fora de vista e pensar em algo, mas quando o fez, acabou por esbarrar em alguém, Quando se virou viu o pequeno mordomo atrás dela, Nesmet.

-O que faz aqui, senhorita? –Amy paralisou momentaneamente, não sabia o que faria agora. Ele poderia estar junto das criaturas e a entregaria sem dúvida, mas o pobre mordomo não parecia com os outros, Sua pele verde e enrugada dava a ele um ar de pena, os olhos escuros e fundos estavam tristes, mas na verdade eram assim sempre. –A senhorita deveria estar com a Neko, ela deveria tirar a senhorita daqui antes que fosse tarde... –Amy olhou surpresa para ele que segurou na aba do vestido dela se virando e puxando-a junto com ele. –Eu levo senhorita de volta para Neko...

-Não, espere! –Amy puxou seu vestido da mão do mordomo e o virou na direção dela, se agachando para ficar na altura dele. –Preciso que me ajude a chegar até o Shadow, Tenho que tira-lo daqui o quanto antes! –O mordomo a fitou com os olhos cansados e expressão vaga, não era de coração ruim, era apenas desafortunado por ser diferente até entre os seres das sombras, feito sempre de capacho pelos outros. –Por favor! –Amy implorou

-Eu ajudar senhorita... –Ele falou passando por ela. Amy observou enquanto o pequeno mordomo ia mancando lentamente até os dois guardas, ele parou diante dos dois guardas e falou algo que Amy não conseguiu escutar, os dois guardas então se separaram indo cada um em uma direção diferente. Nesmet olhou para a ouriça que observava escondida e depois foi embora. Amy andou depressa até a porta e entrou rápido, se deparando com uma escadaria escura feita de pedra, ela desceu as escadas com cuidado pois não conseguia enxergar direito na escuridão em que estava. Após alguns lances de degraus ela avistou uma luz branda e viu que era a luz da lua entrando por uma pequena janela alta no que parecia ser uma masmorra, ela chegou ao fim da escada, tentando enxergar através da escuridão.

-Rose!? –A voz alcançou a ela em um susto, o ouriço saiu das sombras e Amy se alegrou ao vê-lo. Ele ainda estava trajado com as mesmas vestes da última vez que a viu, apesar de agora haver rasgos e manchas de sangue de suas feridas. Ele tentou ir até ela mas suas mãos estava presas nas costas por grilhões pesados fincados ao chão. Amy correu até ele envolvendo-o em um abraço que ele estava impossibilitado de retribuir.

-Que bom que você está bem, Shadow. Tive tanto medo de que tivessem matado você por minha causa! –Ela o abraçou com mais força, sentindo-se segura com ele ao seu lado. Shadow encostou seus lábios na testa dela com um sorriso se formando por poder vê-la novamente.

-Fico feliz em ver que está bem, Rose, mas tem que sair daqui agora! –Ela olhou confusa para ele que a fitava sério. –Encontre a Neko, ela irá dar um jeito de tirar você daqui sem que ninguém veja!

-Mas Shadow, e você?

-Não preocupe-se comigo, ficarei bem, apenas vá embora antes da meia noite. Você estará salva depois disso.

-Mas eles irão matar você se eu for embora!

-Não temo punição alguma que eles possam me aplicar, mas não posso deixar que encostem em um fio de cabelo seu! –Mais uma vez, ele estava pondo em risco a vida dele por ela, Amy o fitou com tristeza, todas as feridas em seu corpo haviam sido feitas por ele não ter entregado ela aos seres das sombras, tudo havia sido sua culpa, mas ela não iria deixa-lo se sacrificar por ela novamente, não falharia com ele.

-Não, eu vou tirar você daqui! –Ela agarrou as correntes que o prendiam e começou a puxar com toda a sua força.

-Pare com isso, Rose! Você tem que ir embora ago—. Shadow se deteve ao escutar a porta do porão se abrir. –Rápido, Rose, se esconda antes que te vejam!

-Mas... –Amy olhou na direção da escada, ouvindo os passos se aproximando

-Escute, se eles nos pegarem os dois, eles vencem! Não deixe isso acontecer! Haja o que houver, saia dessa mansão antes da meia noite, ouviu? –Amy olhou dentro dos olhos dele, a sensação que ela buscava ao olhar para ele novamente lhe encheu o peito. Segurou-o pelo rosto e tomou-lhe pelos lábios em um beijo apaixonado, O ouriço correspondeu da mesma maneira apaixonada apesar da surpresa que foi. Separaram-se pouco depois, Amy pôde ver seu sentimento sendo correspondido pelo olhar dele. –Vá! –Ela se afastou dele e escondeu-se no escuro.

Os sons de passos foram aumentando até três figuras surgirem das escadas, Amy reconheceu uma delas como o lobo a quem ela confundira por Sonic no ano anterior.

-Ora, ora, vejam quem já está de pé! –O lobo falou sorrindo com escárnio. Shadow fitou a eles com frieza. O lobo ficou de frente para o ouriço estufando o peito. –Não é tão durão agora, não é? –Ele ficou rindo encarando Shadow. O ouriço então deu uma cabeçada que silenciou o lobo que foi ao chão inconsciente.

-Fala sério... –Outro dos que vieram falou cutucando ao companheiro nocauteado com o pé. –Esquece ele aí, vamos levar o ouriço pro Alucard logo! –os dois soltaram a corrente que prendia o ouriço ao chão, mas mantiveram a algema nas costas dele. Levaram-no para fora do porão e Amy aguardou alguns minutos antes de sair também. Ainda não tinha certeza do que fariam ao ouriço, mas sabia que seu tempo para salva-lo era pouco.

Amy seguiu pelo caminho que havia vindo, mas assim que chegou à porta da cozinha, a mesma se abriu e dois dos que ela viu anteriormente na cozinha saíram.

-Mas que droga! Como foram deixar a garota escapar do quarto? –O morcego exclamou ao lado do lobisomem que rosnava irritado, nenhum dos dois sequer notou a presença da ouriça ao lado deles. Amy recuou lentamente, evitando de fazer qualquer barulho. Duas mãos taparam a boca da ouriça que relutara em pavor ao ser segurada, fazendo um ruído que o lobo diante dela escutou. Os dois se viraram em direção à ouriça que sentiu seu sangue congelar quando os dois olharam diretamente para ela, imaginando o que fariam agora. Mas para sua surpresa, eles desviaram o olhar para os lados como se não a tivessem visto, quando Amy olhou para quem a segurava, se espantou ao ver que era Neko. A felina fez sinal para que Amy se mantivesse em silêncio, os dois seres que estavam diante das duas se afastaram e Neko conduziu Amy para dentro da cozinha sem fazer nenhum som que as entregasse. Passaram pelo cozinheiro que praguejava alto picando algo sobre um dos balcões. Ao andar mantendo os olhos na direção do grande gárgula cozinheiro, Neko acabou esbarrando em uma panela que estava sobre o balcão atrás de si com o cabo para fora, derrubando-a no chão e alarmando o gárgula.

-Quem está ai? –O cozinheiro se virou em direção as duas com uma grande faca em mão. Neko se manteve parada ainda tampando a boca de Amy que manteve-se calma. –Eu sei que estão ai, apareçam! –Ele vociferou caminhando em direção às duas, como ele teria que dar a volta no balcão que os separavam, Neko continuou indo em direção à escada, encontrando-se com o cozinheiro no final dos balcões. O cozinheiro passou rente a elas enquanto ia até onde a panela havia caído, Neko seguiu até a escada com a ouriça e conseguiram sair em segurança

Neko levou Amy de volta para o quarto no andar superior e finalmente a soltou, passou sua cabeça através da porta para se certificar que não vinha ninguém e se voltou para Amy.

-Foi algo muito perigoso o que a senhorita fez. Não devia ter ido até o senhor Shadow.

-Mas eu tinha que ir! Shadow estava correndo perigo e ainda está, tudo por minha causa! Você tem que me ajudar a salva-lo, Neko! –Amy suplicou segurando nas mãos da felina que suspirou abaixando o olhar.

-Ele me fez jurar que iria tirar você da mansão antes da meia noite, não posso desobedece-lo, senhorita.

-O que vai acontecer à meia noite?

-Se até a meia noite, você ainda estiver viva e o mestre Shadow... não for mais capaz de ser o anfitrião, o pacto com os espíritos das sombras será rompidos e eles se libertarão! –Amy a fitou espantada, se fosse verdade e ela fosse embora antes do último badalar da meia noite, os espíritos matariam Shadow e se libertariam. Ela não poderia deixar que, depois de tudo, Shadow se sacrificasse por ela e os monstros conseguissem se libertar, ela havia prometido que não os deixaria vencer.

-Você tem que me ajudar a salvar o Shadow, Neko! –Ela falou com o olhar firme para a felina

-Mas senhorita –

-Se eu for embora e eles matarem o Shadow, isso tudo não vai ter adiantado de nada! –Neko desviou o olhar compreendendo que ela tinha razão. Amy decidiu que iria agir de uma vez, contando com a ajuda da felina ou não, mas quando foi passar por ela, a mesma segurou-a pelo pulso. Antes que pudesse protestar contra a felina estar tentando impedi-la, Neko tampou a boca dela e empurrou-a até o canto do quarto.

A porta do quarto se abriu e o primeiro a entrar foi o pequeno mordomo, Nesmet, sendo seguido por alguém que infligiu medo ao coração da ouriça. O morcego de pelos negros surgiu logo atrás do mordomo, Ele vinha com os braços cruzados atrás das costas e um sorriso malicioso no rosto, assim como Amy se lembrava dele do último baile. Ele olhou ao redor procurando pela ouriça ocultada pelos poderes da fantasma.

-Eu juro que elas estavam aqui, mestre! –O mordomo exclamou olhando com medo para o morcego que voltou seu olhar para a direção em que as duas estavam, seu sorriso aumentou enquanto fitava ao vazio no canto do quarto;

-Eu acredito em você. –Ele voltou seu olhar para o mordomo que tremia fitando-o com medo, ele então estendeu sua mão na direção do mordomo. –Dê-me o seu braço. –Nesmet pareceu apavorar-se.

-Mas, mestre, eu juro que—

-Eu disse: Dê-me o seu braço. –O morcego falou com autoridade. Nesmet abaixou o rosto erguendo seu braço tremendo e pondo sua mão sobre a do morcego, o sorriso malicioso do morcego aumentou quando ele segurou com força no pulso do mordomo.

-Bom menino! –Logo após dizer isso, ele fez um movimento forte com a mão e quebrou o braço do mordomo que gritou de dor indo de joelhos ao chão. Amy sentiu todo seu corpo estremecer ao ver a cena, segurando com força na felina que a segurava com força para não acabar se revelando. O mordomo continuou a gemer e gritar de dor caído no chão enquanto o morcego deu alguns passos ao redor dele. –Que bichinho barulhento que você é! –Ele falou rindo enquanto olhava para o mordomo no chão, Ele ergueu o rosto e pôs um de seus pés sobre o calcanhar de Nesmet. –Gostaram? Espero que estejam curtindo o Show, pôs estou só começando! –Ele pisou com força no calcanhar do mordomo que gritou de dor novamente.

-Pare! – Amy gritou se soltando de Neko. O morcego voltou seu olhar para ela no mesmo instante, seu sorriso se alargou e Amy pôde ver as presas dele aumentando.

-Que alegria poder vê-la novamente, Sra. Anfitriã. –O morcego sorriu com sarcasmo virando-se em direção às duas. –Estão todos aguardando a sua presença para o grande evento da noite! –ele deu um passo em direção à ouriça, mas Neko entrou na frente de Amy fitando com raiva o morcego à sua frente.

-Afaste-se dela, demônio, ou... –O morcego sorriu largamente com a ameaça feita pela fantasma

-Ah, por favor, termine sua frase. Estou mais do que ansioso para saber que tipo de punição tens reservado para caso me recuse a afastar-me! –Ele falou com deboche dando outro passo em direção às duas.

Neko então estendeu seus dois braços para frente e entoou palavras em um dialeto desconhecido. Uma luz forte se formou diante da felina, logo tomando a forma de uma espada prateada. Ela empunhou a espada direcionando-a para o morcego que se mostrou surpreso.

-Não dê mais um passo, cria das sombras, pois já sabe o destino que lhe aguarda na ponta dessa espada! –A felina manteve o olhar sério para o morcego que voltou a sorrir erguendo os braços em forma de rendição.

-Pergunto-me... que pecado horrendo cometi contra vós para que guardasse tanto ódio contra mim? –Ele olhou para a felina com um sorriso sínico, fazendo a felina tremer de raiva com expressão tão debochada por parte dele. –Diga-me, por favor, o que foi que fiz que lhe infligiu tanta dor. Foi o sofrimento que eu e meus irmãos causamos às pessoas dessa casa, ou foi algo pessoal? –o sorriso dele aumento ao ver a raiva transbordar dos olhos da felina. –Acho que sei o que foi. Foi por ter sido eu quem matou a sua pobre mãe bem diante de seus olhos?

A fúria de Neko irrompeu e ela avançou para cima do morcego. –Seu monstro desgraçado!!! –Ela atacou, mas o morcego foi mais rápido, desviando da lâmina e acertando a fantasma com força, derrubando-a no chão. Ele então se aproximou dela agarrando-a pelos cabelos

-Criancinha tola, quando isso terminar, eu mesmo irei destruí-la com aquela espada, ai então saberá o que é sofrimento de verdade!

-Largue-a! –Amy ordenou para o morcego que voltou a olhar para ela, largando a felina no chão e indo em direção à ouriça.

-Ah, sim! Primeiro o mais importante! –Ele falou sorrindo maliciosamente indo em direção à ouriça. –Alucard disse que todos deveriam aguardar para poder saborear o seu sangue... –A ouriça estremeceu com o olhar sanguinário dele. aos poucos ele ia retornando à sua forma mais sombria, os pelos escureciam ainda mais, os olhos cor de tempestade iam sendo tomados pelo cor de vinho e envoltos por total escuridão, as presas se sobressaiam por entre os lábios. O olhar da ouriça então se voltou para a espada prateada que Neko havia invocado e que agora estava caída entre ela e o morcego. –...Mas não acho que ele vá se importar seu for o primeiro! –Ele então atacou. Amy conseguiu avançar a tempo de agarrar a espada no chão e cravá-la fundo no peito do morcego que a fitou surpreso.

-Isso foi pela mãe da Neko! –A ouriça falou afundando a espada até o cabo no peito do morcego que voltou a sorrir, mas seus olhos já perdiam o brilho...

-Diabinha... sortuda.... –Ele fechou os olhos e seu corpo se desfez em cinzas. Amy permaneceu parada com o olhar confuso pelo que tinha acontecido, mas logo voltou sua atenção à Neko e foi até ela.

-Neko! Está tudo bem? –Ela se agachou ao lado da felina que já se erguia.

-Estou bem... –A felina voltou seus olhos na direção do pequeno mordomo ainda caído no chão. –Nesmet! –Ela se levantou rápido indo até o mordomo que jazia inconsciente no chão. Amy a acompanhou com passos lentos

-Ele está bem?

-Sim, ele ficará bem... –Neko falou com pesar olhando para o companheiro caído. Apesar de ser um dos seres das sombras, Nesmet era o único que não desejava o mal à ninguém, sempre fora cordial e leal, se juntando à felina para servir a casa dos anfitriões, o que resultara na repulsa a ele por parte dos outros seres das sombras. –Ele me alertou de sua aproximação, se não fosse por ele, teríamos sido capturadas por aquele monstro... –Ela falou repousando sua mão nas costas do mordomo. Amy desviou o olhar se concentrando no que teria de fazer agora. A referência a um grande evento que o morcego havia feito deveria significar que algo estava para acontecer, e Amy sabia que seu tempo para resgatar Shadow estava acabando. Ela caminhou em direção à porta até que foi chamada pela felina. –Senhorita, aonde vai?

-Vou terminar com isso agora! tenho de resgatar o Shadow! –Ela respondeu apertando cerrando sua mão ao redor do cabo da espada.

-Mas, Senhorita...!

-Não me peça para fugir! –Neko se deteve fitando à ouriça que se manteve de costas para ela. –Se eu fugir agora, Shadow morrerá em vão e aqueles monstros estarão livres. Não posso permitir que isso aconteça! –A felina abaixou o olhar sabendo que não teria utilidade tentar convencer a ouriça do contrário. Amy então saiu do guardo empunhando a espada prateada e seu desejo de salvar Shadow...

O grande salão de dança estava repleto das mais apavorantes criaturas das sombras. Dezenas de vozes reverberando em alegria e exaltação pelo aproximar da meia noite, quando finalmente suas correntes se quebrariam. Diante de todos estava o anfitrião dessa noite única, de pé no palanque onde estavam os tronos dos anfitriões, ele se ergueu levantando os braços para acalmar os ânimos da multidão.

-Irmãos, é finalmente chegada a hora de nossa libertação! –Uma salva de palmas e vivas ecoou. –Há séculos atrás, meu ancestral fez um acordo com os juízes da ordem para nos aprisionar no mundo das sombras, nos negando o que nos era de direito! –dessa vez várias vaias ecoaram. –Há trezentos anos, eu tentei dar-lhes a liberdade que lhes era devida, mas os juízes nos negaram tal direito novamente. Mas agora, nem os juízes podem nos deter! Pois as leis que eles criaram para nos aprisionar foram quebradas por um dos escolhidos deles! –A euforia voltou a ecoar quase estremecendo o salão, Alucard então estendeu sua mão na direção da multidão que abriu espaço para que dois seres trouxessem o ouriço negro que caminhava de cabeça erguida por entre os seres sombrios que riam e zombavam dele. –Deem as boas-vindas ao anfitrião que nos proporcionou essa noite tão aguardada! –As risadas malignas ecoaram de todos os cantos enquanto o ouriço terminava de subir os poucos degraus e parasse diante de Alucard que sorriu largamente. –Bem-vindo, meu caro Shadow, à noite em que eu e meus irmãos seremos libertados! E tudo graças a você! –Ele riu para o ouriço que o encarava desafiadoramente.

-Você vai fracassar, Alucard. Nunca você e seus irmãos serão libertados. Monstros como vocês merecem viver nas trevas! –Alucard gargalhou virando-se em direção à multidão.

-Ouviram isso irmãos? Ele nos chama de monstros! –O som que veio das criaturas foi uma mistura de risadas zombeteiras e vaias. Alucard então se voltou para Shadow com um sorriso de diversão. –É muita ousadia sua, considerando que está à mercê da vontade desses “monstros” ...

-Não temo a morte. –O ouriço respondeu com firmeza e Alucard riu se aproximando dele.

-Ah não, a morte não é o que te espera, meu caro! –Ele parou diante de Shadow, seu tamanho para o do ouriço realmente o fazia parecer ameaçador. –Eu sei que teve de aceitar metade da maldição para poder tomar o lugar de anfitrião. E se eu completasse essa metade? –Ele agarrou o rosto do ouriço que estava incapaz de revidar pelas algemas em suas costas, ele então virou o rosto do ouriço e abriu sua boca, revelando longas presas que ele encravou sem pena no pescoço do ouriço. Shadow gritou de dor, por mais forte que ele fosse, o veneno da maldição agora estava preenchendo suas veias, dando a sensação de ácido corroendo o ouriço por dentro. Alucard o soltou permitindo que caísse de joelhos gemendo de dor. –Tirem-lhe as algemas, deixem que ele sinta o poder corroê-lo por dentro! –Ele virou-se para a multidão novamente. –O anfitrião agora é um de nós! Logo estaremos livres!

-NÃO!!! –Uma voz ecoou sobre as outras. Todos os olhares se voltaram então para uma velha sacada acima do salão onde antes era usada para se observar os bailes. Lá estava a ouriça rosa, seu olhar era de medo ao ver o ouriço negro caído no chão grunhindo de dor. Alucard então virou-se para ela sorrindo com malicia.

-Ah! A nossa convidada de honra finalmente pôde juntar-se a nós...-Amy se viu como o centro de dezena de olhares, todos de criaturas malévolas que não hesitariam em matá-la, e tudo que ela tinha para se defender era a espada em sua mão direita. Apesar dessas adversidades, seu olhar voltou ao ouriço negro caído no chão em profunda dor. Vê-lo agonizar fazia seu próprio coração doer, tinha de fazer algo para salva-lo, e tinha de fazer depressa. Ela buscou pelo anfitrião das sombras, mas o rosto dele não estava entre as dezenas de outros que sorriam de forma cruel para ela. –Procura por mim? –A voz fez o coração da ouriça congelar por um instante, ela se virou e viu o anfitrião sombrio parado diante dela. Seus olhos vermelhos reluziam e as longas presas surgiam de seu sorriso maléfico. Amy recuou para perto da grade de madeira da sacada. Alucard avançou lentamente, se divertindo ao ver o pavor nos olhos da pequena ouriça que se apoiou contra as grades de madeira que rangeram, quase se partindo. –Não tema, criança, Prometo que seu pesadelo chegará ao fim em breve! –Ele falou dando mais um passo em direção à ouriça, no entanto, a grade que apoiava a ouriça se partiu e Amy caiu, a queda não era muito grande, mas se caísse de costas seria seu fim.

Ela fechou os olhos gritando de medo, mas ela então sentiu algo segura-la com cuidado, seus olhos se abriram para ver quem tinha lhe resgatado. Foi como ela havia imaginado em seus sonhos, estava nos braços do ouriço negro, fitando àquelas orbes escarlates que a hipnotizavam, sentindo-se segura com ele ao seu lado. Quando o ouriço desceu ao chão, Amy pôde notar que ele agora possuía longas asas negras de morcego, as presas dele estavam mais longas e seus olhos enegreciam aos poucos. Foi então que ela se deu conta do que haviam feito com ele, transformaram-no em um vampiro completo.

-Shadow, você... –Uma risada maléfica a interrompeu, seu olhar e o do ouriço se voltaram para Alucard que permanecia na sacada.

-Esplendido! Simplesmente magnifico! Acabara de ser transformado e já está tão parecido com um de nós, você realmente se entregou à sensação de poder, não foi? –Shadow pôs Amy de pé mantendo-se voltado para o anfitrião sombrio.

-Eu não sou doente como você, Alucard. Jamais me entregaria de bom grado ás trevas por ambição e poder! –o Sorriso do anfitrião diminuiu com o olhar sério do ouriço

-Então diga-me, o que foi que o fez entregar-se às trevas, meu caro? –Shadow expandiu suas asas negras, fitando com fúria ao anfitrião

-Você ameaçou quem eu amo! –Shadow avançou com velocidade, Alucard então abriu suas asas que antes pareciam ser sua capa negra e avançou contra o ouriço em pleno voo.

Amy assistiu espantada ao combate entre o ouriço e o anfitrião. As criaturas das sombras começaram a cerca-la e a ouriça se deu conta da desvantagem em que estava, haviam dezenas deles ao seu redor, sorrindo maliciosamente ao se aproximarem lentamente da ouriça. Mesmo estando com a espada em sua mão, Amy sabia que não poderia enfrentar a todos, mas para sua surpresa, uma luz branca emanou saindo do chão e se transformou na felina que havia vindo protege-la.

-Neko?! –Amy falou espantada com a súbita aparição da felina. Neko virou-se de costas para ela e estendeu suas mãos para frente, entoando novas palavras que fizeram um círculo de luz se formar em volta delas e formar uma barreira que fez todas as criaturas recuarem.

-Está tudo bem, senhorita, eles não poderão atravessar essa barreira! –Amy sorriu vendo que a felina tinha vindo ajuda-la, mas antes que pudesse falar algo, a atenção de ambas foi chamada quando Shadow caiu ao chão com um forte impacto.

-Shadow! –Amy exclamou desesperada ao ver as criaturas cercarem o ouriço rapidamente. Neko expandiu a barreira, arremessando para longe qualquer criatura que estivesse no caminho, e parou após o ouriço estar em segurança. Amy se apressou indo até o ouriço, apoiando-o em seu braço. –Shadow, está tudo bem?

-Ora, estou impressionado! –Alucard falou descendo na frente da barreira. –Vejo que passou os últimos séculos aprendendo alguns segredos da minha família! –Ele falou para Neko que o olhou com desgosto. Foi por causa dele que, não só a família dela foi morta, como os espíritos das sombras quase se libertaram e todo o sacrifício das gerações anteriores foram em vão. Um som ecoou por todo o salão, o primeiro badalar da meia noite. –Uma pena que todo esse esforço será em vão. –Ele sorriu olhando em direção ao velho relógio de corda no canto do salão, voltando-se para os três novamente. –Não há anfitrião que possa encerrar o baile e.... –Seu olhar se voltou para a ouriça rosada. –…A nossa querida “Intrusa” ainda está viva. Temo que vocês tenham fracassado! –Ele sorriu vitorioso, várias risadas das outras criaturas o acompanharam enquanto eles fitavam aos três. Amy olhou para eles assustada, não tinha uma forma de escapar, nem como vence-los. O segundo badalar veio afligindo o coração dela.

-Não tenha medo, Rose.... –A voz do ouriço em seus braços a despertou do medo, ela o fitou buscando forças no olhar dele. Seus olhos já estavam quase tomados pelo negro profundo, ainda assim, pareciam os mesmos para ela. –Eu irei proteger-te! –Ele se levantou com dificuldades, o veneno ainda lhe queimava o corpo, deixando seus braços dormentes e as pernas bambas. Ele se firmou de pé encarando ao anfitrião das sombras que sorria com escárnio.

-Você não pode enfrenta-los, Shadow! Tem que haver outro jeito!

-Mestre, ainda há uma forma.... –Neko falou e ambos olharam para a felina. –A sua transformação ainda não se completou, se o senhor.... —

-Não! –Shadow a interrompeu sabendo qual era a alternativa, mas se recusava a sequer pensar em tal coisa. Mas Amy não sabia o que era, e no momento, nada poderia ser pior do que estava para acontecer.

-Espere, o que temos que fazer, Neko? –Neko notou o olhar furioso de Shadow, mas continuou mesmo sendo contra seu desejo desobedece-lo.

-Para impedir que o pacto se quebre, é necessário que haja um anfitrião capaz de conduzir o baile das sombras até o fim, mas para isso, o anfitrião tem que ser no máximo, um meio sangue, caso não seja um herdeiro direto da família do primeiro anfitrião. Como o mestre Shadow foi transformado à pouco, ele ainda pode passar parte da maldição para outro e voltar a ser o anfitrião do baile! –Amy compreendeu o que estava sendo imposto, a única pessoa ali para quem Shadow poderia passar a maldição seria ela mesma. –Ser transformada pelo senhor Shadow faria de você uma familiar dele, o que desfaria a transgressão dele....

-Resolvendo os dois problemas... –Amy voltou seu olhar para Shadow que também a fitava com tristeza. –Shadow, faça isso.

-Rose.... –Ele se ajoelhou diante dela, repousando sua mão suavemente sobre o rosto dela. –Mesmo sendo uma meio sangue, você será imortal. Verá as pessoas que ama envelhecerem e morrer enquanto você não mudará. Não desejo essa maldição para você. –Amy segurou na mão dele sobre seu rosto e sorriu.

-Tudo bem, ao menos terei você lá comigo! – O sétimo badalar ressoou. Toda a mansão começou a tremer e ventos fortes forçaram as janelas a se abrir. Os seres das sombras começaram a gritar, alguns em alegria, acreditando que seriam libertados em breve, outros com medo, pois estava acontecendo o mesmo que acontecia antes deles serem levados de volta ao mundo das sombras. Somente aqueles mais próximos da barreira sabiam o que estava acontecendo. Os ataques contra a barreira que Neko criara logo começaram, vendo o que estava para acontecer, até o próprio Alucard começou a golpear a barreira.

-Tem certeza disso? –O ouriço perguntou olhando dentro dos olhos da rosada que sorriu segurando o rosto dele, ela o trouxe lentamente de encontro aos seus lábios, tomando um beijo calmo dos lábios dele. Voltou a olha-lo nos olhos ainda sorrindo.

-Tenho. –Ela fechou os olhos preparando-se. Shadow aproximou-se do pescoço dela, deixando suas longas presas surgirem. Não havia como fazê-lo indolor, então ele cravou suas presas rapidamente e Amy conteve-se com a dor. As sombras nos olhos do ouriço começaram a desaparecer assim como suas asas, as poucos ele retornava a ser como antes, mas seu peito ainda doía por ter de condenar a rosada ao mesmo destino dele. Shadow removeu suas presas e a segurou quando o corpo dela fraquejou, aconchegando-a contra seu peito enquanto ela tremia. A sensação era igual ao do ouriço, algo queimava dentro das veias dela e a dor era insuportável, mas Amy fez o melhor que pode para aguenta-la. –Dói... muito.... –Ela falou com o rosto contra o peito do ouriço que a abraçou com força.

-Não se preocupe, a dor vai sumir logo. –Ele aproximou seu rosto da testa dela, dando um beijo gentil antes dela adormecer. –Durma bem, minha Rose.

A décima badalada ressoou, uma luz forte emanou de dentro do relógio de corda e os espíritos das sombras foram puxados para dentro da luz, todos gritando com raiva. –Não!!! –Alucard golpeou novamente a barreira que protegia os dois ouriços, descrente de que havia perdido, ao décimo primeiro badalar, o próprio anfitrião das sombras viu-se sendo puxado em direção à luz. –Isso ainda não acabou, eu irei me libertar e me vingarei de –Ele foi interrompido pela espada de prata que pertencera a sua família, Neko a encravara no peito do anfitrião e o fitava com desdém.

-Isso foi pela Madame Eva. –A felina se afastou vendo o corpo do anfitrião começar a se transformar em cinzas enquanto era arrastado para a luz, e ao badalar final, o “Baile das Sombras” havia terminado uma vez mais...

O sol surgia vagarosamente no horizonte, adentrando a janela da velha mansão e iluminando o salão em ruinas onde se encontravam o ouriço negro sentado sobre uma poltrona velha, que na noite anterior tinha sido um onipotente trono para o anfitrião do baile. Deitada em seu colo estava a pequena rosa, ainda em sono profundo. Mesmo com todas as coisas que ocorreram, ela possuía uma expressão serena no rosto enquanto dormia.

-Obrigado, Neko. –Shadow falou voltando seu olhar para a felina que surgiu ao seu lado, ela tinha um sorriso alegre no rosto e olhava para a pequena ouriça rosa a quem certamente veria mais vezes. –Por tudo.

-Fiz apenas o que devia, senhor. –Ela olhou pela janela, fitando ao horizonte com um sorriso singelo. –É meu dever cuidar dos senhores dessa casa.

-Posso pergunta-lhe uma coisa? –Ela se virou para o ouriço novamente.

-Á vontade.

-Por que permanece vindo ao baile? Sei que poderia ter se juntado à sua família do outro lado, mas resolveu ficar aqui e continuar a servir, por que? –A felina voltou a desviar o olhar

-Não sei... nunca tive uma oportunidade de escolher o que queria ser quando estava viva... –Ela voltou a olhar para a ouriça nos braços de Shadow. - Acho que apenas quero fazer parte de tudo isso, assim como minha mãe. –Ela ergueu o olhar para Shadow. –Acho que ela ficaria orgulhosa de mim.

-Tenho certeza de que ela está. –Ele sorriu para felina que aos poucos foi desaparecendo

-Até mais, Senhor Shadow.... –Ela desapareceu deixando o ouriço que voltou a olhar para o nascer do sol.

Amy começou a despertar lentamente, piscando várias vezes os olhos antes de erguer o rosto e ver o ouriço negro olhando para ela com um sorriso. Ela sorriu aconchegando seu rosto contra o peito dele. –Por um momento, tive medo que tudo tivesse sido apenas um sonho.

-Não foi um sonho, Rose. Eu faço parte da sua realidade agora. –Amy riu alegre. Ela então abriu seus olhos assustada, fitando ao ouriço.

-Espera, então agora eu sou.... –Shadow assentiu com a cabeça olhando com pesar para ela. –Então eu vou ter que andar somente à noite e beber o sangue das pessoas? –o ouriço sorriu com a inocência dela.

-Não, o sol não lhe fará mal algum. Quanto ao sangue, há outras formas de satisfazer-se dessa vontade, eu vou ensinar-lhe. –Amy voltou a deitar sua cabeça no peito dele, sentindo-se feliz como nunca.

-Você vai ficar comigo então?

-Pelo resto de nossa eternidade!

E enquanto o sol nascia, uma nova era também começava, pois, a partir daquele dia, e até o fim da eternidade, o “Baile das Sombras” teria sempre seus anfitriões para proteger o equilíbrio entre os mundos....