Quando abri meus olhos, rezei mentalmente para tudo ter sido um sonho mas quando olhei para o lado e vi que eu estava em casa, e eu conhecia um garoto que na verdade era meu primo e meu pai tinha... Morrido... Percebi que era tudo infelizmente verdade, não tinha um botão para desligar ou uma super borracha para apagar o que havia acontecido no dia anterior, também por que eu na verdade não queria apagar o dia todo, eu só queria meu pai de volta...

–Lexie? -John disse após bater na porta e como eu não respondi, ele entrou.

–Oi. -Respondi ainda embaixo das cobertas querendo que tudo passasse.

–Você esta falando comigo? Ah glória a Deus ! -John disse sorrindo e se sentou na beira da minha cama enquanto eu me sentava e me encostava na cabeçeira.

–Sim.. Você não teve culpa eu sei. -E John olhou para o chão mas continuei. -A culpa é dela.

–Ah não Lexie não fale assim da sua mãe ! -Ele disse parando de sorrir.

–Minha mãe mentiu para mim, eu não quero falar com ela.. Ok? -Eu disse sem querer que ele tentasse me convencer de mais nada, eu só queria fazer o que eu quisesse agora !

–Não tenho chances nem de ajudar? -John disse e eu sorri meio forçado mas sorri.

–Não , obrigada. -Respondi e então fingi que ia me deitar novamente.

–Você quer sair ou alguma coisa? Hoje eu só vou para o plantão mais tarde. -John perguntou, eu queria sim sair, mas não com companhia.... Isso !

–Não John eu fico bem aqui. -Menti e ele se levantou e foi em direção a porta.

–Qualquer coisa eu to aqui. Até depois. -E depois de dois segundos que ele fechou a porta eu me levantei rapidamente e abri o guarda roupa .

☽ ☾● ◯

–Ela está com raiva tia, você sabe como adolescentes são. -John disse a Anne que estava quase chorando novamente.

–Não eu não sei como são adolescentes , eu não devia ter feito isso com ela .. -Anne respondeu meio com raiva de si mesmo, a culpa havia chegado para ficar em seu caso.

–Tia agora já foi ! -E ela abaixou a cabeça de leve.

–Como posso mudar isso John? Ela não quer nem te ouvir ! -Anne disse e John sorriu e tocou em seu braço de leve fazendo ela tirar os olhos do chão para olhar para ele.

–O tempo vai fazer isso tudo passar, é sua filha, até parece que a senhora não é assim tia ! -E Anne seguiu para a cozinha para cozinhar algo para o jantar.

Minutos depois eu estava já com uma calça jeans escura , tênis e uma blusa de manga comprida azul. Eu já tinha todo o plano em andamento só faltava colocar tudo em ação e rezar para dar certo como eu esperava.
Olhei pela janela de vidro e vi que o carro de John estava ali fora e seu dono estava junto a ele arrumando alguma coisa em seu pneu. Primeiro passo Alexia, descer as escadas , disse para mim mesmo e peguei a bolsinha que eu tinha achado e o dinheiro que minha mãe havia me dado há muito tempo e que nem depois de anos não havia saído do porquinho rosa.
Abri a porta do meu quarto e dei uma olhada no corredor me lembrando da vez que eu havia saído do quarto do hospital e me deu vontade de rir, mas coloquei minha mão na boca para não fazer barulho nenhum e esperei a vontade de rir passar aos poucos.
Depois de conseguir me controlar totalmente, fui andando pelo corredor até chegar na escada onde olhei um pouco para baixo e vi que não tinha ninguém na sala o que me deixou mais calma, eu não queria avisar a ninguém onde eu ia pois iriam me obrigar a ficar em casa ou me atrapalharem como sempre fazem, nunca querem me deixar viver do meu jeito !
Desci degrau a degrau até chegar na tão conhecida sala, onde olhei para o lado e vi que minha mãe estava de costas fazendo alguma coisa no fogão o que me deu tempo de ir até a porta que dava entrada ao jardim.
Abri a porta bem lentamente para ninguém ouvir o barulho que ela fazia ao deslizar para o lado. E encontrei o jardim e fui diretamente para a porta , para me ver livre das pessoas chatas da minha casa.
E então saí ! Agora era somente eu ali com o bairro todo para explorar. Mas antes, eu iria falar com o meu pai, o único problema era, qual ônibus se pega para ir ao único cemitério da cidade ?

–Lexie? -John gritava pela milésima vez da sala então decidiu subir as escadas para bater diretamente no quarto da prima pois já era a hora do jantar e ela estava dormindo de mais !
Após bater na porta e ver que ela estava destrancada, John entrou e não viu a prima deitada na cama o que o fez pensar que ela poderia estar no banho ou algo parecido, o que John percebeu que não era quando olhou a porta do banheiro aberta e com ninguém dentro.

–TIA ! -John gritou chamando Anne. - A LEXIE SUMIU !!!!

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Eu havia descobrido que havia um ônibus com o nome do cemitério e que levava diretamente para lá ! O que era ótimo. Segui uma senhorinha que desceu no mesmo ponto e fui diretamente para onde eu me lembrava que estava o túmulo do meu pai.

–Oi pai. -Disse ao chegar no local onde ele estava enterrado.-O que acha de eu ir andar por ai sozinha? É muito errado? Não né? Eu acho que vou tomar um sorvete ou milk shake o que acha? Eu acho que vou indo... Eu estou falando sozinha não é? Eu estou sozinha agora e quero ficar assim... Até um dia então pai.. -E deixei umas flores ao lado de sua lápide e dei as costas para onde ele estava e segui para a saída.
A rua tinha várias lojas, tanto de roupas como de sapatos e coisas diversas, era tudo tão bonito para mim... Decidi entrar numa loja de bolsas.
A loja não era tão grande como as outras que eu já havia entrado, mas dava pro gasto como Rosie dizia. Tinham vários tipos de bolsas com vários preços diferentes variando do mais simples para até coisas com diamantes nas correntes ! Eu não havia me interessado por nada ali então sai e me voltei para a rua onde duas garotas com uma roupa parecida com a minha passou do outro lado da rua e olharam para mim e começaram a rir, eu não sei o que havia causado tantas risadas entre elas, mas de uma coisa eu tinha certeza, meu jeito de andar assusta qualquer um, pensei comigo mesma e sorri de leve .
Na rua de baixo tinha uma loja de CD's e DVD's que me chamou a atenção e me fez lembrar do pedido que John havia me feito de ir comigo a uma loja para eu descobrir qual o estilo de músicas eu gostava, eu não precisava dele para fazer isso não é mesmo? Eu já sou adulta para ir á uma loja e comprar umas coisas !
Entrei na loja e vi que havia várias e várias colunas de CD's de tipos variados de estilos e capas diferentes entre si. Eu não sabia nenhum nome dessas bandas e cantores mas então vi um cara passar na minha frente e ir até uma máquina com fones na parede igual a que tinha ao meu lado, colocar os fones e encostar o CD num led estranho e vermelho e então ficou parado com os fones balançando a cabeça como se estivesse ouvindo, ah então era assim que eu ouvia as músicas e decidia o que comprar ! Fui até a prateleira mais perto onde li com dificuldade mais li " Pop"
Peguei um que tinha uma banda na capa e que um dos caras era um gato só para constar. Encostei na máquina e coloquei os fones e vi que eram até que legais cantando, decidi levar aquele. E fui procurando por outros CD's de bandas e cantores que iam me interessando e eu colocava na maletinha que a vendedora havia me dado para deixar os que eu iria comprar.

☽ ☾● ◯

–Como assim minha filha sumiu John? -Anne estava ficando louca, primeiro a filha não quer falar com ela, e agora sumir !

–Eu não sei tia, ela não está no quarto, a senhora não viu nada mesmo? -John perguntou a mesma coisa pela milésima vez para tentar ver se Anne não estava escondendo nada.

–Não John eu já disse, eu não sei onde a minha filha está ! -Anne disse abracando o sobrinho. -Eu não quero perder ela de novo John eu não quero !

–Você não vai, jaja ela volta esta bem? Calma tia... -John disse tentando acalmar a tia, o que não estava nada dando certo...

☽ ☾● ◯

Saindo da loja, eu vi a sorveteria que eu havia tomado o banana/maça split com Noah ontem e decidi ir lá novamente mas não para tomar o mesmo que ontem, eu queria experimentar coisas novas !
A fila não estava tão grande e a sorveteria estava vazia, não parecia nem o mesmo lugar que eu havia vindo com meu primo, falando em primo, era bom andar com ele, e ele até que fazia falta...

–Uma casquinha. -Disse quando chegou na minha vez e a moça que me atendia sorriu .

–Uma ou duas bolas? -Ela perguntou e eu pensei um pouco e decidi pegar duas bolas do mesmo sabor.
Sai da sorveteria segurando um sorvete com uma mão, com duas sacolas na outra e uma bolsa no ombro... Francamente eu parecia uma patricinha de filme !
Ainda tinham várias lojas para explorar mas olhei para o relógio e vi que já eram quase quarto da tarde e que daqui a pouco começaria a esfriar e minha blusa não iria me deixar quentinha por muito tempo, e também havia um problema... Eu precisaria voltar para casa antes que o tempo ficasse muito escuro e aqui na minha cidade, os raios solares davam lugar para a luz escura da lua sempre a partir da cinco da tarde..
Após sair de umas lojas de roupa depois de comprar só umas roupas básicas e baratas pois o dinheiro do porquinho estava acabando ...
Fui andando e olhei para o parque, era mais bonito quando estava anoitecendo, dessa vez haviam pessoas ali, várias por acaso ! Eram casais, famílias, crianças brincando , aquele parque agora tinha vida.. Decidi andar um pouco e ver como as pessoas normais se divertiam em noites comuns daquele bairro... Eu queria ser como aquelas pessoas e andar por ai com alguém ou somente sozinha como hoje, observar a noite chegar sem ter hora para voltar, eu queria alguém para me acompanhar mas francamente no momento eu estava amando ficar sozinha e conhecer as coisas por mim, eu não havia andado muito pois quando eu me esforço muito minha perna dói um pouco, mas mesmo conhecendo poucas coisas e indo a lugares que eu já havia frequentado como a sorveteria, eu queria ir aos poucos descobrindo o mundo todo, pois não é impossível para mim andar por ai, eu acordei de um coma não é ? Eu estava viva agora eu queria viver como qualquer garota da mesma idade, eu sei que não frequento a escola mas isso era só um porém, eu tinha outras coisas para fazer como ir numa viajem, ver um filme e etc... Não são essas coisas que pessoas vivas e normais fazem, como aquelas ali mesmo que estão andando no parque? Eu não sou elas, não tenho a vida daquelas pessoas mas eu queria somente fazer o mesmo que eles ou não totalmente o mesmo mas conseguir ser comum e normal !
Depois das quarto e meia, decidi ir até o ponto de ônibus para esperar o 8766, eu havia guardado o número na memória para lembrar de qual pegar para ir para casa, quando o meu celular começou a tocar e eu o peguei enquanto me sentava no banco do ponto.
Quando olhei para a tela vi o nome de Noah brilhando na tela, fiquei meio confusa mas atendi.

–Alô? -Eu ouvi do outro lado da linha a voz de Noah.

–Alo, tudo bem?

–Ah sim, tudo ok e ai?

–To melhorando aos poucos, o que houve?

–Ah ... Nada, ... Eu só queria saber como estão as coisas depois daquilo tudo..

–Noah, está tudo bem.

–Que bom Le... Mas... Eai.. Você ahn..

–HAN?

–Você .. quer sei lá, amanhã... ir no cinema comigo?

–Ah Noah, não.. não vai dar.

–Ah mas.. por que?

–Eu tenho.. compromisso ta?

–Entendo, ok..

–Tenho, ahn.. Médico !

–Está acontecendo algo? -O tom de voz de Noah havia ficado mais preocupado e eu odiava mesmo mentir, ainda mais para pessoas legais comigo, mas sei la, eu precisava fazer isso...

–Não, é de rotina, enfim eu tenho que desligar..

–Ok, até um dia.
Depois de desligar, vi que meu ônibus havia chegado então entrei e me sentei bem lá no fundo, daqui minutos eu estaria em casa e ficaria tudo bem.