Luxanna pisou no mais alto galho da árvore do jardim dos Crownguard e observou por um tempo o movimento dimanado de Demacia, uma das mais importantes facções de Valoran. Rica, perfeita, utópica. O que a deixava tão chata quanto uma fábrica fumacenta; pelo menos para Lux.

A porta da frente bateu com força e a garota hesitou em descer por um tempo, mas foi puxada pelos pés no mesmo instante. De súbito, viu Garen, seu irmão mais velho muito venerado por sua família. Ele era um lutador de League of Legends e se orgulhava muito disso.

Garen respirou fundo e a estudou por um tempo.

— Quantas vezes teremos que dizer para parar de se comportar como uma garota sem educação? – Lux tremeu, mas não sabia se era medo ou raiva. – Não é a toa que colocamos você, irmã, nas melhores escolas de Demacia.

— Pois é, Garen – Lux disse em um tom sarcástico – Parece que eu não tenho chances de ser uma simples dama, talvez eu devia ser uma guerreira como você.

Garen a olhou com uma feição raivosa, mas voltou a falar no mesmo tom monótono de irmão mais velho.

— Você não sabe o que está falando, Luxanna – ele disse, e em seguida ela o interrompeu como sempre fazia quando a chamavam por seu nome completo, retrucando um "Lux", e o irmão bufou – Lux, você não sabe como é ser um guerreiro, e você é tão fraca quanto a mamãe.

Lux pisou no pé do irmão com a maior força que podia, mas isso não provocou dor alguma para ele, provocou mais um ataque de risos.

Ela abriu a porta da enorme mansão e Garen a seguiu, ainda segurando os demais risos que pediam momentaneamente para sair.

— Mãe — Garen disse, se arrependendo de ter dito aquilo para a irmã, com medo da mãe ter o ouvido, se duvidar tinha mais medo da mãe do que dos maiores tanques de League of Legends. – B-bom, Luxanna estava subindo a árvore mais uma vez ao invés de estudar. – A garota o desferiu com um olhar de ódio novamente, murmurando Lux.

Com um ar de superioridade, a sra. Crownguard desceu as escadas lentamente com o nariz evidentemente levantado, parecia aqueles poodles de madame.

— Luxanna, vá para seu quarto e estude – Lux a olhou, implorando para não estudar – Agora.

Lux subiu as escadas, seus pés batiam nos degraus de mármore com tanta força que parecia que iam rachar, e abriu a porta do quarto em um baque, se sentia em uma prisão, daquelas que guardam os maiores criminosos. Quando abriu a porta, tudo estava no lugar, seu livro estava aberto na página 384, e suas anotações em um pedaço enorme de papel ao lado do livro.

— Eu odeio meu irmão – murmurava, e se sentou na frente da mesa – Tudo bem, Propriedades Básicas da Luz. – leu ela, se interessando pelo título do capítulo no mesmo momento. Não conseguia parar de ler, sua atenção estava tão concentrada naquelas folhas que parecia estar em outro universo – Um arco-íris duplo é um fenômeno de óptica que exibe um espectro de luz devido ao sol que brilha sobre as gotículas de umidade na atmosfera. — E essa foi a frase final, a frase de muitas que ela lembraria pelo resto da sua vida.

Alguém bateu na sua porta quando ela ia ler sobre as propriedades básicas dos ácidos, isso a deixou aliviada, esse assunto definitivamente não chamou sua atenção.

Lux se levantou e abriu a porta, sua mãe estava segurando seu mini Spitz Alemão no colo, ele sorria para a garota como se estivesse pronto para atacá-la.

— O jantar está pronto, ia mandar as empregadas te chamarem. Quis ver seu rostinho angelical de perto, faz tempo que não nos vemos assim, não é meu bebê? – A mãe sorriu para ela.

— Ah, obrigada! – Lux sorriu para a mãe.

— Estava falando com o cachorro – A mãe a olhou com uma feição de desapontamento, e Lux baixou a cabeça.

As duas desceram a escada em silêncio, enquanto o cachorro dava latidos irritantes para a garota o tempo todo, o que a deixava totalmente irritada.

E se lembrou que fazia tempo que alguém não sentia afeto por ela, só Ezreal, um grande amigo de Piltover que a visitava às vezes, além de Taric, que infelizmente viajou para Piltover faziam alguns meses. Seus pais moravam em Demacia, mas eles iam muito para lá, e Taric era obrigado a ir junto.

O jantar não podia ter sido tão desanimador, Garen comia como um porco, e seu pai e sua mãe conversavam incessavelmente sobre o próximo evento chique que frequentariam em breve, enquanto Lux apoiava a própria cabeça sobre a mão direita e comia apressadamente para reler sobre a luz e os arco-íris.

— Vou voltar a estudar – Lux se levantou, mas a mãe disse "não". Lux pela primeira vez quis estudar e foi interceptada pela mãe. – Por quê?

— Porque iremos viajar e comprar seu vestido pelo caminho, irá para o próximo evento conosco – Lux olhou para todos, desesperada. O que mais detestava era ver aqueles ricos falando sobre as comidas mais chiques e pequenas do mundo.

— Onde vai ser? – Lux perguntou, temendo a resposta completamente.

— Piltover – respondeu a mãe secamente, estalando os dedos e escolhendo uma bolsa para sair, Lux revirou os olhos e cruzou os braços. Espera, Piltover? Isso fez Lux pular de alegria, o que deixou a mãe agora muito animada com a filha, pensando seriamente que a animação dela era por ser levada para um evento com a família. Na verdade era por enfim rever Ezreal. Ah, e Taric.

— Vou pegar meu livro para estudar um pouco durante a viagem, tudo bem? – Lux ia subindo as escadas, e virou a cabeça para ver o olhar de orgulho que a mãe fazia para ela pela primeira vez em sua vida, e isso a fez sorrir de felicidade pura, o que ela quase nunca sentia.

Lux estava pensando em tudo, em uma estratégia para ver Ezreal – era ótima em estratégias – perdida em sua mente, levou um susto ao perceber que não existia mais degrais para subir.

Rindo de sua própria burrice, pegou seu livro e guardou em sua bolsa em estilo mensageiro, colocando em seu ombro e novamente descendo as escadas. Talvez agora podia ser feliz, sentia isso grandemente.