Not a Bad Thing escrita por Giulianna Valadares


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Heeey :)
Não sou a melhor das autoras, mas essa história mexe comigo porque tem um pouco de mim nela. Claro que toda história tem um pouco do seu autor, mas essa.. Não sei explicar, só sei que fiz ela com todos o meu amor. Não pretendia publicar, mas me questionei: "por quê não?"
E então, ela está aqui! Espero que se apaixonem por ela tanto quanto eu sou apaixonada.
Boa leitura!



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Juliana se sentia mal. Sempre fazia a besteira de confundir seus próprios sentimentos e depois acabar diminuindo sua auto estima. Sempre se interessava pelos caras que não olhavam pra ela. Quando estava bem com algum, se desinteressava e voltava à mesma rotina de baixa estima. Estava intrínseco nela. Ela, porém, estava cansada desse ciclo vicioso.

Com apenas 17 anos, ela se desiludiu com o amor mais do que qualquer um tenha trocado de roupa. Se apaixonava com uma facilidade descomunal, se entregava com tudo a caras que nunca a valorizavam.

Não era uma questão de ser feia. Pelo contrário, Juliana era muito bonita. Olhos castanho-esverdeados, cabelo longo e cacheado, tom castanho claro, um corpo com tudo no lugar e um sorriso lindo, uma gargalhada dessas que dão vontade de rir junto. Ela só não se via tão bonita.

Não era uma questão de não ser simpática. Pelo contrário, Ju era um poço de simpatia, dessas que fazem amizades até em fila de banco. Sabia ser amiga, compreensiva, mas sempre carregava uma alegria contagiante na alma. Ela só não se via como uma pessoa tão legal.

E lá estava ela novamente se sentindo um nada. Terminara com o namorado há alguns dias, e estava afim de viver. Se sentia tão bem, tão bonita, tão legal que não parou pra pensar que nem todos poderiam se interessar. E, pra variar, ela acabou se interessando por um cara que acabou colocando-a no lugar onde ela sempre terminava: posto de "amiga". Ela tinha o péssimo hábito de se aproximar demais dos caras, e acabava virando um deles. Ela não sabia conquistar, só sabia rir e fazer piada. Ou pior, falar de outras mulheres com o rapaz.

Passou o dia todo avoada. Não prestou atenção em aula nenhuma, nem comeu direito, só conseguia pensar "o que tem de errado comigo?". Estava tão imersa em seus devaneios depressivos que nem percebeu o cara que sentou do seu lado, enquanto lanchava na porta da faculdade. Estava tão imersa em seu sanduíche e em suas explicações absurdas de "como ela conseguia jogar tudo no lixo, ser tão idiota a ponto de pensar que alguém se interessaria por ela naturalmente" que só conseguiu ouvir alguémdizer:

– …parece bem gostoso, hein?

E, quando ela levantou os olhos do pão integral com creme de frango, não conteve o engasgo.

Era como encarar a personificação de um Deus grego, pelo menos ao seu gosto. Pele clara contrastando com o cabelo castanho escuro desalinhado, olhos azuis iguais ao mar do Caribe (a cor favorita de Juliana), e o sorriso que sempre via em seus sonhos malucos. Sonhos estes em que a garota sempre encontrava o cara da sua vida, mas não via seu rosto por completo, apenas o sorriso. E que sorriso! Era um sorriso leve, com um toque malicioso, lábios finos bem vermelhos como se tivesse acabado de beijar alguém - e como ela queria ser essa pessoa.

Ela passou bons minutos apenas o encarando, travada, sem reação. Ele a olhava confuso, até que, por fim, soltou uma gargalhada que a fez querer rir junto com ele, mesmo que fosse ela o motivo das risadas. E ela riu. Riu do quanto estava sendo idiota, riu por ter encarado o garoto como se fosse uma psicopata, riu por se divertir tanto com o som da risada dele. Os dois, então, riam sem parar, só precisando de um novo encontro de olhares para começar a rir mais alto ou de novo, quando conseguiam parar para respirar. Até quem estava em volta fora contaminado pela alegria dos dois, alguns dando risadinhas baixas, outros gargalhando também. Até que o rapaz conseguiu tomar fôlego e, limpando as lágrimas de seu riso frouxo, declarar:

– Nunca conheci uma garota tão divertida!

Ainda rindo, Juliana achou aquilo mais engraçado ainda.

– Mas não trocamos nem meia dúzia de palavras! Quer dizer, você falou e eu quase morri engasgada - ela disse, e os dois retornaram a outra rodada de gargalhadas.

– Por isso mesmo, nunca conheci alguém tão espontânea a ponto de rir da própria "desgraça" - ele respondeu, desenhando aspas no ar - sou Diogo, por sinal - e estendeu a mão para a garota, que apertou firme, mas logo depois afrouxou e voltou ao seu estado nostálgico de "sou-muito-homem-para-conquistar-um-cara". Abaixou a cabeça e calou-se, deixando Diogo confuso.

– Essa não é a hora que você diz o seu nome e estabelecemos todo aquele acordo social de sermos sensatos e polidos um com o outro? - ele indagou.

– Que curso você faz, cara? Ciências sociais? - Juliana soltou uma risadinha.

– Na verdade, estou mais para um futuro programador apaixonado por sociologia e história - ele disse, devolvendo a risadinha da garota.

– Nossa, agora você me surpreendeu! Sou Juliana, aliás. - e sorriu, acompanhando o sorriso de seus sonhos.

– Te surpreendi, é? Por quê?

– Um nerd de exatas apaixonado por humanas... Devia ter desconfiado da sua palidez, mas esperava que você dissesse que era um primo vampiro distante do Edward que veio me salvar da mesmice da minha vida...

Quando deu por si, Juliana já tinha dito aquilo. Ficou roxa de vergonha, nunca tinha dado em cima de alguém tão descaradamente. Mas, aparentemente, ela era uma piada ambulante para Diogo, que riu da declaração dela.

– Olha, ainda estou trabalhando nisso, procurando na minha árvore genealógica se tenho alguma ligação com os Cullen ou com os Volturi... - ele deu de ombros - Sei lá, vai que rola, né?

E os dois voltaram a rir.

Acabaram por passar a tarde toda juntos. Nenhum dos dois tinham aulas à tarde e, sentados na lanchonete, acabaram trocando histórias de vida, desde a infância até as dificuldades de seus cursos, de enfrentar a faculdade com apenas 16 anos, como aconteceu com Juliana, ou ter que deixar a sua cidade, família e amigos para cursar o que queria, aonde queria, como era para Diogo. Até sobre as desilusões amorosas de cada um eles falaram. Os dois saíram da lanchonete e caminhavam pelo campus.

– Mas você terminou com a Anastácia só porque viria estudar aqui? - ela já estava na terceira lata de Coca light e ele, na quinta de Fanta laranja.

– Foi um dos motivos. Já não estava mais apaixonado, entende? Eu tenho esse pequeno problema de me apaixonar rápido demais pelas garotas, ou então ficar afim daquelas que não me dão a mínima condição. Quer dizer, eu era bem esquisito antes de mudar pra cá.

– Esquisito? Eu não consigo visualizar isso - Rir das histórias de Diogo já era inevitável para Juliana, mas dessa vez, ela riu sarcasticamente, sem conseguir acreditar no que ele dizia, enquanto sentava na grama, ao lado dele. Eles encontraram uma sombra embaixo de uma árvore perto da biblioteca da faculdade, com um visual de fim de tarde maravilhoso. Deviam ser quase umas cinco da tarde, pois o sol já descia, preguiçoso, no final do horizonte.

– Sim. Nem sempre eu tive essa pela lisinha e o cabelo do jeito que eu queria. Até os 17, minha mãe cortava meu cabelo em forma de cuia, que nem índio, e eu tinha milhares de espinhas brotando da minha pele...

Ele fazia as caretas mais engraçadas para explicar sua aparência de antes, de como ele era bobo com as garotas, e que ele agradece até hoje à melhor amiga dele, Bruna, por ter feito de conta que eles tinham ficado quando tinham 12, só pra que ninguém zoasse ele por ter perdido o BV com 16, com a Anastácia, sua ex namorada. Juliana se divertia tanto ao ver quase uma versão masculina dela.

– Olha, eu só te entendo porque comigo as coisas foram bem parecidas. Quer dizer, perdi o BV com 11, mas fora isso, também era esquisita e tenho a mesma mania idiota de querer quem não me quer e mimimi - suspirou - E até você aparecer mais cedo, eu estava tão mal comigo mesma exatamente por isso. Me achava uma idiota por esperar um final imperfeitamente feliz, sabe? Ele seria igual a desses filmes da Disney, mas com toda a realidade que vivemos. Um "felizes para sempre" imperfeito, mas ainda assim um final feliz.

Diogo olhou sério para Juliana. Olhou diretamente em seus olhos e, por alguns segundos, para os lábios dela.

"Para, Juliana" ela pensou " não começa a imaginar coisas. Você mal o conhece!"

– Sabe de uma coisa, Ju? - ele indagou.

– O quê?

– Não consigo acreditar que você não vê o que eu vejo.

Juliana o encarou confusa.

– Como assim?

– Você é linda, divertida, tem uma maneira bem diferente de ver a vida em comparação às outras garotas. Quer dizer, você tem algo a dizer, não pensa só em futilidades e em "curtir o agora". Você faz planos tão bonitos pra sua vida e sabe onde quer chegar. Com tantas qualidades, eu não sei como você me diz que não tem uma fila de marmanjos atrás de você!

A garota corou, sentindo seus olhos marejarem. Realmente não sabia o que tinha de errado com ela.

– Sabe, Diogo, eu também não entendo como não tem uma fila de mulheres atrás de você! - ela deu um riso fraco, tentando fugir daquela situação - quer dizer, você é tão legal, teve uma paciência de Jó aqui comigo, ouvindo as minhas besteiras a tarde toda, sem me considerar uma esquisita ou louca...

– Essa parte do "louca" você não pode dizer que eu não considerei - ele disse, rindo alto novamente. Ela o acompanhou.

– Mas é sério, Di, você é demais! Legal demais, divertido demais, engraçado demais - e, abaixando o tom de voz, disse - bonito demais...

Mas ele ouviu.

– Sabe o que é, Ju? Eu estava procurando por outra pessoa. Estava procurando alguém com quem ter aquele final de filme, como você falou. "Felizes para sempre" com todas as imperfeições que existem em um final feliz real.

Por algum motivo estranho, essas palavras doeram em Juliana. Mas ela tentou não transparecer. "Você não pode se apaixonar em uma tarde, idiota" ela repetia mentalmente "não é assim que funciona! Para de besteira!" Ainda assim, suas palavras saíram desanimadas em seguida.

– Então já tem alguém em vista, sr Cullen?

Eles estavam debaixo de uma árvore, assistindo ao por do sol. Ela não sabia do que ele ria mais, se dela ou de suas perguntas idiotas. Mas ele, de repente, se calou e encarou a vista. O silêncio que se instalou não combinava com a tarde dos dois. Ele respirou fundo e encarou Juliana como no primeiro momento em que trocaram olhares naquele dia.

– Sinceramente? Até a hora do almoço, não. Mas aí eu vi uma moça sentada na lanchonete, tão concentrada em seu sanduíche e em sua vida particular, e algo em seu jeito me chamou atenção. Fiquei intrigado com a forma com que ela parecia tão natural e tão bonita. Conversar com ela foi a melhor coisa que me aconteceu em anos.

As palavras dele a deixaram, literalmente, de boca aberta. "Ele não pode..." pensou "ele não vai dizer que sou eu!"

Juliana tinha tanto medo de acreditar no que estava em sua frente que se levantou de supetão e deu as costas para ele, como se fosse em direção ao sol que se despedia mais uma vez da cidade, no horizonte. Ele a seguiu, esperando uma resposta. Mas nada veio.

– E então, Juliana, agora eu tenho alguém com que me inspiro. Mal a conheço, mas parece que pertenço a ela faz tempo. Nunca a toquei, nem a beijei, mas sinto uma saudade louca dos lábios dela, do perfume de neném dela se confundindo com o meu perfume da Hot Wheels - eles riram, lembrando da história que trocaram mais cedo, sobre ainda usar perfume de criança - Ela me deixa confuso e inseguro com as coisas que diz, me sinto uma criancinha do lado dela. Mas eu estou louco por ela, sem nem a conhecer direito. E eu só precisei de uma tarde para saber que é essa garota com quem eu quero estar o resto da vida.

Juliana fechara os olhos com aquelas palavras, ainda de costas para ele. E assim respondeu:

– Você dizia isso no meu último sonho.

E, como ela fizera a tarde toda, deixou-o novamente confuso com suas palavras.

– Eu sempre sonhei com o seu sorriso. Eu sei, parece doentio, mas em meus sonhos, seu sorriso sempre aparecia. Sem mais nada, apenas o sorriso. Um sorriso que me fazia sorrir ao acordar todas as manhãs. Mas no último sonho, você dizia exatamente o que acabou de dizer. Só consegui lembrar do seu sorriso quando você sentou na minha frente. Agora, seu tom de voz, a sua respiração...

Ela voltou-se para ele. Aos poucos, era como se a face desconhecida dos sonhos malucos de Juliana fosse se delimitando e desenhando as feições de Diogo em suas lembranças.

– Parece que eu te conheço há séculos, Diogo, e eu nunca fiquei tão idiota e tão apaixonada em apenas uma tarde.

Ele sorriu, puxando a garota pela cintura, e cantou "Not a bad thing", canção favorita dos dois, como descobriram naquele mesmo dia, enquanto os dois dançavam ao escurecer.

– Nunca fez tanto sentido a letra dessa música - ela sussurrou.

– Nunca fez tanto sentido puxar assunto com uma estranha e descobrir que era ela a garota dos seus sonhos.

Ela riu e o encarou.

– Então quer dizer que eu não era a única com sonhos malucos sobre um sorriso desconhecido?

– Definitivamente não! - ele riu, jogando a cabeça para trás - A diferença é que eusonhava com esse momento: eu e você, ao entardecer, dançando uma música só nossa. Só falta descobrir se tem uma coisa igual aos sonhos...

– O que falta? - ela perguntou, e foi respondida com um beijo.

Um beijo diferente de todos os outros que já provara. Era como ter uma explosão de borboletas em seu estômago, arrepios deliciosos em todos os lugares onde sua pela encontrava a dele. Era doce e quente, calmo e insano, um pedaço de perfeição num mundo todo errado.

– Igualzinho - ele concluiu.

E como quando se conheceram, poucas horas antes, caíram na gargalhada. Era fácil serem eles mesmos agora que haviam se tornado um só. Afinal, Juliana e Diogo concluíram que não era lá tão ruim se apaixonar tão rápido, não quando era a hora certa, pela pessoa certa.

Diogo queria vê-la no dia seguinte e em todos os outros depois de amanhã, e talvez ela o emprestasse seu coração. E Juliana, que estava tão cansada de todas as promessas quebradas por aqueles que, um dia, ela se apaixonou e que viraram as costas para ela, viu que poderia entregá-lo sem que ele esfaqueasse seus sentimentos enquanto eles ainda aqueciam seu coração. Não, ele estava decidido a ir até o fim e fazê-la acreditar que não era tão ruim se apaixonar por ele.

Porque ela queria que a voz dela fosse a última que ele ouvisse todas as noites, pelo resto das noites dos dois. E em todas as manhãs, ser a primeira vê-lo acordar, não importando o quão zoado ele (ou ela) estivesse. E ele não queria enchê-la de falsas promessas e perda de tempo com algo que não fosse real. Juliana só queria que Diogo soubesse que, se ele se apaixonasse mais, ele sempre poderia vir para os braços dela, sem precisar desconfiar ou agir como se fosse uma coisa ruim se apaixonar por ela.

E assim, eles decidiram que não era nada ruim se apaixonarem um pelo outro daquele jeito. Porque, depois de tanto errarem, os dois podiam encontrar seus finais imperfeitamente felizes um ao lado do outro.


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Notas finais do capítulo

Eu sei, parece tão cliché, mas quem não gostaria de um cliché desses? Eu, definitivamente, ira A-M-A-R! o/
Se gostou, comente, isso fará uma pseudo-escritora tãaaaao feliz!



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