Forever (jakeness) escrita por NiaBlack


Capítulo 15
Desculpas




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Antes de irmos, Jake e Seth imobilizaram meu braço com numa tala improvisada, feita de retalhos de uma blusa de cor vinho, bastante rasgada. Com o cotovelo dobrado e colado ao meu corpo. A dor continuava, mas pelo menos, ficar quieta ajudava um pouco.


Eu realmente levei todo o tempo da conversa, e mais alguns minutos em cima da moto, pra perceber que as minhas roupas haviam desaparecido. Pudera, aquela falação toda me deixou tão nervosa que nada conseguiria tirar minha atenção. No lugar, estava uma camisa cinza... Juro que cabiam três Renesmees dentro. A calça ainda era a minha, pelo menos.


A tala, na verdade era feita dos restos da minha linda blusa de seda. Pensei em tia Alice, e como ela ficaria uma fera por ver que eu usava uma blusa algumas vezes maior que meu corpo. Juro que parecia mais uma camisola. Chegava quase aos meus joelhos, mas o lado direito estava repuxado, com a barra presa na calça.


Abaixei o rosto para descobrir de quem era...


Jacob, o cheiro inconfundível e tão amado por mim. Todas as terminações nervosas do meu corpo reagiram instantaneamente. Fiquei sem graça, por sorte eles estavam de costas.


Estávamos passando em frente à casa de Seth, quando senti o cheiro de sangue da irmã do garoto. Novamente aquela culpa me tomou.


-PAREM!


Gritei, apenas com o intuito de fazê-los me obedecer imediatamente. Os dois se assustaram, mas deu certo. Paramos cerca de dez metros depois. Os garotos chamaram meu nome algumas vezes, enquanto eu saltava da BMW com muita dificuldade e caminhava na direção da casa.


Tentaram me parar, mas não puderam tocar em mim, com medo de piorar ainda mais a situação crítica em que Leah havia me deixado. Acho que nem mesmo ver Jake ajoelhado aos meus pés, implorando, eu teria me parado. Nada me faria mudar de idéia. Eu ia falar com Leah, eles querendo ou não.


-Nessie, pare... –Jake bem que tentou mandar.


-Por favor, não vá. –Seth, como sempre cem vezes mais delicado que Jacob.


Eu ignorei, e bati na porta, três vezes. Respirei fundo, para esperar, provavelmente Sue ou Billy abririam a porta, e também tentariam me impedir.


Dito e feito.


-Renesmee? Porque está aqui? –Billy estava muito mais que chocado.


-Vim falar com a Leah, ela está? –perguntei educadamente, tentando controlar o nervosismo.


-Ness, querida, não é uma boa hora para falar com a Leah, vocês acabaram de brigar e...


-Eu sei bem o que aconteceu, Sue, me desculpe pelo incômodo e pela insistência, mas eu realmente preciso falar com ela, e se não fizer isso agora, temo que depois será tarde demais.


Ela se desconcertou, não sabia se abria espaço para eu passar ou não. Era verdade que não queria incomodar, e se fosse preciso, deixaria que Leah me batesse, eu jamais arrumaria confusão na casa de uma pessoa, ainda mais alguém que eu gostasse. Fiz um breve movimento para Sue, insistindo na passagem. Ela desistiu, e saiu da frente da porta, ainda receosa.


Subi as escadas, com duas sombras silenciosas, ambas com quase dois metros de altura, às minhas costas. Segui o cheiro dela, vinha de um quarto que eu jamais havia ousado pisar, e também, que nem queria entrar, a não ser por hoje. Dei uma única batida na porta, abrindo em seguida, antes que ela gritasse para eu sumir.


-Leah.


Percebi que os três viraram bonecos de neve. Leah virou a cabeça para me olhar, de formas robótica, com lábios suspensos e um rosnado assustador. Engoli seco, teria me encolhido em alguma outra situação, mas precisava ser forte.


Leah estava deitada na cama, a metade superior do corpo enfaixada, com talas brancas, manchadas de vermelho por culpa do sangue. De uma forma ou de outra, ela estava melhor que eu, e se curaria mais rápido, visto que  minha mordida não é venenosa. Ela abriu a boca, mas eu fui mais rápida e a interrompi.


-Acalme-se, não vim brigar ou reclamar, pelo contrário.


-O que você quer? –pareceu um ataque verbal, com a ferocidade que ela cuspiu as palavras. Mordi o lábio.


-Vim me desculpar.


Eles emitiram um uníssono. Puxaram o ar ao mesmo tempo, fazendo um ruído esquisito de exclamação. Tive que suprimir um riso. Eu esperava qualquer reação, menos um susto ridículo como aquele.


-Isso é uma piada? –ela rebateu.


-Se fosse eu não teria perdido meu tempo para vir aqui. Agora fique quieta e me escute. –ela resmungou, mas acabou atendendo.


-Uma coisa que você já sabe. Eu estava morrendo de ciúmes... –vi um pequeno sorriso brotar em seus lábios, suspirei. –E perdi a cabeça com suas palavras duras. Sei que fui tão estúpida quanto, mas vim pedir sinceras desculpas... Eu não te entendia, Leah, eu não fazia idéia do quanto você sofria, e não percebi que só queria proteger seu irmão de se magoar, como você se magoou. Eu também não quero causar dor a Seth, e por isso estou aqui agora.


-Como é? Vocês brigaram por minha causa? –perguntou o menino-lobo, incrédulo.


-Por parte, sim. Tudo começou quando Leah foi me pedir para que eu me afastasse de você. E ela está certa, meu egoísmo e minha dor me cegaram, a ponto de não perceber as conseqüências que isso causaria a você... Eu não queria magoar ninguém, muito menos alguém que eu amo tanto.


Abaixei o rosto, envergonhada de meus atos egoístas. Senti a mão quente e grande de Jake sobre meu ombro bom, e automaticamente coloquei a minha por cima, virando a cabeça para olhá-lo. Leah suspirou, achei que ela fosse resmungar alguma coisa, ou me xingar.


-Tudo bem, eu exagerei.


Outra vez as pessoas congelaram, mas não fui eu que causei tal reação, e sim ela. A aceitação de Leah foi um espanto até mesmo para seu irmão, que além de lhe conhecer muito bem, dividia seus pensamentos na matilha.


-O que? –eu achei que entendi errado.


-Sério, eu exagerei, pensei apenas em mim, e fiz com que vocês dois sofressem. Também fui egoísta, pensando apenas no meu bem, logo eu, que recebi a compaixão e compreensão de Jacob quando as matilhas se separaram. –ela o olhou, como se pedisse perdão.


-Tudo bem, acontece. –ele deu de ombros. –Vamos esquecer isso de uma vez.


-Espere, eu ainda não acabei. –Leah me fitou nos olhos, estremeci com a intensidade. –Não vou negar, é muito fácil se apaixonar por Jake, ele é uma pessoa doce, às vezes age como um idiota, mas tem um bom coração. E essa proximidade e compaixão acabaram confundindo um pouco minha cabeça. No fundo eu ainda amo Sam, e talvez nunca deixe de amar, entretanto, eu tentei roubar a pessoa que você ama, Renesmee, querendo confortar minha própria dor. Mas era tudo um engano, eu apenas queria fugir de meu destino trágico. Também peço minhas sinceras desculpas.


Era a cena mais bizarra de minha vida. Leah me pedindo desculpas? Logo ela que me odiava quando eu ainda nem era nascida. Respirei fundo. Havíamos acabado de tentar matar uma à outra e agora estávamos num quarto, arrependidas dos erros.


Coisa de maluco.


-Tudo bem. Como disse Jacob, acontece. Você sofre muito por conta da impressão que Sam teve, mas isso vai passar, quando você achar seu parceiro perfeito, vai ver que tudo aquilo não era nada, comparado ao que vai sentir pela pessoa.


Ela abriu um sorriso torto, com um toque de ironia.


-Tomara que seja rápido então, antes que eu acabe pirando.


-Torço por você, Leah... –eu estava começando a ficar feliz de novo. –Talvez, possamos ser amigas se...


O olhar de nojo dela fez com que eu me calasse. É, talvez não fosse uma idéia tão boa, mas eu juro que tentaria. De alguma forma, tínhamos uma semelhança forte quanto aos sentimentos, e uma ligação... Não, duas ligações, chamadas Jacob e Seth.


-Também não precisa exagerar. Eu aceito suas desculpas, mas não quero ser amiga de uma sanguessuga. Nunca fui muito com a cara de vampiros, e não será você que irá mudar minha opinião.


-Ah.


Eu corei de vergonha, por ter dito tal hipótese ridícula. Ouvi uma risada, Seth estava com a boca enorme aberta, enquanto os “há-hás” saiam sem parar. Jacob o acompanhou e eu me senti ainda mais idiota.


-Então, chega de falatório, vocês duas precisam descansar. –ser alfa mudava às pessoas a ponto de querer mandar em tudo?


-Você vírgula. –Leah –quanto a ela, não posso dizer o mesmo.


De uma forma ou de outra, ela passaria o resto da vida se gabando que teria vencido a luta, e se não fosse por Jake e os outros lobos, ela teria arrancado minha cabeça com o último ataque.


A lembrança me parecia estranha. Voltei à cena, como quem olhava de expectador. Eu estava ajoelhada, enquanto via toda minha vida passar diante de meus olhos, como se o tempo tivesse parado, e os segundos se tornassem anos. Não percebi de imediato, mas a mão de Jake ainda estava em meu ombro, e acabei transferindo toda a visão para ele, que engasgou ao vê-la.


-Desculpe. –sussurrei para ele, que apenas sacudiu a cabeça.


-Bom, vamos embora. Me ligue amanhã, maninha, quero saber se vai mesmo estar completamente recuperada. –pediu Seth.


-Claro. Tchau, gente.


-Tchau. –respondemos em trio.


-Melhoras, e desculpe outra vez.


Ela sacudiu a mão no ar, como quem não ligasse mais para o que tivesse acontecido, e sorriu torto. Eu retribuí o sorriso, e então começamos a descer as escadas. A dor estava voltando, e ficando cada vez pior, agora que toda a sensação de agonia havia passado, e eu não tinha mais nada para me concentrar.


-Renesmee! –Sue estava aflita, e eu abri um sorriso para confortá-la.


-Está tudo bem, tia Sue, eu vim me desculpar. Está tudo resolvido, não vamos mais tentar suicídio. –brinquei.


-Ah! Que alívio. –ela soltou o ar, como se um peso enorme tivesse deixado suas costas. –Leah pediu desculpas também?


-Claro. –respondi. –Como eu disse, está tudo bem agora.


-Não vai me dizer que viraram amigas? –o pai de Jake de uma risada gostosa, a pergunta soou como brincadeira, mas tinha um toque de verdade.


-Também não exagera, pai, duvido que essas aí consigam trocar segredos uma com a outra. –agora foi a vez de o filho rir.


-Agora é sério. –Seth interrompeu a conversa. –Temos que levar a Ness pra casa imediatamente, ou então Edward vai acabar me escalpelando!


Havia um tom de desespero em sua voz. Provavelmente a reação que temiam não era a de Edward em si, e sim a de minha mãe, e da tia Rose. Jake não ligava para “a loura”, como costumava chamá-la, mas percebi que ele fechou a cara ao imaginar a reação de Bella.


-Tchau, tio Billy, tia Sue, daqui a três anos, quando eu sair do castigo que papai vai me dar, volto pra visitar vocês.


E com essa minha frase, os dois adultos riram, mas Seth e Jacob pareciam estar ainda mais nervosos que eu. E não seriam eles a ficar de castigo. Caminhamos em silêncio até as motos. Não vou negar que estava morrendo de medo do sermão. Imagine o que Carlisle e Esme iriam falar!


Deus, socorro!


 


A cada metro que nos aproximávamos de Forks, meu coração acelerava ainda mais. Eu estava completamente agoniada, agarrada às costas de Jacob, pensando na reação que Bella teria ao me ver ferida desse jeito.


Estávamos na estrada que levava a casa, quando comecei a pensar em tudo que aconteceu, para ir acalmando Edward assim que meus pensamentos batessem em sua mente poderosa.


-Meninos, pensem em tudo, assim papai não vai tentar nos matar de primeira.


-Sim. –eles responderam ao mesmo tempo.


E outra vez o silêncio tomou a curta viagem, que levou apenas um minuto e meio até a casa, tendo em vista a velocidade que os lobos guiavam as motos. Congelei ao chegar à garagem, não conseguia dar nenhum passo e nem mesmo recuar.


Papai apareceu, com os olhos arregalados, e uma expressão assustadora. Preocupação, raiva e decepção, misturados. Eu nem precisava ler mentes para saber qual seria o veredicto.


-Exatamente, Renesmee Carlie Cullen! –ele ainda por cima disse meu nome todo! Deus, eu estava mesmo ferrada! –Está ferrada sim, e só não está pior porque eu não contei para sua mãe ainda!


Edward estava levantando a voz. Isso era realmente algo inesperado e me causava arrepios. Ele trincou os dentes ao olhar Jacob e Seth, parados feito sombras, outra vez. Provavelmente os culpando de qualquer coisa que havia acontecido comigo.


-Entrem. Os três. –disse entredentes.


Senti meus pelos se eriçarem e agarrei a mão de Jake e Seth. Finalmente havia entendido o que é suar frio. Minhas mãos pareciam pedras de gelo, naquele instante, e eu jamais pensei que isso fosse possível!


-Olha pai, eu posso explicar... Se me der tempo e...


-Apenas entre, Renesmee.


Ele me interrompeu! Caramba! Edward estava completamente fora de si (pois isso era o máximo que ele conseguiria sobre perder a cabeça). Entramos na casa, e a família de vampiros vegetarianos estava na sala, em peso e brancura. Gelei, e apertei as mãos dos meninos.


-O que vocês fizeram com ela, seus animais?! –Rosalie rosnou, se colocando em posição de ataque.


-Calma! –eu gritei, desesperada. –Me escutem primeiro!


-Jacob Black. –agora era vez de mamãe, não posso negar que tinha mais medo dela do que de todos os outros juntos. –O que você fez com a minha filha? Porque ela está usando as SUAS roupas?


-Ca-Calma Bella, eu não fiz nada... Você não está achando que... –ele interrompeu a frase, enquanto sacudia as mãos no ar, como quem falava com um policial. –Calma... Deixa a Nessie contar e...


-Cale a boca! Ou vou arrancar seu pescoço fora com uma dentada! -mamãe estava gritando e olhou para mim com raiva, e eu me encolhi. –Renesmee Cullen, venha aqui agora e me mostre o que aconteceu.


Dei um passo hesitante em sua direção, e olhei para papai, implorando por sua ajuda. O Olhar de Edward era duro, feito pedra, mas como seu espírito era o de um anjo, ele apenas olhou para tio Jasper, e a atmosfera do lugar se transformou. Claro que não foi 100%, entretanto, ajudou muito!


Me aproximei, chamando todos para me tocar. Meu poder havia crescido nos últimos anos, e agora eu conseguia transmitir meus pensamentos por qualquer parte do corpo, mas era necessário o contato físico. É como se minha pele fosse uma porta para minha mente. Às vezes era bastante útil.


A família se uniu ao meu redor, enquanto eu mostrava com todos os detalhes possíveis o que havia acontecido entre eu e Leah, na praia, depois, na casa de Jacob (ou pelo menos eu acho que era a casa dele). E o pedido de desculpas na casa da tia Sue.


Assim que a visão acabou, percebi que todos estavam perplexos e assustados demais para comentar. Bom, quase todos. Bella e tia Rose (que também era minha madrinha) estavam uma fera, mas quem começou a falar foi vovô Carlisle:


-Nessie, querida, o que fez foi arriscado demais, você podia ter morrido! Não percebeu a gravidade da situação que se meteu?


-Sim vovô, eu percebi, mas quando era tarde demais para voltar atrás... Eu achei que ia morrer, bom, e eu realmente ia, se Jake e Seth não tivesse aparecido.


-Principalmente Jacob, já que Seth te deixou sozinha na praia. –meu pai estava mesmo acusando Seth? Ah, pelo amor de Deus, a culpa foi minha, unicamente minha! –Sei que a culpa era sua, mas ele devia estar com você, Nessie, e se tivesse nada disso teria acontecido.


-Não tenha tanta certeza, pai. Leah queria apenas um momento para que pudéssemos brigar em paz. Mas olha, passou. Nós lutamos, mas agora está tudo bem, como vocês mesmos viram.


-Estar tudo bem agora não diminui o problema, Nessie. – até tio Emmett estava contra mim. –Mas não vou negar que foi uma bela luta.


Ah, agora sim parecia o Emmett falando! Acho que só disse a primeira frase para amenizar a segunda. Tenho certeza que ele apostaria o Jeep para estar lá vendo. Abri um pequeno sorriso com esse pensamento, que desapareceu assim que meu pai deu um muxoxo.


Todos olharam feio para Emmett, menos eu e os lobos. Rosalie fez questão de castigá-lo com um tapa. Teria sido uma cena engraçada e divertida, se o problema em questão não fosse eu!


-Droga, Nessie, você me causa dor de cabeça! Eu já não consigo te ver direito, e ainda por cima ao lado dessa multidão de lobos! Viu só no que dá meu poder não funcionar perto deles... Pobrezinha, deve estar doendo bastante. –tia Alice foi a mais compreensiva, alívio.


-É verdade, ficaram dando bronca na garota em vez de cuidar dos ferimentos. –a frase de Esme fez com que todos calassem a boca e fitassem os pés. Me controlei para não rir. –Venha, querida, seu avô precisa dar uma olhada nisso.


E assim a primeira parte da bronca acabou. Fiquei aliviada, mas pela cara de todo mundo, eu tinha certeza que quando estivesse tratada, voltariam a falar pelos cotovelos. Tagarelice é algo muito chato, ainda mais quando a gente já entendeu o erro. Porque os adultos têm essa mania estranha de repetir a mesma coisa mil vezes?


-Pra que vocês, crianças, não cometam o mesmo erro mil vezes também.


-Edward, pode parar de responder meus pensamentos?


-Vou parar quando você também parar de se meter em confusão.


-Papai! Pelo amor de Deus, eu não me meto em confusão, ela que vem atrás de mim! Não fui eu quem chamou Leah pra brigar...


Dei um muxoxo, enquanto subia as escadas atrás de Carlisle. Ouvi mamãe mandar Jake e Seth me esperarem bem ali, na sala. Fiquei com pena deles, enquanto eu estivesse fora, provavelmente seriam eles quem tomariam a bronca. Oh, que ladainha chata!


Carlisle foi meticuloso ao cuidar das mordidas, limpando cada furo por vez. Doeu o dobro do que eu poderia achar possível. Cada vez que ele cuidava de uma perfuração, era uma ardência sem fim, já que o remédio precisava fazer efeito. Por sorte eu levava pouco tempo para me curar, contudo, era uma mordida de lobisomem, projetada para destruir vampiros, então imagine o que faria com uma híbrida.


Ele me enfaixou de novo, e agora usou uma coisa, a qual eu nunca havia visto. Era para imobilizar o braço, de cor azul, ficava pendurado no meu pescoço, com o braço dobrado, dentro dele. Vovô riu quando eu perguntei que treco era aquele, mas voltou a se concentrar antes de responder.


-Olha, Nessie. –tio Jazz começou a falar. Isso era o fim! Se ele achou algo ruim, então realmente eu estava numa furada maior do que achava. –Foi realmente muito perigoso o que você fez, encarar um lobisomem jovem, e que ainda por cima não gosta de você. Não vou negar, deu muita sorte de Jacob aparecer a tempo, caso contrário, a probabilidade de estar viva agora seria de 5%.


-Gente, sério, desculpe. Não vou cometer o mesmo erro outra vez, podem acreditar.


-Tudo bem, filha. –parece que o ódio do papai cessou. –Ninguém vai ficar falando no seu ouvido. Pela sua mente sei bem que percebeu o erro, e até o reparou, indo pedir desculpas para a Leah. Então, seu castigo não vai ser tão ruim. Vou diminuí-lo à metade, por ter tido honra suficiente para ir até ela e se desculpar. Contudo...


Ui, esse “contudo” é que dói! Eu já estava começando a sorrir de felicidade quando meu pai destruiu minha esperança de não ficar de castigo de vez.


-Exatamente. Você vai ficar de castigo, filha. Mas como eu ia dizendo, quatro meses longe de La Push.


-QUATRO? Caramba pai, você não foi nenhum pouco piedoso.


-E você não ouse reclamar, Renesmee. –mamãe estava começando a me assustar de verdade.


-Tá, dois meses...


-Obrigada, Edward. –enfatizei o nome dele.


-Reclame de novo e ganha mais um mês. Seu pai está sendo muito bonzinho, Renesmee, por mim você ficava meio ano sem chegar perto de La Push, e o ano todo sem sair de casa. Filha, a sua irresponsabilidade quase te custou a vida, pelo amor de Deus, lutar com um lobisomem!


-Mãe, Bella... Eu quem vou reclamar agora, pelo amor de Deus, chega! Eu já entendi que poderia ter morrido, mas não morri, estou aqui, então faça o favor de agradecer aos dois lobos ao seu lado, pois graças a eles eu estou viva, tá!


Ouvi uns resmungos, nada demais. Vovô riu quando eu gemi de dor. Ele não estava tão preocupado como todos, acho que é uma questão de vivência. Carlisle não se desesperaria já que eu estava bem aqui, e mais viva que nunca... Até sangrando eu estava!


Ah! Sangrando! Era por isso que mamãe estava perdendo as estribeiras. Coitada, deve ter sofrido bastante com aquela queimação na garganta. Pelo menos o doutor fez um trabalho rápido, sumindo com as ataduras ensopadas. O cheiro sumiria em breve, assim que ele cobrisse os ferimentos de novo.


Não vou negar que demorou, acho que fiquei uns quarenta minutos, mesmo com a super velocidade de Caslisle, para cuidar de cada mordida. E quando eu achei que a falação tinha acabado, ouvi barulho de metal e madeira, se chocando contra pedra. Rosnados, risadas e mais rosnados. Rosalie e Jake não tinham mesmo jeito.


Revirei os olhos, estava realmente cansada daquilo, mas de uma forma ou de outra, era bom ter a rotina de volta. Meu coração ainda estava apertado, mas pelo menos não estava faltando metade, como quando Jake estava longe de mim.


Sem dúvida eu tive a pior semana da minha vida, mas agora nada importava, eu tinha meus dois amores comigo novamente. E agora, meu problema não era mais a saudade de um deles, e sim ter os dois juntos. Esse mês seria uma loucura, e eu não precisava ser a Alice para prever isso.


-Sim, filha, eu não queria estar no seu lugar.


-PAI!


Ele riu.


Pelo visto, tudo estava voltando para o lugar, aos poucos. Contudo, eu ainda estava me sentindo mal, pois tinha certeza que alguém acabaria sofrendo, e eu sabia exatamente quem, mas não conseguia pronunciá-lo. Afinal, a culpa era minha, mais uma vez.


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Notas finais do capítulo

Poxa gente, onde estão os muitos coments que eu ganhava de vcs? /cry. Estão com raiva de mim pq o Jake tinha sumido? Mas poxa agora ele voltou! Não me abandonem (dramática)!

Gostaram do cap?
KissKiss
NiaBlack.



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