Amor dos Deuses escrita por vwnus


Capítulo 3
Afrodite




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Luba que ainda me fitava apenas continuava a fazer. Ela se aproxima e por um segundo pensei ter visto ela olhando para os meus lábios, o que claramente já eram sinais de ilusão, uma doença que tem como sintomas a imaginação de coisas impossíveis e que se não for tratada logo as causas são um grande coração partido. Gemer pelas mãos da minha melhor amiga e na mesma linha de tempo descobrir que estou apaixonada por ela certamente estava mexendo com a minha cabeça. Luba beija a minha testa de uma forma afetiva e tão fofa que eu tive vontade de ter um ataque e gritar alguma frase como "Por que você é tão perfeita? Como você quer que eu não me apaixone assim?" mas achei melhor não. Certamente ter a Luba ao meu lado era melhor que qualquer calmante, o mar acalma, mas nunca pensei que um par de olhos teriam o mesmo efeito. E assim seriam os olhos da Luba, como o mar, calmos e prontos para te afogar se você se aventurar de mais. Imagino se os médicos descobrissem esse novo calmante humano totalmente funcional, eles preencheriam as receitas com um "500mg de Luba, tomar há cada seis horas". Algumas pessoas da minha sala começam a entrar me fazendo lembrar que o sinal havia tocado há alguns minutos atrás. Luba tira a mão da minha cintura e para de afagar meus cabelos, o que não me deixou muito feliz, mas as borboletas da minha barriga deram uma trégua. Me levanto e sento na cadeira.
— Você tem prova agora, não tem? — pergunto já sabendo que a resposta será positiva.
Ela continua quieta e me fita, como faz toda vez que eu sei a resposta da pergunta mas mesmo assim pergunto.
— Até a saída. — Luba diz com um certo desapontamento e se levanta.
— Hey. — digo levantando e pegando na mão dela, ela se vira rapidamente e me fita.
Não sei porque me levantei e a impedi de ir, foi só impulso, mas agora estamos aqui, frente a frente, e eu não sei o que dizer, o fato de eu estar segurando a mão dela deixa tudo pior ainda, porque provavelmente eu esteja suando frio igual uma desmiolada e tremendo. Por algum motivo me lembro do momento que ela me fez gemer, talvez ela tenha feito para me irritar ou.. Não, eu não quero pensar nessa hipótese, isso é vida real, não é um conto de fadas, nós não vamos nos casar e ser felizes para sempre, até porque ela não gosta de mim, é só amizade. Mas eu vou me arrepender profundamente de não ter tentado nada e eu sei disso, e se ela me fez gemer, talvez eu tenha algumas chances e.. Okay, de uma coisa eu tenho certeza, vou ficar brava comigo mesma se eu não fazer algo agora e vou ficar louca se tentar considerar o ato dela ter feito eu gemer nesse momento crucial, cada segundo conta, agora não é a hora pra isso, se eu for fazer, tenho que fazer logo. Já aproveitando que estou segurando a mão da Luba entrelaço meus dedos com os dela. É agora ou nunca. Nós caminhamos até a porta e quando chegamos lá eu a empurro mais pra fora para que quem esteja na sala não veja o que quer que aconteça. A sala já estava cheia. Ainda de mãos dadas com a Luba da forma mais fofa possível, me trazendo algumas toneladas de borboletas na barriga.
— Tchau. — digo e me aproximo para dar um beijo no rosto dela.
Mas eu desviei um pouco o caminho. Fiz questão de beijá-la bem do lado da boca, realmente muito perto, mas discretamente o bastante para parecer que não aconteceu nada ou até que tivesse sido inocente. Fiz uma cara de inocente e ela como se nada tivesse acontecido, mas uma cara tão real que eu realmente comecei a achar que ela não tinha percebido, mas como ela sempre fala, nunca subestime uma filha de Atena, o que me deixou com uma confusão que ia até o tártaro. Minhas pernas estavam bambas e na minha barriga tinha uma invasão de borboletas, eram tantas que eu possivelmente teria que chamar o dedetizador, essa era a hora que eu voltava pra sala e me perguntava como eu tive coragem de fazer aquilo, ou também a hora de eu pegar minha bola de cristal e descobrir se ela percebeu, essa dúvida estava me matando. Soltei a mão dela e me virei para entrar na sala, mas Luba pegou meu dedos no ar e os entrelaçando de novo me puxou para um abraço. Todo o meu nervosismo fora embora, minhas pernas ficaram normais e eu não estava mais a risco de ter um ataque, o mundo a minha volta parou de ter importância, eu me aninhei mais no moletom dela e queria que esse momento durasse para sempre.
— Eu também te amo. — Luba diz ao pé do meu ouvido.
Me deu arrepios, mas algo muito maior se surgiu, era a primeira vez que ela falava essa frase, era a primeira vez que ela falava que me ama. Um sorriso se formou em minha face, mas não durou muito tempo, a amar era um grito no vácuo, ela nunca me amaria do jeito que eu a amo, todas as minhas declarações teriam outras intenções escondidas que só eu saberia, essa é a dor e o preço de se apaixonar pela melhor amiga. Ela me solta e me fita, estávamos perto o bastante para eu sentir sua respiração, mas não perto o bastante para ser algo romântico ou suspeito, o que era uma pena. Luba me supreende e faz o mesmo de quando usou a benção de Afrodite, mas algo me dizia que ela não iria fazer isso. Ela segurou meu queixo com o polegar e o indicador e o levantou calmamente, tive vontade de falar que ela não precisava da benção para fazer que eu ficasse enfeitiçada por ela, mas agora tinha quase certeza que ela não iria fazer aquilo, não tinha motivos, e ela nunca fazia algo sem motivos, o que me deixou inteiramente na dúvida e esperando ansiosamente o próximo movimento. Ela se aproximou e beijou meus lábios, tirou nossa roupa e transamos ali mesmo. Brincadeira. Ela se aproximou e beijou meu rosto, mas como eu fiz há alguns minutos, há alguns centímetros dos meus lábios. Ela se aproximou do meu pescoço e soltou uma frase que me fez estremecer.
— Só retribuindo.
Ouvi seus músculos da bochecha formarem um sorriso faceiro. Ela se virou e entrou em sua sala sem olhar para trás. E eu fiquei lá, parada e sem reação, sorrindo de orelha a orelha involuntariamente.


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