Da terra tiro meu pão

Da cana o meu sustento.

Do pranto meu alimento

Da dor, separação.

– O açúcar faz a união.

Do fruto do meu trabalho

Da seiva daquele galho

Do forte saiu doçura

Do sangue nasceu ternura.

Minha luta não é em vão

– O açúcar faz a união

Nasce um guri miúdo

Criado em um barraco

De madeira feito o barco

Que anuncia a salvação.

Conhece a pobreza pequeno

E cresce bebendo o veneno

Das flores da exploração

Não sabe o que é ter infância

Ir pra escola, ou hospital

Conhece o canavial

Seu caderno é um facão

– O açúcar faz a união.

Mesmo pobre mantêm a esperança

E acredita que a vida vale a pena

E que um dia os seus irmãos

Que produzem o açúcar e fazem o pão

Viverão uma vida serena

Mesmo que a liberdade seja pequena e não haja paz

Pois enquanto a vida depender da sorte

A liderança pertencerá à morte

E o açúcar...

O açúcar nada faz

A fome não satisfaz

Não existe união.