Easy escrita por Nora


Capítulo 15
14 – I Love It


Notas iniciais do capítulo

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— Você ficou definitivamente louco, cara – Dan lhe disse enquanto os dois caminhavam lado a lado em direção a saída. – Não imaginei que vocês fossem brigar ali.

— Eu sei que sou louco – ele disse, rindo.

— Alguma vez passou pela minha cabeça que ele é filho do reitor?

— Você não precisa agir como se fosse a minha mãe, Dan. Admita, eu sei que você curtiu.

Eles se encararam por um instante, e então Dan admitiu:

— Foi demais.

Os dois caíram na gargalhada.

— E é claro que eu lembrei que ele é filho do reitor. Mas eu sabia que não ia dar em nada.

Eles riram mais um pouco e Trevor enxergou America não muito longe dos dois conversando animadamente com seu melhor amigo Andy, que estava de costas para ele. Ela não havia visto Trevor ainda e quando percebeu que ele olhava para ela, apenas o olhou por alguns segundos, revirou os olhos e desviou o olhar, fazendo-o sorrir de canto.

Dan, percebendo para onde ele olhava, disse:

— Mas você gosta dessa francesa, hein?

— Digamos que algo nela captou a minha atenção – ele respondeu.

— Talvez a beleza dela. Ou o corpo – Dan retrucou, com um sorriso sacana no rosto. – Vamos combinar, ela é gostosa. Não é nada que se jogue fora.

Trevor poderia muito bem ter concordado, pois o melhor amigo estava certo – em parte, o que o cativara não fora a beleza dela, mas também seu caráter doce e sua personalidade forte e teimosa.

Mas Dan ter falado isso dela o irritou. Ele não sabia exatamente o porquê, mas o irritou. Por isso, apenas assentiu com a cabeça e não disse nada.

— Você vai na festa da Warnock? – perguntou, desviando rapidamente de assunto.

— Mas é claro – o amigo respondeu, brincalhão. – Realmente acha que eu ia perder essa?

— Conhecendo você, é claro que não. – Trevor respondeu, rindo.

Todas as garotas da Columbia vão estar lá. Provavelmente a sua francesa também. Existe coisa melhor que isso?

— É. Não existe.

Os dois caíram na gargalhada e começaram a andar, e então Trevor reparou que America estava agora sozinha, seu amigo Andy não estava mais com ela.

— Vai na frente – Trevor disse a Dan, olhando na direção dela. – Eu já te alcanço.

O amigo lhe lançou um sorriso malicioso e se afastou.

O outro caminhou despreocupadamente na direção da francesa e esbarrou em seu ombro de leve, fazendo-a levantar os olhos do celular para ele.

— E aí, francesa. – ele disse, com seu habitual sorriso de canto.

Ela o encarou em silêncio por um tempo. Guardou seu celular na bolsa e então falou, com uma expressão indiferente:

— Você realmente dormiu com a irmã de Joshua?

— Você fala como se eu tivesse cometido um crime. – ele falou, antes de dar risada. – E respondendo a sua pergunta, sim. Ontem à noite, na verdade.

Ela o olhou incrédula e articulou, com desgosto na voz:

— Eu não acredito. Você é nojento, McCalton.

— Ah, vamos lá, America. Eu sei que você gostaria de estar no lugar dela. Não negue. – ele lançou a ela seu melhor sorriso e ela revirou os olhos e então ficou em silêncio, como se estivesse perdida em seus pensamentos.

Ela não respondeu. Apenas revirou os olhos novamente.

— Bem, quem cala consente...

Agora a francesa parecia prestes a dar um tapa no rosto dele.

— Você é um idiota! – berrou, com a voz alta, e saiu andando para longe dele com os fones de ouvido na mão.

Quando já estava longe, ele se deu conta de que esquecera de lhe perguntar algo. Então gritou:

— America! – ela se virou, com uma expressão entediada. – Você vai na festa da Warnock?

— Não se puder evitar. – foi a resposta dela, andando de costas. – Não espere me ver por lá. – se virou, colocou os fones e recomeçou a andar.

***

America levou um susto quando Andy e Madison entraram em seu apartamento, sem nem ao menos bater.

— Pronta para a f... – Maddie, que havia chegado de sua viagem no mesmo dia, interrompeu a frase no meio ao ver a amiga deitada no sofá enrolada em um cobertor assistindo Game of Thrones e comendo brigadeiro de panela.

A francesa os olhou, cansada, mas antes que pudesse falar algo o amigo praticamente gritou:

— AMERICA HILL CHEVALIER! Eu não acredito que você vai perder a maior festa do ano! Hello????? – ele estava histérico. – É a festa da Mely Warnock! Você tem noção disso? Mely Warnock!

Ele repetiu mais algumas vezes o nome Mely Warnock enquanto andava até a cozinha para pegar um copo de água.

— Sim, Andy, eu sei que é a festa da Warnock. – America resmungou, pegando o controle e pausando o seriado. – Mas eu não quero e não vou ir.

— Vamos, Meri, vai ser divertido! – Madison insistiu e repetiu a frase mais umas dez vezes ao a amiga negar com a cabeça e então fez um beicinho de criança.

America riu da expressão dela e negou novamente.

— Nem vem, Maddie. Sabe que eu não posso, tenho três trabalhos para terminar e sabe que não gosto de ir a festas.

— Meri, não vou deixar você ficar aqui mofando em seu apartamento de novo! – Andy replicou, e pelo olhar determinado dele, ela pôde ver que havia sido vencida e que não adiantaria argumentar novamente contra.

— Ok, está bem – resmungou ela, e Madison deu vários pulinhos extravagantes de alegria.

Aleluia! Agora vamos nos arrumar! – ela exclamou e Andy bateu palmas, animado.

Maddie arrastou a francesa para o quarto e ele as seguiu, jogando-se na cama logo em seguida. America suspirou e sentou-se na cama, enquanto Madison abria seu guarda roupa, procurando algo para a amiga vestir. Ela pegava alguma roupa, a estudava atentamente e então a descartava, jogando-a no chão.

— Ei, tome cuidado com as minhas roupas! – disse a francesa, indignada.

Madison ignorou o protesto da amiga.

— Hoje, Meri, você vai chegar naquela festa como uma deusa! – ela falou, fazendo a outra revirar os olhos, entediada.

Ela permaneceu em silêncio, sem ousar interromper o trabalho minucioso da amiga. Madison podia muito bem ser uma ótima expert de moda. E logo Andy juntou-se a ela, enquanto a outra apenas assistia.

— Ai, Maddie! – ele deu um gritinho. – Ela vai ficar ótima nesse!

Eles se juntaram e ficaram aos cochichos, deixando a amiga totalmente de fora.

— Sabe, eu odeio que me excluam das coisas! – reclamou ela, mas foi em vão.

Ela resmungou algo e cruzou os braços, irritada. Odiava quando Andy e Madison ficavam de segredinho.

— Nhá, muito vulgar. – Madison retrucou, descartando a roupa a que Andy se referia.

Os minutos se passaram e os dois continuaram ali, em busca de alguma vestimenta. Até que Madison deu um pulo,

— Ahhhh! Ela vai ficar perfeita nesse!!

Ela deu mais alguns pulos e mostrou para America, finalmente. Ela estava segurando um vestido azul marinho curto, daquele tipo “fofo”, com o tecido repuxado em alguns lugares, com um decote um tanto grande demais para o estilo de America.

— Tá de brincadeira, né, Maddie? – perguntou, incrédula. – É óbvio que não vou vestir isso.

— Mas por quê? – perguntou a amiga, desolada.

— Olha o tamanho desse decote!

— Nem vem, Mare – Andy retrucou –, nem é tão grande.

— É sim! Não vou sair daqui com esse vestido. Até parece.

Andy e Madison tentaram fazê-la mudar de ideia, mas todas as tentativas falharam. Ela não estava a fim de sair igual as vadias do McCalton.

— Quer saber, saiam vocês dois daqui. Eu mesma vou escolher minha roupa. – Maddie fechou a cara e então colocou os dois porta afora.

Eles resmungaram contra, mas ela fechou a porta e a trancou, suspirando. Madison estava louca se achava que ela iria vestir aquilo.

Ela se pôs a vasculhar seu guarda roupa e, embora Maddie houvesse deixado-o bagunçado, logo encontrou uma roupa de que gostava. Uma blusa de alça verde claro, uma saia florida – não muito curta, mas também nada comprida – em tons de roxo, rosa e verde e uma jaqueta de couro preta, pois estava um pouco frio. Vestiu a roupa, colocou um sapato de salto alto preto e abriu a porta. Os dois amigos praticamente caíram para dentro e Madison balançou a cabeça, desaprovando a roupa da amiga.

— Eu simplesmente não creio que você vai ir assim. Está parecendo uma santinha de colegial! – ela replicou.

— Maddie, eu vou assim ou não vou. Você escolhe. – a francesa retrucou, passando uma maquiagem básica.

Andy cutucou a outra – que havia ficado calada – e sorriu maroto.

— Vamos, Mad, vamos concordar que ela está linda.

— É, ela está. – a outra sorriu e America riu enquanto penteava seu cabelo.

Depois de pegar suas chaves, celular, dinheiro e sua identidade, ela estava finalmente pronta. Os três foram no carro de Madison e enquanto estavam parados em um semáforo, America se deu conta de que – infelizmente – encontraria Trevor lá, até porque ouvira Stacy o convidando e pela pergunta que ele lhe fizera mais cedo. Ela revirou os olhos ao pensar nisso.

O sinal tornou-se verde e Madison pisou no acelerador. A festa era na casa de Mely, em um dos bairros mais ricos de Manhattan, e não foi difícil encontrar a casa.

Não era uma casa. Era uma mansão, na verdade, de três andares com uma grande sacada na frente. Eles encontraram uma única vaga e estacionaram, e sem demora desceram.

America não viu a moto de Trevor, então julgou que ele não tivesse ido. Sorriu com esse pensamento, com a esperança de não vê-lo por lá. Mas sua esperança logo morreu quando cruzaram a porta e ela o enxergou lá fora, perto da piscina.

A música estava alta e havia realmente muitas pessoas lá, e praticamente num piscar de olhos Andy e Madison, que estavam ao lado de America, sumiram e a francesa não conseguiu encontrá-los novamente.

— Ótimo, essa festa já começou legal – ela murmurou com ironia para si mesma.

Um garoto loiro passou por ela segurando dois copos. Ela se adiantou e pegou um deles, dizendo:

— Desculpe, mas eu preciso.

O garoto a olhou de cima a baixo e deu um sorriso malicioso, sumindo de vista logo em seguida. Ela nem ao menos prestou atenção no que tinha no copo, apenas tomou um longo gole. Já que havia ido naquela maldita festa, iria aproveitar.

Devia ser vodka, talvez com algo a mais. Fazia tempo já desde a última vez que a bebera, então o líquido desceu por sua garganta queimando.
Ela começou a andar meio que sem rumo, apenas andando por aí. Tomou tudo o que tinha naquele copo e depois de andar mais um pouco, por quase meia hora, ela finalmente encontrou o caminho para a cozinha. E, para sua sorte, em momento algum ela teve o azar de encontrar o McCalton.

Havia algumas pessoas lá, mas ninguém significativamente importante reparou nela. Se serviu da bebida e quando estava prestes a sair dali uma voz masculina e que ela não conhecia falou:

— Ora, ora. Então fui roubado por uma francesa?

Ela olhou para o lado e viu o mesmo garoto loiro de quem roubara o copo a mais ou menos uma hora atrás com os cotovelos escorados no balcão. Abriu um sorriso convencido e disse:

— Bom, acho que você tem que saber no mínimo quem o roubou.

— Aaah, mas acredite, eu sei. – ele abriu seu melhor sorriso galanteador e ela sentou-se num banco de madeira, também apoiando os cotovelos no balcão ficando exatamente de frente para ele.

O olhar dele desceu um pouco para o seu decote e ela revirou os olhos. Ergueu o rosto dele e disse:

— Você está falando comigo, não com os meus peitos.

— Ouch, é ácida também – ele replicou, rindo. – Mas e então, você estuda na Columbia também, certo? Acho que já te vi por lá.

— Certo. Jornalismo. – respondeu.

— Interessante. E o que uma francesa tão linda como você faz aqui desacompanhada?

— Por favor - ela tomou um gole da cerveja ou o que quer que fosse que estava no copo em que segurava –, essa cantada já perdeu a graça.

Ela pulou do banco e antes que desse alguns passos ouviu a voz dele novamente, segurando seu pulso:

— Ei, aonde pensa que está indo? – seu rosto continha uma expressão um tanto... estranha. Aquela conversa não estava tomando um rumo muito bom.

E ironicamente, America agradeceu por Trevor aparecer justo nesse exato momento. Mas era claro que ela nunca iria admitir isso.

— Mare! Então você veio – ele falou, com um copo cheio na mão.

— É, parece que sim. – ela respondeu, com desânimo. Ele então percebeu a presença do garoto loiro que ele ainda segurava o pulso dela.

— Se importa se eu roubá-la de você? – perguntou, com um sorriso totalmente cínico no rosto. Estava totalmente claro que ele não aceitaria um “não” como resposta.

O outro abriu um sorriso mais cínico ainda e soltou o pulso dela.

Ela é toda sua. – disse, com um tom de voz totalmente falso e com raiva no olhar.

Trevor empurrou America para longe, o que ela não entendeu, e replicou para o garoto, em um tom de voz ameaçador:

— Fique longe dela. Vou te avisar apenas uma vez.

— Senão o quê? O que que o filhinho do papai fazer? – retrucou o outro, com deboche.

— Eu já te avisei, Manson. Você não tem ideia do que eu posso fazer.

Antes que o outro respondesse e Trevor o socasse – o que este já estava se controlando para não fazer –, ele saiu e puxou America para um corredor vazio e apertado.

— Pode me explicar o que acabou de acontecer? – ela pediu, irritada, tentando se livrar do aperto dele em seu braço. O que não funcionou, é claro.

— Em um pequeno resumo, eu acabei de salvar você do pior problema que poderia encontrar na sua vida. Já pode me agradecer. – ele respondeu com seu mesmo tom de voz zombeteiro de sempre.

— Pode tirar seu cavalinho da chuva. Tipo, literalmente, porque começou a chover. – e era verdade, havia de fato começado a chover. E ele quase riu da piada dela. Quase. – Eu não vou agradecer nem morta. E que problema? Do que você está falando?

Foi a vez dele de revirar os olhos.

— Você nem ao menos fazia ideia de com quem estava conversando, não é? – retrucou ele.

Como ela permaneceu em silêncio, ele continuou.

— Já que não sabe, aquele cara é Oliver Manson. Ele foi preso ano passado por estuprar cinco mulheres, e adivinha? Todas elas eram da Columbia. Apenas uma coincidência macabra, não é? – havia um tom extremamente irritado e irônico em sua voz, a francesa pôde perceber.

America apenas encarou-o sem dizer nada por um momento.

— E qual é a diferença entre você e ele? – ela perguntou, com indiferença e então respondeu sua própria pergunta, praticamente cuspindo as palavras no rosto dele. – Ah, é. Você não foi preso ainda.

Ele riu, e ela desejou que ele não tivesse feito aquilo. Não era para rir.

— Você é realmente audaciosa de me dizer isso, francesa. E já que quer saber, a diferença de mim para ele é que eu não obrigo as garotas a transarem comigo. Se elas transam, é porque querem. E ele obriga. Deu para entender agora? Ou quer que eu desenhe? – ele respondeu, se aproximando devagar dela, com um tom provocativo na voz.

— É nojento pensar nisso, mas sim, eu entendi. Tomara que nunca precis...

— Deus, por que você nunca fica quieta? – ele disse, interrompendo sua frase; e então Trevor a beijou, comprimindo-a contra a parede.

No início ela se debateu sem correspondê-lo, mas os braços fortes e macios dele a envolviam, sem ter jeito nenhum de fugir. E meio que inconscientemente ela o correspondeu. Era como se seu corpo não lhe pertencesse mais, ela não podia contê-lo. Ou talvez bem no fundo ela simplesmente quisesse isso.

Começou como um beijo calmo, suas línguas explorando cada lugar da boca desconhecida um do outro. A boca dele tinha gosto de menta, um gosto bom. E logo o beijo foi tornando-se algo com mais desejo, algo mais... selvagem.

Trevor mordeu o lábio inferior dela e ela gemeu baixinho. Isso foi o suficiente para deixá-lo excitado. Suas mãos começaram a passear pelas costas dela e seus lábios quentes e aveludados desceram para o pescoço dela, mordiscando às vezes, fazendo-a se arrepiar. Ele deu um chupão em seu pescoço e outro arrepio percorreu o corpo de America. Aquele iria deixar uma marca. Seus olhos se encontraram por um instante, cúmplices, e, surpreendentemente, ela atacou os lábios dele novamente, fazendo-o sorrir de modo totalmente convencido. Suas mãos desciam e subiam cada vez mais. E então America sentiu algo líquido e gelado em si.

Os dois se afastaram, ambos com os lábios levemente inchados, e viram Stacy com um copo vazio na mão.

— Ops. Foi sem querer.

America estava totalmente coberta por algo que definitivamente não era água. Ela olhou incrédula e com muita raiva de Trevor para Stacy, e saiu correndo dali. Sem saber o que pensar ou para onde ir.


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