Sing Me To Sleep escrita por Alice


Capítulo 6
Capítulo VI




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"Don't feel bad for me

I want you to know

Deep in the cell of my heart

I will feel so glad to go

Sing me to sleep"

(The Smiths: Asleep)

–x-

As coisas estão melhorando, aos poucos.

As brigas estão acontecendo com menos frequência, e agora só estou morando com a minha avó.

Estou bem. Dia vinte e oito faço um mês no meu primeiro namoro, provavelmente em menos de um mês vou estar na minha casa...

Mas se eu estou feliz? Não.

Um amigo me fez prometer que eu tentaria ficar calma e que evitaria o máximo brigar ou responder meus pais e a qualquer um, e é o que eu estou tentando fazer. Ele também me fez prometer que eu tentaria ser feliz.

Bem, eu estou tentando. Tentando de verdade. Mas... Está tudo complicado demais. Eu estou bagunçada demais.

Mas o que aconteceu que me afetou nesses dias?

Bem, sexta, na aula de matemática, perdemos o ponto de comportamento.

“Da sala toda?” algumas pessoas perguntaram, indignadas.

“Claro. Tem quase dez pessoas conversando, não sei quem são, então a sala toda perde.”

“Culpa da Alice que não para a boca um minuto!”, gritou um colega meu.

Eu realmente converso bastante, mas nessa sexta-feira eu não tinha cabeça nem para pedir emprestado um lápis.

Alguns garotos que sentavam junto com esse colega acompanharam-no, dizendo-me que sim, sim, a culpa era minha, e eu apenas revirei os olhos e segurei todos os palavrões que iria disparar contra aqueles idiotas.

Infelizmente, as palavras deles ainda me atingiam. Perguntei-me se eu era tão porre assim, tão incômodo para todo mundo. Provavelmente eu era.

As palavras da minha mãe, de duas semanas atrás, me atingiram em cheio de novo.

“Você só consegue piorar tudo! Ser um problema maior ainda!”

Vê? Até a minha sala de aula ficaria melhor sem mim.

Segurei o nó que tinha se formado na minha garganta até o final daquela aula. E quando ela finalmente acabou, eu não consegui me segurar e saí correndo da sala, desci as escadas, atravessei o corredor e tranquei a porta do banheiro.

Eu apertava os meus braços contra mim com força, me segurando para não chorar. Eu não podia chorar por pessoas tão idiotas como aquelas. Não podia.

“Culpa da Alice”, “você só consegue piorar tudo!”.

Peguei minha bolsa preta que eu usava de lado, procurando uma caixinha de plástico que guardava tudo o que eu precisava naquele momento. Eu só precisava sentir um pouco de sangue se esvaindo. Só um pouco.

Mas não foi o que aconteceu, porque as lâminas não estavam lá. Simplesmente não estavam.

“Minha mãe deve tê-las achado e jogado fora” foi o meu primeiro pensamento.

Não me segurei e chorei, e então chutei a parede do pequeno banheiro.

Abri a minha pequena bolsa de novo, procurando qualquer coisa. E eu encontrei algo melhor. Uma vidrinho com todos os meus comprimidos que eu deveria tomar na hora do recreio, mas que eu nunca tomava.

Eles não deveriam ser fortes o bastante. Mas e se eu tomasse aquele vidro todo de comprimidos, ainda cheio? Talvez eu pelo menos não estivesse ali quando abrisse os olhos na próxima vez, naquela escola.

Encostei-me na parede, na dúvida. Tomar ou não tomar?

Coloquei o vidro dentro da bolsa. Não ali. Não naquela hora. Não por coisas tão estúpidas como um simples “a culpa é da Alice”.

Que burrice a minha.

–x-

“Why are you sad?” perguntou meu professor de inglês na outra aula. Por que você está triste?

“I’m not sad”, respondi. Não estou triste.

“Yes, you are.”

“No, I’m not.”

Uma garota não pode apenas ficar quieta, em seu canto, sem querer conversar ou participar daquela aula incrível que estava sendo a de inglês?

Será que está tão óbvio assim?, perguntei-me, xingando-me mentalmente.

Dei um sorriso gigante e uma risada, dignos de uma atriz que acabou de ganhar o Oscar.

“Não, não estou!”, eu disse de novo, fazendo com que a minha sala quase inteira parasse de revirar os olhos. Eles odeiam quando eu e meu professor começamos a conversar em inglês.

“Sure?” Tem certeza?

Não, querido professor. O senhor está certo. Estou triste sim. Apenas não sei o por quê. Agora pode me deixar em paz?

Pensei, mas não disse nada. Apenas dei outro sorriso e voltei a fazer a atividade.


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