Proteja-me. escrita por Lucciola


Capítulo 4
Bonne Pluie




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Triiiiin...

Jenny corria.

Triiiiin...

Seu ombro esquerdo sangrava e mesmo com a dor latejante, ela corria. Sua camiseta estava manchada de sangue, dela e de outra pessoa que já estava eliminada.

Ela segurava uma pistola Desert Eagle.50 com a mão direita, mas era totalmente inútil àquela altura. Se usando as duas mãos aquela pistola ainda lhe dava fortes “coices”, com uma mão a menina perderia o equilíbrio e isso seria fatal.

Triiiiin...

Uma bala passou raspando em seu pescoço. Ela suportou a dor e continuou correndo. Olhou para trás, viu que tinha ganhado uma boa distância de seu inimigo e se escondeu atrás da primeira árvore que viu. Esperou. Tentava regular a respiração, pois “Se seu inimigo escutar sua respiração, ele te acha e te mata.” Tentava tirar o foco da dor em seu ombro e pescoço. Esperou. Não tremia. Segurou a arma com as duas mãos, apontou para baixo, colando suas mãos e a arma nas coxas.

Triiiiin...

Ela o viu. Analisou seu inimigo. Ele estava com o colete à prova de balas e uma arma visivelmente mais preparada para combate do que a dela. Mas não importava. Ela analisou seus pontos fracos. Pernas, não, coxa! Coxa direita! Vai sua vadia, o que ta esperando, ele te matar?

Ela virou, atirou duas vezes na coxa direita do inimigo. Ele caiu, ela chutou a arma dele para longe e apontou a arma em sua cabeça. Venceu!

Triiiiin...

***

–MERDA!

Ben pulou da poltrona derrubando a tigela suja de Cheetos no chão. O barulho acordou Jenny, também assustada. Ele correu até o interfone, chutando uma mesa, outra poltrona, tropeçando no tapete e por muito pouco, não esmagando a gata Ali no caminho.

– Caralho!

Boa noite para você também, amigão! Não vai trabalhar hoje?

– Já ta na hora? – Bocejou.

Estamos dez minutos atrasados.

– Por que não me acordou antes, seu filho da mãe?!

Em primeiro lugar: Eu não sou seu despertador, em segundo lugar: Não fale da minha mãe, seu merdinha e em terceiro lugar: Achei que não devia atrapalhar... Sabe como é né... As “coisas” com a mina aí.

– Vou descer. – Ele desligou.

– Quem era? – Jenny perguntou deixando a tigela na pia.

– Era o Adam – Bocejou de novo – Lembrando que trabalho hoje.

– Ah... E em que você trabalha?

“Não pergunte quem é Adam. Deve ser o moreno da recepção”. Ela pensou.

Ben, que já estava entrando no banheiro, parou na porta e a olhou com os olhos semicerrados. “Quanta curiosidade.” Pensou.

– Somos garçons em um restaurando aqui perto.

Jenny assentiu calada, mas surpresa. Ben parecia mais um médico jovem do que um garçom. Ele continuou seu caminho, banhou, fez a barba o mais rápido que pôde e saiu com a toalha enrolada no quadril enquanto Jenny arrumava a bagunça do almoço. Ele pensou que ela não o viu daquela maneira. Ela viu e disfarçou o riso.

Quando pronto, Ben desceu as escadas enquanto arrumava a gravata borboleta que usava. Ele passou por Jenny que estava assistindo tevê com Ali no colo, e disfarçadamente desfilou para elas. Jenny olhou, claro, e pensou: Ele parece um pinguim. Um pinguim bonito, mas um pinguim.

– Esse restaurando é bem moda antiga, não?

– Foi o melhor que encontramos e o salário dá para pagar esse apartamento.

– Não está mais aqui quem disse. – Insinuou que puxava um zíper na boca. – Quando volta?

– As onze. Trago a janta, se quiser.

– Quero... – Ela o olhou mais uma vez. – Não posso ir junto?

– Ir junto? Pra quê? – Ele terminou de arrumar a gravata e guardava as chaves no bolso.

– Ah, sei lá. Não quero ficar só.

– Eu não caio nessa.

– OK! Não quero esperar até as onze para jantar.

– Já estou atrasado, mas aparece lá depois. Fica a duas quadras daqui, seguindo em frente e depois virando à direita.

– Nome?

Bonne Pluie. É francês e bem clássico então não vá de qualquer jeito. Tem como pagar ? – Ela assentiu. – Então tchau. - Ben pegou seu casaco, abriu a porta e saiu.

Jenny assistiu uma maratona de uma série de zumbis, ficou entediada e pensou em ver a movimentação da rua, como fazem as senhoras de idade na janela, mas se arrependeu por causa do frio, então voltou para a tevê e assistiu outro seriado, um sobre médicos.

– Certo Ali, vamos jantar? Será se ele te dá leite? Quer jantar leite? - A gata a olhou com desdém. – Acho que não... Vou procurar sua comida. – Ali saiu de seu colo, ela levantou e procurou nas gavetas a ração da gata. – Quer ração molhada ? Gosta mesmo disso ? – A gata miou preguiçosamente. – Acho que sim.

Jenny pôs a ração na tigelinha de Ali e trocou a água por uma mais fria, enquanto a gata comia, ela se preparou para ir ao restaurante. Escolheu a roupa e banhou, arrumou o cabelo da melhor forma que conseguiu e seguiu o caminho que Ben disse.

Minha nossa, que frio!

Ela achou o restaurante lindo, como todos os outros que já tinha ido. Entrou procurando por Ben e o viu atendendo um casal.

Ele mudou...

A recepcionista, uma mulher baixinha e bruta, a levou para uma mesa só para uma pessoa e apresentou o garçom que serviria Jenny naquela noite.

– Senhorita, esse é Andrew , seu garçom. – A mulher olhou para o garoto que se aproximava sorridente. Era Adam! O moreno da recepção do apartamento. – Sinta-se a vontade e aproveite a noite.

– Pensei que seu nome fosse Adam! – Jenny disse depois que a senhora bruta saiu de perto.

E é, senhorita. Andrew é um pseudônimo. O nome do Ben é Tobias, só para você saber. Já escolheu o que desejas?

– Uhm... – Ela folheou o cardápio. – Um Bellini, por favor. Para jantar, quero Parmentier de canard e de sobremesa um petit gateau.

Certo. Qualquer coisa, só chamar, senhorita Gates. – Adam sorriu, piscou para a menina e saiu para deixar seu pedido.

Bonito... Muito bonito.

Algum tempo se passou. Jenny se divertia com as apresentações daquela noite e ria quando Ben levava alguma bronca ou uma piscadela de alguma senhora de idade. Ela já estava na sua segunda taça de Bellini e totalmente sóbria quando Adam apareceu com outra taça. Ela negou, óbvio, pois não havia pedido mais um.

Ele riu e disse que era um agrado de outro freguês, um homem sentado no bar do restaurante. Ela aceitou, e ignorou o ar enciumado de Adam. Quando perguntou quem era o tal homem, ele apontou.

Jenny sentiu todos seus pelos arrepiarem e um frio percorrer por entre sua espinha. Ela apertou a taça com força, muita força. O homem, que também a olhava, sorriu com alguns de seus dentes um pouco quebrados, algumas cicatrizes em seu rosto e a maior de todas, que passava por boa parte de seu pescoço, seus cabelos negros penteados para trás e uma roupa qualquer. Ele levantou o copo de cerveja e continuou rindo. Jenny quebrou a taça e ignorou o sangue que escorria em sua mão.

– Joshua... – Ela murmurou.


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