Forks, 15:55 da tarde.

— Você pode parar de bater o pé assim? — Carlisle perguntou já irritado com o som que vinha dos pés de Esme batendo no carpete do escritório.

— Não. — ela respondeu o olhando irritada também.

Já fazia quase vinte minutos que os dois estavam esperando na recepção do escritório do advogado de um casal muito amigo. O próprio advogado tinha chamado os dois, dizendo ser um assunto importante, porém só de ficarem envolvidos em algo juntos, Carlisle e Esme já sentiam os nervos ferverem.

Eles simplesmente não se gostavam. Para os outros, chegava a ser engraçada a constante disputa dos dois. Mas, para eles, era realmente estressante a presença do outro. Mesmo sem motivo algum, não conseguiam ficar em paz.

O advogado, Marcus Volturi, chegou já se desculpando por conta de seu atraso. Chamou os dois para sua sala, fez questão de trancar a porta. Parecia nervoso.

— O assunto que vamos tratar é muito delicado e desde já peço a paciência de vocês. — disse ele alternando olhares entre os dois.

— O que aconteceu com a Carmem e o Eleazer? — disparou Esme nervosa com aquela enrolação.

— Acho que vocês sabem da viagem que estavam fazendo para Paris. — falou cuidadoso. Os dois a sua frente assentiram positivamente. — Bom, durante parte da viagem... Quando estavam indo ao aeroporto... Sofreram um acidente de carro.

— Eles estão bem? — questionou Carlisle.

— Eles faleceram, Sr. Cullen. — terminou com peso.

Esme colocou a mão em cima do coração e começou a chorar. Carlisle apoiou os cotovelos na mesa e segurou a cabeça, respirando fundo e irregular. Eram seus melhores amigos.

— Não. — Esme soluçou. — Não. Pode. Ser.

— Eu não brincaria com uma coisa dessa, Senhorita Platt. Sinto muito.

— Foi para isso que nos chamou? — Carlisle perguntou voltando a ser sentar normalmente.

— Não. Tem mais. — Marcus pegou um documento e o empurrou pela mesa na direção dos dois. — vocês são apegados à filha deles, Rosalie. — assentiram positivamente. — Quando ela nasceu, o Sr. e a Sra. Denali fizeram questão de anunciar oficialmente que se algo acontecesse a eles, a guarda de Rosalie passaria para vocês, já que eles confiam apenas nos dois para cuidar da criança.

— Mas não somos nem casados! — Carlisle exclamou.

— Mas o casal passou oficialmente a guarda a vocês, isso já basta. Só precisam decidir se aceitam ou não.

Os dois se entreolharam por um tempo.

— Amamos a Rosalie. — Esme falou ainda olhando ele. — temos que fazer isso por ela.

— Eu sei. — ele suspirou. — mas não sei se vai fazer bem para ela viver assim. Nem sei se consigo cuidar de uma criança.

— Os Denali acreditavam que vocês saberiam o que fazer. — Marcus interveio. — por enquanto Rosalie está na casa dos avós maternos. Mas vocês precisam decidir. — Carlisle suspirou e se levantou.

— Como você quer que a gente faça isso? Acaba de dizer que meu melhor amigo morreu e vem querendo me entregar a filha dele assim?! — estava claramente exaltado, o que não era muito comum com sua personalidade compassiva.

— Desculpe se pareceu que eu estava pressionando vocês, mas não temos muito tempo para pensar. Podem se decidir até quarta da próxima semana, no máximo. Só quero que se lembrem de que aceitando ou não, Rosalie vai precisar de algum apoio de vocês.

Foi a vez de Esme suspirar. Se virou para olhar Carlisle e ele a encarou de volta. Era a primeira vez que se encaravam daquele jeito. Os olhos amendoados dela ainda estavam marejados e vermelhos. Mas ela tentou sorrir. Mais alguns minutos se conversando pelo olhar, Carlisle e Esme já sabiam a decisão.