Ela só queria o carinho e a presença dele, mais ele nunca prestou atenção nela, somente a ignorava, por mais que ela se esforçasse para conseguir ao menos a amizade dele, o garoto a desprezava, ignorava sempre indo na onda dos outros que a chamavam de esquisita, gordinha ou feia, ela não se importava mais com os apelidos e os xingamentos dirigidos a ela, desde que não fosse ele a dizê-los conseguia disfarçar mais aquilo a machucava muito a ponto de encher seus lindos olhos de lagrimas que ficavam presas ate que ela achasse algum refugio para liberta-las e entre soluços de dor, humilhação e sofrimento vinham os de amor, que por mais que ela insistisse sabia que nunca teria chances ‘afinal quais são as minhas chances ao lado de todas as garotas lindas que convivem conosco e as que são mais intimas dele. ’ E com esses pensamentos ela se encolhia mais em sua dor e seu luto por um amor não correspondido, no tempo que se descobriu apaixonada por seu companheiro de classe, ele ainda era um garoto legal que falava com ela sem machuca-la, que era humilde e gentil, não se importava de fazer companhia para a garota solitária, infelizmente tudo mudou quando começaram a zombar dele também, e assim do mesmo modo que o garoto se aproximou se afastou e não parecendo o bastante se juntou ao grupo de garotos que a insultavam, nisso ele conseguiu o que os outros não tinham conseguido até naquele momento: mata-la; sim ela estava morrendo aos poucos no sentido literal, tinha emagrecido uns vinte e cinco quilos em apenas dois meses porem não fazia exercícios nem dietas apenas não tinha mais fome e quando tinha o alimento não surtia efeito em seu corpo, a triste menina já estava anêmica e anorexia, sua pele antes bronzeada agora sempre pálida meio acinzentada, seus olhos que mesmo magoados sempre continham um brilho de determinação e coragem pareciam apagados e sem vida, alias era assim que ela se sentia: sem vida, não tinha amigos, por mais que se esforçasse não tirava boas notas nas provas, não altas o bastante para agradar seus pais que viviam sempre ocupados com seus empregos e esqueciam-se da filha que vivia apenas com a sua própria dor, pode parecer idiotice afinal ela só tinha 15 anos o que iria saber sobre sofrimento? Ah mais ela sabia muito bem o que era sofrimento e às vezes ate mais que pessoas mais velhas que ela, a dor era forte o bastante para sempre lembra-la o que este sentimento significava, ‘apenas mais um dia’ ela pensava e levantava para enfrentar sua difícil realidade ou ao menos tentar, pois ficava sonhando acordada com aquele que a encantou, tentando preencher o vazio que sentia em seu peito criando falsas lembranças, doces ilusões mais era em vão, pois sempre havia uma hora que teria de voltar à realidade.

Sempre quieta entrava em sua sala e se sentava em seu lugar e assim ficava calada, mais ninguém sentia sua presença, falta ou se importava afinal ela não era praticamente ninguém para eles, observando ao seu redor encontrou algo que não queria.

Chegou em casa, as lagrimas ainda escorriam de seu rosto encharcando sua roupa, foi ate a gaveta perto da cama e de lá tirou um estilete, a dor que ela sentia por ter visto o garoto que ela tanto amava beijando outra que antes havia o insultado, ela ainda se deu ao trabalho de defendê-lo e agora... Não aguentando mais segurou seu estilete com força e o passou em seu pulso aquilo normalmente resolvia um pouco mais não desta vez, a dor era maior então começou a cortar todo seu braço numa perfeita linha horizontal fez o mesmo no outro braço e nas pernas, a dor não passava nem aumentava, sua agonia e desespero aumentando cada vez mais enquanto se lembrava dele, sua lagrimas pareciam não ter fim, cruzou seus braços sobre o peito deixando o sangue e as lagrimas se misturarem e sujarem suas roupas e o chão, não soube quantas horas se passaram ate que se deu conta que a dor não passaria tão cedo; com dificuldades de respirar se levantou e foi ate a escrivaninha pegando uma caneta e um papel começou a escrever.

“Primeiramente queria pedir perdão a todos àqueles que eu incomodei e dizer-lhes para não se preocupar mais com este fato, pois não ira mais se repetir, segundo queria contar aqui o motivo deste meu ato, muitos devem estar pensando que foi pelos insultos que venho recebendo há anos e mesmo reclamando com os superiores e mais velhos nunca acabaram, estão por parte certa, não foi apenas por causa dos insultos que eu terminei assim e sim quem me insultava um único garoto que um dia sentou-se ao meu lado e disse seu nome, que conversou comigo e desabafou de um jeito que ninguém nunca fez em minha presença, disse que seria meu amigo porem me traiu começando a me insultar junto aos outros, o motivo é obvio que é a aparência, afinal isso é o que mais importa na sociedade hoje em dia certo?

Mais não estou colocando a culpa em você só quero que saiba que conseguiu me machucar como ninguém, eu não irei mentir, não aqui nesta carta, eu realmente me apaixonei por você, fiz tudo que estava ao meu alcance para chamar sua atenção e tentar recuperar sua preciosa amizade de volta, pode ser estupido da minha parte mais a única coisa que realmente importa pra mim é a tua felicidade, só queria te fazer feliz, estar ao seu lado sabe? Compartilhar sentimentos com você, infelizmente isso não pode acontecer, agradeço por você me mostrar o que seria o amor sou eternamente grata por aquele pouco de atenção que me deu e espero que um dia encontre alguém que te ame de verdade e que seja digna do seu amor, quando tiver certeza que a encontrou se entregue a este maravilhoso sentimento.

Aqui encerro minha carta, espero que tenham entendido um pouco a dor que estou me livrando neste momento, se não entenderam aqui esta o nome dela: A dor de um amor não correspondido.

Mais uma vez obrigada por tudo de bom que você me deu.

Daquela que te amara eternamente.“

A garota foi para a cozinha e pegou uma faca voltou para o seu quarto e deitou na cama, ainda estava chorando porem um fraco sorriso brotava dos lábios dela, antes de dar o golpe final fechou os olhos e disse o ultimo ‘ eu te amo’ para o ar pensando no garoto que virou de príncipe para torturador, a ultima lagrima escorreu e ela cravou a faca em seu peito sentindo a última dor de sua vida.