Eldamälle escrita por Spencer


Capítulo 3
Capitulo 3 - Festa II


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo. Agradeço especialmente ao leitor que favoritou essa fic e a Mina Grayson pelo seu comentário.



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Era ela.
Legolas soube assim que seus pés tocaram a entrada do palácio. Usava um vestido laranja( imaginou que fosse idéia de seu pai). Era bordado com minuciosas pedras que brilhavam entre vários tons de laranja e amarelo. Os ombros estavam expostos, mas as mangas lhe cobriam toda a extensão dos braços. Relutou em olhá-la em seu rosto, por isso deu grande atenção aos fios semi-presos em um penteado qualquer, tão loiros que pareciam capturar a luz do sol e refleti-la com mais intensidade. Por fim chegou ao seu rosto. Era severo e muito pálido, com olhos grandes entre o cinza e o azul. Mantinha o rosto lívido e inexpressivo como se fosse uma estátua errante.
Thandruil se levantou chamando a atenção de todos. Legolas notou com o canto dos olhos que ela ficou do lado oposto ao que ele estava. O rei fez um longo discurso sobre alianças e novos recomeços. Legolas começava a ficar impaciente quando ele terminou.
Todos caminharam para o salão de banquetes, onde a festa se estenderia até o último elfo sóbrio. Thandruil e Daeron conversavam animadamente, pelo menos por parte do lorde eldamälle, o reio da floresta se limitava a fazer comentários ríspidos e irônicos de sua parte.
O salão estava tão luxuosamente decorado quanto a recepção, uma longa mesa retangular era colocada no centro. O pano de mesa era rendado e suas pregas desciam até o chão. A mesa era enfeitada por flores nas cores laranja, amarelo e branco. Castiçais sustentavam várias velas com luzes pequenas e douradas. As paredes do salão eram cobertas por tecidos leves dessa vez na cor branca, Legolas sentiu seus olhos agradecerem por essa mudança.
Como de praxe o rei se sentou na ponta, seguido por lorde Daeron e sua esposa, Legolas e sua noiva ficaram um em frente ao outro. Ela não o olhou nem por um segundo, enquanto isso o príncipe pensavam em algum assunto para começar. Não tinha muita vontade, mas seria indelicado de sua parte se ignorasse sua noiva. E com um lampejo de pânico se lembrou de que não sabia o nome dela.
Cundu Legolas parece ter comido algo que não lhe caiu bem – Disse lorde Daeron balançando sua taça para cima e para baixo enquanto falava. Seus súditos o seguiram em uma piada que apenas eles compartilhavam.
– Essa é minha esposa Eámanë. E ela...- seu tom de voz se transformou e continha centenas de insinuações – é minha adorável filha Idril.

Em resposta Idril fez um leve aceno com a cabeça, sem nunca desviar seu olhar do rosto de Legolas, que se sentiu incomodado. Não por ela olhá-lo, mas sim pelo que seus olhos o fazia sentir. O fazia imaginar que estava se afogando lentamente em um rio de gelo, a agonia de faltar ar em seus pulmões e o desespero que o fazia se debater sem conseguir emergir.
*
*
*
Em algum ponto da noite, enquanto todos se deliciavam com um grande banquete, Legolas olhou para os pratos em frente a futura princesa e notou que ela quase não havia tocado na comida.
O prato não lhe agrada minha senhora? – disse calmamente, e ficou feliz quando ela lhe respondeu.
– Não meu senhor, apenas foi um dia longo e estou sem apetite.
A voz era calma e serena, mas estranhamente firme. Não como quando se ter certeza ou segurança, mas a firmeza de alguém que costuma dar ordens. Legolas a olhou de maneira especulativa.
– Minha aparência o desagrada senhor?
– Não minha senhora. Muito pelo contrário.

Idril mantinha o olhar fixo nos dele. Esforçava-se para seguir as ordens que seu pai lhe dera, parecia a olhar a procura de algo. Algo que ela não estava disposta a mostrar.

– ... E foi assim que Thranduil aprendeu que não se deve beber Dorwinion como se fosse água. – Daeron. O rei elfo mantinha seu rosto inexpressivo enquanto seus visitantes riam alto das histórias contadas, balançavam suas canecas e hora ou outra a bebida respingava sobres os elfos da floresta mais próximos, que se limitavam a fixar o olhar na frente, com um brilho diferencia em seus olhos.
Legolas estava impressionado com o que o elfo contava, parecia conhecer seu pai melhor do que ele esperava. Imaginou o que seu pai ainda escondia dele.
*
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Logo a lua já estava alta no céu, o tempo passou rápido para os elfos andarilhos, o oposto se aconteceu com os poucos nobres que foram convidados para esse banquete, apesar de não terem dito nada. Ainda mais pelo olhar rígido de seu rei, era perceptível a descrença que mantinham daquele povo que na opinião deles era rude e etiqueta, pareciam mais humanos do que elfos de uma linhagem nobre.
Legolas e Idril não trocaram mais nenhuma palavra durante todo o jantar, ela permaneceu calada e não respondia nem aos gestos discretos que sua mãe fazia, o príncipe os notou apenas pelo o olhar mantido sem desvio sobre a forma a sua frente.
Como eu posso me casar com alguém com quem não consigo nem manter uma conversa.”
Não restavam mais ninguém no salão do banquete. A mesa estava repleta de canecas vazias, as luzes das lamparinas bruxuleavam na parede, pratos estavam empilhados – aqueles elfos tinham um grande apetite – Legolas se sentia cansado, mas hora ou outra alguém tentava puxar algum assunto com ele, respondia educadamente e de maneira diplomática. Mas não via a hora deles se retirarem para suas tendas e lhe dessem um pouco de paz, sua mente não parava de trabalhar pensava sobre o casamento e sobre a elfa calada que estava sentada a sua frente, e descobriu que isso o cansava mais do que ter que lutar contra um exército de ORC’S.
– O banquete estava saboroso, apesar do quanto vocês apreciam comer alimentos verdes – alguém sussurrou que parecia vômito de orc. Daeron sorriu minimamente- Mas, agora já é muito tarde.
Em sincronia os elfos se levantaram ao mesmo tempo.
Mÿag savi!– disseram em uníssono. (No dialeto deles é um agradecimento a um anfitrião após lhe dar alimento).
Thranduil se levantou também, com elegância. As costas eretas os movimentos que pareciam ao mesmo tempo comedidos e naturais.
– Foi sem dúvidas uma noite que ficará para a memória – disse com o rosto sereno.
Legolas entendeu o que seu pai quis dizer. E se moveu incomodado em seu assento. Mas se levantou também e cumprimentou Daeron que lhe sorriu.
– Meu jovem, estou entregando um dos meus maiores bens. Cuide dela.
– Irei cuidar, meu senhor.
Todos se despediram, e antes que se desse conta eles haviam se fundido as sombras, teve a impressão ainda de ouvir galhos sendo amassados e algo se chocando contra o chão mais a frente, mas não poderia dizer. Apesar de suas dúvidas a respeito sobre a índole dos elfos, Legolas começava a entender o quão bons guerreiros eles eram, ou poderiam ser. Melhor aliados do que inimigos.

– Legolas, por que não acompanha Idril até os aposentos dela?
– Claro, Ada.
Ofereceu o braço para que Idril o tomasse. Ela pareceu hesitar , e com certa desconfiança passou o seu braço pelo dele. Legolas notou como a mão dela estava gelada. E não conseguiu se impedir de a comparar com uma fria manhã de inverno, com seus olhos azuis gélidos como um lago após uma grande tempestade, e seus longos fios com uma palidez dourado, igual aos raios de sol, que não aqueciam a pele daqueles atingidos pelo frio.
*
*
*
Idril observava o palácio do rei, tentando ignorar o olhar inquisitivo do príncipe. Respondia a todas as suas perguntas e comentários. As vezes apenas acenava a cabeça mostrando que estava prestando atenção no que ele dizia.
Legolas se sentia frustrado com a forma como não conseguia começar uma conversa com sua futura esposa. Ela apenas resmungava ou lhe dava respostas evasivas.
Será tão séria sempre?”

Subiram e subiram, as escadas polidas com apoios entrelaçados montando um desenho abstrato e harmonioso, o palácio era rico em detalhes, detalhes tão minuciosos que Idril não conseguia entender como alguém pensou neles. Passaram por um longo corredor com janelas amplas, o vidro era desenhado e pouco pigmentado. Com a luz que a lua emitia os fios prateados pareciam ganhar outras cores como violeta, azuis e dourado.
Ao final desse corredor, viraram à esquerda. Ao lado do portal existiam pilastras finas e lisas, heras e flores subiam sinuosamente até o teto. No final haviam duas portas uma em frente a outra, ambas lisas, com uma maçaneta dourada onde Idril pode se ver com facilidade.
Legolas empurrou a que ficava a direita.
– Esse será seu aposento minha senhora. – “... Até o casamento”.
Idril soltou o braço de Legolas e deu um passo para dentro do quarto. Haviam duas grandes janelas. E uma varanda. O quarto era decorado nas cores verde e prata. Verde pela floresta, e prata pela luz da lua que os elfos tanto amavam. Haviam duas portas que ficavam em frente a cama, que era grande e coberta por vários lençóis e travesseiros, um dossel , escondia sinuosamente a cama deixando apenas sua silhueta em mais evidência, apenas uma parte era presa por uma pequena fita. Um grande espelho de corpo inteiro ficava no espaço entre as duas portas, era adornado com prata e ouro, e Idril tinha certeza que conseguiria achar mais alguma jóia nele. Apesar do luxo era um cômodo para visitantes, pode notar, não havia nenhum indício de que já pertenceu a alguém e o cheiro floral que emitia poderia indicar uma limpeza minuciosa antes da sua chegada.
– O aposento está do seu agrado, minha senhora? – Legolas perguntou os braços cruzados atrás de suas costas e forçava um pequeno sorriso.
– Sim meu senhor – respondeu virando-se de frente para ele. Fez uma leve reverência se lembrando das ordens de sua mãe, mas se sentiu meio boba. Era como estar sendo outra pessoa. Apesar do quarto luxuoso em que a hospedaram na verdade preferia seu antigo, dentro de uma caverna, onde as estalactites pendiam como lustres de gelo e diamante, sua cama era apenas um terço dessa, mas era aquele lugar a que pertencia.
– Irei ficar nesse quarto, logo a frente o seu. Não se acanhe em me chamar caso necessite de algo.
– Claro, meu senhor.
Após isso ficaram em silêncio, mas Legolas saberia que ela não o chamaria. Sussurrou um boa noite e se virou, fechou a porta atrás de si e suspirou ao entrar em seu quarto, seus olhos já conheciam bem aqueles cômodos, mas não pode evitar em sentir-se estranho por ter que dormir em outro lugar. “Precisa de mudanças”, foi o que seu pai lhe disse quando o informou que estaria sendo alocado em outros aposentos.
Antes de fechar a porta de seu quarto observou a que ficava em frente a sua.


Preview:
"O rosto do elfo se refletia na lâmina, apesar da postura destemida que tentava manter seus olhos o traíam, seus lábios pálidos e pressionados em uma linha rígida, a lâmina raspou em sua capa transferindo as manchas de sangue para o tecido, o metal frio tocou a pele do seu rosto fazendo um novo corte superficial. Com a ponta ergueu o queixo, a pele macia e pálida era pressionada contra a garganta.

Todos os que assistiam a luta ficaram calados, os elfos da floresta olhavam para cena com temor.
– Iff ill äah –

Legolas não sabia como reagir. Por um lado estava impressionada com as habilidades de Idril, ela era ágil e parecia graciosa, mas sentiu algo incômodo em suas expressões.
– Minha senhora. – disse quando mais ninguém parecia disposto a intervir.
– Meu senhor – respondeu com um gosto amargo na boca. Segurou o punho da espada com mais força durante um segundo enquanto se decidia o que fazer."


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