Eldamälle escrita por Spencer


Capítulo 1
Capítulo 1 - A notícia.


Notas iniciais do capítulo

Enjoy 'u'



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Sentir o vento em jogar seus fios para trás e acariciar seu rosto gentilmente como uma amante. Para Legolas a liberdade lhe era algo que preenchia seu ser, era seu existir. Nunca faltou com seus deveres de príncipe, mas aquilo lhe agoniava. Por vezes imaginou como seria sua vida caso fosse um elfo comum, um fazendeiro.
Seria muito mais simples...ou talvez não...”
Virou-se a tempo de ver seu guarda-costas e mentor, Go’nor, se aproximar a galopes. Seus cabelos eram longos e castanhos, com olhos quentes que pareciam as folhas no outono, um tom de laranja incomum aos mortais, mas comum aos elfos da floresta.
- Meu senhor, levantou-se antes do próprio sol.
- Estava apenas matando a saudade de casa.
Go’nor acenou com a cabeça minimamente e continuou a acompanhá-lo, via seu pupilo com outros olhos agora e não poderia deixar de sentir-se orgulhoso e vaidoso. Afinal, aquele a quem ele ensinou durante tanto tempo agora era um grande herói. E talvez até um grande diplomata, mas a respeito disso ainda tinha suas dúvidas.
- Meu senhor, vosso pai solicita sua presença. Com urgência. – ressaltou ele.
- Então não devo deixar o rei esperando – tentou parecer confiante mas algo em seu interior se revirava.
Desde que retornara Thandruil estava distante e pensativo, mesmo para ele, Legolas sabia que o rei tinha mais uma de suas idéias mirabolantes. E no fundo tinha receio quanto a isso mesmo sabendo que o rei por mais excêntrico que fosse jamais faria algo para lhe ferir.
*
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Legolas encontrou seu pai em um dos vários jardins que adornavam o castelo, vários pássaros e borboletas voavam de flor em flor, os raios de sol pareciam até mais dourados naquele lugar, sorveu um pouco daquela imagem agradecendo ao deus-sol, por essa dádiva.
Foi Thandruil quem quebrou o silêncio.
- Esse era um dos jardins preferidos de sua mãe.
Foi pego de surpresa, mas ficou incerto se Thandruil havia pensado em voz alta e qual seria o motivo para que ele tocasse nesse assunto.
- É um belo jardim. – Thadruil concordou com um aceno de cabeça, seus fios pálidos balançando ao redor de seu rosto. Seu rosto era rígido e impassível como sempre, mas em seus olhos tinham algo que Legolas não conseguiu decifrar.
- Ada, há algo que queira me contar? – perguntou dando um passo a frente, sentido-se um pouco impaciente com todo aquele mistério.
- São tempos novos meu filho. Apesar de tudo, nosso povo tem estado um pouco melancólico. E com as invasões dor Orcs e com o aumento das atividades recentes na floresta tivemos muitas baixas. – fez-se silencio por alguns segundos – Por isso, tive que apelar a um acordo selado a muitas eras atrás, antes de meu pai, seu avô migrar para essa floresta.
- A que acordo se refere Ada?
Thandruil se virou para Legolas, compreendia bem sua confusão. Ele mesmo ficou surpreso que seus parentes tão distantes respondessem ao seu pedido de auxílio. “Nós temos palavra. E o cumprimos mesmo após nossa morte.” Mas é claro que não poderia ter apenas a palavra de dois reis, precisavam de um acordo firme e que lembrasse que estavam entrelaçados a esse compromisso.
“...mesmo após a morte”.
Legolas observou com impaciência as palavras se arrastarem pelos lábios de Thandruil, mas antes que obtivesse qualquer resposta foram interrompidos por Go’nor .
- Meu rei eles estão aqui.
Imediatamente qualquer coisa que fosse ser dita pelo foi deixado para trás, sua capa se enfunou atrás dele enquanto andava a passos firmes com o rosto rígido e impassível.
- Vamos Legolas, não podemos deixar nossos... – exitou em dizer a palavra – amigos esperando.
Apesar de sua aparência serena e rosto inexpressivo o príncipe resmungava alguns palavrões que havia adquirido com o convívio com anões e homens.
*
*
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Eram como sombras, suas capas longas pareciam se transformar em fumaça enquanto galopavam, seus capuzes baixos impediam qualquer visualização de suas feições. Dentro da floresta poderiam ser confundidos como Orc’s , mas assim que os portões lhe deram passagem para dentro do reino, mesmo que com desconfiança os guardas guiaram seu caminho.
O chão era liso e coberto por pequenos tijolos de cor incomum, eles bem que poderiam ser confundidos com jóias ainda mais com o brilho perolado que emitiam. As casas ao lado todas eram iguais, coloridas e retangulares, com flores de todas as cores em seu jardim. As portas brancas com números e sobrenomes em sua frente. Todos se afastaram abrindo caminho para os estrangeiro, algumas crianças elfos apontavam admiradas com aqueles seres aparentemente tão diferentes dele.
Mais a frente, pouco metros antes da entrada do castelo, havia uma grande pedra. Era lisa e alta e nela se escrevia os nomes de todos aqueles que caíram no campo de batalhe.
Para lembrar aqueles que ainda virão.”
As três sombras pararam ao mesmo momento e saltaram de seus cavalos, mais que rápido servos os pegaram pelas rédeas e conduziram-nos até os estábulos, onde seriam alimentados e limpos.
Os degraus eram circulares e feito do mesmo material que o caminho até ali, as portas eram altas e pareciam galhos retorcidos armoniosamente, mas com um tocar de dedos notava-se que eram feitos de metal. Havia um guarda parado em cada lado, olhando fixamente para frente. Um grande tapete vermelho se estendia da entrada, até onde o rei esperava.
- Saudações, rei sob as árvores – a primeira forma disse com uma voz grave e profunda. Bateu a mão fechada em punho sobre o lado do coração.
- Saudações Lord Daeron, filho de Galdor, senhor dos vales ao norte.
Legolas teve que se esforçar para não virar a cabeça rapidamente como se ainda fosse um pequeno elfo.
Havia ouvido apenas rumores sobre um povo estranho que teria montado acampamento ali. Mas era um terreno acidentado e perigoso, inóspito .
As três figuras retiraram seus capuzes. Ainda eram tão sombrios quanto antes, e com surpresa Legolas viu que não eram tão diferentes dele. A semelhança era perturbadora.
Possuíam os mesmo olhos azuis, e os mesmo cabelos brancos, algo difícil de encontrar. Eram poucos os elfos cinzentos atualmente, em grande parte culpa da mistura e quebra da linhagem pura – dizia seu pai.
Mas ali, parados lado a lado estavam três. Os três mais estranhos que já viu, as roupas que usavam eram feito de couro – pelo menos aparentava – e suas vestes eram totalmente negras, desde suas luvas até suas botas.
Apenas o elfo do meio – que era o tal Lord Daeron – mantinha os fios compridos e alinhados, com tranças o prendendo atrás da cabeça. O que estava a sua direita possuía os fios na altura dos ombros, parte presa atrás da orelha, e o a sua esquerda tinha os fios tão curtos que poderia ser considerado uma pelugem.
- Esse é meu filho Legolas – Thandruil gesticulou. Legolas os cumprimentou com um aceno de cabeça.
Os elfos que estavam em seus flancos trocaram olhares e os ouvidos atentos de Legolas ouviu sussurros em um dialeto desconhecido a ele.
- As fronteiras estão limpas, e o ninho das malditas aranhas foram destruídos, meu senhor. E o bando de Orc’s – disse essa palavra com desprezo – Foi completamente dizimado.
Os olhos de Thandruil brilharam de contentamento, mas seu rosto continuou a máscara sem emoções.
Seguiu-se um momento de silencio, onde ambos os líderes conversavam por olhar, fato que não passou despercebido a Legolas, nem que aparentemente apenas ele não soubesse sobre o que se tratava.
- Estou honrado em estar na presença de tal grande herói, o seus feitos o precedem meu senhor – disse humildemente se dirigindo a Legolas, que não soube como reagir.
- Fiz apenas o meu dever.
- Nem todos consideraria como dever o que vossa majestade fez.
Novamente Legolas estava surpreso. Mas não precisou dizer nada, seu pai interveio:
- Realmente foi notável o desempenho de meu filho. – disse com orgulho – sem dúvidas produzirá herdeiros muito habilidosos.
O príncipe se esforçou para não corar, sentia-se incomodado com o assunto de ter filhos.
- Não tenho dúvidas. Meu rei; espero que possamos terminar o acordo essa tarde. Necessito retornar ao meu povo ao anoitecer.
- Passemos então a aposentos mais reservados.
Com um gesto de mão Daeron dispensou seus acompanhantes que bateram com a mão em punho sobre o peito e se afastaram silenciosamente, semelhantes a fantasmas. Legolas também se retirava, quando a voz de seu pai o deteve.
- Você virá conosco. – soou como uma ordem.
*
*
*
O salão onde entraram era oval. Tinha quatro pilastras trabalhadas com detalhes minuciosos um em cada canto. O piso era dourado, e tinha uma grande estrela desenhada no centro. A parede ao fundo possuía uma grande janela. A mesa redonda de madeira tinha um grande vaso adornado repleto de pequeninas flores silvestres.
Thandruil sentou na ponta, Daeron sentou-se virado para o rei, e Legolas no meio. Sentiu-se um pouco sufocado, e o ar pareceu estranhamente denso.
As próximas palavras do rei da floresta das trevas caíram pesadamente na mente do pobre príncipe.

- Os tempos mudaram, e para o bem de nosso povo devemos firmar alianças. E nada mais firme do que um casamento.
Legolas permaneceu em silêncio.
- Ada, estaria insinuando ... – Thandruil o cortou.
- Não estou insinuando – disse firme, trocou um olhar com Lord Daeron que fez um quase imperceptível gesto – Legolas para o bem de nossos povos você terá que se casar.
A bruscalidade que essas palavras lhe atingiram não possui descrição. Em um rompante de emoções Legolas se levantou a cadeira rangendo sonoramente contra o chão.
- Ada! – foi interrompido com um olhar do rei.
*Yondo nín não me envergonhe “, era aquele olhar que seu pai lhe dirigia quando era apenas um pequeno elfo peralta.
- *Yondo Nín, creio que seja melhor que eu me retire – Levantou com a elegância sobrenatural de um elfo. Repetiu o gesto saudando o rei e o príncipe e partindo em seguida.
- Ada! Como pode tomar uma decisão como essa sem me consultar?! – se esforçava para não alterar o tom de voz.
Thandruil se levantou com o rosto coberto por uma máscara sem emoções. Rígida e serena ao mesmo tempo.
- É a melhor decisão para o reino no momento. Nossas tropas estão cansadas e os ataques vindos da floresta negra tem aumentado.
‘Tivemos sorte que os *eldamallë tenham honrado o nosso acordo. – se perdeu em pensamentos por um segundo – Mas não podemos contar com sorte.’
Virou-se para Legolas.
- É seu dever como príncipe pensar em seu povo antes de si mesmo. E tomar a melhor decisão.
- Decisão?! – explodiu por fim. Socou a mesa com os punhos fechados – Foi o senhor que tomou essa decisão! Eu não fui informado a respeito disso em nenhum momento! Eu merecia pelo menos que o senhor estava decidindo o meu futuro!
- Yondo nín. Não se trata do seu futuro, trata-se do futuro de seu povo. – seus movimentos eram tão leves que ele parecia flutuar em direção a janela, com a barra de sua túnica ondulando de acordo com seus passos. Gesticulou mostrando a Legolas que era para se aproximar.
Um pouco a contragosto ele o fez. Seus olhos sendo preenchidos pela imagem de seu reino.
- Não é por aqueles que não podem lutar que você o faz? Por que com seu povo iria ser diferente?
Teve que reprimir um gemido com a alfinetada do pai.
- Você tem deveres como príncipe.
Deveres que por tanto tempo evitei” pensou com um gosto amargo na boca.
Virou-se deixando a sala para trás ao atravessar as portas se deparou com Go’nor.
- Sabia disso? – perguntou de forma rude.
O elfo lhe respondeu com humildade e simpatia por seu sofrimento.
- Sim, cundu nín.-
Sentia-se traído e perdido. A realidade de que era um príncipe e que casamentos arranjados fosse um hábito comum, no fundo de seu coração e em segredo idealizava um casamento onde se apaixonaria perdidamente por uma jovem e bela elfa . A imagem de Tauriel brilhou em sua memória, e isso o fez ficar mais melancólico do que antes.
Se colocou a correr até que inconscientemente tivesse retornado ao jardim que sua mãe tanto gostava enquanto vivia. Deixou seus joelhos trombarem com a grama verde e bem aparada. A lua iluminava tudo com sua luz prateada deixando o ambiente misterioso e surreal.
-Ammë o que eu faço? – sussurrou debilmente. E logo estava deitado de costas com os braços abertos.
Teve um sonho bonito, não conseguiu se lembrar de qual foi, também não se recordava de em que ponto durante a noite adormeceu. Apenas despertou com os raios de sol sobre seus olhos, tentou adiar o tempo de se levantar, queria permanecer por mais tempo naquele sonho. Mas não poderia, um novo dia começava e ele também deveria começar um novo ciclo em sua vida.


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Notas finais do capítulo

Então? O que acharam?



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