Together escrita por Bianca


Capítulo 18
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Eu peço mil desculpas pela demora. Eu realmente estivesse sem tempo de sentar na frente do computador, e escrever. Prometo não demora tanto para postar o próximo.



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Acordei com um gosto amargo na boca. Minha cabeça estava doendo, e tudo ao meu redor sem foco. A luz já entrava pela janela do quarto. Fui até o banheiro e me olhei no espelho, meu cabelo estava molhado e eu estava de pijama. A noite anterior era apenas um borrão. Troquei de roupa e fui até a sala, onde minha mãe estava assistindo televisão.
— Finalmente você acordou, já estava ficando preocupada. - ela me deu um beijo no topo da cabeça e eu me sentei ao seu lado — Dormiu bem?
Concordei com a cabeça e agarrei meus joelhos.
— Você sabe que horas eu cheguei ontem?
— Não... - ela disse arqueando as sobrancelhas — Quando nós chegamos você já estava na cama.
— Como foi o jantar?
— Foi bom. - ela disse sorrindo — E o show, como foi?
Tentei buscar na memória os acontecimentos de ontem. Eu me lembro do Pedro cantando para mim, de beber e dançar com a Natália. Me lembro também do meu desentendimento com o Mateus e de ir embora com o Pedro. O resto era um enorme branco. Nada. Senti minha cabeça latejar e fechei os olhos.
— Está tudo bem? - minha mãe perguntou. Abri os olhos e sorri para ela.
— Sim, só estou com um pouco de dor de cabeça.
— Pegue um remédio no armário da cozinha, vai te fazer bem. E coma alguma coisa.
Fui até a cozinha e tomei um comprimido azul. Peguei um copo de água e subi novamente para o meu quarto. Era horrível a sensação de não lembrar um pedaço da minha noite, como eu havia chegado em casa? Me sentei na cama e peguei meu celular. Nenhuma ligação perdida ou mensagem de texto.
— Liv? - minha mãe disse na porta do quarto — Está tudo bem mesmo?
Concordei com a cabeça.
— Ótimo. - ela disse — Preciso de um favor seu. Será que você pode ir na casa do Mateus pegar uma receita com a Ana? Estou querendo fazer um assado essa noite.
— Sim, eu vou.
Ela me lançou um sorriso e saiu do quarto. Vesti uma calça jeans, uma camisa regata e calcei meu tênis. Se eu queria buscar respostas, nada melhor do que falar com a minha melhor fonte.

****
Caminhei até a casa do Mateus. O sol estava se pondo, e um vento fraco bagunçava as folhas caidas no chão. Toquei a campainha e a Ana me atendeu.
— Lívia, que bom te ver. - ela me deu um abraço e me convidou para entrar.
— O Mateus está? - perguntei me dirigindo para a sala.
— Não... ele acabou de sair.
Ela foi até a cozinha e voltou com um papel.
— Aqui está a receita que a sua mãe precisa.
Dobrei e coloquei no bolso da minha calça.
— Está tudo bem? - ela perguntou — Você está pálida.
— Só estou com um pouco de dor de cabeça. — falei dando um sorriso — Você sabe que horas o Mateus vai voltar? Lembrei que preciso do livro de Inglês emprestado.
— Ele não me disse, mas você pode subir até o quarto dele e pegar o livro. Se quiser pode esperar ele aqui também. - ela apertou meu ombro e sorriu — Sabe que eu não me importo em você ficar aqui.
Concordei com a cabeça e fui até o quarto do Mateus. Estava tudo exatamente como eu me lembrava. A cama arrumada, os livros organizados em ordem alfabética na estante. Nada fora do lugar. Me aproximei da estante e procurei pelo livro de Inglês. Ele estava entre um caderno de capa dura e o livro de Biologia. Tentei puxar com cuidado mas o caderno veio junto, caindo com um baque surdo no chão. Me agachei e pude reconhecer e letra do Mateus na folha do caderno.

13, Abril de 2009
Hoje eu fui na casa da Liv para fazermos um trabalho de Artes. Ela estava bonita com o cabelo preso em um rabo de cavalo, e uma blusa amarela do bob esponja. Tudo em seu quarto cheira ela, e eu amo o seu cheiro.

Senti meu coração acelerar e me sentei no chão. Aquele era o diário do Mateus, o lugar onde ele colocava todos os seus pensamentos. Apoiei as costas na parede e voltei a folhear o caderno.

26, Outubro de 2009
Hoje passei o dia na cidade com a minha mãe. Ela foi fazer compras e eu aproveitei para procurar um presente pra Liv, já que hoje é o seu aniversário. Caminhei durante horas até encontrar um tigre branco de pelúcia. A Liv ama tigres.

15, Julho de 2010
Hoje a Liv não foi pra escola. Nunca me senti tão sozinho em toda a minha vida. Cheguei em casa e contei para a minha mãe, ela disse que eu estou apaixonado por ela. Será? Eu não sei. Só sei que penso nela desde quando acordo, até a hora de ir dormir. Esse sentimento me sufoca.

1, Janeiro de 2012
Hoje é o meu aniversário e o primeiro dia no ano. A Liv está dormindo, e eu estou sentado de frente pra ela. É engraçado o barulho que ela faz com a boca quando está dormindo. É como se ela falasse com os anjos enquanto dorme. (...)
Quando eu assoprei a vela, eu fiz um pedido... Que ela goste de mim, por favor.

Senti uma lágrima escorregar pela minha bochecha e parar nos meus lábios. Folheei as páginas rapidamente, parando na última folha escrita.

06, Fevereiro de 2014.
As férias estão acabando, e vamos voltar para casa essa semana. Eu e a Liv nos divertimos bastante. Fomos a praia todos os dias, passeamos pelo parque e nos aproximamos ainda mais... como se isso fosse possível. Ela é a garota mais incrível que eu conheço, e não digo isso por ela ser a minha melhor amiga, ela é realmente maravilhosa. Perdi as contas de quantas vezes me imaginei ao lado dela, como seu namorado. Ás vezes quando ela dorme, eu fico observando o seu rosto sereno e calmo. Ela não parece ser desse planeta. A Liv é toda calma, e paciente. É inteligente, engraçada... eu amo quando ela sorri e uma covinha aparece na sua bochecha esquerda. Eu sei que faria ela muito feliz se ela permitisse, mas não. Ela não me vê dessa forma. Do que adianta eu estar ao seu lado em todos os momentos, quando eu sei que no fundo, ela preferia a companhia do Pedro? Ela não cansa de repetir o quanto ele é lindo, e o quanto deseja ser namorada dele. E eu me sinto um otário. Um otário por ter esperanças com uma garota que pensa em outro. É por isso que tomei uma decisão, e por mais que doa, eu sei que é a coisa certa a se fazer. Assim que eu colocar os pés fora dessa casa de praia, assim que essa viajem acabar, eu vou me desligar totalmente da Liv. Eu vou ser somente seu melhor amigo. Nada além disso. Eu criei expectativas por muitos anos... chegou a hora de cortar pela raiz.

Agarrei o caderno com força contra meu peito e deixei as lágrimas lavarem meu rosto. Uma dor profunda me invadiu. O Mateus me amava. Todos esses anos ele me amou. Me levantei ainda segurando o caderno com força. Eu desejei que ele estivesse aqui nesse momento, assim eu poderia me desculpar por todo sofrimento que eu lhe causei. Só de pensar nisso meu estômago deu um nó. Involuntariamente eu havia o magoado. Coloquei o caderno de novo na estante, e peguei uma foto nossa que estava perto do computador. Na foto eu estava com um sorriso bobo nos lábios, e o Mateus me observava, sorrindo também. Apertei ela contra meu peito e fechei os olhos.
— Lívia?
Aquela voz me tirou de meus devaneios. Me virei rapidamente e encontrei grandes olhos azuis me observando. Olhos que eu não via a bastante tempo.
— Henrique.
— Você está bem mais bonita do que pelas fotos.
Ele se aproximou e me deu um abraço.
— Obrigada. - falei me afastando.
Henrique sorriu e sentou na beira da cama.
— O Mateus não está.
— Eu sei, só vim pegar emprestado um livro. Já estou indo embora.
Senti meu rosto corar enquanto seus olhos percoriam o meu corpo. Essa era a reação que ele causava nas mulheres. Desconforto e um calor. Lembrando que o Mateus odiaria saber que eu estava batendo papo com o seu irmão, caminhei até a porta.
— Liv.
Me virei e encontrei ele me olhando com a testa franzida.
— Não magoa o meu irmão.
— Eu não entendi, Henrique. - falei.
Ele se aproximou e tocou meu cabelo levemente.
— É claro que você entendeu. Eu fiquei ausente por muito tempo, mais voltei Liv. E não vim pra ver meu irmão chateado por causa de mulher. Muito menos com um olho roxo.
Ele deu um tapinha no meu ombro e saiu do quarto.
Coloquei a foto novamente perto do computador, e agarrei o livro de Inglês. Desci as escadas rapidamente e me despedi da Ana, pedindo pra ela falar pro Mateus me ligar assim que chegasse. Corri pelas ruas, e assim que cheguei em casa fui direto para o meu quarto, me jogando na cama. Em uma só tarde eu havia recebido informações demais. Senti minha cabeça girar e fechei os olhos.


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês gostem. Vou escrever o próximo em breve. Beijos!



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