“Tem gente que enquanto não acha a pessoa certa, se diverte com as erradas."

– Isso aqui é uma apresentação ou a convenção das bruxas!?

– Muito engraçado, idiota... - Nami aparecia atrás de Zoro, com uma carranca de dar medo.

– E por falar na Malévola... - Ele faz uma careta de raiva. Além de estar ali, cercando de mulheres esquisitas correndo de um lado para o outro, ainda tinha de tolerar as maldades da ruiva.

– Trouxe o que te pedi? – Nami cruzou os braços.

– Claro que trouxe. Agora eu posso ir embora?

– Não. Você precisa me ajudar a carregar algumas caixas até o sexto andar. E não se preocupe por que não vou te fazer ir pelas escadas dessa vez. – A ruiva passou pelo esverdeado e exibiu uma pose imperiosa enquanto passava a mão pelos cabelos ondulados.

Ela estava impecavelmente bonita para a ocasião.

Uma camisa social branquíssima, uma saia preta por cima da camisa, salto alto e maquiagem clássica. Os cabelos cor de fogo fluíam soltos, emoldurando seu rosto.

– Até hoje me arrependo por ter feito aquela maldita aposta. Eu estava bêbado e você se aproveitou disso! – Zoro se recordava da aposta que fez à garota. E a consequência de perder era basicamente...

Dez mil em dinheiro e um ano de serviços gerais para a ruiva.

De graça.

– Você deveria se sentir honrado. Muitos caras dariam tudo pra estar no seu lugar. – Ela sorriu maliciosa.

– Heh... O cozinheiro mulherengo é um deles. – Zoro fez cara de nojo.

Os dois andavam até o palco que se encontrava no centro do salão de um edifício. Todos ali se preparavam para uma conferência entre organizações no ramo de arqueologia.

– Ainda bem que você foi até o apartamento pegar esses arquivos. Eles são imprescindíveis para a apresentação. – Nami dizia ao esverdeado enquanto organizava a papelada na mesa.

– Tsc... De nada! Agora onde estão as caixas que você disse? Quero terminar logo isso e ir embora! – O tom impaciente instigava Nami a tortura-lo ainda mais.

– Você não vai ficar para a apresentação?

– Não!

– Mas vai ter Martini... – Ela sorriu petulante.

Os olhos do esverdeado arregalaram.

– Vou ficar até as cinco. – Ele confirmou, um pouco envergonhado.

Nami riu descaradamente da cara dele. Álcool sempre seria o ponto fraco de Zoro.

– Namiiiiiiiiiiii!!! – Gritos femininos ecoaram pelo salão.

A ruiva virou o rosto para ver quem lhe gritaria no meio de um evento social tão importante envolvendo sua carreira profissional.

Vivi, Koala, Camie e Shirahoshi.

– Idiotas! Não gritem! – A ruiva fez sinal de silêncio para o quarteto de garotas que adentraram ao salão.

– Uau, esse lugar é bem chique! Não imaginava que essa organização em que você trabalha era tão importante! – Koala dizia ao observar a decoração impecável do lugar.

– Zoro-Kun, você também está aqui? – Camie cumprimentava o rapaz de modo risonho.

– É... Eu estou sempre acompanhando essa bruxa aonde quer que ela vá. – O rapaz respondeu desinteressado.

– Você vai participar da apresentação? – Vivi parecia curiosa em ver a performance da amiga.

– Não. Estarei fora, como sempre. – Nami sorriu aliviada. Estava fora de cogitação fazer qualquer tipo de discurso para um amontoado de velhotes, experientes naquela área.

– Eu espero que ninguém aqui me conheça, por que senão, isso pode ir parar nos ouvidos dos meus pais e estarei encrencada... – Shirahoshi olhava de um lado para o outro, receosa de encontrar alguém conhecido que dissesse aos seus pais que ela estava um lugar como aquele, em vez de ficar em casa estudando.

– Relaxa garota! Apenas se desprenda dos seus problemas e curta o momento! – Koala deu um tapa nas costas da menina, que tombou, quase caindo no chão.

– Me digam que Luffy, Sanji e Sabo não vão vir... Eu não quero aqueles idiotas fazendo bagunça aqui. Essa conferência é importante para mim. – Nami replicava preocupada.

– NAMIIIIIIIIIIIIIII!!!

A voz de Luffy pôde ser ouvida e a ruiva gelou totalmente por dentro.

– Tarde demais... – Camie dizia enquanto acenava para os amigos que se aproximavam e Nami fez uma cara horripilante ao ver que não somente os três viriam, mas Ace também.

– Vem Zoro, vamos levar as caixas. – Ela puxou o braço do rapaz e saiu andando, virando as costas para todos, apenas para não encarar os que estavam chegando.

– Que horas vão servir o Martini?

– Quer calar essa boca e me seguir? – Era obvio que a cara dela ficou bem mais horripilante naquele momento.

Nami e Zoro passavam atrás de um grupo de rapazes.

– Por que o Law nos chamou aqui hoje?

– Sei lá. Vai ver é para nos arrastar pra algum bar nos arredores. – Kid respondia a pergunta de Killer. O mesmo grupo que sempre se encontrava para beber nos fins de semana, se reunia um pouco mais cedo.

– Eu não acho que seja algo tão banal como isso. Provavelmente ele quer dar andamento às investigações que começamos e precisa da ajuda de vocês. – Drake alegava seriamente.

– É, pode ser... Estou tendo um pouco de trabalho com o que ele tem me pedido nos últimos tempos. – O ruivo redarguia num tom de voz grave.

– E por falar no diabo... Ele chegou. – Killer apontava para o cirurgião, que se aproximava com uma feição incomodada.

– Você está dez minutos atrasado. – Hawkins reclamou, logo que o mesmo se juntou ao grupo.

– Me perdoem pelo atraso. Tive problemas no trânsito.

– O que quer com a gente? – Kid logo ia perguntando.

– O relatório geral de todos vocês. – Law parecia extremamente cansado e preocupado. Todos estranharam.

– Certo, mas não acha melhor irmos para um lugar reservado? – Drake sugeriu.

– Me desculpem, mas... O que vai ter hoje nesse lugar? Estou por fora. – O cirurgião mostrava que estava totalmente perdido até mesmo a respeito do lugar, já que ali era um dos locais onde podia se concentrar e realizar algumas reuniões estratégicas.

– Parece ser uma conferência pública sobre arqueologia de algumas corporações. É um evento social que qualquer um pode participar.

– Bem, não tem importância. Sei que não estamos sendo vigiados, então não há problemas se nos acomodarmos por aqui e vocês todos me passarem o que-

Law esbarrou fortemente em alguém quando se virou.

– Hey, olha por onde and-

– ...

– ...

O silêncio pairou entre os dois e...

Ambos os olhos se arregalaram ao mesmo tempo.

– Você... – Ela ficou alarmada.

– Você... – Ele ficou feliz.

E a prova disso foi o sorriso instantâneo dele.

– Céus... Qualquer outro dia, mas não hoje... – Nami levou a mão na testa e fechou os olhos em espanto quando percebeu que a pessoa em quem esbarrara era ninguém mais, ninguém menos que Trafalgar Law.

Lindamente preso num terno negro, cuja camisa branca se encontrava bem aberta no colarinho e a gravata também, mostrando parte de seu torso impecável.

– Os nossos reencontros têm sido bem inesperados... – Ele sorriu enquanto olhava a figura feminina em sua frente.

Apesar de ser uma jovem universitária, ela tinha a imponência de uma dama da alta sociedade. Prova disso eram seus gestos tão refinados e agora também...

O olhar furioso de uma mulher no auge de um desafio.

– Senhorita Nami, aqui estão as chaves do seu Eco Sport. – Uma das funcionárias do prédio se aproximou e entregou os objetos nas mãos da ruiva.

– Obrigada. – Ela agradeceu, mas sem quebrar o contato visual com o cirurgião.

– Eco Sport? Esse carro é bem... Estiloso... – Ele sorriu cinicamente, levando a indireta explícita em forma de ironia, do jeito que Nami mais detestava.

– Ohh, obrigada, mas eu não sou um gênio, milionário, playboy e misantropo como você... Porém, inconveniente e desagradável, o que me faz voltar na parte onde seu pai deveria ter pensado duas vezes antes de ejacular dentro da sua mãe...

– Ui... – Kid não conseguiu deixar de escapar o ruído, contendo o riso junto com os outros quatro rapazes que ouviram tudo.

A cara do cirurgião fechou completamente.

Pela primeira vez, a ruiva acertou em cheio.

– Você não se cansa de dar patadas? – Law rebateu seriamente.

– Você já pensou em se liquefazer? – Nami revidou irritada.

– Você já tentou ter uma noite de prazer pra extravasar com os nervos de aço?

– Você já pensou em voltar pros testículos do seu pai?

– Você já pensou em parar de se comportar como uma pré-adolescente mimada?

– Você já pensou em morrer e nascer de novo? Sério, acho que pra você não tem mais jeito.

Placar: Nami ganha de 4 a 3.

– Hoje você resolveu deixar sua tensão pré-menstrual falar mais alto? – O cirurgião dizia friamente. Ele não era do tipo de alterar a voz com uma mulher. Muito menos com ela.

– Hoje é o dia em que eu adoraria ver o diabo, mas não você! – Nami reclamou, com ódio em sua voz.

– É incrível quanto estrago pode ser feito quando só se tem boas intenções. – O cirurgião grunhiu.

– No seu caso, segundas intenções! – Nami o encarava com desprezo. Estava tão irritada por vê-lo ali, no dia importante em seu trabalho, que não mediu as palavras nem por um segundo.

Mas aquilo não havia intimidado o cirurgião. Embora seus amigos estivessem rindo de sua cara, descaradamente atrás de si, ele sabia que a ruiva tinha um ponto fraco...

O seu trabalho.

Law percebeu que a Baroque Works estaria na conferência, já que a ruiva estava ali, então, resolveu confrontá-la da forma que a mesma mais odiava.

Ele se aproximou lentamente dela e a mesma continuou estática. Foi então que o cirurgião sussurrou palavras em seu ouvido.

.

– Eu espero ser o homem que irá deflorá-la um dia...

.

Nami abriu os olhos muito mais que o comum. Ela virou o rosto de modo quase robótico, de tamanho absurdo que acabara de ouvir.

Seu coração passou a disparar violentamente, sua respiração engatou, suas mãos ficaram trêmulas, seu estômago se contraiu em círculos e suas entranhas praticamente se contorceram com o potente.

Seus lábios tremeram quando a mesma processou aquela frase estupidamente indecente. Deflorá-la? Além do atrevimento em dizer que ele a teria sexualmente, também a tachou de virgem na maior cara de pau.

– Você... É louco... – Ela gaguejou, pois seu cérebro ainda não havia tido capacidade de processar alguma frase de efeito para rebatê-lo, porém...

Ele a encarou seriamente e então Nami se sentiu surpreendida pelo toque em sua nuca...

O cirurgião passou a acariciar suavemente os cabelos ruivos enquanto mantinha o olhar estreitamente impassível.

O coração dela estava batendo e o sangue viajando em correntes eletrizantes enquanto percorria por todo o seu corpo.

A sensação de um calor sufocante por sua garganta intensificou quando o olhar cinza a penetrou de modo opressivo, devorador e aterrorizante.

Os lábios dela entreabriram várias vezes, na tentativa de dizer algo coerente. Mas era óbvio que havia algo acontecendo, e isso se intensificava quando ele estava por perto.

– Pense nisso com carinho.

E então ele se afastou, esboçando um sorriso perversamente obsceno.

Nami ficou em silêncio por alguns segundos até que...

– EU QUERO UM X-BURGUER DUPLO COM BATATA FRITA E MUITO KETCHUP!!! – A ruiva se virou rapidamente para se afastar do cirurgião e num movimento brusco esbarrou em Zoro.

– EU NÃO VOU LÁ FORA COMPRAR NADA!!! – O esverdeado gritou de volta.

– Zoro... – Ela replicou e suspirou, num misto de alívio e realidade.

– O que há com você? Tá pálida... Parece que viu um fantasma...? – O rapaz franziu o cenho, estranhando a reação grotesca da garota.

Trafalgar Law ainda estava ali, atrás dela, observando a cena um pouco intrigado, já que era obvio que Zoro era alguém próximo à ela.

Um pouco desconexa com a realidade, Nami arregalou os olhos, parecendo ter uma ideia brilhante e então, olhou para Zoro com mais intensidade.

“É isso Nami! Plano B! Brilhante ideia!” – Dizia mentalmente.

Ela virou novamente na direção de Law e voltou a falar com o mesmo.

– Eu não disse até hoje por que achei que você desistiria, mas vou revelar a verdade...

– Que verdade? – Contestou indiferente.

– Ele é meu namorado.

E então, a garota agarrou o braço do esverdeado no mesmo instante.

Zoro ficou abismado com as recentes palavras da garota.

– EU SOU O QUÊ!?

Nami pisou no pé de Zoro com força, que teve que engolir a expressão de dor no mesmo instante.

– Interessante... Então quer dizer que ele é seu namorado? E no que isso exatamente muda? – A expressão insensível permaneceu.

– Muda no sentido em que você não deve dar em cima de mulheres compromissadas. – Ela finalizou de forma imperativa.

– Me desculpe, mas eu não considero isso como um grande obstáculo. - Law sorriu cínico, porém, a expressão de Zoro se desfez em nebulosidade, ainda que estivesse em silêncio diante das maluquices improvisadas da ruiva.

Era obvio que aquele cara estranho que estava diante de si, parecia apenas ter o único objetivo de brincar com a ruiva. Típico da maioria dos homens. Nem mesmo Sanji era tão baixo para chegar aquele ponto, segundo ele.

*POFT*

“Hey!” – Zoro exclamou mentalmente à ruiva depois de sentir um soco forte em suas costas.

“Diga algo, seu idiota” – A garota também exprimiu através de sua feição de raiva que era para o esverdeado dizer algo ao cirurgião.

Era incrível a combinação de códigos que a dupla fazia para se comunicar. Até mesmo Law percebeu isso, ainda que a cena fosse estupidamente ridícula ao constatar, obviamente, que aquilo não passava de uma farsa entre os dois apenas para que ela se safasse do cirurgião.

E então, depois de vários códigos “secretos”, Zoro resolve quebrar o silêncio.

– Certo... Se isso realmente não te incomoda, devo lhe dizer que o fato de dar em cima dela também não é um incômodo pra mim. – Zoro finalizou friamente severo.

– HEY! COMO ASSIM NÃO É!? VOCÊ É RETARDADO!? - Nami berrou no ouvido do esverdeado.

– Não me incomoda por que... - Ele parou de falar e ainda olhando nos olhos do cirurgião...

Enlaçou a cintura da ruiva, empurrando para mais perto de si.

– Confio nela.

Revelou inesperadamente, surpreendendo a ruiva e também o cirurgião.

Por que simplesmente havia algo entre eles dois que Law não entendia muito bem, mas não parecia apenas amizade.

Nami ficou abismada com a revelação. Ela não pensou que Zoro reagiria de uma forma que só ele sabia.

– Isso é meigo... Mas pouco importa, já que vocês são péssimos atores... – Law se virou, projetando um sorriso diabolicamente cínico. Suas investidas com a ruiva estavam ficando cada vez mais interessantes.

O moreno caminhou na direção onde os amigos estavam.

– Essa ruiva está dando muito mais trabalho do que todas as mulheres com quem você saiu tiveram que ter pra te conquistar! – Kid logo ia azucrinando o rapaz, depois de ver as cenas hilárias.

– Eu não acredito que essa garota está te dando um fora atrás do outro desde aquele dia no bar. Isso é impressionante. – Até mesmo Drake estava surpreendido pelo desempenho de Nami.

– Isso é verdade, mas conhecemos uma que deu muito mais trabalho. – Killer mencionava, sobre uma mulher que parecia ter sido bem pior do que a ruiva.

– Sei que não temos nada a ver com a sua vida amorosa, mas eu acho melhor você estar preparado para o que vai ver agora. – Hawkins alertava o cirurgião, que parecia ter entendido o recado.

– A Nami não é um problema. É tudo uma questão de tempo. – Law contrapôs, porém, o loiro continuou;

– Não me refiro à essa garota de agora há pouco, mas a outra que quase acabou com a sua vida.

Law estreitou o olhar. Por que ele estava se referindo à ela?

– Se bem me lembro, a única mulher que quase destruiu minha vida está há mais de cinco mil quilômetros longe de mim.

– Eu diria que ela está há menos de vinte metros agora. – Hawkins finalizou e então...

O olhar de law cintilou em tons sombrios.

Foi então que os cinco perceberam, quem estava naquele lugar.

O cientista particular e o braço direito de Doflamingo.

Vergo e Caesar.

Porém... Depois de meses sem vê-la... Ali estava ela... Ao lado daqueles dois homens...

O olhar do cirurgião se tornou institivamente feroz. Abruptamente seus olhos recaíram sobre o rosto dela, estreitando-os em surpresa.

Os longos cabelos perfeitamente ondulados em tons de esmeralda. A pele quase alva como a neve. Os olhos castanhos em tons vibrantes de citrino. O corpo divinamente esculpido e maravilhosamente vinculado num vestido preto provocante.

– Monet... – Law finalizou, dizendo o nome daquela mulher de modo fatalmente gélido.