Ela não está tão a fim de você escrita por ariiuu


Capítulo 5
Quando o reencontro vira filme de ação


Notas iniciais do capítulo

Desculpem mais uma vez a demora, mas dessa vez é por que eu meio que broxei com a quantidade de reviews. Tudo bem que o número de visualizações é bem alto, mas é chato saber que há tantos leitores fantasmas que só querem ficar no bem e bom de ler, e comentar que é bom, nada!
Esse capítulo está bem comprido, por causa do reencontro dos dois. Espero que tenham paciência de ler (é claro que vocês têm u.ú).
Relevem os erros de português e digitação. Depois conserto tudo.
Divirtam-se.



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"Essa é a história do garoto que conhece a garota. Mas você deve saber que é um verdadeiro filme de terror."

Havia se passado mais de uma semana.

Dez dias.

Duzentos e quarenta e três horas exatas.

Sim, ele contou esse tempo no relógio elegante e de última linha da Vacheron Constantin que carregava em seu pulso. Uma espécie de marcação para cronometrar os eventos infernais de sua vida. Ou os eventos celestiais[?] que não saiam de acordo com seus planos.

Trafalgar Law estava sentado no andar de cima da boate, bebendo whisky e refletindo sobre a estranha semana onde realizou três cirurgias.

Uma delas numa criança de cinco anos.

O moreno havia desabotoado mais um botão de sua camisa perfeitamente branca, e ajeitado a gola da camisa preta por cima, deixando parte do tórax tatuado à mostra. O resto de seus trajes eram todos da mesma tonalidade.

Ele parecia desfrutar de um momento funesto, e pensar em seu trabalho era a única opção naquele momento, por que era quase impossível esquecer o fato de que a ruiva não havia comparecido no jantar que marcou.

Aquilo era diferente e totalmente bizarro.

Qual foi a última vez que uma mulher lhe deu o bolo? Aah sim... Ele se recordou que isso NUNCA aconteceu.

Talvez fosse por isso que a sensação era inédita.

Seu ego foi esmagado por uma garota com alma de Coringa, se assim pudesse julgá-la em alguns aspectos...

Mas de alguma forma, o que ele menos queria era encontrá-la. Pelo menos naquele momento... Seria patético se a ruiva lhe visse naquele estado... Em sua quase depressão pré-alcool. A fossa que estava prestes a entrar e se sujar.

Talvez precisasse de alguma vítima naquela noite apenas para esquecê-la...

Ou talvez não...

Desde que a conheceu, seu interesse em mulheres fáceis desapareceu e ele passou todos aqueles dias sozinho.

Ele estava ficando cada vez mais confuso...

E ansioso.

Law se virou por instantes, para observar a movimentação do andar debaixo da boate.

As luzes... A música agitada... O som alto... Pessoas dançando... E se interagindo para saírem dali e fazerem as típicas besteiras dos fins de semana.

Altamente clichê.

Sério... Aquilo estava lhe cansando. Se tornou uma rotina ir a lugares como aquele. Mas só por que o ambiente e a música lhe distraiam de algum modo. Ficar sozinho em seu apartamento, relembrando eventos dolorosos do passado e bolando planos para se livrar do futuro de guerra que enfrentaria com seu irmão mais velho, apenas lhe deixavam ainda mais sem paciência.

O cirurgião piscou lentamente por algum tempo, até focalizar a imagem das pessoas dançando no andar de baixo.

Mas algo lhe tirou totalmente a atenção.

A imagem perfeitamente nítida...

Dela...

Não... – Ele replicou a si mesmo.

Não era possível. Ela estava ali...? Era mesmo ela...?

Trajava um vestido rodado preto acima dos joelhos, sandálias da mesma cor com salto agulha (por que raios ela sempre aparecia com salto agulha?). O cabelo estava preso num rabo de cavalo alto e com as duas mechas soltas em seu rosto.

Ele estreitou o olhar apenas para focar ainda mais na fisionomia da garota e sim... Ele teve a plena certeza.

A ruiva que lhe deu o fora e um bolo.

Nami.

– Que ótimo... – E mais uma vez ele falou consigo mesmo, em tom de sarcasmo e raiva por sequer imaginar que a reencontraria casualmente.

Ele apanhou o copo com sua bebida, mas sem desviar o rosto do andar de baixo.

Passou a observá-la com precisão enquanto bebia whisky.

Ela movia seus quadris com muita sensualidade.

Os homens olhavam para ela...

Narcotizados...

Ainda atentando para os passos da ruiva, ele percebeu que a mesma foi ao encontro de outras pessoas numa das mesas e então deduziu que aqueles só podiam ser seus amigos.

Um garoto esquisito que comia feito um retardado. Uma garota de longos cabelos rosados que se encolhia na cadeira. Um casal que conversava descontraidamente como se o ambiente barulhento nem existisse. Uma garota de cabelos lisos azulados se aproximava da mesa e então passou a falar com a ruiva.

Até ali, tudo parecia normal, mas...

Que tipo de amigos ela tinha...? Pensava enquanto olhava para a cena. Mas...

Uma voz interrompeu sua linha de raciocínio.

Veja só se não é o meu médico favorito.

Ele virou o rosto para encarar a dona da voz e...

Arqueou uma sobrancelha em frustração.

– Olá Kairen.

– É Ishily!

– Que seja... – O moreno fechou os olhos em reprovação.

– Você não compareceu mais nas reuniões da sociedade médica... Senti sua falta... – A garota de longos cabelos negros, se aproximou. Ela trajava um vestido vermelho escuro justíssimo em seu corpo.

Law suspirou impaciente ao rever uma das colaboradoras do lugar onde costumava comparecer com frequência.

Eles desenvolveram uma relação estranha que se resumia às manhãs que a deixava dormir tranquilamente em seu apartamento depois de passarem várias noites juntos.

Não havia consideração. Muito menos afeição. Apenas uma momentânea diversão.

– Minha agenda está lotada. Não posso mais comparecer. – Contrapôs sério.

– Então devo te lembrar que meu número está na agenda do seu celular...? – A garota rebateu de modo lascivo, enquanto o cercava por completo, dando a visão sensual de seu corpo.

– Desculpe, mas não quero companhia essa noite. – Devolveu diretamente certeiro.

– O quê!? Mas você nunca recusou minha companhia! – Ela retorquiu com raiva.

– Sempre há uma primeira vez para tudo na vida... – E então ele sorriu abominavelmente descarado, mas...

Embora a expressão fosse de cinismo, havia um brilho funesto nos olhos dele. Friamente congelados...

Ele não parecia se importar. E não se importava de fato. O suficiente para convencê-la.

– Insensível... – E então a garota se afastou, deixando-o de lado.

Ele suspirou aliviado. Finalmente se livrou de mais uma das mulheres que insistiam em lhe atormentar.

Mais uma vez ele virou o rosto, apenas para fiscalizar se a ruiva ainda se encontrava no mesmo lugar.

E lá estava ela. Rindo junto dos outros sujeitos na mesa.

Enquanto observava a garota com cuida, mais uma voz lhe interrompeu.

Doutor Trafalgar Law... O que faz aqui hoje? Não me diga que vai nos dar a honra de te ver dançar?

A voz friamente sensual fez com que o cirurgião novamente se virasse para encarar a pessoa em sua frente.

Uma linda mulher de cabelos rosados. Longos e ondulados, presos majestosamente num penteado elegante.

– E você quem é...? – Ele continuou sentado e não olhou nos olhos dela. Seu olhar se limitou ao chão e na marca barata de seus sapatos espanhóis.

– Sou uma admiradora... Eu acompanho o seu trabalho há um tempo e hoje finalmente estou tendo a chance de conhece-lo. – Finalizou enquanto o observava cautelosamente, percebendo que o mesmo sempre virava o rosto, olhando para o andar de baixo.

– Você não vai me pedir um autógrafo, vai? – Perguntava sarcasticamente enquanto continuava observando a ruiva à distância.

– Sim, mas... Não quero que você escreva num pedaço de papel... – A garota se aproximou e então segurou delicadamente a mão do cirurgião.

Dessa vez, Law ergueu o rosto e a fitou completamente. Um tanto espantado com a audácia.

A garota levou a mão masculina até sua cintura, fazendo-o tocar o local com suavidade.

– Acho que a minha pele seria o local perfeito para autografar... – Ela completou a frase em tom sedutor.

E assim como fez anteriormente... Law sorriu...

...

Assombrosamente sinistro.

...

– Certo... Mas não hoje...

Os olhos da garota arregalaram espontaneamente e então ela se afastou, porém, continuou a encará-lo abismada.

– Você está mesmo me dispensando...? Você não parece o tipo conservador...

– E não sou. Mas no seu caso, sou obrigado a ser... – A voz soou como puro desprezo e extremamente indiferente.

A garota se sentiu tão constrangida, que seu rosto corou violentamente, obrigando-a se retirar da presença dele no mesmo instante.

Mas no meio tempo onde ele se distraíra com a presença da mesma, quando voltou seu olhar para o local onde a ruiva se encontrava...

Um homem de pele clara e cabelos louros ondulados nas pontas se aproximou da ruiva.

A camisa social em tom cinza escuro, calça jeans e sapatos pretos caiam extremamente bem no sujeito.

Eles começaram a conversar e de longe era possível ver a expressão animada da ruiva.

Um, dois, três...

Uma ponta de obsessão...

Uma dose de suspeita...

Um pingo de egoísmo...

O que era mesmo aquilo? Ou melhor, como era chamada aquela sensação?

Ah sim...! CIÚMES.

Não. Definitivamente não era ciúmes. Essa palavra não existe em seu mundo.

Descartada a suspeita.

Ainda observando tudo atentamente, quando menos esperou, o loiro estendeu a mão para a ruiva e então, ambos saíram para a pista de dança.

Um, dois, três...

Que raio de macumba aquele loiro fez para tirá-la para dançar com meio minuto de conversa!?

A pista estava cheia, mas por se encontrar no andar de cima, ele podia visualizar muito bem todos que dançavam no local.

Uma música começou a tocar.

Lady Gaga. Dance in the Dark.

Os dois começaram a dançar no ritmo da música, que não era tão agitada.

O homem de cabelos louros acompanhava a ruiva de um modo magnífico. Ele era bonito e chamava a atenção de todas as mulheres do salão.

Law segurou o copo com tanta força, chegando a trinca-lo.


=====



– Cara, ainda tenho que me acostumar de novo com o ritmo desse país. Olhe pra essas mulheres! Isso mais parece uma competição de quem veste o vestido mais curto!

– Que tipos de baladas você ia!? – Sabo chegou de surpresa perto do amigo que mostrava uma feição assustada.

Portgas D. Ace acabara de chegar, obviamente atrasado no lugar, e havia esbarrado em Sabo no caminho.

– O tipo Embalos de Sábado à noite. Bem anos 70 mesmo...

– Dá pra ver pela sua roupa! Por que está vestido de social aqui!? – O loiro ria descaradamente da cara do garoto.

– Esqueça... – O moreno replicou impaciente.

– As mulheres escocesas não são muito estilosas!? – Sabo piscou de modo cínico.

– Não, elas até são, mas não as da vila onde morei com meus pais... – Uma gota escorreu por sua testa.

Enquanto ambos se distraiam conversando, a cena onde Nami dançava com um homem loiro petrificou o moreno no mesmo instante.

Sabo estranhou a reação do amigo.

A expressão dele mudou radicalmente.

– Cara, tá tudo bem...? - Sabo arriscava, tentando entender por que o amigo mudou drasticamente o semblante e então...

Ele notou Nami dançando com o tal loiro logo atrás.

Agora estava explicado.

Vivi que observava o mesmo de longe, percebeu tudo e então resolveu fazer algo.

Ela se levantou e então rapidamente se aproximou de Ace.

– Hey, não é pra ficar parado na pista de dança! Vamos dançar também! – Ela agarrou a mão dele.

– Não, eu não vou dançar! – Ele respondeu educado e um pouco desconcertado.

– Nada disso! Agora você vai ter que me acompanhar!

– Eu não sei dançar isso há um tempão!

– É como andar de bicicleta. Agora vem... – Ela o puxou com força e ele não teve como ceder.

=====



– Você disse que ia me ligar... – Uma voz manhosa pôde ser captada pelos ouvidos do cirurgião.

Ótimo. Mais uma.

– Eu digo isso pra todas. – Retorquiu desinteressadamente. Já sabia a quem pertencia aquela voz tão irritante e não precisaria sequer verificar a expressão irritada que imediatamente foi lançada em sua direção.

– Você é um mulherengo que não tem um pingo de vergonha na cara!

– Certo... Agora me diga alguma novidade... – O moreno dava mais um gole em seu whisky, olhando na direção da ruiva que ainda dançava com o loiro.

– Por que não saímos hoje de novo...? Tenho algumas técnicas novas pra te mostrar... Eu senti tanto a sua falta...! – A garota de longos cabelos lisos azulados se aproximou.

– Legal... Mas não estou interessado.

– Por quê!? Saímos muitas vezes e você sempre disse que eu era a sua favorita!

– Honestamente...? Eu menti pra você... Mero... – Ele sorriu cínico.

Ao menos ele sabia o nome dela.

– Seu cafajeste... – A garota contrapôs exaltada.

– Melhore seus argumentos e treine novamente suas táticas. Aí quem sabe, eu não lhe dê a chance de tomarmos uma bebida juntos...? – Ele replicou gloriosamente enquanto sorria de canto de uma forma que só ele sabia.

– Você ainda vai pagar por isso!

– Acredite querida... Eu já estou pagando.

A terceira garota ao qual Law deu um fora, saia do local pisando duro.

Isso massageava seu ego. Despachar seus ex-casos lhe enchia de vigor.

E após isso, ele olhou mais uma vez na direção onde Nami estava, porém...

A garota não estava mais dançando, como também havia sumido da pista de dança.

Ele olhou por toda a parte à procura dela.

Antes que pudesse pensar em qualquer coisa, já havia se levantado do banco em frente ao balcão.

Onde ela estava...?

Law desceu as escadas, indo diretamente para a pista de dança, no ímpeto de encontrá-la.

Mas para a sua surpresa...

A garota foi cercada por um grupo de homens.

Um deles agarrou o braço dela e então...

A levaram a força do local.

Porém, o mais estranho era ver que a ruiva não reagiu. Pelo contrário. Consentiu ser levada naquelas circunstâncias.

O que estava acontecendo afinal...?

=====


Havia se passado mais de dez minutos desde que saíra da boate a procura da ruiva.

Céus, a levaram bem diante de seus olhos e ele não pôde fazer nada.

Malditas mulheres que resolveram lhe cercar na saída principal.

Aquilo havia lhe atrasado.

O cirurgião ouviu alguns ruídos e então correu para averiguar.

Num beco escuro. Ele rapidamente correu para o local e então...

– O quê...? – Ele sussurrou para si, enquanto tentava digerir a cena absurda.

Nami andava lentamente enquanto chacoalhava o vestido, tirando a poeira de seu traje e...

...

Deixando os cinco brutamontes no chão...

...

Ainda com os olhos muito abertos, ele se encontrou com ela no beco.

A ruiva segurava as sandálias pretas de salto agulha enquanto jogava para trás uma mecha de seus longos cabelos presos.

Agente Romanoff é você...? – Ele perguntou abismado. Ela tinha mesmo acabado com cinco homens num beco?

– Não. Eu não faço parte dos Vingadores, mas seria legal se eu pudesse ser a Natasha. Eu faria aquela loira aguada da Pepper Potts largar o Tony Stark na base da paulada, mas... O que VOCÊ está fazendo aqui!? Veio cobrar o jantar que não fui!?

– Então seu herói favorito é o Homem de Ferro...? – Ele ignorou totalmente a pergunta dela.

– Ele não é apenas o meu herói favorito. É o meu príncipe encantado! – Ela sorriu de canto e convicta.

– Um tipo diferente de príncipe, mas bom saber... – Ele devolveu o sorriu.

– Por quê? Vai se transformar nele?

– Sim... Posso ser o que você quiser. Até mesmo criar uma armadura para te proteger... Quer dizer... Isso se você não fosse uma lutadora profissional... – Uma gota escorreu de sua testa no intuito de entender a cena anterior.

– Quer ser algo pra mim agora? Neste exato momento? – Ela perguntou carinhosamente educada.

– O que você desejar. – Ele rebateu galante.

– Ótimo! Então seja um poste, fique aí parado e não saia até o amanhecer! Tchauzinho! – Ela deu as costas pra ele e acenou, se dirigindo para a rua ao lado.

– Finalmente te achamos, princesa. – Mais um bando de homens misteriosos cercava a ruiva.

– Tem mais!? Qual é!? Vocês são os Krang das Tartarugas Ninja!?

– Você mexeu com as pessoas erradas, então prepare-se. – Um deles rebateu de modo agressivo, apertando os punhos e pronto para nocauteá-la com algum golpe.

Todos os homens vestiam trajes esquisitos. Pareciam de alguma gangue de rua.

Certo... Isso realmente lembrava Street Fighter.

Outros deles apareceram por trás, somando um total de vinte perseguidores.

Law atentou para a cena totalmente bizarra.

O que aquela ruiva era!? Ela só podia ter mentido quanto ele insinuou sobre a Viúva Negra.

– Certo... Eu queria muito entender por que uma garota de aparência inocente possui tantos inimigos, mas vou descartar a possibilidade de que você realmente seja uma agente secreta, então... – Ele passou na frente dela e então virou o rosto, completando a frase.

– Me deixe ajuda-la.

– Por que deveria? – Ela arqueou uma sobrancelha enquanto cruzava os braços.

– Por que está em desvantagem. – Law rebateu.

– Aah, não me venha com discursos machista! Não quero proteção!

– Eu não poderia ignorar essa situação e apenas deixa-la se arriscar dessa forma.

– A minha resposta é NÃO! – Nami fez uma careta horrível.

– Tudo bem, mas no momento sua opinião não importa... E fique sabendo que essa é minha vingança por não ter aparecido no jantar.

Depois de terminar tal frase, o cirurgião apenas acenou para que todos viessem pra cima, e então...

O resultado foi imediato.

Ele simplesmente golpeou cinco deles de uma vez, deixando-os no chão em poucos segundos.

Law combateu os sujeitos de um jeito tão surpreendente, que Nami ficou boquiaberta.

– Onde aprendeu isso...? – Ela contestou enquanto piscava lentamente.

– Que tal deixarmos as perguntas pra depois!? - Sabendo que estavam em desvantagem, ele pegou na mão dela.

– Vamos!

– O quê!?

E então ele a puxou rapidamente pela mão, abrindo caminho ao fazer sua perna colidir com dois dos perseguidores que cercavam o caminho.

Os dois saíram correndo imediatamente do local.

O grupo de homens os perseguia, porém a dupla apenas corria em toda velocidade.

– Como você sabia que eu estava naquele lugar!? – Nami questionava o fato do mesmo ter aparecido repentinamente em sua frente. Ela sentia sua mão sendo pressionada fortemente enquanto seu braço era puxado de modo violento por conta do esforço da corrida.

– Eu prometo deixar o interrogatório correr livre depois que despistarmos esses caras! – O cirurgião respondia de modo petulante enquanto puxava o braço dela.

Enquanto percorriam por várias ruas escuras daquele bairro no subúrbio da cidade, eles esbarraram em alguns latões e os deixaram no meio do caminho, como obstáculos para a gangue logo atrás.

A adrenalina tomava conta dos dois à medida em que corriam cada vez mais rápido e se afastavam dos perseguidores.

Os dois pareciam viver um filme de ação.

E então, continuaram a correr até encontrarem uma fresta extremamente apertada entre dois prédios. O local era bem escuro, mas perfeito para se esconder numa tentativa de fuga.

– Entre aí!

– O quê!?

Law empurrou a ruiva com força para dentro da fresta, no ímpeto de se esconderem no fundo que estava totalmente escuro.

Os perseguidores continuaram correndo e sequer notaram que os dois estavam escondidos na fresta.

A respiração ofegante de ambos não pôde ser ouvida.

A penumbra das luzes da rua e a escuridão da noite permitiram que os dois pudessem enxergar um ao outro, mas...

Quando ambos se olharam, também notaram a posição atual.

Nami ficou totalmente presa contra a parede e ele. Suas mãos se estenderam institivamente sobre o peito dele. O cirurgião era alto e seu tórax era firme.

Ela reparou nas tatuagens no peito e de certa forma achou interessante.

Meros instantes de atração física tomaram conta dos sentidos da ruiva e...

Ela ergueu o rosto para encará-lo.

Seus olhos se encontram com os dele.

Ambos estavam ofegantes, porém... A respiração dele quebrava ainda mais o silêncio esmagador.

De certa forma... Ou melhor... De uma forma que ela jamais admitiria, estar com ele daquele jeito não era ruim, mas a ruiva estava mais do que ciente que mesmo com a aproximação perigosa entre ambos, não seria louca de deixar que qualquer impressão mexesse quimicamente consigo.

Maldita química que seu cérebro liberava. Era nessas horas que ela odiava ser humana.

Porém, estava vacinada contra isso.

Mas por que raios ele parecia tão glorioso com seu cabelo liso desgrenhado e seus abrasadores olhos cinza entrecerrados numa expressão maravilhosamente sombria?

Os olhos castanhos se chocaram com os olhos cinzentos, que invisivelmente pareciam se misturar profundamente à medida em que os dois tentavam descobrir mais um do outro quando se observavam.

– Vai ficar olhando pra minha cara até que horas? – Ela contestou com raiva e uma feição aborrecida germinou em sua face.

– Por que não posso? – Contrapôs cínico.

– Por que não!

– Você não fica envergonhada quando um homem te olha? – E então, Law deixou seus olhos passearem por todo o corpo da ruiva, como se estivesse lhe escaneando. Uma olhada de baixo em cima...

Totalmente descarada.

– Nem um pouco. Já estudei a mente masculina e sei exatamente o que se passa nela, então mesmo se eu ficar aqui e te encarar a noite toda, sentindo seu corpo próximo ao meu enquanto sinto essa fragrância desgraçada de loção francesa que provavelmente custou cinco milhões de dólares, ainda assim, eu não me sentiria atraída. – Nami ignorou o fato de o mesmo tê-la secado tão cinicamente.

– E se eu fosse um maníaco? Você estaria em perigo agora mesmo. – Ele sorriu sórdido enquanto a enfrentava através do olhar audacioso.

– Primeiro: Maníaco você já é! E ainda por cima um perseguidor de primeira classe, então isso não exclui a possibilidade de já ter o plano de me agarrar com a primeira oportunidade. Segundo: Se você relar um dedo em mim, eu juro que vou te chutar tão forte aí em baixo que não vai precisar procurar um urologista pra fazer vasectomia. Terceiro e último: Você não vai concluir o seu planinho machista de acrescentar na sua listinha de conquistas, a única mulher que te disse não! Você não vai bater a sua meta se depender de mim!

Ele ficou em silêncio depois das últimas palavras dela, mas sem cortar o contato visual.

– Você é mesmo mais agressiva do que pensei... Quando vai jogar todas as suas munições fora...? – Ele contestou desaforado.

– É assim que você joga? Isso faz parte do seu plano? – A ruiva indagou com raiva.

– Eu pareço ter um plano? – Law sorriu ousadamente de canto.

– Eu só queria entender porque raios o cara com a carreira mais brilhante do planeta e herdeiro de uma fortuna gigantesca está perdendo tempo com uma simples estudante!? – Ela bufou.

– Agora que mencionou, se faz Geologia, por que trabalha num escritório de Arqueologia?

– Como você sabe disso!?

– Eu tenho minhas fontes... – Law mais uma vez sorriu.

Nami olhou com a cara mais desacreditada para ele.

– Ótimo... Outro psicopata mandou investigar a minha vida...! Qual é hein!? Eu tenho cara de Rivotril pra aliviar sintomas de loucura!? – A ruiva rebateu indigesta.

– Acho que como eu, todos eles foram enfeitiçados por seus encantos, não acha...?

– Concordo plenamente! Mas só queria entender por que os homens que se sentem atraídos por mim são todos alcoólatras, workaholics, voyeurs, megalomaníacos, casados, casanovas, drogados e psicopatas como você!

Depois daquela resposta absurda, ele a ignorou e se concentrou apenas em fita-la com precisão.

E em silêncio.

Nami pensou que o cirurgião não tivesse uma resposta para lhe dar. Ele não era como o Zoro, porém...

Seus ardentes olhos cinzentos cintilavam de modo intenso, sagaz e exigente. Ele parecia passar uma mensagem extremamente difícil, porém, ela não conseguia entender.

Mais uma vez aquele véu de mistério recaia diante dos olhos da ruiva. O próximo movimento dele seria imprevisível... E justamente como ela havia pensado...

A mão dele se moveu suavemente, se aproximando e acariciando o rosto feminino delicadamente. Seus dedos longos percorreram até o queixo dela, segurando-o entre o polegar e o indicador.

– Você é uma garota muito corajosa... E eu estou fascinado por você... – A voz dele soou baixa e provocante, num tom deliciosamente sensual e extremamente aterrorizante.

Os olhos dela percorreram para baixo, na direção da camisa preta, totalmente aberta no colarinho, até chegar nas tatuagens do peitoral definido e perfeitamente contornadas pelos músculos desenhados de forma tão simétrica.

Ele cheirava a cipreste fresco, lavanda e baunilha.

Um perfume totalmente alucinante...

Os lábios dela se entreabriram e seus olhos incidiram algo diferente do que ele não estava acostumado ver em todas as mulheres que aceitavam suas palavras sedutoras. A atual feição da garota se transformara num enigma. Ela parecia não aceitar aquilo, mas de certa forma, era como se entendesse o que lhe foi dito, justamente por que foi sincero...

Seria aquele o espaço que ela havia lhe dado para prosseguir? A ruiva que na verdade era uma charada em forma humana não podia ser desvendada tão facilmente...

Mas ele arriscaria.

Ele observou atentamente os lábios róseos e tentadoramente fascinantes. Ele daria tudo para comprovar se eles possuíam o sabor que imaginava.

O sabor do mistério.

Então o cirurgião se inclinou...

Seu rosto se aproximou suavemente ao da ruiva e num ímpeto incontrolável...

Seus lábios se aproximaram dos dela...

Perto... Muito perto...

Ele sentiu seu sangue arder quando a respiração dela tocou seu rosto.

Um desejo irreprimível de beijá-la... Tão quente e intenso...

Seus lábios estavam quase tocando os dela... Havia poucos milímetros para alcançar seu objetivo, mas em meio à isso ele sussurrou...

Não imagina o que poderia fazer com você...?

A voz dele soou baixa, desafiadora e perigosa... Ele estava a desafiando. De um modo totalmente explícito.

Qual seria a resposta?

Aquilo havia cortado a respiração dela por um momento.

Imaginar o que poderia fazer com ela...? Honestamente, Nami estava disposta a dscobrir, mas preferiu não provoca-lo.

E sim... Ele estava extremamente perto. Uma aproximação tão perigosa e tentadoramente irresistível.

Nami olhou dentro dos olhos do cirurgião e em nenhum momento pensou em desviá-los.

Ela piscou lentamente por muitas vezes...

O cirurgião estava à espera de uma resposta mal criada e imediata. Mas tudo o que havia tido em retorno era o silêncio dela e o doce olhar castanho lhe entorpecer enquanto sentia a fragrância de tangerina invadir seu olfato e provocar uma sensação ainda mais deliciosa.

Tudo o que ele precisava era que ela acalentasse seus sonhos... Afugentasse todas as suas ilusões... Dar convicções e certezas às suas vagas razões...

Desviar seu olhar das trevas que o rodeava. Colorir seu mundo cinza em cores vívidas.

Tinha de ser ela.

Seus lábios quase... Quase tocando os dela...

Quase desamarrando laços e encontrando caminhos para atalhos misteriosos...

Meio milímetro para um toque...

Um quase beijo...

...

Isso se a ruiva não tivesse virado seu rosto bruscamente...

...

Apagando a luz de seus olhos... Mergulhando-os em um mar vítreo, de gelo seco, incolor e infame...

Irritado, ele se afastou, lançando um olhar impertinente à ela.

Ela se virou e esboçou um sorriso travesso.

– Não me leve a mal... Eu te beijaria, se isso não me matasse!

– Desde quando um beijo se transformou num veneno? – Replicou friamente.

– Eu não quero ser mais uma mulher nesse planeta que curte a noite com um cara rico... Isso é clichê, ridículo e vergonhoso demais pra mim.

– Por que no fundo não consigo acreditar nisso...? – Ele contestou friamente.

– Ok... Se serve de consolo, saiba que é quase impossível para uma mulher resistir à um homem bonitão como você, mas minha dignidade está em primeiro lugar! – Ela piscou.

– Isso é ridículo. Conte outra.

– Bem, se você não acredita, aí já é problema seu... Não ache que tenho alguma obrigação com você, e se me der licença, eu tenho que voltar para a boate por que meus amigos estão me esperando e... Ah! Eu conheci um loiraço lindo de morrer e não quero perder a chance de sair com ele hoje, então não me atrapalhe e pare de tomar o meu tempo! – Ela o empurrou ainda mais contra a parede enquanto se esforçava para sair da fresta.

Nami fiscalizou, olhando para os dois lados atentamente. Os perseguidores pareciam ter dado alguma trégua.

Quando Nami decidiu trilhar o caminho de volta para a boate, Law parou em sua frente e então...

– Pegue.

– O que é isso? – Ela atentava para um papel colorido com letras minimalistas.

– Isso é a expressão da minha gratidão pelo ingresso de circo, já que você me deu um bolo no jantar que marquei. Isso faz mais o seu estilo.

O papel nada mais era do que uma entrada para um parque de diversões.

– Você achou mesmo que eu apareceria pra jantar com você!? – A garota franziu o cenho.

– Isso não importa. – Law replicou friamente apático.

– Ah é!? E por quê!?

– Por que daqui pra frente iremos nos encontrar com frequência, senhorita Nami... – Ele enfatizou as duas últimas palavras com muita perfeição e então deu às costas para ela, caminhando para o outro lado da rua. Seu carro, uma BMW, se encontrava na mesma rua.

A ruiva não poderia supor... Não poderia imaginar, mas a sensação depois de ouvir seu nome de uma forma tão... Tão diferente... Era instigante... Algo tão distinto que por um momento pensou em entender o porquê aquilo estava acontecendo.

Ela chacoalhou a cabeça para quebrar o frenesi. Jamais se daria por vencida.

Pode vir quente que eu estou fervendo, Trafalgar Law!

Gritou de modo descarado.

O cirurgião sorriu quando ouviu...

A linda garota de cabelos ruivos dizer pela primeira vez o seu nome...


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Notas finais do capítulo

Alguém reparou que o loiraço era o Cavendish? Muitos personagens de Dressrosa vão aparecer nessa fic!
O reencontro deles foi bem inesperado. O que acharam? Digam isso no reviews. E se vocês demorarem ou continuarem na greve de reviews, O CAPÍTULO VAI ATRASAR DE NOVO! Isso aí! Vou me impor também! Sacanagem vocês hein!? u_ú/
Nos vemos no próximo!