Imprevisíveis escrita por Cor de Nuvem


Capítulo 8
A Iludida


Notas iniciais do capítulo

comentários são de graça e inspiram ;)



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No final de período Lucas apareceu de novo na vida de Catarina. Ele lhe oferecera ajuda para as provas entre uma conversa no msn e outra, e ela como boa caloura atrapalhada aceitou. No entanto, a ajuda tinha um preço.

Lucas conquistou Catarina com muita paciência e conversa. Entre uma aula e outra nas cadeiras que Catarina sentia dificuldade ele a retribuía com um sorriso ou um abraço. Sem querer Catarina se apaixonou de novo. As férias começaram e ele lhe ligava praticamente todos os dias. Lhe levava ao shopping apenas como amigos e ela nunca percebia nada. Em um desses pseudo encontros ele a levou para seu parque de diversão. Era um morro que tinha vista para a praia e um tanto deserto. Parou o carro lá e ela ficou sem entender. Mais uma vez pensou que ia ser pedida em namoro, pois não era besta, já tinha percebido as indiretas de Lucas. Mas a única coisa que o rapaz fez foi decepcioná-la. Começou com um beijo maravilhoso, não tão bom quanto o de Pedro, mas também não era ruim. Ela quase se deixou levar quando o sentiu passar a mão por lugares inapropriados.

– ESPERA AÍ! - Catarina gritou. - Eu não vou fazer o que você quer não...! Eu pareço ser oferecida, mas o buraco aqui é mais embaixo.

– Mas a única coisa que eu quero é te beijar! - Ele a puxou de volta, mas ela o evitou mais uma vez.

– Não! Me leva pra casa agora! Se não quiser só me leva para um local onde passem carros! - Ela se encostava no vidro do carro tentando fugir dele.

Sem paciência o rapaz a levou em casa e nunca mais se falaram.

***

Quando o segundo semestre da faculdade começou, Catarina tinha uma surpresa esperando por ela. Chegou na UFMA e ao entrar na sala uma garota morena de cabelos cacheados pulou quando lhe viu.

– CATARINA!!! - Agarrou-se no pescoço da garota, que ainda estava assustada.

– Carla. - Ela não sabia o que dizer.

Carla tinha estudado com Catarina quando elas faziam terceira série. A garota era uma mimada, egocêntrica e muito ciumenta. Criou traumas na vida de Catarina que ela nunca tinha superado, principalmente quando se tratava de conhecer novas pessoas. Catarina não sabia se ficava alegre ou triste em ver a amiga de infância.

– Olha só! Me chamaram para ocupar uma vaga na turma do primeiro período, mas como eu já estava fazendo Ceuma* todas minhas cadeiras de lá foram aprovadas aqui! - Carla não parava de falar e Catarina fingia alegria. Apenas fingia para não parecer mal educada.

Carla era uma garota que vivia a base das regras da igreja. Sua mãe era evangélica e regulava a sua vida. Não usava roupas muito curtas, nem justas, assim como não tinha as orelhas furadas, os cabelos eram bem tratados, mas quase nunca viam uma tesoura.

No final do período anterior Catarina e Isabel aprenderam o caminho do Bambu** e no começo do segundo período estavam em todos os ponches juntas.

A amizade entre Pedro e Catarina se intensificou. Mas a garota ainda suava frio quando ele sentava perto dela. Ela quase teve um ataque do coração, e mais uma ilusão quando ele pegou um arame que tinha arrancado do caderno e fez um anel pra ela.

– Catarina Bogea, você me dar a honra de casar comigo? - Ele se ajoelhou em sua frente com o bobo anel nas mãos.

– Até que o trabalho de Civil esteja concluído? - Ela fez uma careta desconfiando.

– Sim! - Eles gargalharam.

***

Durante a calourada de Engenharia Civil no Bambu Catarina conheceu Arthur, um moreno forte, de olhos puxados e corpo musculoso. Conversaram por um tempo até que sua inseparável companheira chegou. Carla não desgrudava de Catarina desde então e isso vinha ficando um pouco chato. Para não perder o boy, Catarina não saiu de perto dos dois e se entrometia na conversa sempre que via que estava sendo colocada no escanteio.

Toda sexta-feira Catarina o encontrava no Bambu, mas nunca tinha coragem de pedir seu msn para intensificar as indiretas recebidas pelo moreno. Até que em uma dessas sextas, Carla apareceu na conversa dos dois e pediu o msn do rapaz, ele desinteressado nela perguntou:

– Por que você não pediu logo, Catarina? - Ele mal olhava a garota de cabelos cacheados.

– Ué, mas eu não estou pedindo nada. É a Carla quem quer. - Ela estava desconcertada.

– Ah... E qual o teu?

Se falavam pouquíssimas vezes pelo msn, apesar de Catarina saber que o garoto tinha interesse nela.

Então, no único dia que Carla tinha desgrudado dos dois e não foi para o Bambu depois da aula, eles ficaram. Estavam conversando, o clima rolando e eles se aproximando. E aconteceu! Mas, como a história da Cinderela, a magia foi desfeita com um toque de celular, que levou Catarina para casa antes do previsto. Tinha que ir buscar a mãe na rodoviária, que tinha chegado mais cedo de viagem. Quando chegou em casa ligou o msn e o subnick de Arthur tinha escrito:

"dias melhores virão ♥"

Aquilo animou Catarina, era a prova de que alguém finalmente queria algo sério com ela. Foi dormir fazendo mais planos do que fizera com Pedro. Estavam em outubro, então acreditava que no final do mês, se continuassem ficando no mesmo ritmo, ele a pediria em namoro.

Na segunda-feira seguinte ela, como uma boa garota iludida, contou para Yasmin do acontecido. Quando Carla chegou ela evitou tocar no assunto. Mas a morena insistia.

– Ah não, aconteceu algo e eu preciso saber o quê! - Yasmin e Catarina entreolharam-se e Catarina começou.

– Eu fiquei com o Arthur! - Catarina pulava de emoção.

– Ah... - Carla queria ser sempre superior a todos, demonstrava já saber.

– E não foi só um selinho. Ele não é de dar selinho em qualquer uma. - Catarina disse sem pensar.

– Mas ele já me deu um selinho uma vez. - Carla ficou com raiva.

–Ops... Mas vai ver que contigo foi uma brincadeira. - Catarina não conseguia reaver o que tinha dito.

Carla saiu de onde estavam e Yasmin foi atrás dela. Quando Catarina entrou na sala viu Pedro anotando umas aulas do caderno dela.

– A gente pede com licença. - Disse sem se importar e sentou-se na frente dele.

– O que houve? - Pedro percebeu a angústia na voz da garota e perguntou sem tirar os olhos do papel.

– Carla querendo ser sempre a gostosona da parada. - Deu de ombros e olhou para o que ele escrevia.

– Foi o garoto lá que tu me falou? - Eles viraram confidentes.

– Foi.

– Não liga pra ela, Cat. - Ele levantou a cabeça pela primeira vez e sorriu para a amiga.

***

Com o passar dos dias todas as garotas da turma passaram a ignorar Catarina. Cada uma dava um motivo, todos eles diferentes. Era meio óbvio o que Carla tinha feito: traumatizou e magoou mais uma vez Catarina. Yasmin fora a única que contara a verdade para Catarina. Mas não porque era sua amiga, mas sim porque queria ver a situação pior ainda.

Catarina passava todas as manhãs sozinha, mesmo tendo Pedro ao seu lado, ele tinha as amizades dele e ela não queria atrapalhar sua vida, muito menos deixar transparecer algum interesse além da amizade, que já era suspeita. Arthur também ignorou a garota, e semanas depois apareceu namorando com outra garota, diferente de Carla. Catarina usava todo o seu tempo livre para estudar para as provas, para tirar uma nota boa e não ser obrigada a ter contato com as garotas depois da prova ou quando finalmente estivesse de férias. Entre uma prova e outra parava para entrar no perfil fake e fazer confidências para sua nova amiga Candy.

– Quer sair algum dia pra esquecer tudo isso? - Pedro lhe perguntou enquanto saiam do prédio, após a última prova.

– Não. Vou ficar em casa com a minha irmã. - Ela deu de ombros.

– Irmã? Mas sua mãe estava grávida? - Ele fez uma careta tentando entender.

– Não, mas minha tia estava... Longa história! - Chegaram no carro dela. - Quer carona?

– Não. - Levantou as chaves. - Vim preparado.

– Então se cuida e vê se não some. - Ele a abraçou e ficaram assim por um tempo.

– Vou tentar.


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Notas finais do capítulo

Ceuma*: uma grande universidade particular do estado.
Bambu**: é um bar localizado atrás do terreno da UFMA. Toda sexta-feira, após as aulas, os alunos se encontram lá. Quem não conhece o caminho é só avistar grupos de pessoas andando numa mesma direção. Confie, eles estão na direção certa.



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