– Um amigo, Phil? – Romanoff piscou os olhos lentamente, interrogando o diretor.

– Na verdade, mais de um. – Ele entregou um fichário para ela. – Nessa missão, nós precisaremos de uma força-tarefa mais expressiva.

– Tipo o quê, o Hulk? Não precisamos partir pra artilharia pesada sem uma ameaça real. Nova York não foi exatamente uma festa à fantasia.

– Nem me fale nisso. – ele passou a mão na testa lembrando-se daquele dia. – Precisaremos de outro tipo de reforço, mais... Discreto.

– O bilionário? Discreto? – ela disse ao encontrar a carinha de Tony Stark estampado no primeiro arquivo.

– Acredite ou não, Stark constrói brinquedos bem legais. Skye pode ser uma hacker de segurança e Fitz o cara dos equipamentos, mas esse peixe é para o Tony. Ele precisa desenvolver um sistema de segurança mais avançado para nossa base. Sem contar que o projeto RISERS é sobre isso. Segurança! Tony será um dos palestrantes no evento de reabertura da Academia. Isso irá motivar os cadetes a procurarem esse tipo de soluções. Sem contar que ele é um vingador.

– Aprovo a ideia do Tony vir “morar conosco” – ela fez as aspas com os dedos. – Mas “discreto” ainda não é o termo adequado para ele.

– Tudo bem. Ele não é discreto, admito.

– E aí, quem são os outros? – Ela passou a página e quase teve um infarto.

– As outras, você quer dizer, não?

Romanoff apenas respirou fundo. Bem, de todas as mulheres desse mundo ele apenas escolheu as outras duas que ela menos gostava, que ao lado de May formavam o top 3 da sua lista negra.

– Phil... Tem certeza que...

– Eu e Hill já avaliamos a situação, agente Romanoff. Precisaremos delas duas na equipe, quer você queira ou não. Isso é um time.

– Eu não trabalho dessa...

– Então repense o que você está fazendo dentro dessa organização. Você costumava não se importar com o lado pessoal, Romanoff. Esqueça as rixas e se foque na missão. Já conversei com a May sobre isso. Ela está avisada tanto quanto você. Não me faça amarrá-las uma a outra para que aprendam a se dar bem.

– Okay – ela repondeu irritada. – Farei o meu melhor.

– Então ficará tudo bem.

– Com licença.

Ela retirou-se, apertando com força o arquivo em sua mão.

(...)

– Não, eu tipo acho que a May morre de ciúmes do Coulson com a Romanoff – Skye alfinetou, desviando o olhar do notebook por alguns instantes.

– Skye! – Jemma chamou sua atenção. – Você inventa coisas demais!

– É, fica vendo coisa onde não existe. – Fitz concordou.

– Ah, gente, qual é! – ela desviou o olhar da tela mais uma vez, olhando engraçado para Fitz-Simmons. – Eles são que nem vocês dois. – os cientistas se olharam, confusos. – Morrem de amar um ao outro, mas nunca admitem.

– Skye! – os dois responderam em uníssono.

– Tá vendo? – ela apontou para os dois. – Vocês são iguaizinhos! Até falar igual vocês falam.

– Nós não falamos... – os dois rebateram ao mesmo tempo.

– Igual. – Jemma finalizou a sentença sozinha.

– Okay, vou fingir que acredito.

– E você? Pensa que eu não vi você de conversinha com o Capitão?

– E agora vocês andam me vigiando ou o quê?

– Não é vigiando – Fitz os defendeu. – Nós apenas fomos te procurar e quando te achamos você estava...

– Muito bem acompanhada. – Jemma terminou a frase e Fitz engoliu um “Hey!” com uma ponta de ciúmes.

– Nossa... Isso é a mesma coisa que vigiar.

– Você está fugindo do assunto, Skye. – Jemma retrucou e Skye revirou os olhos. – É sério, você está fugindo. E fugindo muito mal.

– E está com as bochechas rosadas. – Fitz observou, sorrindo e fazendo uma cara engraçada.

– 70% dos estudos, mostram que adquirir uma coloração rubra nas bochechas durante uma situação...

– Tá, tá, Jemma! Vocês venceram! Mas eu não vou falar nada! – ela respondeu, jogando os braços para o alto.

– Ah, você vai sim, senhorita. – Jemma respondeu divertida. – Você se lembra de quando...

– Gente, gente! – Fitz apontava para o monitor, agitando-se de uma hora para outra. – Nós não tínhamos apenas um pontinho vermelho movimentando-se na tela?

– Sim. Só a pistola do Ward possui um dos marcadores do Fitz.

– Não. Eu coloquei marcadores em mais pistolas. Mas como elas não estavam em uso, não apareceram no monitor.

– Então, se apareceu outro pontinho na tela... – Jemma iniciou a conclusão.

– Outra arma com os marcadores está sendo usada. – Skye arregalou os olhos.

– A Hydra pode ter saqueado naquela batalha com a central. – Fitz tentava achar uma explicação para aquilo.

– Oh, isso vai nos atrasar. – Jemma falou num tom desanimado. – Se os alvos se separarem, encontraremos problemas ao segui-los.

– Precisaremos nos fragmentar. – Skye fez uma cara feia.

– Exatamente.

– Vamos avisar o Coulson. Tá na hora de sair do Bunker e avaliar os riscos. Não podemos deixar que eles façam o primeiro movimento. – Skye pontou.

Skye seguiu até o escritório de Coulson e encontrou uma Natasha emburrada quase a derrubando pelo corredor. A ruiva espantou-se com o choque, estava imersa em uma série de pensamentos sobre si e sobre o que estava fazendo naquele lugar.

– Oi, Skye. – ela respondeu meio sem jeito, apanhando seu arquivo que havia caído no chão. – Me desculpe, eu... Não te vi.

– Tudo bem, Nat. – Skye a olhou, já decifrando que tinha alguma coisa errada. – Você tá bem?

– Não cem por cento. – ela deu um sorriso sincero. – Mas vou ficar.

– Qualquer coisa... O Coulson diz que eu sou boa com as pessoas. – ela tentou ajudar.

– É, ele diria o oposto de mim. – ela deu um sorriso irônico. – Mas obrigada. Preciso entrar em contato com um monte de gente, gente chata e está pesando um pouco na minha cabeça... Mas – ela deixou o ar sair com força dos pulmões. – Você conhece as regras da S.H.I.E.L.D.

– Sim. – ela concordou com a cabeça. – Você sabe onde eu fico.

– Não hesitarei em lhe chamar.

– Tá. Tenho que ir na sala do Coulson.

– Alguma novidade? – a ruiva a perguntou, antes que Skye sumisse corredor afora.

– Na verdade sim. O monitor está acusando uma segunda pistola com os marcadores de Fitz.

– Como isso é possível?

– Não sabemos ainda. Irei informar ao Coulson agora mesmo.

– Tudo bem, Skye.

A ruiva tomou o seu caminho, ainda pensando no que a garota lhe falara e da sua disposição em ajuda-la. Infelizmente, Romanoff hesitaria em chamá-la. Na verdade, hesitaria fazer qualquer coisa que a deixasse confortável por alguns segundos. O seu pior trauma era baixar a guarda e ser massacrado por alguém. Apenas balançou a cabeça com força e seguiu para seu quarto. “Foco, Natasha.” Ela repetia na sua cabeça, apertando os olhos como se tentasse expulsar qualquer fio de humanidade que houvesse dentro de si. “Foco”