It isn't easy escrita por Captain Alle


Capítulo 9
Ice Girl


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Saudades?

Aqui está um capítulo novinho pra vocês, boa leitura!



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Abri meus olhos como se nada tivesse acontecido. Parecia que eu havia apenas dormido, dormido por muito tempo, pois estava perdida quanto ao tempo. Eu estava com a minha temperatura normal, sem dor, meu sangue correndo imperceptível como o de qualquer ser humano. Alívio era tudo o que eu sentia por aquela tortura ter terminado. Vi Banner olhando umas anotações sem que notasse que eu havia despertado.

– Oi. - falei e ele olhou animado para mim.

– Olá! Finalmente acordou. Como se sente?

– Estou normal, bem. - eu não havia notado nada de diferente em mim - Já parei de piscar como uma árvore de natal?

– Sim, parou. - nesse momento Mark entrou na sala.

– Eu já posso me levantar, senhores? - estava enjoada de ficar parada.

– Pode se sentar, Kelly. - Mark falou e eu atendi - Precisamos conversar sobre o que houve com você. Tem alguma ideia? - respondi que não e ele prosseguiu - Bem, a substância que havia no seu corpo reagiu ao entrar em contato com o gelo, e você sofreu algumas mutações. - eu ouvi aquilo e fiquei apreensiva quanto ao tipo de mutação, eu esperava que não tivesse virado uma aberração alienígena - Seus ossos, que já eram mais resistentes, se tornaram fortes como diamantes. Eu diria que viraram diamante. E você tem em energia praticamente inesgotável dentro de você, que pode ser liberada a qualquer hora.

– Como assim “a qualquer hora”? - perguntei espantada - Não me diga que vou explodir.

– Não vai. - respondeu me acalmando - Será liberada quando você quiser.

– Quando eu quiser... - falei estendendo e olhando a palma da minha mão, um pouco incrédula. Fiz uma leve força coma mão, como se quisesse “liberar energia”, assim como eu fazia para atirar com minhas luvas. Um feixe de luz/energia - azul-clara, como sempre - saiu da minha própria mão e atingiu uma das lâmpadas da sala. A lâmpada se congelou e eu fiquei de boca aberta. Olhei completamente sorridente para Mark e Bruce - Isso é simplesmente... Fantástico! Desculpem pela lâmpada.

– Precisamos fazer um teste para confirmar se você ficou também resistente ao frio, o que é quase certo.

Fomos fazer os tais testes. Fui posta numa câmara que mais parecia um freezer, e foram diminuindo a temperatura. Apesar de notar que o ambiente estava frio, meu corpo parecia não sofrer dano algum, nenhum sinal de hipotermia, mesmo com os cientistas avisando que haviam abaixado a temperatura para 60 graus Celsius negativos. Eu já estava enjoada de tanto ficar deitada, saí da câmara e perguntei por Steve e Ethan, que estavam preocupados comigo no dia que quase morri.

– Eles não puderam ficar aqui esperando você acordar. - me respondeu Banner - Fury os enviou em missão. Mas eles não queriam se afastar.

– Ah... - falei pensativa - Escute, por quanto tempo eu fiquei desacordada?

– Dois dias e meio. - arregalei meus olhos, surpresa.

– Bem, não podiam ficar esperando mesmo. - falei ainda pensativa. Era muito bom saber que eu tinha poderes e coisas do gênero, mas eu queria saber o porquê daquilo. Por que eu tinha a tal substância dentro de mim? Será que eu era algum tipo de aberração? Eram questões que sempre estiveram em minha mente, e que agora, depois de tudo o que ocorreu, se tornaram mais fortes. Tive medo de ser alguma espécie estranha, em vez de um ser humano. Meus pensamentos foram interrompidos pela voz de Natasha.

– Oi. - falou da porta, entrando na sala - Tudo certo com você? - perguntou para mim e cumprimentou Banner. Fiquei ligeiramente surpresa com a preocupação.

– Tudo certo, acabo de descobrir que virei mutante. - respondi brincando.

– E qual o seu poder? - perguntou no mesmo tom divertido. Apontei o dedo para uma das lâmpadas da sala e a congelei, disparando o raio. Natasha pareceu gostar da novidade não tão nova assim - Pelo que vejo você incorporou o seu apelido, não há mais como fugir.

– Tony me batizou. - sorri - Vou ser grata a ele por toda a vida.

– Vai abandonar as armas pelas mãos?

– Não... - respondi olhando meus pulsos - Nunca vou largar as armas, sempre são úteis.

Passamos alguns minutos conversando, a forma amigável do momento me lembrou as visitas dela a mim, quando estive detida há quase dois anos. Eu gostava dessas tréguas, não era ruim. Talvez fôssemos amigas sem nos dar conta. Mark entrou na sala e a Romanoff se retirou, ficando apenas eu, ele e Bruce. Alguns bons minutos ouvindo sobre a resistência do meu corpo, minhas habilidades, meu novo poder, e tudo o que tivesse ocorrido em mim, e meus pensamentos voltaram a vagar sobre a origem daquele poder. Eu precisava saber. Fora uma vida inteira sem sequer uma ideia, bastava. Fury apareceu me parabenizando pela “descoberta”, mas eu havia parado de me atentar a eles.

– É muito interessante tudo isso que me dizem... - falei me dirigindo à porta, segurei a maçaneta olhando o corredor - Mas não me disseram o principal.

– E qual seria o principal? - perguntou Fury. Fechei a porta e olhei para ele e Mark.

– O que eu sou? - falei e respirei fundo por medo da resposta - Alguma aberração? Alienígena? - Banner se retirou, claramente demonstrou que esse assunto não era do conhecimento dele - Eu sou humana, ao menos?

– Sim, você é humana. - respondeu Mark. Fury pediu para que eu sentasse e eu atendi - Uma humana geneticamente modificada.

– Modificada... - fiquei menos tensa ao saber que não era um alien - Como?

– Você sabe que foi concebida por fertilização in vitro. - assenti com a cabeça - Antes de ir para o útero da sua mãe, seu pai inseriu essa substância, feita por ele mesmo, no embrião.

– Ele fez? - perguntei abismada, não imaginava que meu pai fizesse algo assim - Meu pai?!

– Sim. - dessa vez Fury falou - Ele era um cientista fantástico. No meio de um de seus experimentos, ele formou essa substância completamente desconhecida. Continuando suas pesquisas, achou interessantes os resultados para serem aplicados em humanos, exceto o contato com o gelo. - eu ouvia tudo o mais atenta possível, o que me espantava era o fato de alguém ser capaz de testar algo assim na própria filha - Injetou no embrião, que era você, por acreditar que o resultado seria uma pessoa um pouco mais evoluída com sua força e resistência. O que nós sabemos que deu certo.

– E como sabem tudo isso do meu pai? Ele... - a última coisa que eu imaginei por todos esses anos era que meu pai pudesse ter alguma ligação com a S.H.I.E.L.D. Minha mãe evitava falar sobre ele e eu não insistia perguntando. O que ela dizia era que ele morrera pouco tempo após o meu nascimento e que era muito inteligente.

– Ele fez parte da primeira equipe da S.H.I.E.L.D. - respondeu Fury - Foi morto quando você tinha menos de um mês de vida.

– E quanto a vocês? Já sabiam da reação que o gelo provocaria em mim? - se eu bem me lembrava, eles tiveram quase sete anos, desde a minha chegada, para pesquisar sobre isso.

– Sim. - Mark disse - Sabíamos sobre as reações nos ossos, nos músculos e no sangue. Mas não era possível controlar a energia emitida, de forma que resolvemos deixar os estudos arquivados pela falta de precisão desse resultado.

– Posso saber por quê?

– Porque não era do nosso interesse a possibilidade de ver morta uma agente do seu nível e com suas habilidades. - concluiu Fury. Fazia sentido.

Fui liberada para minha vida normal e dei uma leve treinada nessa minha habilidade, agora integrada ao meu corpo. Apesar do acontecido e das revelações sobre meu pai, eu estava me sentindo bem, pois essa parte da minha vida havia sido finalmente esclarecida. Treinei um pouco sozinha para me manter familiarizada com esse poder. Claro que eu imaginava que agora poderia fazer mais coisas que o que já vinha fazendo, mas naquele momento eu não estava afim de descobrir nada disso. Eu só queria voltar ao normal, pois me sentia como recém-chegada de viagem. Um coma de dois dias pode ser pouco, mas é o bastante para te deixar levemente estranho, e eu me sentia assim. Quando será que Steve e Ethan voltariam? Era ruim não ter suas companhias. Eu esperava que voltassem logo.

Um bom tempo passei ouvindo música com os fones de ouvido, Live To Rise e Smells Like a Teen Spirit faziam parte da playlist. Sempre achei o rock ótimo para momentos reflexivos. Sentada no chão, com os braços apoiados nos joelhos e a cabeça encostada na parede, comecei a pensar sobre meu pai. Ainda não compreendia o fato de ter sido usada como rato de laboratório por uma pessoa que deveria prezar pela minha vida. Mark dissera que a esperança dele era que eu fosse superior aos outros humanos, e assim poderia ter uma vida mais fácil e ser mais feliz. Parecia-me uma forma muito bizarra de amor. Talvez por isso minha mãe o houvesse deixado, não era admissível para uma mãe descobrir que o seu companheiro usou o fruto do amor dos dois como cobaia para experimentos. Nunca fui muito interessada em saber sobre meu pai, e me arrependi naquele instante. Eu gostaria de saber o que se passava naquela mente.

Só parei de refletir sobre meu passado familiar quando senti alguém retirando um dos meus fones de ouvido. Abri os olhos e me deparei com um par de olhos azuis de um loiro que estava todo sorridente para mim. Larguei os fones e abracei Steve, cheia de saudade, eu ainda estava um pouco perdida no tempo. Parecia que eu não o via há semanas.

– Ainda bem que você está bem, Kelly. - falou ao meu ouvido e eu o beijei - Você me assustou.

– Eu estava apenas sofrendo uma mutação. - respondi ironicamente - Nada de mais.

– Mutação? - perguntou franzindo a testa.

– Oi, bela adormecida. - Ethan falou e pigarreou, me fazendo olhar para ele, que estava atrás de Steve - Eu também estou aqui. - falou acenando. Levantei do chão e fui abraçá-lo também - É bom ver você de volta.

– Obrigada pela preocupação, obrigada. - eu me sentia sortuda por ter essas pessoas ao meu lado - A vocês dois.

– Não precisa agradecer. - respondeu Ethan - E quanto a essa história de mutação?

– Vamos sair? Eu conto todos os detalhes pra vocês. - falei - É que já cansei de ficar aqui.

Saímos da S.H.I.E.L.D. e fomos a uma lanchonete não muito distante dali. Contei a eles tudo o que me fora passado pelos cientistas sobre mim, incluindo a descoberta sobre meu pai. Apenas minhas reflexões mergulhadas ao som de Nirvana eu ocultei para contar apenas a Steve mais tarde. Não que eu não confiasse em Ethan, mas eu dirigia meus sentimentos e conversas mais pessoais a Steve, meu melhor amigo e agora companheiro. Durante a conversa, os dois concordaram que agora não havia mais como eu fugir do meu apelido, e fui obrigada a aceitar. De fato, esses dois dias e meio em coma fizeram surgir uma Ice Girl. Agora fazia parte de mim.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Se sim, comentem. Se não, comentem. Se foi indiferente, comentem.
Enfim, falem comigo haha.

Beijos, e até! ♥



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