Maybe escrita por Choi Guilherme


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Esta fanfic é Imayoshi Pov's. Dedico à minha kouhai.



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Até hoje, me lembro exatamente como nos conhecemos. Não a primeira vez que nos vimos, mas sim que nos conhecemos de verdade.

A primeira vez que nos vimos, ainda éramos crianças em um pátio de um colégio primário. Você estava embaixo de uma árvore lendo um livro. Era um livro muito grosso para alguém ler, principalmente uma criança de 9 anos. Eu me lembro de ponderar em minha mente que você era o garoto mais lindo que eu já tinha visto. Até suas sobrancelhas eram lindas, apesar de você sempre ter odiado-as. Tentei me aproximar de você, mas você parecia assustado. Acho que, por você ser tímido, os garotos mais velhos pegavam no seu pé, e eu, por ser mais velho, devo ter te assustado. Aquela foi a primeira vez que eu te vi.

Desde lá, passei a te observar com atenção durante todo aquele ano, até minha mãe resolver que eu deveria mudar para uma escola mais puxada, afinal, eu estava indo para o secundário. Fiquei muito triste ao saber que nunca mais iria te ver. Nem mesmo tive a chance de falar com você, ou sequer saber seu nome. Nunca vi ninguém te chamando, nunca soube qual era seu nome.

Quatro anos se passaram. Eu já tinha te esquecido, ou quase. Não me lembrava direito de você como costumava lembrar aos 10 anos. Você devia estar diferente agora. Eu apenas me lembrava da primeira vez que tinha te visto, porque foi o dia em que eu senti algo em meu peito. Será que é isso que eles chamam de amor à primeira vista ? Não sei.

Quando vi você passar por aquele portão, meu coração disparou. Eu estava apenas encostado em uma das paredes do corredor, observando discretamente. Você estava tão crescido, seu cabelo estava maior, mas você continuava lindo. Voce sempre foi lindo.

Entrou tímido no colégio carregando um livro, o qual eu me lembro muito bem, Guerra & Paz. Tão novo, porém sempre se interessou tanto por leitura. Isso me chamava bastante atenção em você.

Alguns dias depois, encontrei você na biblioteca, fazendo o que eu menos esperaria você fazer no mundo: Me observar. É claro que você acha que eu não te vi ali, porque você se escondeu atrás da estante, mas eu vi. Todos os dias, depois da aula, eu ia para a biblioteca para estudar ou simplesmente ler, e você sempre esteve lá me observando.
Aos poucos se aproximou.

Começou a me observar mais de perto, eu pude perceber. Das estantes, você foi para as mesas perto da que eu estava sentado. Um dia, finalmente, você tomou coragem e sentou na mesma mesa que eu. Estava fingindo ler um livro. Sim, fingindo, pois me lembro de ter chamado à sua atenção pois o livro estava de cabeça para baixo. Você corou e ficou mais vermelho que um tomate, arrumou o livro e fingiu ler. Fez qualquer coisa para evitar meu olhar. Eu perguntei por que você me observava todos os dias, você parecia surpreso de eu saber disso, mas você sempre soube que eu era alguém que podia quase que ler a mente das pessoas. Minha mente sempre foi mirabolante assim, sempre consegui mexer com os outros apenas com meu intelecto.

A resposta que você me deu naquele dia ficou gravada em minha mente. "Porque.. Eu conheço você, estudamos juntos, e eu não conheço mais ninguém nesse colégio, ninguém fala comigo.. Eu não queria ficar sozinho, me desculpe.. S-Senpai..". Você disse isso de maneira tão tímida e adorável ao mesmo tempo, eu queria apertar suas bochechas mas isso não seria viável naquele momento.

Desde então, passamos a andar mais juntos, você ia atrás de mim não importava aonde eu fosse. Sempre estava comigo. Almoçávamos juntos, íamos para a biblioteca juntos, voltávamos da escola juntos, eu te deixava em casa, por isso você nunca soube onde meus pais moravam, ou em tese não sabia. E sempre que algum rapaz maior passava perto de nós, você involuntariamente agarrava o meu braço, e assim, vendo que você estava comigo, o rapaz não mexia com você. Acho que isso era um trauma seu em relação ao primário. Eu não me importava de te proteger, até gostava.

Os anos foram se passando assim, e acabamos ficando bem próximos, até o dia em que eu te beijei. Naquele dia, ficamos mais do que próximos. Eu te beijei logo que você confessou que me amava.

Uma semana depois daquilo, eu recebi a notícia que havia conseguido uma bolsa de estudos para um ótimo colégio de Tóquio, para fazer o ensino médio. A única parte ruim ia ser me separar de você novamente.

Quanto eu te contei que ia mudar de colégio, a princípio, você não reagiu bem. Podia ver as lágrimas se formando no canto de seus olhos. Aproximei minha mão para secá-las, mas você se afastou, sussurrando que eu ia te abandonar, depois de tudo. Tivemos uma breve discussão, que terminou em uma briga com você indo para casa chorando e eu indo irritado.

Desde aquele dia, você nunca mais falou comigo. Eu pensei que nunca mais voltaria a te ver, você estava muito bravo comigo. Era o que eu pensava, até o dia em que eu fui assistir o seu jogo contra o colégio Seirin. Você estava mais diferente que nunca. Estava arrogante, rude e até meio sádico. E claro, desonesto.

Em nenhum minuto daquele jogo, eu tirei meus olhos de você, não que isso fosse perceptível aos outros.

Quando o jogo terminou, e o colégio Seirin foi vitorioso, você se retirou da quadra e foi para o lado de fora do ginásio. Era minha chance de falar com você depois de todo esse tempo.

Estava te procurando, andando pelos arredores daquele ginásio, até finalmente te ver em um banco, sentado olhando a chuva. Aproximei-me, e antes mesmo que eu pudesse me sentar ao seu lado, você me lançou um olhar mortal. Você estava completamente diferente. Ou talvez nem tanto.

Apesar de ter a visão ruim, sempre fui capaz de olhar melhor do que muitas pessoas. Pelos seus olhos, eu podia ver que estava mal por ter perdido o jogo - claro, ninguém gosta de perder, principalmente você - mas havia algo mais. Por mais que me olhasse de maneira zangada, era como se tivesse sentido a minha falta todo esse tempo, da exata maneira que eu senti.

O silêncio perdurava entre nós, até eu quebrá-lo.

"A noite está linda hoje. A lua está completamente cheia e visível." Eu disse. Você apenas soltou um rosnado, parecia entediado por eu estar puxando assunto.

Finalmente, sentei-me ao seu lado. Você podia ter levantado e ido embora. Podia ter me socado e mandado que eu saísse dali. Mas não, você permaneceu quieto ao meu lado. Por mais que estivesse com a aparência mais arrogante e rude, você ainda era o mesmo garoto quieto e inseguro. E eu era o único capaz de ver isso.

Eu segurei sua mão, você estava prestes a protestar, porém, com a proximidade que nossos rostos estavam, você não conseguiu dizer nada. Nossos rostos estavam à milímetros, e a angústia que senti por anos se alastrou rápido em meu corpo. Não pude impedir que meus lábios tocassem os seus. Rapidamente, nossas bocas estavam juntas, e minha língua explorava todo o território inteiror da sua boca. Pude sentir você protestar quanto ao beijo, mas quando eu estava para separá-lo, você abraçou meu pescoço quase se jogando em cima de mim desesperado.

Acabamos deitando no banco, você por cima de mim, me beijando desesperadamente.

Quando interrompemos para buscar ar, você levantou de cima de mim, envergonhado pelo seu ato, apesar da culpa ter sido minha.

"Eu senti a sua falta, Makoto.." Disse em um tom de voz sussurrado, apesar de querer gritar isso ao mundo. Ele ficou paralisado por alguns e virou o rosto, como se fosse me impedir de ver que ele estava vermelho como um tomate.

"Eu também, senpai.." Ele murmurrou quase inaudível. Para minha sorte, devido à minha péssima visão, meus outros 4 sentidos eram mais aguçados, então pude ouvi-lo.

Daquele dia em diante, mantemos mais contato do que nunca, e eu tive certeza absoluta que estava apaixonado por Hanamiya Makoto.

Talvez, se eu tivesse falado com ele quando éramos crianças, as coisas podiam ter sido diferentes.

Talvez, se eu tivesse ignorado ele nas muitas vezes que ele me observava na biblioteca, as coisas podiam ter sido diferentes.

Talvez, se eu não tivesse mudado de colégio no ensino médio, as coisas podiam ter sido diferentes.

Tudo poderia ser diferente.

Sinceramente falando, eu não queria que fosse diferente. É claro que talvez as coisas poderiam ter sido bem piores, ou não, mas eu não mudaria nada do que aconteceu.

Atualmente, eu e Makoto vivemos juntos, estamos casados há 2 anos. Todos os dias, quando eu olho em seus olhos, eu me apaixono por ele novamente.

É.. Eu não gostaria que as coisas tivessem sido diferentes.


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Notas finais do capítulo

É isso, espero que tenham gostado. Sei que é um casal um tanto 'secundário', mas eu gosto de casais assim. Obrigada pela leitura.