Uma conversa, Duas pessoas e Uma razão escrita por GabrielaGQ


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Tive essa ideia enquanto lembrava de uma música. Precisei escrever e espero que vocês gostem.
Ficou um pouco grandinha hahahaha
Tentei escrever me colocando no lugar da Molly!
Here we go!



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Me sentei e me aconcheguei perto do corpo dele.

– Aqui o seu chá. Então, sobre o que estávamos falando?

– Bom, eu ia começar a me desculpar com você.

Fiz uma cara de surpresa enquanto assoprava meu chá.

– Sherlock Holmes está pedindo desculpas?

Pude ouvir ele sorrir e também assoprar o chá dele.

– Não se faça de engraçadinha. Sim, me desculpar Molly, por todo o meu comportamento com você durante esses últimos anos. Ok, não somente os últimos anos, mas todos os anos em que nos conhecemos.

Ele realmente estava falando sério, então parei de sorrir e o encarei.

– Você está falando sério? Você aparece no meu apartamento e quer se desculpar por ter sido um arrogante, egoísta, sem coração e insensível todos esses anos?

– É, eu sabia que você entenderia. Só você consegue me descrever com os mínimos detalhes.

Entendi a ironia e não pude segurar a gargalhada. Realmente, eu ainda tinha muitas palavras para descrever Sherlock e não, elas não eram boas. Mas vou guardar algumas para depois, elas ainda me podem ser úteis.

– Você se lembra do dia em que eu conheci o John, Molly? Sabe, aquele dia, que eu falei do seu batom?

Onde ele está querendo chegar com isso? Batom? Ah sim, o dia do café.

– Lembro. “Café, preto, com açúcar, estarei lá em cima”.

Ele pareceu não entender.

– Você me disse isso quando eu te convidei para ir tomar um café comigo, lembra? Sabe Sherlock, naquele tempo você não era tão inteligente como pensava.

Bebi um gole do chá enquanto disfarçava o sorriso por ter “ofendido” Sherlock Holmes. Então vi que ele me olhava com um olhar indignado.

– Que foi?

– “Você não era tão inteligente como pensava.”

Ele disse imitando o meu jeito de falar, enquanto fazia uma careta. Fiz uma cara de indignada e dei um tapa nele. Calma, foi um simples tapinha.

– Bom, você podia até achar que eu não era tão inteligente, mas que você já tinha uma queda por mim naquela época, você tinha.

Ele bebeu um gole do chá dele e sorriu. Tenho certeza que meu rosto ficou vermelho e bebi um gole do meu chá também.

– Mas enfim. Você se lembra. Quando eu falei sobre seu batom, eu não quis ser indelicado Molly, apenas achei que tinha ficado... bem... em você.

– É, e pra isso você comentou dizendo que eu nunca usava batom.

–É, mas você não usava mesmo.

Olhei novamente para ele com um olhar sério.

– Onde você quer chegar com isso?

Ele pôs a xícara de lado e olhou nos meus olhos. Não posso explicar o quanto isso mexe comigo, mas você pode procurar sobre Sherlock Holmes na Internet e dar uma olhada naqueles olhos.Tenho certeza que você vai achar que são os olhos mais espetaculares da Terra. E agora, esses olhos estavam olhando para mim, especialmente para mim. Acho que Sherlock nunca parou para olhar para mim ou se já olhou, eu nunca vi.

– Eu quero dizer que... gosto de você de batom.

Então ele sorriu enquanto desfazia aquele momento mágico e pegou a xícara dele de novo. Eu juro, nunca vou entendê-lo.

– Ta bom, vou pensar em usar batom mais vezes.

Eu realmente estava confusa.

– Na verdade, eu já usei batom mais vezes. Teve a vez do Natal...

Então eu me recordei do Natal. Sem querer a minha voz falhou e fez com que ele me olhasse de novo. Mas agora o olhar tinha mudado. Era como se ele tivesse com pena ou arrependimento, não sei. Estava difícil organizar meus pensamentos porque eu não sabia o que Sherlock estava fazendo às 22h no meu apartamento e muito menos sabia o que ele queria com essa conversa.

– Peço desculpas pelo Natal também.

É, acertei. Um olhar de pena e arrependimento. Tentei sorrir.

– Não, tudo bem. Você já se desculpou lembra? E eu ainda ganhei um beijo na bochecha.

Continuei sorrindo para ele e recebi um sorriso de volta. Ele já sabe que eu gosto dele então entrei no jogo de “brincar com meus sentimentos”. Na verdade todo mundo já sabe que eu gosto de Sherlock. Tem até alguns grupos na Internet que sabem, não sei como, mas sabem. Dizem que eu e Sherlock somos Sherlolly. Tem até rumores sobre Sherlock e John, Johnlock, mas particularmente, acho essa idéia absurda. Sim, talvez eu pesquise sobre Sherlock na Internet, mas, é que eu preciso ficar atualizada. Nunca se sabe quando o próximo ataque a Londres vai surgir, então fico atualizada.

Só então percebi o silêncio que estava na sala.

– Eu gosto de ficar te observando.

Olhei para Sherlock e vi que ele realmente estava me observando. Não sei por quanto tempo, mas estava. Isso me assustou um pouco. O bom é que ele não podia ouvir meus pensamentos. Ou pode?

– Fique tranqüila, infelizmente não consigo saber o que você ta pensando.

Ele pôs a xícara no chão, ao lado do colchonete em que estávamos sentados e percebi que ele já tinha acabado o chá dele. E eu aqui, nem tinha começado direito.

– Eu realmente gostei de passar um tempo no seu apartamento Molly.

Quase engasguei quando ele disse isso.

– Ah cuidado, não vai se engasgar. Sou péssimo em socorrer pessoas.

Não consigo segurar e novamente sorrio.

– Péssimo? Você já salvou John quantas vezes, deixa eu ver...

Fingi que pensava e contava nos dedos, ele sorriu me olhando fazer graça.

– Não foram tantas vezes assim.

Ele continuava me encarando, olhando no fundo dos meus olhos. Senti ele se aproximar de mim e como não consigo controlar, meu corpo estremeceu. O que ele estava fazendo?

– Você se lembra do nosso beijo?

Ele dizia pausadamente, caprichando no tom grosso da voz dele. Engoli o gole de chá que eu tomava calmamente e tentei não encará-lo. Sem sucesso, é óbvio, por que não consigo controlar minhas ações perto dele. Mas naquele momento, Sherlock tinha um olhar que já tinha visto em inúmeros namorados meus, mas nunca tinha visto nele: um olhar de desejo.

– Lembro. Por que Sherlock?

Tentei parecer casual, mas novamente minha voz falhou.

– Eu realmente te surpreendi não foi Molly?

Podia sentir a respiração dele perto de mim. De repente, parecia que alguém tinha ligado o ar quente e que a sala estava muito pequena e apertada para nós dois. Respirei fundo e acho que ele percebeu.

– O que me surpreendeu na verdade, foi o barulho da janela e a sua pose de galã, ajeitando o casaco e sacudindo os cabelos.

Disse e passei a mão naqueles cachos bagunçando aquele cabelo impecável que realmente, eram macios. Respirei ainda mais fundo quando coloquei a xícara de lado e me ajeitei perto dele. Ele então sorriu pelo meu comentário.

– Pose de galã? Você achou mesmo?

Então ele se endireitou e ajeitou o casaco que vestia, passando a mão pelos cabelos. Não pude deixar de rir. Sherlock Holmes estava tentando ser engraçado, pra mim. E ele até que estava conseguindo.

– Sim, a pose era de galã, mas o beijo...

Fiz uma cara de “foi péssimo” e balancei a cabeça. Novamente o fiz ficar com o olhar indignado. Me segurei para não rir.

– Então quer dizer que meu beijo foi ruim?

– Sinto muito Sherlock, mas nem em tudo você é bom.

Sorri, enquanto fazia piada do melhor beijo da minha vida. Era ótimo deixar ele constrangido, assim não mostrava o quanto eu estava constrangida com todo esse contato íntimo e essa conversa estranha.

– Eu posso tentar melhorar Molly.

Não era essa a resposta que eu esperava. Olhei para ele e novamente ali estava: o olhar de desejo. Ele então começou a se aproximar e a olhar constantemente para minha boca. É, Sherlock Holmes ia me beijar. Agora já sentia o calor da respiração dele, mas meu coração estava tão acelerado que até Sherlock poderia ouvi-lo bater.

– Ai!

Alguma coisa tinha interrompido mais um momento mágico. Percebi que eu tinha beliscado ele. Não disfarcei meu olhar de assustada. Definitivamente estava provado que eu não dominava minhas ações perto dele.

– Desculpa, eu... hã... eu só queria saber se esse momento estava realmente acontecendo, que era realmente você... aqui.

Pior desculpa do mundo Molly Hooper! Você deveria ter SE beliscado, não beliscado ELE.

– Tudo bem. Uau, Molly realmente doeu.

O beliscão tinha pego na parte da barriga descoberta pelo casaco. Daquela vez, nem a camisa violeta o protegeu de Molly Hooper. Não era assim que eu pensava que iria dizer essa frase, mas... Agora ele tinha levantado a camisa pra examinar o beliscão. Oh Deus, porque ele estava fazendo isso? Senti meu coração acelerar ainda mais, enquanto observava a cor branca da barriga dele. Só de imaginar como deveria ser olhar para tudo...

– Me desculpa.

Ele levantou o olhar e começou a sorrir.

–Então você gosta de beliscar?

– Sim, quero dizer... na verdade não.

Antes de terminar de falar, senti Sherlock vir para cima de mim e começar a me fazer cócegas. Não sei como ele sabia, mas eu sentia cócegas em quase todo meu corpo. Não conseguia decidir o que fazer, se sorria, gargalhava, gritava ou lutava para tirar as mãos dele de cima de mim. Estava começando a achar que me apaixonava por ele. Não que eu já não fosse apaixonada, mas agora eu tinha motivos para gostar dele. Acho que não usarei mais aquelas palavras ruins para descrever Sherlock.

Então ele parou, saiu de cima de mim e sentou novamente. Se ajeitou e continuou a me olhar. Eu ainda estava no chão, reunindo forças para parar de rir e me levantar, quando meu coração quase parou.

– Você me ama Molly?

Congelei. Não sabia o que fazer. Os segundos se passavam e eu ainda não tinha me movido. Então reuni forças e me sentei agora olhando ele de frente. Estava com um olhar sério. Não resisti.

– Quem te ama é o John, Sherlock.

Tentei sorrir, mas ele continuou sério.

– Não faça piadas Molly, você é péssima nisso.

– E você é péssimo em imitar os outros.

♫♪

Continuei sorrindo e vi ele sorrir também. Ufa, tinha desviado do assunto.

– Posso ser péssimo em imitar os outros, mas sei fazer cócegas muito bem.

Tive que concordar com a cabeça e respirei fundo.

– Já que você não quer responder a minha pergunta, eu vou falar então. Molly eu não sou uma pessoa perfeita, na verdade estou bem longe disso. Tem muitas coisas que eu gostaria de não ter feito e muitas outras que eu gostaria de ter feito. Mas eu demorei para me aperceber disso. Para mim, tudo sempre estava bom e quando não estava, algum crime aparecia e consertava tudo para mim. Mas então tudo mudou. Teve uma razão para tudo isso mudar.

Ele deu uma pausa e me encarou. Definitivamente, tinha acabado o ar naquela sala, porque eu estava tendo enormes dificuldades para respirar. E alguém chame uma ambulância, estou tendo um ataque cardíaco.

– Eu ainda estou aprendendo Molly. Esses últimos anos me ensinaram muitas coisas que eu jamais pensei em aprender. Então eu notei um sentimento crescendo dentro de mim. Na verdade, acho que ele sempre esteve em mim. Estava quando eu te olhava descobrir os corpos no necrotério, estava quando você apresentou Jim para mim e para John, estava quando via que de alguma forma eu tinha magoado você, estava quando você me deu aquele presente no Natal e eu nunca quis dizer aquelas coisas horríveis para você, eu me arrependo até hoje. Eu já pedi perdão, mas para mim não é o suficiente. Eu precisava mostrar que você era importante pra mim. Então veio o beijo e ... porque você está sorrindo?

Fui pega de surpresa com aquela frase.

– Eu... eu não... estava sorrindo...

Ótimo, continue a gaguejar.

– Estava sim. Mas, onde eu estava mesmo?

– Você disse que precisava mostrar o quanto eu era importante para você.

– Ah é, isso mesmo.

Ele parou novamente.

– Era por isso que você estava sorrindo?

– Continue Sherlock!

– Então para mostrar que você era importante para mim eu convidei você para solucionar crimes comigo e...

– Foi a coisa mais romântica não foi? Bem melhor do que a minha proposta de ter um jantar.

Ele me olhou desconfiado.

– Sem fazer piada Molly.

Sinalizei que ia ficar quieta e que não ia falar mais nada.

– Quando te convidei, não queria que você fingisse ser o John. Na verdade, eu nem estava interessado no crime, já o tinha solucionado só pela descrição que fizeram da cena para mim. Mas eu só queria uma oportunidade para te ver e dizer que você era a pessoa que mais importava...

Não consegui evitar e repeti as últimas palavras com ele, apenas mexendo os meus lábios.

– Peraí, você decorou o que eu disse?

Continuei quieta.

– Molly?

– Você diz pra eu ficar quieta e depois quer que eu fale?

Ele sorriu e se mostrou impaciente.

– Eu estou tentando dizer que te amo e você não está ajudando.

Congelei de novo.

– Ah agora, quem está sorrindo hein?

Ele dizia sorrindo e olhando para mim. Era óbvio que eu não iria responder aquela pergunta, meu cérebro ainda estava processando o que eu tinha acabado de ouvir. Sherlock estava tentando dizer que me ama?

– Molly?

Senti ele tocar no meu braço.

– Por favor, não vá passar mal agora. Eu ainda tenho algumas coisas pra falar.

Apenas acenei concordando com a cabeça e ele continuou.

– Depois que eu percebi que sentia alguma coisa por você, eu me arrependi ainda mais de ter machucado você. Era algo que eu teria que conviver diariamente e toda a dor que eu te causei, eu realmente gostaria de acabar com ela de algum jeito. Eu fiz você se relembrar de tudo isso hoje, porque eu achei uma razão para mudar quem eu costumava ser. Uma razão para começar tudo de novo.

Ele agora olhava profundamente nos meus olhos.

– E a razão é você Molly.

Não respondi e continuei olhando nos olhos dele. Um silêncio dominava a sala.

– Você poderia pelo menos responder se você me ama?

Ele sorria, tentando fazer graça. Acho que pela primeira vez na vida, Sherlock se demonstrava inseguro. Precisava de uma resposta minha para não parecer que tinha feito um papel de bobo em se declarar pra mim. No fundo eu estava curtindo torturar ele, mas precisava dar uma resposta.

Ainda não sabia que resposta, ele tinha me pegado totalmente de surpresa.

– Esse foi o motivo para você aparecer aqui e termos tido toda essa conversa estranha?

– Sim. E não foi tão estranha.

– Ah foi sim. Você não é doce e gentil e muito menos costuma relembrar o passado.

– Eu não sou doce e gentil?

Ele fingia estar magoado.

– Eu realmente pensei que essa tinha sido a melhor declaração de toda a minha vida e você...

– Essa foi A ÚNICA declaração que você fez na sua vida Sherlock. Ah não ser que você conte o pedido de casamento a Janine como uma declaração...

Cruzei os braços e fingi estar emburrada. Ele revirou os olhos.

– Já cansei de te explicar que não era de verdade Molly, você já pode desfazer esse biquinho e essa cara emburrada.

Ele riu enquanto apertava minha bochecha.

– Você está mudando de assunto para não responder a minha pergunta?

– Eu? Mudando de assunto? Que pergunta?

Eu fingia estar desinteressada e não ligar pro assunto. Na verdade, eu estava completamente assustada e com medo. O que ele queria que eu dissesse?

– Vamos Molly, me responda e chega de tentar ser engraçada por hoje. Você não é boa nisso.

– Eu estou com medo Sherlock.

Pela primeira vez, estava falando sério. Vi o sorriso no rosto dele desaparecer.

– Por que medo Molly?

– Na verdade, um pouco assustada também. Você acha que é fácil pra mim ouvir tudo o que eu sempre quis que você dissesse e cair automaticamente nos seus braços? Não é fácil esquecer o passado Sherlock e algumas feridas ainda estão aqui.

– Eu sei Molly, mas você não ouviu o que eu disse? Eu quero começar tudo de novo e a razão é você. Sempre foi você.

– E como eu vou saber que você está sendo sincero e falando a verdade?

– Você realmente acha que eu seria capaz de brincar assim com seus sentimentos?

– Você sempre fez isso para conseguir o que você precisava, não era?

Ele parecia estar ficando magoado com as minhas perguntas.

– Na verdade era, mas eu mudei. Deixa eu te mostrar que eu mudei Molly. Estou te pedindo uma chance.

Ele pegou minha mão e a beijou.

– Só assim poderei mostrar o quanto eu te amo.

Eu ainda o olhava nos olhos. Não sabia o que pensar. Respirei fundo e deixei meu coração resolver o que queria fazer. Depois de alguns segundos, sabia que eu tinha tomado uma decisão.

– Eu aceito ser a sua razão Sherlock. Não preciso dizer que te amo, então...

O vi abrir um sorriso de orelha a orelha e não agüentei e sorri também.

– E algum dia você vai admitir que eu sei fazer piadas sim.

Sem hesitar ele se aproximou e me beijou. Ternamente, gentilmente e apaixonadamente. Posso dizer que foi um beijo melhor que o outro, definitivamente.

– Não Molly, você não sabe fazer piadas.

Ele sorria quando se separou de mim, ainda segurando minha cintura e me puxando para perto dele.

– Obrigado por aceitar ser minha razão e por me deixar mostrar um lado meu que você não conhecia.

Apenas sorri enquanto fechava os olhos, aninhada ao peito dele.

– Sherlock, então quer dizer que vamos ser definitivamente Sherlolly?


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Bem sem nexo mas veio esse momento romântico na minha cabeça hahaha Culpem Orgulho e Preconceito e a minha paixão repentina pela Elizabeth e Darcy ♥