O acampamento ceifador - Interativa escrita por Nisameto no Yutai


Capítulo 6
Um brilho rubro na floresta


Notas iniciais do capítulo

Hey povo o/ coautor Mateus aqui o/ Sentiram saudades? Eu também :D Segue aí mais um capítulo com POV do Luke. Boa leitura :D



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Capítulo 6

POV – Lucian Von Noxer

Logo depois de apresentar Leona, a vampira, a todos do acampamento, percebi que Kailon já tinha resolvido sua briga com a humana Hunter e ela estava correndo na direção da cidade. Algo em sua expressão me fez perceber que ela estava amedrontada demais para denunciar o acampamento.

— Como esses humanos são complicados! — meu amigo Kailon sorriu quando viu que mais um integrante estava se familiarizando com o pessoal do acampamento. — Vejo que sua habilidade com criaturas sobrenaturais é muito melhor do que eu pensei.

Sorri para ele e procurei minha tenda. Recolhi minhas asas e arrumei as cobertas de linho e seda que estavam espalhadas no chão forrado de minha pequena casa. Acendi algumas velas e sentei com as pernas cruzadas. Respirei fundo e iniciei uma oração a todas as almas da cidade e aos companheiros sobrenaturais que também se recolhiam.

Dormi por um longo tempo e sonhei com as ruínas sagradas que encontrei quando segui o rastro de Leona. O acidente que me transformara em anjo acontecera há muitos e muitos anos, mas eu ainda lembrava de todos os detalhes de minha vida mortal. Eu costumava visitar uma igreja muito parecida com a que encontrei a vampira durante os anos que namorava minha querida Sasha.

Acordei pensando nos cabelos ruivos de Sasha. Meu sentido sobrenatural apitou assim que saí de minha tenda. Um vento frio balançou as árvores que cercavam o campo de sobrenaturais.

Um calafrio percorreu minha espinha e eu agarrei meu colar com o símbolo do Olho que Tudo Vê. Uma onda de energia me acalmou e eu farejei o ar. Um cheiro de eletricidade me fez virar para a esquerda, onde ele estava mais forte. Todos ainda estavam dormindo, então aproveitei o silêncio e me misturei com as sombras da floresta e segui na direção do cheiro.

Quanto mais eu andava, mais forte ficava o rastro. Notei um reflexo de metal eu uma samambaia perto de mim. Então o sujeito usava uma arma. Saquei meu chicote de prata e me preparei para atacar a fonte do cheiro e do reflexo de metal.

Quando afastei as plantas e vi a sombra que estava na minha frente, congelei. Os cabelos ruivos e a face jovem da garota, a forma como ela sorria, tudo isso me fez lembrar de meu antigo amor. A moça olhou para mim e seus olhos verdes faiscaram com o relfexo da luz solar. Ela carregava uma pequena faca de aço polido com o cao feito de madeira e detalhes em ouro.

— Q-Quem é você? — a menina perguntou com uma voz frágil. Tão frágil quanto meu coração naquele momento. Ele se partiu ao perceber que a garota não era minha amada Sasha. A expressão da jovem mudou e eu senti uma onda invisível penetrar em minha mente. — Você… é um anjo?

— Se você gosta de anjos com asas azuis – sorri e liberei minhas asas. Estas capturaram toda a atenção da garota, que me olhava como se eu fosse uma estátua famosa de algum museu. — Qual o seu nome, se me permite questioná-la?

— Ah, eu me chamo Pyor – a garota tremeu quando percebeu minha formalidade. Me amaldiçoei por ser tão antiquado e me aproximei dela.

Pyor guardou sua faca e continuou olhando para mim. Encostei minha mão esquerda no rosto delicado da menina e respirei fundo. A aura de Pyor se revelou roxa e enigmática, como todo o mutante. Ela se afastou de mim quando percebeu minhas habilidades. A pobre garota deve ter sofrido antes de me encontrar.

— Diga-me, Pyor — usei meu tom mais caloroso com ela — o que você faz neste trecho tão perigoso da floresta? Seus pais sabem que você se perdeu?

— Meus pais… morreram — ela abaixou a cabeça. Xinguei a mim mesmo por fazer uma pergunta tão estúpida. — Eles foram assassinados pelo mesmo grupo de bestas que me transformou no que você acaba de descobrir. E é justamente deste grupo que eu estou fugindo, eles me encurralaram enquanto eu saía de meu trabalho esta manhã. Temo que já tenham…

Um barulho em uma moita perto de nós interrompeu a mutante. Segurei meu chicote com força e tentei ver através dos arbustos. Uma densa névoa começou a brotar do chão. Me virei para Pyor, mas ela sacudiu negativamente a cabeça, aquilo não era obra dela.

— Ora, ora se não é a bonequinha Miyamoto que resolveu fugor de nós… — uma voz rouca e arrastada ecoou pela neblina. — Parece que arranjou um amigo, não é? Vamos ver como ele se defende de uma gangue como a nossa.

Meu sentido sobrenatural apitou mais uma vez e eu me joguei no chão puxando Pyor comigo. Naquele exato momento uma faca de arremesso passou zunindo perto de nós. Cinco formas escuras surgiram na névoa. O maior deles tinha dois chifres e carregava facas entre seus dedos.

— Ah, o anjo é bem rápido — o que tinha chifres acenou com suas mãos cheias de lâminas. A aura do grupo era tão negra quanto a de… um demônio. — Pyor, minha querida, não acha que a brincadeira de esconder perdeu a graça? Vamos, só queremos que faça parte de nosso grupo.

Um dos sujeitos que estava do lado do vulto com chifres se desmantelou em inúmeros bichos. A menina gritou de pânico quando viu as criaturinhas correndo em sua direção. Eram pequenas aranhas negras que corriam para perto da mutante.

Sorri e invoquei minha forma de Caído. Minhas asas ficaram negras e meus olhos ficaram vermelhos. O símbolo de meu colar queimou em meu peito nu e e estalei meu chicote na direção dos bichos.

Os três vultos que acompanhavam o ser com chifres se revelaram: era mutantes horrendos, com partes do corpo cheias de tentáculos, escamas e todas as coisas nojentas que um monstro pode ter.

O líder foi o último a sair da neblina. Ele usava uma calça preta surrada e cheia de poeira e uma jaqueta de motoqueiro que decorava seu músculos vermelhos. O físico da criatura faria qualquer um correr para a academia para ficar igual a ele. Os chifres vermelhos brilhavam em uma aura negra e maligna. Os olhos amarelos do demônio focaram em mim.

— Você? — a criatura contorceu seus lábios rubros e mostrou os dentes afiados. — Não lembra de mim, Lucian? Ah, é claro que nunca vai esquecer do bom e velho Zaryxtos, não é?

— Faço questão de apagar da memória qualquer lixo igual a você! — gritei com Zaryxtos. — Não me agrada respirar o mesmo ar que um demônio manipulador e tarado.

— Ah, não seja tão amigável meu caro — o demônio sorriu. Sua cauda balança atrás dele. — A dança nem começou.

As aranhas que eu acertei com meu chicote se regeneraram e continuaram a avançar para cima de Pyor. Ela se agarrou em meu peito e eu a abracei. Flutuei a tempo de ver os bichos frustados gincharem e se juntarem. A figura grotesca que se formou com o agrupamento dos bihcos era magra, alta e fedia a esgoto.

— Lucian — Pyor sussurou em meu ouvido — acho que posso cuidar disso.

— Tem certeza? — olhei para ela. Seus olhos estavam fixos nos meus. Ela acenou positivamente e eu a fiz flutuar.

A moça sorriu e tirou sua faca da cintura. Uma onda de energia vermelha contornou o braço direito, que segurava a arma, e transformou a faca em uma espada que ardia em chamas eternas. Os olhos da menina ficaram roxos e ela avançou para cima do sujeito fedorento.

Os dois começaram uma luta feroz e cheia de sons metálicos. As unhas do homem que se transformara na horda de aranhas se alongara e viraram garras de aço. Faíscas saíam para todos os lados todas as vezes que as armas se chocavam.

Olhei para os três capangas de Zaryxtos e estalei meu chicote na direção de um com pinças de escorpião. Ele se debateu e tentou me acertar. Joguei o homem contra um árvore próxima e ouvi a coluna dele estalar. O segundo abriu asas de morcego e tentou me arranhar com garras muito compridas e sujas. Vermes saíam dos braços carcomidos do capanga.

Estalei os dedos e fiz o ar ao redor de mue inimigo alado sumir. Observei o homem colocar as mãos em seu pescoço e no desespero acabar arranhando a própria garganta. Acertei as asas de morcego com meu chicote e as mesmas se partiram em mil pedaços.

O último esticou seu pescoço cheio de escamas e tentou me lamber. Recuei e segurei a língua da criatura. Ele engasgou e tentou encolher seu pescoço. Enrolei meu chicote nas escamas dele e arranquei sua cabeça.

Pyor estava indo bem na luta contra o homem que controlava aranhas. Ela desferiu um golpe certeiro com sua espada e partiu o inimigo em dois, que apodreceu no instante em que fora tocado pela lâmina ardente.

— Meus melhores companheiros foram derrotados com tanta… facilidade — Zaryxtos sorria ao olhar para os corpos dos capangas. O primeiro que eu derrotei gemeu e esticou a mão para seu líder. Este se virou para ele e tacou uma faca em seu peito com ferocidade.

— Você está bem? — perguntei para Pyor. Seus cabelos estavam desalinhados e suas roupas estavam um pouco gastas. Reparei que ela era um típoca adolescente: Usava uma blusa branca com a estampa de uma banda de rock, calças apertadas e escuras, um tênis moderno que os humanos chamam de ''all star'' e vários anéis de prata e ouro.

— Sim — ela ainda tremia um pouco. Provavelmente não superaria seu medo de aranhas, mas sou a prova de que o tempo cura qualquer coisa.

— Ah, que cena romântica — Zaryxtos sorria para nós. — Ela realmente é parecida com Sasha, não é mesmo, Luke?

— Jamais pronuncie o nome dela e o meu apelido na mesma frase — rosnei para meu inimigo. — se não quiser virar espeto de mutante-demônio.

Ele rosnou para mim e tirou um bastão de suas costas. A arma brilhou com a mesma intensidade de meu chicote. Impossível! Um demônio nunca poderia segurar uma arma de prata!

Notei que o brilho do bastão sumiu aos poucos. Era aço encantado, provavelmente para fortalecer os ataques do tirano. Pulei e estiquei minhas asas. Uma onda de energia negra saiu delas e foi direto para o peito de Zaryxtos. Ele caiu perto de uma pedra.

— Desgraçado! — urrou o demônio. — Como consegue ser tão forte?

— Simples — sorri ao lembrar de meu pequeno conflito com Leona. — Você pode ser um dos mutantes mais ardilosos que eu já conheci. Mas nada supera bons séculos de renascimento como anjo. Pyor, me passe sua espada.

A menina obedeceu e jogou a arma. Meu inimigo arregalou os olhos. Era uma esmada de fogo eterno, a mesma que Gabriel usa para expulsar os seres malignos que atravessam seu caminho. Olhei com desprezo para o ser caído aos meus pés e cortei sua cabeça. O sangue negro espirrou na rocha que estava ao lado de Zaryxtos.

Pyor via tudo com um pouco de medo. Com toda a certeza era a primeira vez que ela via sangue de demônio. Abracei o corpo frágil da garota e ela olhou para mim. Por um breve momento ela analisou meus pensamentos e aproximou seu rosto do meu.

Arregalei os olhos ao perceber o que ela queria. Eu prometera a mim mesmo que jamais chegaria tão perto de uma garota. Especialmente uma garota tão ruiva e bonita quanto minha antiga amada. Mas eu precisava superar meus traumas.

— Você — ergui o queixo de Pyor — tem os olhos mais bonitos que já vi.

Encostei meus lábios nos dela e me apoderei de sua boca com vontade e paixão. Finalmente a geleira que se formara em meu coração se partira e ele batia novamente. A garota ficou confusa por algum tempo e logo depois se entregou.

Exagerei um pouco de minha força e lancei nós dois na grama macia da floresta. Pyor soltou uma exclamação e quebrou o beijo. Ela começou a rir e eu olhei confuso para ela.

— Até que para um anjo caído você é sarado demais — ela me provocou. Beijei novamente Pyor e a levantei.

— Para uma mutante… — escolhi bem minhas palavras — você é tão bela quanto as estrelas deste mundo.

Ela riu novamente e me abraçou. Caminhamos até o acampamento abraçados e Kaiolon foi o primeiro a nos ver. Ele estava reunido com as outras criaturas sobrenaturais do acampamento. Leona olhou para mim com supresa em seus olhos.

Levantei os ombros para ela e movi os lábios silenciosamente formando a frase: ''já viu uma ruiva tão bonita quanto ela?''. A vampira riu e voltou a conversar com os companheiros. Pyor estava se enturmando com os outros mutantes do acampamento.

Tudo realmente estava indo bem. O Sr. C saiu de sua tenda e saudou a todos. O dia seguiria a mesma rotina. Levar os campistas para uma ronda, coletar informações sobre a organização de extermínio de monstros e voltar com a turma de sobrenaturais para o acampamento. Mas naquele dia eu descobri um motivo a mais para viver.


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Notas finais do capítulo

Hey! Só eu que estou shippando Lupyor? kkkkkkk enfim. Gostaram do capítulo?



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