Eu eles e Nós escrita por Lanny Missmuse


Capítulo 19
Capítulo 14 - Lana


Notas iniciais do capítulo

Ae galerous será q a Lana vai dar o braço a torcer? E agora que ela está confusa e tals...

O caps é enorme tive que dividir i sorry



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Não precisei esperar muito para falar com ele. Incentivado por Ang (era quase uma certeza, por que ela deixara escapar que conversara com ele no fim de semana e na segunda-feira ele me ligou) que não deixou a desejar no seu papel de conciliadora.

Meu celular começou a gritar na bancada (sim, ainda era o mesmo toque). Fiquei olhando ele por um tempo até que atendi.

— Até que enfim! Você me faz fazer cada coisa! – ele quase gritou, mas seu tom era feliz e sua pronuncia ainda ruim, mas ouvir a voz dele me fez um bem enorme. Como senti saudades dele!

— Você é um tremendo trapaceiro sabia. – tentei parecer severa, mas estava felicíssima – Usar minha amiga é um golpe muito baixo.

— A gente usa as armas que pode. – ele riu – Quando você vai finalmente vir me ver? Matt quer falar com você.

— Seu português é tão ruim quanto eu possa me lembrar.

— Estou melhorando... Por que nem comigo você quer falar? O que eu fiz a você? Merda Lana eu merecia um pouco mais de consideração, achei que fosse seu amigo! – ele ia começar a dizer todas as coisas que estavam engasgadas desde dezembro. Eu tinha prometido que ia escutar tudo calada por que merecia, mas aí ouvi alguém resmungar do lado dele e meu coração ficou apertado por que imediatamente reconheci quem era – Vamos acabar logo com essa babaquice e conversar.

— Pelo computador vai ser melhor – tentei argumentar. Eu os conhecia o suficiente para saber que um telefonema no meio da noite tinha intenções mais especifica que uma conversa pelo MSN.

— Você podia vir para a Itália...

Viajar agora ia vira minha vida de cabeça para baixo. Deixar o trabalho, a faculdade, jogar tudo para alto e correr atrás deles não era uma boa ideia e a troco de que eu faria isso? Dentro da minha cabeça, porém, tinha uma voz irritante gritava incessantemente: “Você não quer encará-los, sua covarde!”.

Sim, eu era uma imensa covarde.

— Dom eu... Não posso... Tem o meu trabalho e a faculdade...

— Você não está em posição de impor alguma coisa. – ele resmungou em inglês, perceptivelmente raivoso – E você mente muito mal, mesmo em português.

Ele foi muito claro, sempre era quando caçoava de mim e meu tom não me ajudava a ser convincente.

— Por favor, Dom não torne tudo mais difícil – pedi suplicante.

— Droga Lana, se não quer ver ele pelo menos venha me ver! – ele suspirou e me pareceu tão triste que meus olhos lacrimejaram – Eu sinto sua falta garota.

E era por isso que eu evitava a todo custo falar com eles, principalmente Dominic. Por que eu sabia que quando o ouvisse pedir desse jeito, não conseguiria dizer não... Ah Dominic eu também senti a sua falta!

— Preciso desligar agora, mas está tudo pronto, basta se decidir. – Dom cuspiu as palavras e tive que me esforçar para entender – Mandei um e-mail com a explicação de sempre. Se vier, me ligue por que quero ir buscá-la no aeroporto.

E então ele desligou.

Dominic deixou a decisão em minhas mãos. Se eu decidisse não ir e conversasse com Matt pelo MSN, eles não ficariam satisfeitos mais entenderiam. Só que não era justo e não era o que eu realmente queria fazer.

— Nem pense nisso.

Mamãe estava de braços cruzados na porta, me olhando com ar de reprovação total. Pelo visto, ela tinha ouvido toda a conversa. Respirei fundo e tentei por as ideias no lugar.

— Pensei que tinha esquecido essa loucura!

— Eu deveria ir... Resolver as coisas, não pode ficar tudo como está.

— Por quê? O que você deve a eles?! – o duplo sentido na última pergunta me magoou. Ela ainda pensava um monte coisas de mim e do Muscle.

— Será que a senhora nunca vai entender? Nunca vai compreender que somos amigos e...

— Que amizade nociva é essa Lana?! Você larga tudo por eles e o que fazem? Humilham você e se desfazem, como um brinquedo que a criança mimada cansou de brincar... Descartável, é isso que você é para eles... – ela fez uma careta de nojo – Você perdeu sua identidade minha filha! A Lana sensata e racional onde está? Agora você fica aí pelos cantos, chorando sozinha no quarto ouvindo essas músicas horrorosas, vivendo por viver Lana! Eles levaram a sua vivacidade embora!

Achei que estava representando direitinho, que ninguém notaria a minha infelicidade. Mas mamãe percebeu. Pela primeira vez na vida ela tinha me notado de verdade.

— É mais complicado do que imagina... Por isso preciso ir, para ter minha vida de volta. – olhei para ela.

— É no mínimo não se dar o devido valor! Você não tem nenhum amor próprio? – ela entrou no quarto e apontou na minha cara – Eu não vou mais tolerar isso, ouviu? Fique avisada que eu não permitirei que as coisas fiquem como ano passado. Não vou! Se você decidir ir atrás deles, que seja para terminar isso definitivamente e que seja a última vez Lana! – ela foi para a porta outra vez – Seja lá o que você ainda deve a eles, resolva tudo e volte! Mas volte para nunca mais ir ou então vai se arrepender!

Ela foi embora depois de jogar suas repreensões na minha cara. Era assim mesmo, eu nunca fazia o que mamãe esperava.

Fui para o computador verificar o meu e-mail. Enquanto abria, dei uma passadinha no site do Muscle no Brasil para ver as novidades. Achei um vídeo postado no dia anterior por Isa de uma rápida entrevista com Dominic e Matt. Eles falaram sobre o encerramento da turnê, planos para o novo álbum e as expectativas para a premiação europeia até que...

— Houve rumores de que você ia casar Dom e vimos você circulando por aqui ano passado com uma misteriosa ruiva – o entrevistador soltou um risinho – Na verdade ela era quase como um quarto membro do Muscle, quinto se considerarmos o tecladista de vocês como membro da banda também!

— Nós a convidamos para fazer um back vocal em algumas faixas do novo álbum – foi a vez de Matt soltar um risinho, que se transformou em gargalhada histérica e Dom teve que bater nele para que parasse. O entrevistador ficou sem graça e rapidinho mudou de assunto. Eles eram uma dupla difícil de entrevistar, principalmente quando se toca na vida pessoal deles. Olhei o e-mail e estava tudo lá, qual balcão pegar a passagem, horário de voos e escalas e o itinerário do Muscle. Até tinha o assunto: Urgente! Esse Dominic.

No dia seguinte já estava tudo pronto para partir. Liguei para o meu trabalho pedindo dispensa por uns dias, acabei ganhando uma suspensão e se não voltasse em três dias ganharia um cartão vermelho (era um estágio, meu supervisor era o Farias e depois do nosso encontro frustrado ele andava meio desgostoso comigo!).

Parece que a bagunça tinha voltado.

***

Deixei mensagem no celular de Dominic, avisando que estava a caminho. O pretensioso já sabendo que eu iria, já tinha se programado direitinho e sendo assim, quando saí do portão de desembarque ele estava lá com seu imenso sorriso. Foi reconfortante vê-lo outra vez, só que minha coragem de dizer adeus morreu no momento que ele me abraçou.

— Cansada? – ele passou o braço sobre meus ombros enquanto pegava a alça da mala.

— Essas conexões me matam! – começamos a andar, saindo para a manhã linda e clara da Itália – Ainda é de manhã e eu podia dizer que a viagem foi curta, mas estou dura de ficar sentada tanto tempo!

A gargalhada contagiante dele apareceu, eu ri com ele.

— Quando chegarmos você pode descansar, vou providenciar uma massagem para você!

— Seu grande patife! Eu deveria torturá-lo com Hanna Montana por pelo menos quinze dias por usar minha amiga Ang.

— Eu sempre consigo tudo que quero – ele deu um meio sorriso cínico – Nunca se esqueça disso. Entramos no táxi.

— Caramba garota! Senti sua falta – ele me apertou no seu abraço outra vez e eu permiti feliz, me sentindo à vontade para me aconchegar a ele.

— Tenho que confessar que senti a sua também...

O momento do embaraço, aquele de despertar lembranças desagradáveis.

— Você ainda está muito magoada? Fiquei aflito e furioso quando foi embora. – ele falou depois de um tempo – Quando mamãe disse que ajudou você a ir eu entendi tudo.

— Eu queria que...

— Você foi embora pelos motivos errados e por isso fiquei tão furioso. – ele tirou o cabelo dos olhos. Ele não cortara desde a última vez que o vi e estavam caindo nos olhos.

— Dominic! O que esperava que eu fizesse?! – me afastei dele e olhei pela janela – Depois de tudo que aconteceu olhar para todo mundo e sorrir?

— Foi tudo um grande mal entendido... Minha família, Matt...

— Nada de mal entendido com relação a Matt, Dom eu entendi direitinho – minha voz foi sumindo... As palavras de Matt ainda eram muito vivas na minha memória – Como não entender que Matt me culpa por toda essa bagunça?

Ficamos em silêncio, Dominic sabia que eu estava certa. Ele estava lá, ouviu tudo que Matt disse!

— Ainda acho que vocês precisam conversar – disse ele me olhando – Tudo que aconteceu, ainda tem muita coisa mal explicada. Se você soubesse...

— Dominic isso já foi longe demais – olhei para a janela, vendo a paisagem – Odeio admitir, mas acho que Matt estava certo. E se for tudo confusão da minha cabeça? Você sabe como eu sou idiota para inventar coisas onde não existem!

— Lana – ele segurou minha mão, acariciando-a com o polegar – Eu sei que você está disposta a acabar com tudo, se afastar de vez, mas pense bem, por favor. Fale com Matt primeiro... Sei o quanto está sendo difícil, essa vida é difícil até para nós às vezes... Não vou forçá-la se for demais... Eu sei que tudo está intenso e confuso... E sei também que você está apaixonada por Matt.

Desviei o olhar, não era uma pergunta, era uma afirmação e isso me incomodou.

— Com Matt é diferente, eu sei... Por que você não quer se abrir? Pensei que confiasse em mim.

— Eu não gosto de falar do que não entendo Dom – voltei meus olhos para ele – Mas isso não importa mais Dom... Eu nunca faria Matt escolher entre mim e o amor da vida dele.

— Você não tem certeza se é assim!

— Como não Dom? Você conhece Matt desde os treze, sabe exatamente do que estou falando.

— É por isso que eu penso assim. – o motorista parou e eu percebi que tínhamos chegado ao hotel – Nessas coisas nunca se tem certeza de nada.

Saímos do táxi e entramos no hotel. Dominic tinha colocado Helen para trabalhar por que meu quarto era no mesmo andar que o deles e bem do lado do dele. Na frente era o quarto de Chris e Matt estava no quarto ao lado do dele.

Enquanto ele despachava o carregador eu fui para a sacada olhar a vista. Muito lindo! Fiquei absorta olhando até ouvir a porta bater.

— Ei garota você veio! – Chris entrava quarto adentro. Ele estava maior, não sabia exatamente o quanto, mais estava (talvez por que estivesse mais bonito do que nunca!).

— Nossa! Chris! Você está ficando cada vez melhor. – ele me enlaçou pela cintura e me deu um abraço esmagador – Até sua pronuncia melhorou!

— Sabe como é a gente tem que cuidar da imagem – ele deu aquele sorriso safado – E a idade vêm chegando...

— Nossa, falou o ancião! – nós começamos a rir.

— Oi menina! – Helen abriu a porta do quarto – Chris, Dom. Já estamos descendo.

— Eu tenho que ir garota – Chris deu um beijo na minha testa – Depois a gente conversa mais, temos uma entrevista para fazer agora.

— Isso mesmo – Dom veio se despedir – Tome um banho, relaxe e coma alguma coisa. Depois venho fazer aquela massagem que prometi. Matt deve vir falar com você daqui a pouco quando chegar...

— Onde ele está? – a parte delicada da viagem. O famoso “Ou vai ou racha!”.

— Saiu com Morgan, mas deve voltar logo.

Eles se foram e eu fui tomar um banho. Quando saí do banheiro e pedi algo para comer, enquanto esperava, fui arrumar minhas coisas pelo quarto. Só as coisas necessárias, como minha bolsa de produtos de higiene, escova, roupa de dormir e etc. Pensei em Dominic e no quanto ele acertou sobre mim. Era incrível como ele me conhecia! Dominic sempre sabia o que esperar de mim, parecia ler meus pensamentos. Um dia perguntei a ele como ele me conhecia tão bem.

— Você é como Matt, Lana, não é difícil de desvendar. – ele me respondera – Como naquele livro que você vive lendo... – ele gesticulou – Como é mesmo? Ah lembrei! Alguém muito jovem quase uma criança deveras inteligente, mas de uma inocência incurável.

E para responder ele citara um trecho do meu livro favorito. DH Lawrence sempre me fascinou.


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Notas finais do capítulo

Obrigado pelas emotions via inbox Nathy laviola e Gaby Cardoso. Aos outos leitores muito mas muito obrigada por acompanharem



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