Eu eles e Nós escrita por Lanny Missmuse


Capítulo 15
Capítulo 11 - Lana


Notas iniciais do capítulo

Outro capitulo enorme para dividir i sorry. É que a Lana como toda garota tem todos os pormenores na versão dela



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No dia seguinte voltei para o Brasil. Helen me despachou rápida e eficiente como sempre, ela foi até me deixar no aeroporto.

— Bem garota, faça boa viagem – ela me abraçou – E obrigado mais uma vez pela ajuda na história do Chris.

— Pena que os resultados não foram tão positivos assim.

— A culpa não foi sua, que eu sou uma boba mesmo – ela deu um muxoxo – Mas você fez um bom trabalho com os comentários maldosos e conteve os meninos. Eu ia penar o diabo se você não estivesse com a gente! Obrigado Lana

. - De nada – eu a abracei de novo – Cuide deles direitinho para mim.

— Vou tentar! – nós rimos – Sabe garota, estou surpresa com tudo isso. Você vai para Devon com eles em dezembro e isso me deu a profundidade da amizade de vocês! Garota, você fez um bem danado ao Muscle e eu só peço que você não desista deles, mesmo que tudo se torne difícil por que eu sei que vai ser... Mas não desista deles ouviu?

— Não vou desistir!

— Tudo bem, então boa viagem e até não sei quando! Se você vier em dezembro, eu já estarei em Paris aproveitando as férias.

— Então boas férias antecipadas a você!

* * *

Voltei para casa bem diferente do que tinha ido. Mais diferente do que da última vez. O Muscle estava provocando uma mudança drástica em mim. Nesse meio tempo que passei com eles pude perceber muitas coisas e ver como estava sendo conformista e injusta comigo mesmo. Passados os momentos de loucura, descobri mais de mim do que imaginava. No entanto, voltar tão diferente para os mesmos problemas não foi algo bom. Só que não se pode fugir dos problemas. Mamãe me recebeu como sempre, mas pude ver que ela ainda achava estranha minha relação com o Muscle e não a via com bons olhos. Quanto a Leo, ela estava estranhamente dócil. Não fez piadinhas, não me provocou e nem soltou seus comentários ácidos para mim em nenhum momento. Só fui entender o motivo duas semanas depois.

— Lana eu preciso de sua ajuda – ela apareceu no meu quarto de repente numa noite em que eu estava fazendo meu trabalho de economia.

— O que foi Leo? – ela fechou a porta e sentou na cama

— Estou enrascada! Preciso de uma grana urgente para pagar a faculdade esse mês – ela me olhou cautelosa – Tive que gastar o dinheiro por causa de uma coisa aí...

— Que coisa?! – me virei para olhar para ela. Leo tinha um dom incrível para se meter em encrencas.

— Tive que ajudar uma amiga...

— Você não... – ela baixou os olhos e eu entendi tudo. – Foi o dinheiro que você gastou naquela viagem estúpida com o Fernando não foi?

— Eu precisava viajar Lana... Para que ninguém desconfiasse.

— Oh meu deus! Não me diz que você não estava grávida e resolveu... – num triz eu saquei tudo!

— Era necessário – me cortou se nenhum arrependimento no tom de voz – Eu não posso ter outro filho agora, agora que retomei a faculdade e Miranda está finalmente crescida... Foi muita estupidez eu sei, mas ter um filho agora ia ferrar minha vida de vez! Como eu sei que mamãe e você jamais aprovariam, decidi não dizer nada e inventar a viagem, a única coisa que podia acontecer era a mamãe fica furiosa por eu sumir alguns dias.

— Mas Leo, isso... Isso é...

— Errado? – ela me encarou, seu tom irônico – Por que é errado? Então você acha certo eu ficar presa a uma vida escrota só por que eu dei uma mancada?! Para você é muito fácil falar irmãzinha doce e ingênua, não é você que vai ficar horas insones por que tem que cuidar de um bebê em cólicas. Não é você que não vai poder sair com seus amigos por que tem que voltar para casa para cuidar dos seus filhos, não é você que não pode chegar tarde em casa. Não é você que vai ter que explicar sempre para qualquer homem que você conhece que só por que você tem filhos, que você tem que transar com ele no primeiro encontro... Não é você que vai ter que esperar uma pessoa maravilhosa que entenda e aceite que você tem filhos e que vai precisar dividir você com eles...

Seu discurso me emudeceu e fiquei calada por algum tempo. Leona às vezes era assim, soltava suas emoções num jato e quando eu menos esperava. Era doloroso vê-la sofrendo e não ter como confortá-la, mas Leo era inacessível na maioria das vezes e implicava mais do que conversava.

— Eu preciso pagar a faculdade ou mamãe vai descobrir e ela já tem motivos suficientes para implicar comigo – ela suspirou – Só estou pedindo para tornar nossa vida mais fácil Lana!

— E se você fizer novamente?

— Não vai acontecer de novo. – ela remexeu o cabelo louro – Estou tomando as devidas providências.

— Eu espero...

— Você vai arrumar o dinheiro? Se não confia em mim, você pode ir pagar se quiser. Eu lhe dou o boleto.

— Tudo bem.

Ela se levantou e foi embora. Depois me senti tão deprimida que larguei o trabalho pela metade e fui colocar uma das minhas playlist para tocar enquanto ficava jogada na cama pensando como a vida era uma bagunça.

* * *

Os meses seguintes foram bem movimentados para mim. Eu estava cheia de coisas na faculdade e também minhas amigas estavam sempre inventando algo para fazermos. Isso ajudou um pouco a me distrair dos meus próprios problemas e confusões da minha cabeça...

As coisas estavam confusas para mim. Era Matt, isso eu não podia negar. O problema era que eu tinha que negar por que nada poderia ser feito! A Lana estúpida se apaixonou pela pessoa menos provável e isso só ia me matar por dentro. Pode até ser exagero, mas era assim que eu me sentia. Depois da nossa “quase transa” as coisas com Matt finalmente se resolveram e eu o conheci de verdade. Acabei ficando encantada por ele! Nós ficamos mais próximos e eu percebi nele o mesmo encantamento...

Mas ele estava confuso e eu não ia disputar o amor dele com Natálie, não mesmo. Apesar das enormes diferenças entre eles, ele a amava era evidente, por mais que agora ele parecesse confuso com relação a mim. Para o meu azar, eu não conseguia esconder meu descontentamento... Eu não podia ir para Devon desse jeito!

Percebi que não conseguia disfarçar quando Rodrigo tocou no assunto. Foi de repente e a conclusão dele foi tão simples que me chocou. Eu e Patrícia estávamos no hall da faculdade esperando a aula começar. Ela pedia com afinco que eu lhe mostrasse minha tatuagem mais uma vez.

— Nossa Lana, é tão linda! Mas eu não teria coragem de fazer.

— Eu também não, mas eu tive um surto de loucura em Roma e acabei fazendo.

— Nem acredito que você fez uma tatuagem Lana e tão grande! Virei para olhar o dono da voz. Rodrigo me olhava com o olhar reprovador.

— E eu nem acredito que você está falando comigo. – falei no mesmo tom dele, só um pouquinho mais ácida!

— A gente precisa conversar.

— Já conversamos tudo que tínhamos para conversar – virei o rosto. Nossa última conversa foi terrível e eu já estava com problemas suficientes.

— Por favor, Lana...

— Eu dou a matéria para você depois amiga, pode deixar. – Patrícia sorriu incentivadora. Olhei para Rodrigo e depois para Patrícia, ela assentiu.

Fui pegar minhas coisas na sala e sai com ele. Fomos para o Forte, era um lugar especial para mim por que ficava na parte histórica da minha cidade e mostrava resquícios do tempo da colonização brasileira. Um lugar muito bonito. Encontramos um lugar para sentar que ficasse um pouco distante do restaurante, onde pudéssemos conversar sossegados. Passamos um tempo em silêncio, apenas olhando a baia que se estendia à nossa frente.

— Você se divertiu muito nas viagens. – não era uma pergunta. Continuei em silêncio esperando que ele falasse – Ang não parava de me dizer todos os lugares que você tinha ido e quando falava com você... Contou que você foi ao show fechado do Velvet.

— Por que você não vai direto ao assunto? Como está a Vanessa?-

— Ela está bem... Mas perdeu o bebê.

— Perdeu? – eu arqueie a sobrancelha. Eu não acreditei nele.

— Foi Lana, se não acredita em mim pode perguntar a ela ou a suas “amigas” – frisou a última palavra, ressentido. – O médico disse que acontece que não é para ela se preocupar que vai poder ter outros filhos... Não era para ser.

— Você não espera que eu agora corra para os seus braços só por que agora não tem mais bebê nenhum, espera?

— Sei que você não faria isso. – ele suspirou – Eu só queria que soubesse que sinto a sua falta.

— Rodrigo. Pode ter se passado um tempo, mas não vou mudar minha decisão. Esse tempo me deu chance de refletir e ver que eu não o amo mais e eu não posso enganar mais você... É egoísmo demais!

— Você está envolvida demais com o Muscle. – observou. Fiquei um tempo em silêncio avaliando o quanto eu estava envolvida com o Muscle.

— Estou, mas não do modo como pensa. Eles são meus amigos e se eu preciso atravessar o atlântico para vê-los não vou hesitar em fazê-lo, seria assim com qualquer amigo meu... É o que eu faço com Ive quando vou ao Rio – deixei escapulir uma risadinha – Claro que com ela é esporadicamente por que ambas somos duras!

— Então tudo se resume a dinheiro – ele me olhou e eu lhe lancei um olhar tão cortante que Rodrigo emudeceu – Desculpe, não quis ofendê-la.

— Dominic se tornou o irmão que eu sempre quis. Ele me protege, me dá conselhos, ele se parece comigo e por isso nos aproximamos tanto... Chris é um fanfarrão, mas é um cara muito legal e apaixonado pela esposa e Matt... – meu tom se perdeu quando sempre acontecia quando eu falava dele – Matt é alguém especial, um amigo muito querido que agora faz parte da minha vida e tem uma noiva que ama muito. Todo mundo muito bem resolvido e você nunca precisaria se preocupar com eles.

Fitamos-nos e Rodrigo ficou um tempo em silêncio, ponderando minhas palavras eu acho.

— Não, não é verdade – ele me olhou bem nos olhos – Você não é muito boa em disfarçar seus sentimentos Lana. Essa é uma das desvantagens de ser tão verdadeira, você não consegue esconder nada – ele pegou minha mão – É Matt não é? Você está apaixonada por ele... Você está triste por que sabe que ele ama outra pessoa com quem não pode competir.

Não consegui segurar as lágrimas e elas caíram silenciosas pelo meu rosto. Rodrigo segurou meu rosto delicadamente.

— Você não precisa mendigar o amor dele Lana! Eu te amo, estou aqui implorando para você voltar comigo por que eu amo você e você não precisa sofrer desse jeito por algo que não tem futuro! Não é justo...

— Quem foi que falou para você que a vida é justa?

— Você está sofrendo por que quer!

— Rodrigo, nada vai mudar se eu voltar para você e agora será ainda pior do que antes! Antes não havia ninguém para comparar, só insatisfação... Agora tem Matt e eu não posso arrancar isso de mim ou simplesmente passar por cima e te amar de novo... Acabou! Dessa vez acabou de verdade. Não percebe?

Rodrigo me deixou em casa e dei graças a deus por ela estar vazia. Quando e cheguei fui me trancar no quarto para desabafar minha angustia. Chorei copiosamente por mim mesma, lamentando a minha falta de sorte e por estar causando o sofrimento de Rodrigo. Ele tinha razão em tudo que disse e doía mais perceber como eu estava sendo estúpida! Apaixonar-me por Matt fora um erro tremendo que eu pagaria com minha infelicidade. Depois de algum tempo chorando, ouvi o barulhinho inconfundível das mensagens instantâneas whatsapp. Era Matt, a última pessoa que eu queria falar aquela noite! Saí do aplicativo e voltei a verter outra torrente de lágrimas. Meu celular começou a gritar (gritar mesmo. Eu consegui uma versão ao vivo de “Enjoy your Mind” do Muscle em que Matt faz um agudo de estourar os tímpanos e ela acabou virando o toque do meu celular!).

Era Matt outra vez, ele devia estar muito ansioso para falar comigo e quando se tratava de fazer o que queria ele era tão perseverante quanto Dom. Fiquei olhando para o celular tocando, sem coragem de atender, rezando para que ele desistisse. Só que ele não desistiu, o celular tocou mais oito vezes até ele deixar uma mensagem na caixa postal.

— Parece que você está ocupada demais para falar comigo, então quando puder me ligue ou entre no skype... Natálie me disse hoje que pode estar grávida! Fiquei surpreso por que ela é a miss neura e nunca dá um deslize, mas talvez seja verdade... Isso pode ser uma coisa boa no fim das contas... Liga garota!

Mordi o punho para que os soluços não ficassem tão altos.


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