– AOMINECCHI!!!

Lá vinha ele outra vez. Aquela figura alta, loira e escandalosa. O rapaz suspirou, sem diminuir seu ritmo, apenas esperando pela chegada brusca daquele que um dia foi seu parceiro nos jogos.

– AOMINECCHI!!!

Afinal, qual era o problema dele? A distância entre eles era pequena, então por que gritar? Kise não possuía noção alguma sobre o que era discrição. E céus, como Aomine odiava isso!

– AHOMINECCHI!!!

Ah, claro. Aquele apelido. Como se não bastasse o sufixo imbecil que o modelo insistia em usar para qualquer um que dissesse respeitar, ainda tinha aquela mistura retardada que Kagami fizera com seu nome.

– AHOMINECCHI!!! MATTE!!!

Mas afinal, por que o loiro insistia nessa imbecilidade de chamar os outros por “cchi”? Aquilo começou com o ace da Touou, e era pra ficar só no nome dele. Quem havia dado o direito de Kise sair chamando qualquer um assim? ELE era quem jogava com Kise horas e horas fora do treino, ELE é quem saía com o loiro para tomar sorvete quando ficavam até tarde no ginásio. ELE é quem ajudou o modelo imbecil a fugir de suas fãs histéricas no dia dos namorados e ainda pagou um bolo para aquela bicha louca se aquietar. ELE é quem ficou do lado do amigo quando sofreu com a morte de seu gatinho, e mesmo que para Aomine parecesse idiota, apoiou Kise a noite toda, escutando as lamúrias daquele ser que mais parecia uma mulher com pinto.

E era ELE, e só ELE quem tinha o direito de receber o sufixo estúpido do modelo com ideias ainda mais estúpidas de ficar gritando no meio da rua por alguém que estava há dois metros de distância.

– PARE AGORA AOMINECCHI!!!

– MAS QUE MERDA KISE, O QUE VOCÊ QUER?!

E como se fosse a deixa em algum filme americano, Aomine tropeçou no cadarço e, sem qualquer noção de equilíbrio, nosso querido jogador foi, atônito, de cara no poste da esquina com um grito e um barulho que, para a segurança física do poste, não fosse de algum osso quebrado.

Daiki ficou ali, de cara no chão, tentando entender a situação em que estava, até observar, pelo canto dos olhos, uma mão grande e alva.

– Eu tentei te avisar, Aominecchi, mas você não parava. – Kise embicou – Seu tênis estava desamarrado.

Aomine o encarou, sem qualquer expressão aparente. Os olhos dourados percorriam todo seu corpo estirado no chão, preocupados. A mão continuava estendida, esperando pela aceitação. Kise ignorava qualquer sinal de discrição como sempre, mas era de se esperar vindo de alguém que parecia um cachorro mal treinado e pronto para dar amor a qualquer um que lhe oferecesse um osso.

Aquele loiro era um saco, irritante e grudento, mas, ainda assim, era o loiro que tornava sua vida monótona algo que valia a pena, com todas as provocações do moreno que sempre arrancavam gritos indignados do ace da Kaijo, olhadas impróprias no banho, e um sorriso discreto nos lábios quando aquele protótipo de cachorro vinha lhe encontrar e pedir por um one-a-one até anoitecer.

– Podia ter dito desde o início. – Ralhou o maior, aceitando a ajuda. – Me deve um jantar agora. Na sua casa.

– E-Eh? – Kise corou, enquanto Daiki se abaixava para amarrar o tênis e evitar sua possível morte. – O que você vai querer comer, Aominecchi?

– Não importa, o prato principal será você.

– N-NANI?! OE AHOMINECCHI NO ERO!!!

Aomine abriu um meio sorriso, continuando seu caminho sob os protestos de Kise. Talvez Daiki não ligasse tanto para o fato do loiro ser irritante e grudento.

Afinal, ele era o seu Kise.