Lust and Faith escrita por Fontaine


Capítulo 1
Pain without love.


Notas iniciais do capítulo

(Paain~ I can't get enough~)



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A pessoa do outro lado do vidro não parecia ele.

O reflexo era completamente diferente do que estava acostumado.

Aquele espelho estilhaçado mostrava a aparência que evitara por anos. Revelava a sua verdadeira identidade, e as consequências que por muito tempo temera. Nunca fora tão bonito, por mais que certo informante dissesse que aquela era a sua única e exclusiva qualidade.

As aparências nunca pareceram tão importantes, mas ouvir aquilo doía.

Ficava pior quando ele mesmo notava isso.

Os fios que anteriormente eram tingidos com um tom belo de dourado não mais tinham tal cor radiante. O cabelo estava manchado, mostrando mais o lado escuro da cabeça. O olhar âmbar era contornado por fortes olheiras, tão negras quanto o tom natural da própria franja. E, espalhadas pelo corpo, muitas marcas.

Mordidas, hematomas, queimaduras. Tudo que Orihara tinha vontade de fazer consigo, fazia.

E era por isso que estava daquele jeito agora.

"...Você pediu por isso, Kida-kun."

As mãos pálidas repousavam, com um carinho quase incomum, nos ombros do mais novo. Pressionavam-os com calma, os dedos ágeis fazendo o simples trabalho de massagear o local. Entretanto, apesar da atitude gentil, o sorriso maldoso jamais abandonava a sua expressão.

Um sorriso tão cruel quanto o de um assassino.

Olhos de um tom tão escuro quanto o sangue.

Orihara Izaya estava o matando, e os pequenos gestos eram apenas um aviso de que coisas piores viriam.

"Cale a boca."

A mente gritava, completamente embaralhada em um turbilhão de devaneios agressivos. E a tão temida risada sarcástica escapava dos lábios do informante, como uma lenta tortura. Sentiu os toques deste descerem pelo tronco, e quase sentiu-se claustrofóbico com tanta proximidade. Cada olhar que o moreno dirigia para si o intimidava, como se estivesse despindo-o.

E, na verdade, era uma questão de tempo até que ele realmente o fizesse.

"Huh. Você é tão fraco."

Ao sentir a própria cintura sendo agarrada, fechou forçadamente os olhos. Não se obrigaria a testemunhar tudo que ele faria consigo. Não, não de novo. O desespero dominava o seu interior cada vez que tentava impedi-lo, já que não tinha tais capacidades. Seu corpo não tinha mais condições, e a sua única opção era ceder. Quanto menos insistisse, mais rápido seria. Mais cedo acabaria.

Porém, aquilo não passava de uma lógica frágil. As coisas aconteciam repetidamente, em um círculo vicioso. Tinha algo similar à paz por algumas horas, nada mais, nada menos.

Porque buscar uma falsa tranquilidade havia se tornado a sua única esperança. Não podia mais sair de casa, nem mesmo ir para a escola. Todos os seus contatos foram cortados de imediato pelo mais velho, e ele o alimentava muito pouco.

Já havia afundado há muito tempo, e já tinha plena noção de que suportaria, no máximo, alguns meses.

"Kida-kun", ele começou, andando devagar e consequentemente levando o loiro consigo. Assim que prensou-o contra a parede, prosseguiu. "você não está correspondendo às minhas expectativas.", mais um sorriso. "Eu quero ouvir você chorar. Eu quero que tente me impedir, e quero ver você falhar", fez uma pausa. "ou você só vai se tornar um brinquedo desnecessário, e eu vou ter que acabar com você."

A facilidade que o maior tinha em falar coisas daquele tipo o apavorava.

Não conseguia entender, e nunca entenderia, como um ser humano poderia agir sem focar nenhum sentimento além da luxúria em seus movimentos.

Nunca compreenderia, nem se tentasse, o quão profunda era a mente do informante.

Ele era apenas um monstro de profundos olhos escarlate; e o mais novo não passava de sua próxima vítima.Seus braços eram as cordas, e ele era a presa.

Os fios morenos foram agarrados pelos dedos do rapaz, revelando algumas mechas loiras perdidas em sua raiz. O toque era forte, e tal ato fez com que o mais novo soltasse um grunhido quase automático. Não se surpreendeu ao notar o semblante satisfeito do outro, já que aquela atitudeera perfeitamente normal para alguém como ele.

"Nós vamos tentar de novo", sussurrou. A voz melodiosamente trocista como a de um demônio, o timbre que jamais deixaria de causar-lhe arrepios. "É um teste. E se você falhar, eu jogo você fora."

E assim que fora solto, abaixou a cabeça, submisso. Engoliu o choro que quase teimara em vir, guardando-o para qualquer outro momento.

As coisas jamais mudariam.

E, por serem assim, ele rezava todos os dias para que falhasse de uma vez.


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Notas finais do capítulo

c:



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