Subúrbio escrita por rosario cubas


Capítulo 1
Unique


Notas iniciais do capítulo

Nada a dizer, acho. Essa fanfic é, sim, baseada na vida real, embora não na minha.
Eu tentei fazer dela Drabble, mas então lembrei que drabble era cem e não mil palavras, então ficou assim.



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Embora ninguém soubesse, e talvez nunca iria saber, sentiria sua falta.

Era incrivelmente esperto e o único que entendia minhas piadas e ria delas mesmo que fossem sem graça. Sabia tudo sobre mim mesmo que eu não tivesse o dito metade das coisas. Eu era convencida, sabia que era inteligente e me gabava, mas ele não, constantemente se chamava de burro e fazia tudo parecer mais difícil do que era. Talvez fosse para me fazer sentir melhor, talvez não, mas apesar de tudo isso, sempre melhorava meu humor ajudá-lo.

Nossa “conexão” começara quando ele e Albus viraram parceiros de Poções, no terceiro ano. Albus Severus e eu éramos inseparáveis quando menores então, consequentemente, eu e ele fomos apresentados. Uma vez me chamara de Cabeça de Fósforo e lembro-me em ter pensado “um apelido? Será que somos íntimos a esse ponto?” e desde então, entre apelidos condescentes como “machinho” (por causa das roupas largas e que eu tinha apenas umA amigA e vários outros amigOs), meio que viramos amigos também.

Apesar de ter sido certo alvo de olhares andando de um lado para outro com Albus, o assédio não foi nem parecido com a demanda de piscadelas que eu e ele recebíamos quando andávamos juntos. Na época, obviamente nunca pensara nele como uma paquera, ou em mim mesma como alvo sexual. Era só conversa e, em boa parte do tempo, discordância.

Ele era TÃO incrivelmente teimoso, mas eu também era. Ainda sou. Nossos argumentos eram sem dúvida os mais deliciosamente válidos em discussões, tanto em assuntos parciais como em brigas, e combinávamos tão bem quanto pudesse possível ser entre duas pessoas tão diferentes. Estava com ele, em um dia chuvoso e lamacento em que a aula de Herbologia tivera sido cancelada, quando fiz a mim mesma a promessa. De toda aquela gente que Hogwarts abrigava, não continha mais que quatro pessoas o grupo de pessoas cuja companhia eu apreciava, então decidi que iria sair dali tão cedo quanto poderia. Ele nunca soube, só contara a Hugo e Anne. Naquela mesma semana mandava currículos meus para faculdades trouxas e bruxas, e partiria daquele país mais rápido que se podia dizer “formatura”. Eu quase conseguia ouvir os sinos ilusórios de liberdade. Achava que ser adulta e sair de lá me ajudaria a crescer, expandir meu conhecimento e minha linha social. Estava errada.

De tudo o que se poderia dizer dele, o que mais me boquiabria em Malfoy era que ele tinha a boca mais santa que se podia ter. Seu objetivo de vida era, literalmente, acabar a escola e ficar rico para poder viver e fazer o que quisesse sem se prender a sonhos; nunca acreditou em sonhos, o Scorpius, e constantemente repassava a premissa. Uma semana antes do início do seu último ano letivo, seu avô morreu, deixando para o filho tudo o que tinha, de dinheiro limpo até bens cujas existências eram desconhecidas até sua morte e, Draco, já no auge da carreira, passou direto ao filho, que, ao completar dezoito anos, somente alguns dias antes de se formar, decidiu desistir da carreira no Ministério (órgão esse que desprezava) e viver disso, investindo aos poucos no que achava que o manteria assim.

Três anos depois, quando voltei da Nova Zelândia já formada em Arqueologia, descobri pelo próprio Scorpius que ele ainda vivia disso e tivera muito sucesso nos investimentos. Estava mais bonito, não parecia em nada com aquele que discutia comigo sobre quem era mais vadia no fundo da aula de Adivinhação, e estava bem. Digo, também andava eu muito bem sem Malfoy. Era alguém na vida, não vivia só do crédito que o sobrenome Weasley rendia e realizei o sonho de sair imediatamente de onde vivia para me reconstruir, mas até voltar ainda não havia percebido como andava sozinha. Anne e Albus estavam juntos agora e Hugo tinha alguém também – só não me contava quem era. Ele continuava solteiro mas nunca sozinho, se você sabe o que eu quero dizer. Eu, para variar, tinha complicadíssimos problemas de intimidade (não sabia porquê, nunca soube de onde saíra aquela teoria, mas não me importei em admitir. Era legal ter algo sobre mim que o faria rir). Só eu continuava sozinha. Eu, que era rude e sempre me disse superior a todos ao meu redor.

Em termos de carreira, era, sim, bem sucedida, mas apelando a certo clichê, posso dizer que só percebi ser feliz quando não mais era. Agora estou sentada, treze anos depois olhando para ele. Todos gostavam dele, e ele achava que era porque era simpático e por causa de sua positividade. Poderia ser por causa da cor que ele trazia ao ambiente, ou de como sabia que as próprias piadas eram idiotas e continuava só para fazê-los rir. Mas esses eram também os motivos pelos quais eu gostara de Scorpius. O motivo pelo qual os outros apreciavam a ocasional ovação a ele era a vantagem em ser amigo do “herdeiro de Lucius Malfoy”, homem esse que tivera uma biografia sobre si lançada nos últimos anos que tinha um terço de suas páginas dedicadas a detalhar a imensidão dos bens deixados. Eu não; havia tanto sobre ele que me interessava tão mais que o dinheiro.

Nesse momento, se ocorrer de ele direcionar os olhos ao meu lado do cômodo, agirei como se nem o tivesse visto ali até agora. Puxo papo e digo que é bom encontrá-lo; mas se ele, por rebeldia, decidir que não quer me ver, então assim agirei.

Se o erro fora meu, não deveria ser ele a consertá-lo tanto tempo depois.

Mas com Scorpius, uma dança é só uma dança. Um sorriso é só um sorriso e no dia seguinte tudo seria esquecido. Sua vida era feita de momentos. A minha, de jornada. Se ele tira-me para dançar, nada mais é isso que uma dança. A troca de olhares de ambas as partes nada mais é que simples incógnita. Os arrepios são apenas efeito colateral. Eu gostava dessa reação. Mas, apesar de tudo, amava Scorpius Malfoy.


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Notas finais do capítulo

Acaba assim. Sem ponto final, sem fins, sem começo certo. Gosto de pensar que os verdadeiros contos de fadas não têm isso de princípio, meio e fim. Espero que tenham gostado. Comentem se sim.
E se não. Não seria má ideia.



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