Três semanas se passaram e Damon não havia visto Elena desde o incidente na locadora. Se antes, quando era mais novo ela tinha uma imagem quase que perfeita dela, agora tudo isso tinha ido por água abaixo. Ela era prepotente, arrogante, antipática e egoísta. Uma verdadeira idiota. Era isso que ele pensava dela. E com ela não era diferente. Damon era o típico riquinho metido a humanitário. Fingia se preocupar com as pessoas. Sempre portando aquele sorriso ridiculamente lindo, tratando todas as pessoas bem, sem importar com a classe delas. Querendo ser bajulado pro todos. Um verdadeiro idiota. Era isso que ela pensava dele. Sempre que Damon ia até a casa de Jeremy evitava cruzar com ela. E sempre que ela sabia que ele estaria lá se trancava em seu quarto.

Era a primeira sexta feira do mês de novembro e Damon saía aliviado da escola. Não havia reprovado em nada e tinha conseguido apenas uma nota B, o resto era sempre A. Damon era inteligente demais, e sempre tirou notas boas. Um verdadeiro orgulho pros pais. O natal estava chegando, e as férias estavam batendo na porta. Claro que ele não teria tantas férias assim. Ele tentaria medicina pra varias universidades, então continuava estudando feito louco. Joseph já tinha reservado uns 20 dias de férias e como Caroline era do 1º ano já havia acabado quase todas as obrigações na escola. Além disso, o aniversário de Damon estava próximo. Aconteceria em duas semanas. O que causava um frisson entre os estudantes. Era a festa de 18 anos do queridinho da escola, do filho prodigo da família Salvatore, do quarterback do time, do voluntário no hospital publico. Os convites já estavam sendo enviados e a noticia que seria um baile de máscaras surpreendeu a todos, inclusive Damon.

Era outono e o dia estava lindo em Los Angeles. Não tinha muito sol, mas o clima era assustadoramente acolhedor. Na casa dos Gilbert, Jeremy e Ric foram até a casa de lago da família para pescar. Era algo que sempre faziam nessa época do ano, já Jenna tinha ido até Chicago visitar os parentes antes das viagens de fim de ano, que nesse ano seria na França. Ric convidou os Salvatores para passarem o ano novo com eles em Paris, na casa de praia deles. O que não foi bem recebido nem por Elena, nem por Damon. Mas teriam que se aturar. A noite tinha caído e Elena ficou em casa sozinha, pois não quis acompanhar ninguém. Já na casa dos Salvatores tudo estava bem. Caroline, Vick e Hailey estavam fazendo uma pequena festa do pijama, enquanto Lis e Joseph namoravam no sofá em frente à lareira após uma onda de frio passar pela cidade. Damon descia as escadas com uma calça jeans, um all star e uma camisa do Rolling Stones acompanhado da jaqueta de couro em sua mão esquerda.

– Vai sair filho? – Joseph perguntou.

– Sim. – Respondeu chegando perto deles. – Vou entregar um jogo que peguei emprestado com Jeremy e depois vou me encontrar com Rebekah e o pessoal da escola pra comemorar a ultima vitoria do time de basquete da escola – Explicou

– Sei... – Lis falou. – Vai voltar que horas?

– Não sei mãe. – Falou rindo.

– Use camisinha ein! – Lis disparou arrancando uma risada de Joseph e deixando Damon envergonhado.

– Tchau! – Falou saindo rapidamente.

Damon entrou em seu carro e em minutos já estacionava na casa de Jeremy. Olhou pro céu e viu que uma chuva leve começava a cair, foi até a porta e tocou a campainha. Estranhou um pouco, pois Maria nunca demorou tanto assim pra abrir a porta. Tocou de novo. Nada. Deu três batidas. Nada. Quando já estava desistindo ouviu a porta abrir e se virou vendo Elena já de pijamas ali.

– Onde esta Maria?

– Dei folga pra ela e pros outros empregados.

– Ah sim...

– O que você quer? – Perguntou com sua delicadeza de sempre.

– Vim entregar isso pro Jeremy. – Falou estendendo a mão e mostrando o jogo.

– Pode deixar aqui em cima. – Apontou pra uma pequena mesa que ficava na sala. Damon olhou para Elena e viu que ela estava um pouco abatida. O nariz vermelho, os olhos lacrimejados, a voz um pouco fanha. O que aconteceu ali?

– Você esta bem?

– Sim.

– Tem certeza? Parece que está abatida. – Falou como se dissesse o obvio.

– Por que você sempre tem que fazer isso? – Perguntou irritada.

– O-O que? – Não entendeu. – O que eu fiz agora? – Soltou uma risada nervosa

– Você é tão educado. Tão simpático e tão prestativo. – Falou irritada. – Você não pode ser assim o tempo todo. – Damon não soube o que dizer e começou a rir. – Falei alguma piada?

– Na verdade sim. Qual o seu problema com pessoas educadas e simpáticas? – Não entendia aquela menina.

– Meu problema é que elas não existem no meu mundo. – Falou séria e Damon fechou o sorriso.

– Nem todas as pessoas são ruins, Elena. Seja lá em qual for o mundo. – Elena foi falar algo, mas começou a ter uma crise de espirros. Damon se afastou por um momento e ao ver que ela parou de espirrar ele se aproximou. – Você ta bem?

– Estou. – Falou enquanto passava a mão no rosto. – É só uma crise de gripe. Essa mudança de tempo sempre faz isso. – Se esquivou ao ver Damon levando a mão até a testa dela.

– Calma. – Damon riu e colocou a mão nela, constatando que ela estava com febre. – Deus, você esta queimando de febre. – Ele disse.

– Não. – Falou rápido, - Eu estou bem. Vou tomar um banho e tomo uma aspirina. Amanha acordo outra pessoa. – Forçou um sorriso.

– Nada disso. – Damon falou tirando a jaqueta e colocando em cima do sofá. – Eu fico aqui com você ate você se sentir melhor.

– Você não precisa fazer isso Damon.

– E você não precisa afastar pessoas que querem te ver bem. – Falou sem pensar e depois limpou a garganta. – Você é irmã do meu melhor amigo. Não posso deixar você aqui, sozinha nesse estado.

– Tudo bem. – Elena se deu por vencida. Devia ser a febre falando mais alto. Foi o que ela disse pra si mesma.

– Toma um banho frio, vou fazer uma compressa de água.

Elena não sabia o que tinha dado nela. Uma mulher de 23 anos, obedecendo às ordens de um pivete de 17 anos, que ela nem sequer ia com a cara. Realmente delírios de febre são horríveis. Damon buscou uma sacola térmica e colocou água com gelo dentro. Depois ligou pra Joseph falando o que estava acontecendo e que talvez passasse a noite ali com a irmã do amigo. Joseph falou o que ele deveria fazer e que se caso ela não melhorasse era pra Damon levar ela no hospital. E assim Damon fez, pegou o remédio que Joseph orientou e subiu as escadas levando um copo de água, o remédio e a bolsa térmica. Entrou no quarto de Elena e ouviu um barulho vindo do banheiro.

– Elena, eu deixei um remédio aqui em cima do criado-mudo.

– Tá. Obrigada. – Obrigada? Ela realmente estava delirando. Damon pensou.

– Vou fazer uma ligação. Já volto.

Damon saiu do quarto e encostou a porta. Tirou o iPhone do bolso e discou o numero de Rebekah. Chamou, chamou, chamou, mas ninguém atendeu. Tentou o numero de Matt, mas aconteceu o mesmo. Depois ligou pra Kol e por fim o amigo atendeu.

– Hey Kol.

– Fala ai Doc!

– A Rebekah ta por ai? – Aumentou o tom da voz porque ouviu um barulho muito alto do outro lado.

– Sim, sim. – Ouviu Kol gritar por Rebekah.

– Alô?

– Rebekah?

– Damon? Onde você está? – O barulho diminuiu.

– Oi. Aconteceu algo de ultima hora. – Tentava explicar. – Não vou poder ir hoje.

– Ah... Que chato! – Ela parecia um pouco alterada

– Eu sei... Depois eu faço uma reuniãozinha la em casa pra galera. – Tentou acabar com aquela situação.

– Tudo bem então Doc. – Falou mais alto. – Tchau

– Tchau. – Damon sorriu e desligou o celular.

– Você não precisava ter feito isso. – Ele se virou no susto.

– O que? Cuidar de você? – Sem entender.

– Sim. – Elena estava encostada no batente da porta. – E deixar de sair com seus amigos pra fazer isso. Vamos ser sinceros: Eu não te tratei bem nenhum dia desde que cheguei aqui.

– Você pode me compensar depois de hoje. – Riu ao ver a cara dela. – E quanto aos meus amigos... Eles são meus amigos sim, mas você é família. – Elena não soubesse o que dizer apenas sorriu e sentiu a pele arrepiar quando Damon colocou os braços em volta do ombro dela a puxando pra dentro do quarto.

– Eu acho que te entendi errado. – Elena falou pegando o comprimido da mão dele, que fez uma cara de paisagem. – Você é um cara legal Damon. – Sorriu e tomou o remédio.

– Eu acho que essa sua febre deve estar muito alta. – Damon disse colocando a mão na testa dela.

– Também acho. – Ela sorriu e se deitou na grande cama de casal sob os olhares de Damon.