Laura estava petrificada no banco traseiro do carro de Miguel, que corria pela estrada até o topo mais alto da montanha mais alta da cidade. Estava preste a dar adeus a garota que ela amava, e não poderia fazer nada, mesmo que pudesse fazer algo não deveria, se Emma ficasse não poderia voltar para o lugar que ela ama, não poderia vê quem ela ama, e Laura não queria isso, não queria que a garota fica-se em perigo e não pudesse voltar para a casa. Sabia que a garota ainda era ligada emocionalmente com o seu planeta de origem.

Miguel parou o carro e saiu, ainda meio que mancando foi até a nave que estava escondida por ali. Laura saiu do carro e respirou fundo, já estava se sentindo tonta com tudo o que estava acontecendo, fechou os olhos e sentiu o cheiro de natureza ao seu redor, ouviu a porta se abrindo e logo depois passos em sua direção, sentiu as pontas dos dedos de Emma percorreram pelo o seu rosto, abriu os olhos e deparou com os olhos de Emma marejados.

– Eu vou sentir a sua falta. – Disse Emma com a voz meio quebrada por causa do choro, as lágrimas já escorriam pelo o seu rosto.

– Eu também, eu só quero a sua segurança e a sua felicidade.

– Você faz parte da minha felicidade, eu te amo e vou voltar para você. – Disse Emma ela se aproximou ainda mais de Laura, que passou seus braços ao redor da cintura dela. – Eu prometo.

– Eu também te amo.

Laura uniu seus lábios com os de Emma, as lágrimas que desciam faziam o beijo ficar salgado, aquilo era uma despedida então não poderia ter um gosto diferente. Laura encostou a testa na de Emma, e continuou com os olhos fechados, apertando a garota em um abraço como se quisesse tê-la presente em todos os sentidos com ela.

– Promete que não vai me esquecer? – Perguntou Emma antes de dar um rápido selinho em Laura.

– Eu não iria conseguir nem que eu quisesse.

Laura sorriu e abriu os olhos, tirou uma mecha do cabelo de Emma que caia no rosto da garota e colocou atrás da orelha dela. Escutaram a tosse forçada de Miguel, e olharam para o homem que parecia meio sem graça de acabar com a despedida das garotas, ele coçou a nuca e apontou para a nave que agora parecia mais presente. Dava para vê a estrutura oval da nave aparecendo por entre uma arvore uma grande rocha.

– Está tudo pronto. – Disse Miguel.

As garotas assentiram e se separaram, Emma andou em direção a nave deu uma ultima olhada para atrás e deu um meio sorriso triste em direção a Laura.

– Você sabe o que fazer, a gente precisa tomar certa distância antes da nave ser lançada, talvez eu ainda veja você. – Disse Miguel abraçando a garota.

Emma concordou e foi em direção a nave.

Laura olhou o que parecia ser uma estrela cadente cortando o céu pela janela do carro de Miguel que agora ia em direção a sua casa, provavelmente alguma criança estava fazendo um pedido agora, mas ela sabia que aquela era a sua amada, indo para a casa novamente, e talvez ela deveria fazer uma pedido, acredita que aquela era uma estrela cadente, pelo menos era tão brilhante como uma estrela cadente. Fechou os olhos com força e desejou, desejou que tivesse sua amada de volta, que pudesse vê-la pessoalmente mais uma vez, que pudesse vê o sorriso dela ou senti-la em seus braços apenas por alguns minutos, mas que se fosse para sempre seria melhor.

Quatro anos é muito tempo, principalmente se fosse passado do mesmo jeito que Laura passou, contando os dias, horas, minutos e segundos, mesmo que ela não soubesse para que exatamente fosse. Provavelmente seria melhor partir para outra, mas o seu coração ainda ficava preso entre as nuvens, estrelas e a lua. Até mesmo a sua escolha de faculdade mudou, foi de letras à astronomia, tudo que a fizesse ficar mais perto do céu. Mesmo tendo mudado de estado sempre voltava na mesma época do ano para a sua cidade, no mesmo lugar que viu Emma na ultima vez, ainda se lembra de tudo o que aconteceu como se tivesse acontecido no dia anterior, e mesmo com todos os pedidos não poderia ocupar o lugar de Emma no seu coração.

Laura se sentou na grama e fechou os olhos, respirou fundo por alguns minutos sentindo o cheiro da natureza, podia escutar os grilos e cigarras ao longe, e a coruja na arvore perto dela. Abriu os olhos e passou a mão pelo cabelo tentando arruma-lo, umedeceu os lábios e olhou para o céu, as estrelas e a lua tomavam conta de todo a sua extensão, a lua minguante se estendia oponente no céu, hoje parecia ainda mais forte do que todas as fases da lua em todos os outros dias.

Ouviu um barulho e piscou os olhos para vê se estava vendo realmente aquilo, tossiu algumas vezes ao se engasga com a própria saliva e se levantou apressada. O caminho que a fumaça trilhou no céu, tampando algumas estrelas no meio caminho, ela sorriu ao perceber que não tinha caído muito longe dela.

Não poderia acreditar, não poderia ser, de todas as sortes do mundo aquela deveria ser a maior delas, estava caindo na mesma hora em que estava por ali, estava caindo tão perto que ela poderia alcançar... Os seus pensamentos foram interrompidos ao enxergar de longe a nave, ela parou de correr por entre as arvores e raízes e começou a andar devagar até o objeto.

A nave estava no chão e a fumaça saia dela, a porta se abriu e fez com que mais fumaça saísse, sua vista estava tampada e o cheiro de queimado era forte, se segurou com uma das mãos em uma arvore que estava perto e sacudiu a fumaça para longe do seu rosto com a outra, tossiu por causa da fumaça, mas tudo parou ao vê a silhueta surgindo pela fumaça, deu dois passos para frente, se esquecendo o mal que a fumaça fazia contra ela. Reconheceu o sorriso quando ele apareceu, e não conseguiu se controla e correu até ela, tropeçou por entre as raízes e no seu próprio pé, mas conseguiu alcança-la. A apertou contra o seu corpo, esquecendo de como o corpo da garota estava quente encostado contra a sua pele.

– Eu estou pelada, está abraçando uma pessoa pelada. – Disse Emma rindo, mas correspondendo o abraço.

– Eu não ligo. – Disse Laura enfiando o seu nariz por entre os fios de cabelo de Emma, sentindo o cheiro indefinido do seu cabelo, mas que era tão viciante.

– Mas eu ligo, está frio e estamos entrando no inverno, e não é bom eu fica sem roupa em um frio desse.

– Desculpa. – Disse Laura se afastando.

Seu olhar foi para o corpo da garota como se fosse algo automático, mas logo tirou os olhos dali sentindo suas bochechas ficarem vermelhas, tirou o seu casaco e entregou para a garota que sorriu agradecida, ajudou Emma até o seu carro.

O seu coração errava as batidas, e o seu sorriso aumentava cada vez mais. Não poderia acreditar que o seu amor estava de volta. Deu partida no carro em direção a casa dos seus pais.

– Ira ficar desta vez? – perguntou Laura com o olhar na estrada.

– Irei, desta vez eu irei.

– Se for para a sua segurança eu vou embora contigo para outro lugar.

– Esse era o meu plano, irei espera a sua faculdade termina, dar tempo o suficiente para ter ensinar português.

– Brasil?

Laura se virou por alguns segundos para Emma, que lhe deu um meio sorriso antes de lhe dar um rápido beijo em sua bochecha e manda ela olha para a estrada. Estava de volta agora para lutar pelo o que ela acha certo, e Laura é o certo para ela.