–Caverna-

Todos ainda estavam acordados. Não conseguiam dormir, pois não conseguiam parar de pensar na tal guerra que iria acontecer naquele dia. Afinal, já eram quase duas horas da manhã e ninguém ainda tinha dormido. Ana Júlia,apesar de parecer que era a mais disposta, acabou caindo no chão, desacordada. Levi a levou para dentro da caverna,para que pudesse descansar.

Então, Ana Júlia lentamente, vai abrindo os olhos. Ela já não estava mais na caverna, estava deitada em um gramado. Ela reconhecia perfeitamente aquele lugar. Era a cidade de Collsville. Ana Júlia levantou devagar. Tudo estava diferente. Árvores estavam queimadas,casas estavam destruídas e aquela cidade que antes era alegre e sorridente, estava com um ar sombrio.

A bruxa continuou caminhando pela cidade. Ela ainda não conseguia entender como fora parar ali. Até que encontrou um senhor, de idade avançada. Ana Júlia resolveu perguntar o que estava acontecendo.

–Conlicensa... –Antes que terminasse sua fala, o senhor atravessou o corpo a garota.Ela ficou assustada. Será que ele era um fantasma?! Ou será que ela havia morrido e se tornado um fantasma?!

Resolveu perguntar mais uma vez para outra pessoa, desta vez uma mulher jovem, que assim como o senhor, atravessou seu corpo, como se não tivesse notado sua presença. Ao que parecia, ninguém podia vê-la. Não sabendo mais o que fazer, Ana Júlia continuou caminhando, até avistar um jornal no chão. Ela poderia descobrir o que estava acontecendo ali.

Pegou o jornal e começou á folheá-lo. Até que uma matéria chamou sua atenção.

– A guerra acabou. –Ana Júlia lia a matéria. –Os caçadores venceram. As criaturas das trevas achavam que estavam indo bem, mas não contavam com a arma secreta de Patrick, o líder consagrado, que inventou uma cura para todos. Os seres que tentaram lutar, tiveram seu fim da batalha, os outros desistiram e estão presos em um centro de concentração, onde sofrem e não há como fugir.

Após terminar de ler a matéria, Ana Júlia deixa o jornal cair no chão. De alguma forma ela estava no futuro e acabara de descobrir que eles perderiam a guerra. Mas, quem de seus amigos estavam no centro de concentração?! Ela precisava descobrir.

Correu rapidamente até a antiga base dos caçadores. Estava diferente. Haviam construído muros em volta, com uma defesa anti-sobrenatural. Ana Júlia conseguiu atravessar o muro sem esforço. Mesmo não tendo idéia de como fazia aquilo. A base havia virado uma empresa e um prédio enorme. Ela conseguia ver alguns seres trabalhando pesado com os caçadores apontando a arma para eles. Um movimento em falso e certamente eles morreriam. Também pôde notar que o número de caçadores havia aumentado. Mais pessoas devem ter se inscrito para entrar depois da guerra.

A bruxa entrou na base. Havia um garoto apanhando de três caçadores. Ela não o conhecia, mas sabia que ele era o braço direito de Patrick. Era, até ajudar duas garotas a fugirem. Ela estava com pena e queria ajudá-lo, mas não podia. Então, continuou caminhando até a sala principal. Ela sabia que Patrick estaria lá e precisava saber o que ele estava tramando. Ao chegar no corredor que levara ao quarto de Patrick, ela viu duas criancinhas chorando. Uma menina anja e uma menina fada. Certamente, tinham perdido alguém que gostavam muito.

Entrou na sala de Patrick e o viu sorrindo com uma garota ao seu lado. Ana Júlia se assustou. Na verdade, ficou surpresa. Aquela era... Hiendi. Por que ela estaria com Patrick?! Por que ela se aliaria á ele?! Havia alguma coisa diferente nela. A bruxa podia sentir. Eles assistiam um noticiário na televisão. No noticiário estava passando uma reportagem sobre Patrick e Hiendi. Se Ana Júlia tivesse escutado direito, Hiendi era namorada de Patrick e... Humana. Agora tudo fazia sentido. Hiendi se tornou humana e se aliou á Patrick, pois sabia que era a única forma de sobreviver.

Ana Júlia avistou um mural na parede. Havia uma folha com alguns rostos. Eram as fichas de todos que haviam morrido na guerra. Ela não conhecia todos e muitos haviam morrido. Havia os nomes de Jack, Ana, Alexia, Dan, Leon, Blume, Estevon, Iran, George, Heather, Raven... Após ver o nome e a foto da amiga, uma lágrima escorreu pelo rosto de Ana Júlia. Como ela e Levi puderam deixar aquilo acontecer?! Raven não podia estar morta. Limpou as lágrimas e um nome chamou sua atenção. Ana Júlia. Ela também havia morrido. Um caçador entrou na sala, estava com uma garota de cabelos roxos. Parecia ser de outro planeta.

–Senhor, encontrei a fugitiva.

–Muito bem. –Disse Patrick. – Tirem a cabeça dela.

O caçador assentiu e saiu dali.A garota se debatia enquanto era levada. Ela também usava uma pulseira um tanto estranha. Certamente,era aquilo que inibia seus poderes.

Outra garota entrou na sala. Ela tinha os olhos um tanto puxados. Estava com as roupas rasgadas e uma expressão triste em seu rosto.

–Senhor, já terminei de limpar seu quarto.

–Muito bem escrava. –Respondeu Patrick.- Agora se retire. Só a sua presença me dá nojo.

–Sim senhor. –Disse a garota, saindo da sala.

Hiendi, que antes estava sentada ao lado de Patrick, se levanta. Ela usava um longo vestido vermelho brilhoso. Seus brincos eram umas enormes argolas e seu batom era forte. Patrick havia ganhado uma fortuna depois da guerra, por isso conseguiu construir aquela ‘’empresa’’

–Sabe querido,Levi tentou fugir novamente hoje.

–Aquele garoto. Como ele ainda tenta fugir?! Se pelo menos tivesse as duas pernas.

Ana Júlia ficou chocada ao ouvir aquilo. Levi só tinha uma perna?! Provavelmente, deviam ter tirado a outra quando ele tentou fugir.

–E então?! O que faremos?!

–Mande tirar a outra perna dele e veremos se ele tentará escapar mais uma vez. –Diz Patrick.

–Claro, querido.

Ana Júlia bagunçava os cabelos. Como?! Como eles podiam viver em uma cidade que o Patrick quem comanda?! Aquilo estava errado. Muito errado.

Ana Júlia acorda rapidamente, levantando-se. Parecia que acabara de ter um pesadelo. Raven a olhava assustada.

–Ana, ta tudo bem?! – Perguntou

–Eu tive um sonho... Ou pesadelo. Não sei. Parecia mais uma visão. –Diz Ana Júlia, confusa. – Eu vi o que irá acontecer com a gente depois da guerra. Nós vamos perder, Raven. Alguns vão sobreviver e muitos outros irão morrer.

–E eu?! Eu irei sobreviver?! – Perguntou a vampira transmorfa.

–Não... –Sussurra Ana Júlia, causando uma sensação de medo e tristeza em Raven. – Mas agora eu sei o motivo da nossa derrota. E agora nós temos uma chance de mudar o futuro.