O Coração do Dragão escrita por Renan


Capítulo 2
Capítulo 2




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Shiryu estava encostado numa rocha, olhando para a Lua. Não estava com sono e andava muito pensativo e confuso.

Recentemente havia conseguido se tornar o novo cavaleiro de dragão, e no dia seguinte iria partir para o Japão para se inscrever em um torneio que contaria com a presença dos outros cavaleiros de bronze. Finalmente poderia rever seus antigos amigos, mas mesmo assim, estava confuso.

— Shiryu...

Ele se virou para ver a dona da voz que se aproximava. Era Shunrei.

— Olá, Shunrei.

— Não está com sono?

—Não, eu não estou. – respondeu. Teve a impressão de que ela queria perguntar algo mais.

— Então... É amanhã que você vai voltar para o Japão?

— Sim, eu preciso voltar. Depois de seis anos, eu finalmente consegui a armadura de dragão. Agora preciso ir para participar de um torneio.

Shunrei se aproximou de Shiryu e se ajoelhou, pousando uma mão no ombro dele.

— Shiryu, você tem certeza? Se você for lá, terá que enfrentar batalhas sangrentas. Vai arriscar a sua vida. Não acha melhor continuar vivendo aqui?

Shiryu ficou alguns segundos olhando para o chão, pensativo. Levantou-se e avançou alguns passos. Agora olhava para a Lua.

— Shunrei, eu jamais saberei como retribuir você e o Mestre Ancião. Vocês são pessoas muito importantes pra mim e eu sempre vou querer estar com vocês. Mas amanhã eu vou ter que ir para o Japão e me inscrever no torneio. É minha obrigação como cavaleiro.

— Eu entendo. – disse Shunrei, se levantando. – Mas você vai voltar um dia?

— Sim. – se virou para Shunrei. – Vou participar do torneio, mas estou disposto a quebrar qualquer regra que me seja imposta, caso me proíba de voltar aqui. Por mais que meu corpo esteja longe e lutando, o meu espírito vai continuar neste lugar.

— Você me garante que não vai morrer?

— Se eu tiver que me sacrificar para salvar a vida de alguém, não poderei fazer outra coisa. Mas me esforçarei ao máximo para continuar vivo. – pegou nas mãos de Shunrei. – Eu não tenho família e, por enquanto, nem amigos. Você foi a única pessoa que me fez suportar esse treinamento todo. Com o seu apoio, eu mantive o meu incentivo pra continuar treinando até me tornar cavaleiro. Jamais me permitiria magoar você.

Shunrei sorriu, se esforçando para não deixar nenhuma lágrima cair.

— Eu estarei rezando por você. Sei que você vai voltar vivo.

— Eu fico feliz que tenha entendido, Shunrei.

— Está ficando tarde, é melhor irmos dormir. Amanhã você terá um dia longo.

— Tem razão. Vamos.

E assim, entraram na floresta para voltar. Andavam de mãos dadas.

***

Dez horas mais tarde, estava na hora de Shiryu partir (levando consigo a urna com a armadura). Se despediu do Mestre Ancião. Shunrei resolveu acompanha-lo por alguns minutos.

— Foram seis anos de um duro treinamento, mas mesmo assim, posso dizer que foram bons anos. Tive um mestre compreensível, e pude conhecer você, Shunrei.

— Não fale como se tudo fosse passado! Você se tornou um cavaleiro, mas a sua vida ainda é este lugar.

— Tem razão. Eu vou fazer o possível para poder continuar vivendo aqui, e só sair quando for chamado para alguma missão.

Os dois pararam de andar subitamente. Olharam para o horizonte. Shiryu se virou para Shunrei.

— Acho que daqui pra frente eu terei que seguir sozinho.

— Boa sorte, Shiryu. – disse Shunrei, pousando suas mãos em seus ombros. – Sentirei saudade.

— Eu também, mas vai ser por pouco tempo. Voltarei assim que puder e vou sempre pensar em você. – colocou as mãos nas bochechas de Shunrei, que ficaram avermelhadas.

Os dois chegaram a começar a aproximar seus rostos, mas uma pomba branca com uma asa machucada estava voando baixo e eles tiveram que se separar rapidamente. A pomba passou entre os dois e caiu no chão.

— Coitadinha! – disse Shunrei, indo até a pomba e a segurando em seus braços. – Vou ter que cuidar dela.

— Você é sempre muito caridosa.

Shunrei sorriu, feliz com o elogio.

— Agora vou ter que ir. Até mais, Shunrei!

—Tchau! – acenou.

Shiryu começou a correr. Shunrei, acariciando a pomba, observava o jovem valente se afastar. Ficou se perguntando o que teria acontecido se a pomba não tivesse aparecido por lá.

Quando Shiryu já estava além de sua visão, voltou para tratar da pomba.


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