The Woman In Me escrita por Luisa Stoll, Caramujo


Capítulo 3
Capítulo III


Notas iniciais do capítulo

Gostaria de pedir desculpas pela demora para postar o capítulo, digamos que meu bloqueio criativo não colaborou em nada nessa história...

Bom, espero que aproveitem o capítulo.



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Saí da banheira e sequei-me, voltando ao quarto, onde Mika e Megan me esperavam com um novo vestido. Ele era mais simples do que o que eu usava no dia anterior. Era longo, mas a saia não possuía volume. O verde-azulado do vestido contrastava com meus cabelos castanhos, que, com a ajuda das mãos experientes de Mika, agora caíam em leves cachos sobre o meu ombro.

– Senhorita Aghaté, seu pai já lhe espera na sala de jantar. - Hope, uma outra criada, disse, entrando no quarto.

Soltei um longo suspiro olhando uma última vez no espelho:

– Tudo bem, estou pronta.

– Sorria, senhorita Aghaté, são rapazes muito bonitos e dotados que te esperam - Mika comentou, me olhando com aprovação.

– É claro, me esqueci disso - abri um sorriso e saí do meu quarto, andando perfeitamente ereta. Tinha uma sensação boa sobre naquele dia, quem sabe não fosse tão ruim assim lidar com todos esses trinta garotos que, eram sim, muito bonitos.

Cheguei à sala de jantar e havia apenas alguns deles na mesa, e meus pais sentados no trono. Corri os olhos procurando um rosto, mas não encontrei. Foi aí que percebi que estava procurando Jared. Uma ponta de decepção bateu em meu peito, mas logo me recuperei. Um dos selecionados, de cabelos muito negros e covinhas quando sorria estava olhando para mim. Abri outro largo sorriso, estava certo, eu não devia pensar em apenas um deles. Precisava ter a mente aberta para todos ali. Talvez fosse essa a parte divertida da Seleção, conhecer cada um, e saber sobre eles, embora eu pensasse que a Seleção não era nada divertida.

Um garoto de olhos castanhos voltou seu olhar para mim, sorrindo. Reconheci-o como sendo Vicent. Ele também era realmente bonito, e seu sorriso era cativante. Decidi que tentaria focar em todos, não em um só, pelo menos por um tempo.

– Bom dia, senhorita. - falou ele.

– Bom dia, Vicent. - falei, sentando-me no meu lugar à mesa.

Um sorriso surgiu em seu rosto, enquanto olhava diretamente para mim. Logo, um rapaz de cabelos loiros e olhos azuis surgiu de entre as portas e sorriu para mim. Senti que minhas bochechas enrubesceram, e desviei o olhos, esperando que ele se sentasse.

Após o café-da-manhã, e antes de todos se retirarem, me levantei e declarei que tinha um anúncio a ser dado:

– Boa noite a todos. Espero que tenham apreciado nosso café-da-manhã. – sorri como sempre me mandaram sorrir. – Daqui a duas semanas teremos uma entrevista no Jornal Oficial, onde o público poderá conhecer um pouco mais sobre vocês. Vocês terão um instrutor que irá dar mais detalhes sobre a entrevista e irá ajudá-los a se preparar para esse dia. – Coloco levemente as mãos na frente do vestido e relaxo os ombros – É apenas isso, todos já podem se retirar e muito obrigada.

Retirei-me após todos já terem saído do salão, e me dirigi aos meus aposentos, o barulho dos saltos ecoando nos corredores vazios... Bem, não tão vazios.

– Eu irritei a senhorita na noite passada? - ouvi a voz de Jared perguntar, logo atrás de mim, e virei-me. Meus olhos automaticamente encararam os seus.

– Jared, hã... - não sabia o que dizer, então falei a primeira coisa que me veio à cabeça. - Você está me perseguindo ou algo assim? - mas me arrependi de tais palavras no momento em que vi sua face entristecida.

– Desculpe, senhorita. Eu não queria irritá-la de qualquer maneira. - murmurou, virando-se, provavelmente querendo voltar para seus aposentos, ou simplesmente se distanciar de mim.

– Jared... Me perdoe. Eu não deveria ter falado com você dessa maneira. - ele assentiu com a cabeça.

– Eu deveria parar de te seguir, vejo que a senhorita possui mais coisas com que se preocupar.

Sim, eu com certeza tinha muitas coisas com que me preocupar, mas todas elas giravam em torno da Seleção. E Jared fazia parte da Seleção.

– Está tudo bem, de verdade – falei, sinceramente – Estou acostumada a ser seguida – dou de ombros, rindo.

– Acostumada, é? - perguntou, sorrindo. Retribuí o sorriso.

– Bom, sim. Mas agora devo ir. Nos vemos mais tarde. - Jared assentiu com a cabeça e andou para o outro lado.

Entrei em meu quarto e abri a gaveta novamente, encontrando a tulipa que Jared havia me dado na noite anterior. Sorri sozinha. Não sabia o que estava sentindo, aquilo era muito estranho para mim. Tanto que meu interesse para conhecer os outros selecionados havia diminuído drasticamente.

Peguei a foto de Anthony novamente, mas mal consegui olhá-la, pois ouvi passos e fechei a gaveta imediatamente. Mika e Megan apareceram.

– Senhorita, está na hora da sua aula de equitação. - Mika falou, sorrindo. - Quem sabe você não encontre algum dos rapazes por lá? - ela piscou. Dei uma leve risada.

Megan pegou uma das minhas roupas de equitação e elas me vestiram. Calça preta, blusa branca e casaco vermelho, com botas pretas. Amarrei o cabelo e saí, indo até os estábulos, diretamente até o meu cavalo favorito.

Mas percebi que o boxe onde ele costumava ficar estava vazio. Olhei para trás e o vi. Sobre ele, estava um garoto com cabelos extremamente claros, tão loiros que quase chegavam a ser brancos, e seus olhos eram de um azul muito claro. Provavelmente era um dos selecionados em quem eu não tinha reparado muito, pois conhecia todos os criados que cuidavam dos cavalos.

– Ora, ora, princesa. - murmurou, sorrindo para mim, com dentes tão brancos que poderiam cegar alguém. - Perdeu alguma coisa?

Revirei os olhos. Era bonito, mas, certamente, não era nem um pouco gentil.

– Sim, perdi. Perdi o meu cavalo, que, por acaso, é este no qual você está montado. - devolvi na mesma moeda, e ele enrubesceu, coisa que era facilmente percebida, pois o contraste com sua pele muito branca era claramente visível.

– Oh, me desculpe... Não sabia que andavas à cavalo, senhorita Aghaté. - murmurou, e podia perceber em sua voz que estava realmente envergonhado pelo que tinha dito anteriormente.

– Pois eu ando. - balbuciei - E acho que estou em desvantagem nessa história. - ele me encarou, sem entender. - Você sabe o meu nome, mas eu não sei o seu.

– Perdão, senhorita. Me chamo Klaus Büttinger.

– Klaus... bonito nome. - digo enquanto o observava descer do cavalo com elegância e pegar minha mão com delicadeza:

– Obrigado, senhorita. - Ele me conduziu até meu cavalo com gentileza enquanto permanecia com aquele sorriso perfeitamente branco do rosto. Sinceramente, eu bem sabia como se montava em um cavalo, e não precisava de ajuda, mas ele de alguma forma, conseguiu fazer eu me esquecer desse detalhe, e sorrir de volta.

– Há quanto tempo anda a cavalo, Klaus? - terminei de me ajeitar na sela com o brasão de Illéa e observei ele pegar outro cavalo da baia.

– Bom, ando desde que ganhei meu primeiro cavalo aos cinco anos. - ele abriu novamente aquele sorriso estonteante que me fez automaticamente sorrir de volta. Como ele conseguia fazer aquilo comigo? - Vejo que a senhorita aprecia muito esses belos equinos.

– Sim, e muito. Também cavalgo desde pequena, e fui criando esse vínculo com cavalos - arrumei a postura e chacoalhei de leve as rédeas, fazendo meu cavalo trotar elegantemente para o campo afora. Sentia que Klaus vinha atrás de mim.

– Fico feliz de compartilhar tal gosto semelhante com a senhorita. - comentou, chegando ao meu lado com seu cavalo.

Enrubesci. Eu não devia falar assim com ele, pelo menos não ainda. "Concentre-se, Aghaté", ordenei para mim mesma.

– Também fico feliz, Klaus. - sorri, sem muito humor.

– Seus olhos parecem o céu em um dia de verão. - comentou, subitamente, enquanto me encarava.

– Hã... obrigada. - murmurei, desviando o olhar para o meu cavalo, reparando nos fios dourados da crina. Eu não sabia como lidar com elogios assim, até porque nunca os recebia. Não elogios assim, pelo menos. Eu estava habituada a receber os elogios das minhas criadas, mas isso já era outra história.

– O que mais você gosta de fazer, senhorita? - perguntou.

– Eu componho música no piano... - sorri ao falar de uma das coisas que eu tinha mais paixão e prazer em fazer. - Também gosto muito de ler, pintar e cantar. - respondi, agora mais relutante. Na verdade, não estava muito segura ao falar com ele daquele jeito, contando muito sobre mim. Não ainda. Minha mente estava em outro lugar.

Dei meia volta em meu cavalo, voltando ao estábulo.

– Já deu meu horário, Klaus, tenho coisas a resolver no castelo. - falei, delicadamente - Foi um prazer dar esse passeio com sua presença - disse, sem muita convicção.

– Ora, o prazer foi todo meu, senhorita. - de novo aquele sorriso ofuscante.

Ele desceu de seu cavalo e fez questão de me ajudar a descer do meu. Estendeu sua mão, a qual aceitei sem demora, enquanto passava a perna por cima do cavalo, descendo devagar até a grama fresca. Ele colocou sua outra mão levemente em minha cintura para me ajudar, e quase que instantaneamente senti o calor subir nas bochechas na mesma hora em que virei para lhe dizer algo sobre o ocorrente. Porém, acabei não dizendo nada, seus olhos azuis claros estavam me fitando, e era um olhar do qual não consegui desviar.

Limpei a garganta.

– Oh, desculpe-me por isso, senhorita. - ele retirou a mão da minha cintura parecendo bem constrangido, devido ao tom avermelhado que suas bochechas adquiriram.

– Não... Foi nada - "assim espero", pensei, enquanto observava ele se despedir apenas com um aceno de cabeça e voltar ao palácio com passos ligeiros.

Tentei não pensar muito no que acontecera, e caminhei de volta ao palácio, limpando minhas mãos na calça, mas era impossível não pensar sobre aquilo, e, consequentemente, pensar sobre os outros garotos da Seleção, e na própria Seleção em si, e mais ainda, de como aquela decisão poderia ser difícil pra mim, por isso, sempre teria que tomar os passos certos. Sem levar em conta a minha responsabilidade com aquilo tudo, e o que uma escolha errada poderia me causar.

Não tinha consciência da direção que estava tomando enquanto estava submersa em pensamentos, mas quando me dei conta, estava naquele mesmo banco do jardim, onde Jared tinha me dado a tulipa vermelha. Sorri abobadada com a lembrança dele, e senti algo fluindo do meu peito. "Não, não é nada, não posso ter tanta certeza assim, a Seleção mal começou!" Refleti, ainda sentada no banco do jardim. "Há muitas coisas ainda para serem decididas."

Levantei-me do banco e me dirigi aos meus aposentos, andando sempre com a coluna ereta e com certa elegância.

Senti que alguém me encarava, e virei para trás, próxima à entrada do quarto.

– Vicent? - questionei, olhando o rapaz. Eu teria que me acostumar a esbarrar com os selecionados por todos os cantos.

– Olá, senhorita. Como vai?

– Olá, Vicent. Eu estou muito bem, e você?

– Estou bem. Vejo que esteve cavalgando... - comentou, me olhando da cabeça aos pés. - A senhorita aparenta ser uma bela amazona.

Sorri.

– Muito obrigada, Vicent. Mas tenho que ir agora. Irei me arrumar para o almoço. - ele assentiu com a cabeça.

– Nos veremos no almoço então.

Ele saiu e eu entrei no quarto. Mika me esperava com um vestido leve azul claro. Ela tirou minhas roupas de cavalgada e ajudou-me a vestir o outro.

Depois de pronta, sentei-me em frente ao piano e comecei a tocar uma antiga música de Beethoven, a qual constava em um dos muitos livros da biblioteca do palácio. Fiquei tocando por cerca de uma hora, e não percebi os olhares focados em mim de alguém que esperava na porta, até que descansei as mãos no colo e ouvi palmas.

– Não sabia que tocava piano, senhorita. - falou o garoto de cabelos negros e olhos acinzentados. Não me lembrava seu nome ou sua casta, e estava longe demais para conseguir ler o seu broche, então esperei que ele continuasse. - Piano é uma das minhas paixões, foi o primeiro instrumento que aprendi a tocar.

– Quantos instrumentos você toca? - perguntei, já chegando à conclusão de que era um 5.

– Bom, eu toco saltério, trompa, piano, violino e flauta transversal. - falou, e senti uma pontada de orgulho em sua voz. - E também canto.

– Saltério? - perguntei, com um sorriso. - Nunca vi alguém tocar saltério. Você poderia tocar para mim algum dia.

– Com todo o prazer, senhorita. Quando tiver tempo, tome a liberdade de me visitar em meus aposentos. - ele sorriu. - Poderia me dar a honra de ouvi-la tocar mais um pouco antes de ir?

Senti minhas bochechas esquentarem, mas assenti. Voltei meu rosto para as teclas de marfim do piano e comecei a deslizar os dedos sobre elas, criando uma sonora melodia. Era alguma das músicas que eu sabia de cor, de tanto tocar, mas a qual eu não cansava de ouvir.

– A senhorita é muito boa no que faz, princesa. - comentou ele, por fim, fazendo com que um sorriso surgisse em meu rosto. - Agora irei. Imagino que tenha mais coisas a fazer do que tocar piano para um selecionado. - ele riu e ouvi seus passos ecoarem pelo castelo, até o som diminuir o bastante para não ser mais ouvido.

– A princesa deu sorte. - Megan comentou, entrando no quarto. - Esses rapazes estão caidinhos aos seus pés.

Olhei para ela, com um sorriso fraco no rosto.

– É, talvez eu tenha sorte... Mas precisarei de mais para fazer a escolha correta.

Ela assentiu, olhando em meus olhos.

– Estou torcendo para que a senhorita tenha toda a felicidade do mundo. - falou. - Está na hora do almoço. Te esperam na sala de jantar.

Andei calmamente até o salão, onde a maioria dos rapazes já se organizava. O garoto dos instrumentos, que eu ainda não tinha descoberto o nome, sorriu para mim, assim como Vicent e Klaus. Jared aparentemente não tinha chegado ainda.

– Espero que apreciem o almoço. - falei, assim que todas as cadeiras ficaram ocupadas.

Comi meu blanquette de veau calmamente, saboreando a carne com manteiga. Enquanto isso, pensava no que faria mais tarde. Tinha muitas coisas a resolver, todas relacionadas à Seleção, e isso me dava medo. Talvez eu devesse ter deixado que meu pai escolhesse meu futuro marido, mas isso também não seria o certo.

– Aghaté, parece tão pensativa... - mamãe comentou, olhando para mim.

– Ah, não é nada, mãe... - murmurei.

– Tudo bem. Você tem a tarde livre para pensar hoje, evite fazer isso em frente a todos. - sussurrou ela. Voltei a comer e fui para o meu quarto assim que terminei. Sentei-me em frente ao piano novamente, mas sem a real intenção de tocar. Folheei as partituras até ouvir o som de violino vindo de algum dos quartos e resolvi seguir o som.

Cheguei até um quarto com a porta aberta, e lá vi o mesmo rapaz de olhos cinzentos e cabelos negros de antes, como eu havia imaginado que fosse.

– Ah, senhorita... - falou, repousando o violino sobre a cama. - Atrapalhei-te?

– De forma alguma. - falei, com um leve sorriso. - Poderia continuar tocando?

– Hã... Ah, sim, claro... - ele pegou o instrumento novamente, e seus dedos finos percorriam de forma rápida e graciosa pelas cordas de metal, fazendo com que o som invadisse todo o ambiente, de forma harmoniosa.

Quando ele terminou, descansou novamente o violino e o arco sobre a cama.

– Você toca muito bem. - falei, sorrindo.

– Obrigado, senhorita. Música é a minha paixão, mas suponho que já tenha percebido isso.

– Sim, percebi. Você poderia tocar saltério para mim agora?

– Como quiser, princesa. - prometeu. Seus olhos brilharam ao olhar para o instrumento de madeira triangular com várias cordas sobre uma mesa. Ele sentou-se e começou a beliscar as cordas, formando uma música perfeita, diferente de tudo que eu já havia escutado antes. - Essa música se chama Morir por tu amor. Bom, é uma música que restou em alguns escritos, na época pré-terceira guerra...

Olhei em seus olhos, interessada, enquanto ele ainda dedilhava de forma ágil as cordas.

– A música é... Perfeita. - sussurrei.

– Obrigado, senhorita.

– Ah, e... Desculpe, mas acho que não sei o seu nome.

– Meu nome é Bryan, senhorita. - ele me lançou um sorriso torto.

– Então nos vemos no jantar, Bryan. - murmurei e saí do quarto, deixando a porta aberta.


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Notas finais do capítulo

Então... É isso. Reviews?



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