Era Cinza: Os doze reis escrita por Spencer


Capítulo 2
Árvores e sangue - Introdução a história


Notas iniciais do capítulo

Segundo capítulo e quero agradecer especialmente a Lady Silentread pelo seu comentário. Ele foi o primeiro que recebi.



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COMEÇOU AOS POUCOS E DE UMA VEZ, veio dos lados, de baixo e também pelo ar.
A revolta das árvores, como ficou conhecida com o passar do tempo, começou durante uma festa de final de ano.
Era uma dia quente em algumas partes, mas no maior reino – ou país, fica a sua preferência – estava coberto de branco, a neve chegava a altura dos joelhos, as ruas ainda eram enfeitadas por pequenas luzinhas brilhando em dourado e iluminando a palidez da neve. A lua era quase impossível de ser vista graças a grande luminosidade de grandes telões de TV que ficavam no centro da cidade.
O centro era repleto de grandes prédios e sempre era muito movimentado, era barulhento e fedia – mas já não reclamavam, havia se costumado ao fedor e a poluição – mas naquele dia suas ruas estavam estranhamente desertas, graças ao frio branco e úmido que fazia os ossos doerem. E isso deve ter ajudado enquanto as árvores, seres estáticos e sem vida como alguns pensavam, pobres coitados!
A festa seguia noite a dentre, como era costume.
Com seus galhos endurecidos pelo frio e sem folhas menos os pinheiros que mantinha a folhagem verde e coberta pela neve.
entre seus troncos grossos e marrons via-se – para os mais atentos – pequenos, redondos e brilhantes órbitas redondas e amareladas, mas não um amarelo feio e sujo, mas sim um amarelo pálido, puro e brilhante.
Os espíritos que eram chamados como árvores – seu nome original era outro, mas como grande parte da história, foi esquecido – normalmente pacíficos pacientes e portadores de grandes histórias, seres extraordinários, mas que se cansaram de esperar que os ouvidos humanos entendessem seus sussurros, seus ouvidos se tornaram surdos assim como seus olhos se tornaram cegos.
E foram convencidos a revidar a violência sofrida durante tantos séculos, Gállion, era o nome do elfo que os convenceu a isso, tinha uma bela voz calma e fria que parecia invadir todos os poros e quaisquer outros meios em busca de suas mentes, e as envolvia se tornando a verdade única. Mas, falemos desse elfo infame mais a frente, ele terá um grande papel nessa história.

Lembremos-nos que as árvores estavam por todas as partes, em meio às grandes construções de cimentos, e elas não podiam ser vencidas com armas de fogo que os homens tanto gostavam, precisariam de grandes machados e tochas, mas se esqueceram disso, e quando se lembraram a grande cidade haviam sido tomadas, as ruas foram manchadas de sangue.
Quando o Grande Carvalho – no entanto era um pinheiro – viu os corpos empilhados em meio às ruas, ouve perdas de sua parte também -mas como espíritos da natureza retornariam como um novo broto- e na linguagem que apenas as árvores conhecem vibrou com a tomada da cidade.
Os habitantes que sobreviveram fugiram deixando para trás suas casas apinhadas de objetos e também suas máquinas de ferro que usavam para se locomover, tudo foi deixado para trás.

Os grandes líderes de todas as nações ficaram assustados e se esconderam como baratas enquanto o povo continuava a ser atacado de diferentes formas. Dias se passaram, e esses dias logo se tornaram semanas, os homens cobravam atitudes de seus líderes que sempre respondiam que estavam fazendo o que podiam. Mas era mentira. Enquanto seu povo, e suas grandes armas falhavam – não imaginavam que ainda restassem tantas árvores- seus orgulhos eram esmagados por suas raízes ancestrais (é claro que outros seres também ajudavam. Menos os elfos, eles permaneciam fechados em suas grandes e eternas fortalezas ). Rezavam a Deus para que viessem interceder por eles, que enviasse seus grandes guerreiros com suas asas alvas.
Mas ninguém veio em seu socorro, enquanto as grandes metrópoles caiam seus lideres se escondiam em túneis subterrâneos. Mas eles não contavam com uma coisa. Os anões, povo guerreiro e orgulhoso que ficou enraivecido “É por isso que eles são tão podres! Se seus líderes fogem como baratas enquanto deixa seu povo para morrer o que se pode esperar?!”, os homens em seus ternos e gravatas tremiam e tentavam acertar os pequenos e barbudos homens com projéteis suas armas de brinquedo que nas opiniões de todos não era a arma de um homem honrado. Não sujaram seus machados e lanças com o sangue deles, os enviou para “O fosso”, lugar de onde nada nem ninguém havia um dia de haver sobrevivido.
De volta a superfície, em um dia ao amanhecer surgiu brilhante em seu grande dragão branco de olho púrpuras, um elfo. O salvador que tanto aclamaram. Com suas flechas certeiras e com o fogo do dragão -que era tão branco quanto ele – derrotaram as árvores. Menos aquelas que ficaram no grande Centro, onde tudo começou. O sangue derramado entrou por suas raízes e o ódio que restou dos homens, e das árvores também; entraram tão fundo em seus troncos e raízes que seus troncos se tornaram enegrecidos e suas folhas vermelhas, vermelhas como sangue.
Gállion surgiu montado sobre um dragão, lembrem-se que naquele tempo, a Era dos Homens, eles haviam se esquecido sobre eles, se tornaram apenas mitos. Algo fictício. Agora um grande dragão branco, cuspidor de fogo surgia para salva-los, e montado nele um elfo. Com suas orelhas pontudas, olhos sagazes, cabelo cumprido e alvo, seu rosto sábio e sereno. E sua voz profunda e calma que chegava ao mais íntimo de seus corações.
Quem viu aquilo, diz que os homens assim que conseguiram ver a forma que sobrevoava e soltando fogo e flechas nas árvores açoitadoras, se ajoelharam e ergueram seus braços aos céus agradecendo o grande Salvador Branco.
Com sua voz melódica ele disse essas palavras:
– Homens! Onde estão teus tão amados líderes nesse momento? Sim! Escondidos como baratas, mas eu, Gállion, filho de Thandruil, filho de Oropher. Vim em seu socorro. Nenhuma outra criatura viria a encontro de vocês. Criaturas fracas de mente e corpo.
Mas eu vim. E vim por que vejo em vocês uma grande possibilidade de vencer. Não vejam isso como o final, esse foi apenas o começo. Algo para se lembrarem de como o tempo era antes das máquinas. O tempo onde meu povo, os elfos; e o seu lutavam batalhas.
Vamos! Abram seus olhos! E eu os mostrarei algo incrível. Tornem-me seu rei, e prometo que ninguém mais terá fome, ou ficará sem moradia.
Diante daquelas palavras ditas por voz tão angelical não conseguiram dizer nada, suas bocas e olhos abertos não conseguiam acreditar e tal perfeição. Suas desconfianças guardadas no fundo de suas mentes, em um baú.
Elfos sempre existiram, e árvores podiam falar e andar como qualquer outro ser sobre – e embaixo – da terra.
Tão rápido quanto um pisca de olhos, Gállion se tornou um rei. Não um rei qualquer, e sim um rei sobre todos os homens, todos os povos, todas as crenças – que mudaram, e logo não existiam cristãos ou pagãos – e sobre todas as cores de peles.
E logo, antes que notassem, os homens eram comandados por um rei cruel, sádico e ambicioso. Não lhes faltou nada do que prometera outrora. Mas não eram livres, tinham lindos bosques e praias, grandes banquetes e uma vida farta. Mas novamente estavam cegos.
E esse foi o início de uma era, a Era Cinzenta, como os cabelos de Gállion.
Para felicidade dos homens sempre existirão aqueles que conseguem enxergar mesmo com névoa, com olhos tão claros e precisos que se tornam um farol.
E Norbert Thickhair, tinha olhos como esse.


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