POV Clary

Era mais um dia normal no Instituto. Caçadores de sombras chegavam e partiam, sem passar muito tempo ali, como de costume. Eu estava em meu treinamento de caçadora de sombras. Não vou dizer que o treinamento era fácil, muito pelo contrário; parecia que Jace estava me partindo em duas todo dia de propósito. Hoje, sexta-feira, era finalmente o ultimo dia da semana. Todos os meus músculos doíam, e até andar era uma tarefa fatigante.

- Ei, Clary, vem cá – chamou Jace

- Ahn? – eu disse, entretida com meu lançamento de facas.

- Já são oito horas. – ele disse, com um sorriso no rosto – Já chega por hoje.

Saímos do centro de treinamento e fomos andando até o quarto de Jace. Chegando lá, peguei minha bolsa com roupas num canto e fui tomar banho. A sensação do suor era terrível; parecia que tinham jogado supercola em mim. Entrei no banheiro anexado ao quarto de Jace, tranquei a porta e me despi. Eu já não tinha o mesmo corpo de antes; meus músculos já eram mais pronunciados, mas de uma forma boa, e eu tinha que admitir: parecia que meus seios tinham crescido também. Eu, é claro, como qualquer garota, fiquei feliz com a mudança. Parecia que meu corpo finalmente estava se ajeitando. Agora, eu até podia perceber uma pequena, mas visível, ondulação no quadril: cara, eu estava ganhando cintura.

Entrei no banho e liguei o chuveiro na água fria. Era verão, e Nova York estava mais quente do que nunca. Comecei a, primeiro, lavar meus cabelos ruivos, que estavam compridíssimos. Eu já havia comentando com Jace que talvez eu devesse cortá-los um pouco, mas ele apenas riu. Acho que ele gosta deles assim. A melhor coisa de tomar banho no banheiro de Jace é usar as coisas dele: shampoo, condicionador, sabonete... Eu fico com seu cheiro o tempo todo, e isso é inebriante. Terminei de lavar meus cabelos e comecei a me lavar. Eu já tinha perdido a noção do tempo; sou aquele tipo de pessoa que fica duas horas no banho sem nem perceber. Desliguei o chuveiro e comecei a me secar. Penteei meu cabelo e comecei a me vestir, certa de que já tinha se passado muito tempo e Jace provavelmente gostaria de tomar banho também. Coloquei minha lingerie nova de renda, que eu havia comprado especialmente pras sextas-feiras, e meu pijama de verão, com um short curto preto e uma blusa de alça também preta. As noites de sexta-feira eram especiais porque, finalmente, minha mãe parecia estar aceitando e até gostando de Jace. Ela, então, deixou que eu passasse as noites de sexta aqui. Recolhendo minhas coisas, eu sai do banheiro. Jace estava na porta, esperando pra entrar.

- Demorei muito? – perguntei, aflita.

- Cada minuto sem você é uma tortura. – ele respondeu, roubando-me um beijo. – Mas, se o que pergunta é o tempo que ficou lá dentro, acho que uns quarenta e três minutos são a resposta. – ele me disse, com aquele jeito irônico, e entrou no banheiro.

Enquanto ele se banhava, peguei um secador de cabelo que Isabelle havia me emprestado e comecei a secar meu cabelo. Agora, que estava tendo uma noite inteira com Jace toda semana, eu estava ficando mais vaidosa. Eu sinceramente não sabia aonde tudo isso ia levar: lingerie, pijamas mais curtos, se cuidar mais, e até dormir na mesma cama. Eu sentia que Jace queria mais, e eu também sentia que eu queria mais também, mas ele estava esperando que eu desse o próximo passo. Terminei de secar meu cabelo e coloquei o secador junto com minhas camas embaixo da cama que era pra ser minha.

- Ei, Clary – eu ouvi Jace me chamando de dentro do banheiro.

- Sim? – respondi

- Eu esqueci minha toalha – ele respondeu – Tem como me trazer?

- Claro - respondi, aflita.

Achei a toalha a que ele se referia e entrei no banheiro. Graças a Deus o vidro do box era fumê, e não dava pra ver muita coisa se não o contorno do corpo de Jace, mas isso me dava arrepios mesmo assim.

- Aqui – respondi, jogando a toalha por cima do vidro do box.

- Obrigado – respondeu ele, com a cabeça aparecendo por uma abertura no vidro.

- Sempre ás ordens – eu disse, saindo do banheiro.

Voltei ao quarto e me joguei na cama dele. De barriga pra baixo, e com o corpo apoiado nos cotovelos, comecei a ler um livro que Jace tinha me indicado: “Guia de Demonologia para Estudantes Médios”. Jace então, depois de alguns minutos, saiu do banheiro.

POV Jace

Cara, as coisas estavam difíceis. Clary finalmente podia passar um tempo comigo, o que é ótimo, mas parece que ela estava fazendo de tudo pra me provocar. Era difícil pra mim não agarrá-la ali mesmo, e foi o que tive vontade de fazer, quando saí do banheiro. Ela estava deitada em minha cama, e, por Deus, ela estava linda. O pijama curto e negro deixava sua pele descoberta ainda mais chamativa. Seus cabelos estavam espalhados como asas de anjo em suas costas, e tudo que me forcei a fazer quando a vi foi suspirar.

- Ei – falei, me recompondo – Está lendo?

- Sim – ela respondeu, se virando pra mim. – O livro que você indicou.

- Muito bom. – respondi. – Mas acho que podemos aproveitar nossa noite fazendo algo diferente, não acha?

- Concordo plenamente. – ela disse, se levantando e colocando o livro numa cadeira perto da porta.

Juntei as nossas duas camas, como de costume, e me deitei, esperando-a. Ela sentou na cama e veio até mim, engatinhando, e, meu Deus, como alguém conseguia ser tão sexy sem nem perceber?

POV Clary

Jace estava me chamando pra deitar com ele, e eu, é claro, fui. Eu via algo diferente no olhar dele á noite. Não era o mesmo olhar que ele tinha durante o treinamento, que também era diferente do de caçada e de reuniões. Era um olhar quente, um olhar com desejo, e o que eu também percebia, é que Jace estava se reprimindo, porque não sabia se era o que eu queria também.

Cheguei aonde ele estava e ele abriu um braço pra eu me deitar ali, e assim o fiz. Ele começou a me beijar levemente na boca, e só esse pequeno toque nos acendia. Nosso beijo foi ficando mais e mais ardente, e sem nem perceber, ele já estava em cima de mim, nossos corpos colados, sentindo o outro. Ele, então, parou, e deitou-se ao meu lado de novo, se desculpando.

- Não. – eu disse.

Comecei a beijá-lo de novo, e quando menos vi, eu é que estava em cima dele. Ele parecia surpreso, mas feliz. Continuamos nos beijando, com Jace tocando minhas costas por baixo da blusa. Ele pareceu perceber o que estava fazendo e tirou suas mãos.

- Não – eu falei, sussurrando em seu ouvido – Não para.

Comecei a beijá-lo calmamente no pescoço, sentindo seu toque como fogo em minhas costas, e mesmo aquele pijama minúsculo parecia estar me esquentando. Então, decidi dar um passo a frente. Levantei o meu corpo, e, ainda sentada em seu abdômen, tirei minha blusa, e fiquei agradecida em ter colocado um dos meus sutiãs mais bonitos. Jace parecia em êxtase, mas eu não parei ali. Desci de cima dele e tirei meu short também, e ele parecia sem palavras. Vê-lo assim, boquiaberto, apagava toda a vergonha que eu sentia por estar só de lingerie na frente dele.

POV Jace

Por Deus. Eu não sabia o que dizer. Clary, a minha Clary, sempre tão vergonhosa, tirando a roupa pra mim? Era mais do que eu podia pedir. Ela era a menina mais linda que eu já havia visto, mas ela não era mais uma menina – ela era uma mulher. Será que isso era um sinal? Sei lá. Eu só quero ver aonde isso tudo vai dar. Clary voltou pra cama e se deitou ao meu lado, seus dedos passeando por meu abdômen e cada toque, queimando como fogo. Acho que ela estava esperando um movimento meu. E eu iria fazê-lo.

Inclinei-me por cima dela e recomecei a beijá-la. Nossos corpos se tocando era a sensação mais incrível de todas, pele contra pele, queimando. Comecei, então, a beijá-la no pescoço, e ouvindo-a suspirar, desci até sua clavícula, de vez em quando checando se ela estava gostando, e cara, ela estava. Quando olhei pra ela, ela estava de olhos fechados, suspirando. Não acho que ela já tenha chegado até esse ponto com outro cara, e isso me anima. Não querendo ir muito longe, voltei a beija-la nos lábios, com meu corpo grudado no dela. Ela abriu os olhos e, meio assustada olhou pra mim, e olhou pra minha cintura. Cara, que merda. Eu nem tinha percebido isso.

POV Clary

Eu tinha conseguido. Jace e eu tínhamos chegado mais longe hoje do que em toda a nossa relação, e foi incrível. A sensação de seus beijos pelo meu corpo era absolutamente incrível, e, por Deus, eu tinha conseguido deixa-lo daquele jeito. Eu nunca tinha sentido algo assim contra o meu corpo, e então eu percebi como Jace me desejava, como ele me queria. E eu o queria também. Ele parecia meio constrangido – SIM, Jace Lightwood constrangido – e como se tivesse feito algo errado, se deitou ao meu lado. Pegando minhas roupas no chão, ele as estendeu pra mim, mas eu neguei.

- Não, amor, está calor demais. Vem dormir comigo.

Mais relaxado, ele se deitou comigo. Eu o puxei pra perto até conseguir ficar de conchinha com ele, que é como eu gosto de dormir, e segurei sua mão por cima do meu corpo com os dedos entrelaçados perto da minha cintura. Ainda sentido Jace duro em minhas costas, mas sem comentar nada, eu dormi, dormi, e sonhei.