A Mutação escrita por Felipe Chemim


Capítulo 1
Cap. 1: Eu Me Pergunto Se Isso Explode Sua Cabeça




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/506060/chapter/1

A luz do luar rastejava pela janela fechada e inundava o quarto de Félix. Era uma noite quente e abafada. O garoto de 17 anos estava largado em sua cama, com uma perna caída para fora dela. Em um movimento rápido, ele se levanta, muito suado, assustado e ofegante.

Acabara de ter um pesadelo. Ou melhor, mais um pesadelo. Devia ser o quinto ou sexto só naquela semana. E foi o pior deles. Novamente uma criatura obscura e misteriosa arranhava a porta de seu quarto, resmungando seu nome, depois o quarto se dissolvia e Félix se via correndo dentro de um túnel, fugindo da mesma criatura. Era tudo extremamente escuro e ele tropessava em algumas pedras. A cada tropesso, a criatura se aproximava mais.

Então ele chegou na beirada de um abismo, q possuía apenas uma lanterna em cima, que iluminava pouco e não resolvia muito o problema. O abismo parecia não ter fim e Félix sentia a criatura se aproximar, em passos lentos, como se soubesse que sua presa não teria escapatória.

Félix só conseguia pensar em uma coisa: pular. Mas não pular diretamente para o abismo, mas para o outro lado. O problema é que o outro lado não parecia estar tão perto. A criatura estava há menos de 2 metros de distância quando o garoto tomou impulso e pulou. Ele sentia uma força ajudando-o a chegar ao outro lado, quando sentiu garras cravarem em sua panturrilha e o puxarem para um mar de trevas. E ele acordou.

Agora estava sentado em sua cama, suando como nunca havia suado, nem nas aulas rigorosas do professor gordinho e barbudo de educação física no colégio. Olhou para cima e sentiu o teto perto demais. Olhou para baixo: sua cama estava flutuando.

-Mas…? -Félix começou a interrogar pra si mesmo, quando a cama desceu com uma batida surda.

Ele revirou os olhos e deitou na cama, braços e pernas estendidas como se fosse um boneco de pano. Estava grudando em suas roupas como um chiclete. Estava prestes a se levantar para tomar uma ducha da madrugada, quando caiu em um sono repentino.

E dessa vez, sem pesadelos.

Félix acordou com batidas embravecidas em sua porta. Levantou assustado, pensando ser a criatura horrenda de seus pesadelos. Mas era sua tia gritando que ele estava atrasado para o colégio. Muito atrasado.

Dessa vez, o sol iluminava o seu quarto, enquanto ele corria para um banho rápido. Seus cabelos castanhos escuros estavam bagunçados como um ninho de ratos e embaixo de seus olhos marrons havia olheiras enormes, resultado das noites mal dormidas.

Poucos minutos depois do rápido banho, estava descendo para a cozinha, já devidamente vestido, com sua mochila em um braço, e o outro roubando uma maçã da mesa.

-Não vai comer direito? - tia Mary perguntou. Ela era jovem, mas possuía uma aparência de pessoa cansada. Tinha seus 30 e poucos anos, e cabelos brancos começavam a dizer “oi” entre seus cabelos cor de chocolate. Ela cuidava de Félix, desde quando ele era um bebêzinho gordinho com 2 anos de idade. Os pais do garoto morreram em um lastimável acidente, e Mary assumiu responsabilidade.

-Estou atrasado tia! -Félix respondeu-E a diretora já está no meu pé por causa de umas brigas semana passada…

-Brigas? Como assim brigas, Félix? -tia Mary perguntou angustiada.

-Quando voltar eu explico. -Félix disse saindo, dando uma mordida na maçã.

Então o garoto se dirigiu ao colégio, sem saber que não teria mais tempo pra conversar com sua tia.

Pior do que previa, Félix chegou atrasado ao colégio. Como um gato, tentou sorrateiramente adentrar no colégio sem ser visto. Mas foi.

-Félix! Aí está você, mocinho… -a voz estridente da diretora Miranda ecoou pelos corredores.

Félix fez uma cara azeda e se virou em direção da mulher.

-Bom dia, senhora. Meu despertador quebrou, me desculpe… -Félix se lastimou.

-Terça-feira passada: briga no ginásio com o exemplar aluno Frederico Betsy… Quarta-feira passada: atrasado pois o chuveiro queimou e demorou consertar. Quinta: briga na aula de educação física com Bart Besson… e hoje, vejamos só, a culpa é do despertador!-a mulher declarou.

-Mil perdões senhora. Prometo que nada mais disso virá acontecer. -Félix prometeu, saindo -Agora preciso correr para a aula de física.

A diretora já ia prender Félix mais um pouco, quando ele correu pelos corredores.

-Garoto dos infernos… -a diretora gritou, dando um soco em um dos armários, que ficou totalmente amassado.

A mulher sai do corredor, com seus saltos fazendo um barulho parecido com o de um pica-pau, enquanto o armário amassado cai no chão, fazendo um barulho enorme.

Félix foi à sala de aula de espanhol, na esperança de ser despercepido. Errou.

-Félix, estava passeando? -a Sra. Santana, a professora, perguntou.

-Ahn... não, profes...

-“Maestra“ -ela o cortou.

-Não, maestra... acabei me atrasando. Peço desculp... perdón. -Félix disse encarando o olhar feroz da mulher.

-Pois espero que isso não ocorra mais na minha aula. Você sabe que suas notas não são nadas exemplares e é melhor isso não piorar. -ela disse-Agora sente-se.

Félix revirou os olhos e sentou-se numa carteira vazia ao lado de seu amigo Nicholas, que arrumava seu cabelo castanho quase preto.

-Essa mulher é um demônio!-Félix reclamou.

-Você não sabe de nada... começou a correr um boato hoje de manhã que ela saiu no tapa com as tiazinhas da cantina sexta feira passada! -Nicholas disse rindo, enquanto seus olhos azuis brilhavam em triunfo.

-Essa eu queria ter visto!-Félix bateu na mesa.

-Félix, eu não irei pedir de novo, comporte-se!-Santana disse-Acho que pra você, ir com 23 no boletim não é o suficiente... exijo silêncio!

A professora se virou para o quadro e começou a escrever, enquanto Félix ficava vermelho de raiva. Aquela mulher não precisava ter exposto suas dificuldades nem ter sido tão arrogante.

Félix sentia que ia explodir ao ver os colegas de classe olhando pra ele, cochichando e rindo. Uma raiva foi tomando parte de seu corpo.

“Era só o que me faltava! Meu marido me trocou por aquela cadela que trabalha na cantina e ainda tenho que encarar esses jovens rebeldes!“ -Félix ouviu a professora dizer. Mas ela estava em silêncio, escrevendo no quadro.

-Mas... -ele ia se perguntando, quando uma forte agulhada veio em sua cabeça.

Ele ouvia todo mundo falar ao mesmo tempo.

“Falta muito tempo pra aula acabar?“

“Acho que vou agarrar com o Jessey na hora da saída“

“Meus pais não podem descobrir que zerei a prova de matemática“

“Estou rezando para que o teste de gravidez dê negativo!“

“OMG! Estou apaixonada pelo Tico! Arg...“

“Preciso ir mais pra academia, meus bíceps estão muito pequenos...“

-Félix, Félix, Félix! -Nicholas chamava desesperado.

Félix estava com as duas mãos na cabeça, com uma cara de agonia. Ele parou de ouvir as vozes e então levantou a cabeça.

Ninguém olhava pra ele a não ser Nicholas. Ainda bem, Félix não queria mais atenção.

-Cara, tá tudo bem com você?-Nicholas perguntou.

-Tá, tá sim... só me deu um pouco de dor de cabeça. -Félix disse.

-Quer um remedio? Acho que tenho algum aqui... -Nicholas já procurava em sua mochila quando Félix negou.

Nicholas sempre tinha remedio pra tudo na mochila. Ele e Félix viraram amigos há dois anos atrás, quando Félix entrou na escola e não conhecia ninguém.

A diretora Miranda, que naquela época era professora, havia pedido um trabalho em duplas e juntou os dois para isso. Nessa ocasião eles viraram amigos.

-Só vou dar uma volta, cara… -Félix avisou.

-Vai lá…

Por um milagre, a sra. Santana deixou-o sair. Ele andou até os bebedouros, quando sentiu um cheiro de fumaça.

-Mas daonde está vindo isso…?-ele indagou, saindo de perto dos bebedouros e indo em direção de onde nascia o cheiro daquilo.

Ele farejou até chegar ao ginásio, onde uma garota que ele nunca viu na vida, queimava alguns panos dentro de um balde.

-Hey, garota! Quem é você e o que pensa que está fazendo?!-ele perguntou irritado.

Com um sorriso torto e cara de deboche, ela respondeu:

-Finalmente você chegou!

Ela tinha uma calça jeans justa dentro de botas de couro preto. Uma jaqueta estava por cima de uma camiseta preta e seu cabelo castanho estava preso em um rabo de cavalo. Seu olhar esverdeado era feroz, mas ao mesmo tempo irônico.

Com um movimento de mão sobre o balde, a garota apagou o fogo que queimava os panos.

-Agora não preciso ficar queimando esses panos… tenho o meu verdadeiro alvo! - ela se virou para Félix e então estendeu na direção do jovem.

-O que…?! Você tá maluca, garota? Acho que você nem estuda aqui! Vou chamar a diretora… -Félix estava indo em direção da porta de saída, quando sentiu uma onde de calor passar por cima de sua cabeça e uma viga derretida caiu em sua frente, tampando a passagem.

O garoto se afastou e tentou encostas no obstáculo, mas ele estava fervendo.

-Sabe aquele jogo que chamam de “queimado”? É o meu jogo preferido! Só que eu meio que adaptei algumas regras… -a garota disse, chamando a atenção de Félix.

Ele se virou e viu que uma bola de fogo flutuava na mão estendida dela.

-Mas como…?!-disse assustado.

-Dizem que sou uma garota quente… -ela disse, então aproximou a bola de fogo de seu rosto, mandou um beijinho e assoprou.

Félix estava com uma falsa esperança da bola de fogo se apagar com o sopro, mas não. A chama voou em sua direção.

-Ah, merda!-Félix rolou para o lado, antes da chama atingir a viga e a porta, fazendo-as pegar fogo.

Ele estranhou os detectores de incêndio não terem começado a soltar água naquela situação, com tanto fogo em volta. Quando olhou para cima, descobriu o porque: todos eles estavam derretidos.

-Ah, legal isso…

-Pare de fugir, se entregue… é bem mais fácil! -a garota disse, fazendo uma arma de mentira com os dedos. Uma bolinha flamejante dançava na ponta do dedo indicador e do dedo médio.

Ela atirou dezenas de bolinhas de fogo na direção dele, como se fossem tiros.

Félix se assustou e deu um salto, com pouca esperança. Ele já previa sua tia chorando ao identificar seu corpo todo chamuscado, parecendo carne queimada quando ele mesmo deixava o fogo alto demais no churrasco de domingo.

Mas então se surpreendeu: ele deu um super salto, quase como um sapo, pulando por cima das bolas de fogo e caindo levemente no chão, como um cisne.

-Mas como…?-ele arregalou os olhos ao perceber a própria façanha.

-Ahá! Finalmente começou a evoluir… Vamos aumentar o nível. -ela declarou.

Ele já ia começar a reclamar quando ela fez um sinal de “rodadinha” com o dedo indicador. Félix se perguntou o que aquilo queria dizer, quando algo o fez perceber que as bolas de fogo o estavam perseguindo.

-Ah, mas que coisa!-ele reclamou, começando a correr.

A garota estava com a mão estendida, e parecia controlar as bolas de fogo. Mas como isso seria possível? Félix ainda se perguntava como aquelas bolas de fogo surgiram… Ela devia ter algum isqueiro especial. Ou até um míssil diferente.

Uma das bolas de fogo aumentou a velocidade e quase acertou seus pés, fazendo-o tropeçar e rolar pela quadra. As outras bolas de fogo estavam indo em sua direção, numa velocidade surpreendente.

-Não… -ele se lamentou.

Iria ser atingido. Abaixou a cabeça e estendeu o braço na frente de seu corpo, numa tentativa que seria frustada de se proteger. Sentia a morte chegando, e isso fez aquela sensação de raiva voltar ao seu corpo. A mesma raiva que sentiu na sala de aula, quando ouviu as vozes. Mas dessa vez não ouviu nenhuma voz.

Então ouviu as bolas de fogo atingindo algo. Claro que seria ele. Félix rolou pelo chão, se preparando para se sentir queimando e morrer. Mas não estava queimando. Muito pelo contrário, estava até se sentindo fresco. Renovado.

Aquela raiva havia deixado seu corpo. Ele olhou em volta e viu que algumas bolas de fogo haviam desviado dele e atingido a arquibancada da quadra. Outra meia dúzia estavam batendo uma nas outras, iniciando uma pequena explosão como fogos de artifício. As poucas que sobravam estavam voando descontroladas e em círculos para cima, até que explodiam.

Félix olhou para a garota, que estava com uma expressão mista de surpresa e admiração.

-Eu nunca imaginei que seria tão rápido… -ela disse com um sorriso triunfante no rosto. Seus olhos verdes brilhavam como esmeraldas, em um triunfo de orgulho e desafio.

Ela abriu as mãos e outras bolas de fogo apareceram.

-C, já chega! Já terminamos por aqui. -uma outra garota disse, aparecendo do nada no último degrau da arquibancada.

-Q-Quem é você…?!-Félix disse, surpreso, ainda caído no chão.

-Ah, não se preocupe, vim em paz. -ela disse, com uma expressão amigável.

-Ah, qualé, Katy, mais um pouco da caçada, está ficando… ahn, quente! -a garota de jaqueta disse. De acordo com a tal de Katy, essa se chamava “C”.

-C, vamos seguir as ordens dadas! Chega! -Katy alterou o tom de voz.

C olhou de Katy para Félix, então começou a andar em sua direção em passos lentos, com as bolas de fogo acesas em suas mãos.

-Ah, prometo que ele não vai se machucar… muito. -C disse em um sorriso desafiador.

Félix tentou se levantar, mas caiu novamente. Havia torcido o pé e só percebera agora. E ainda por cima, uma dor de cabeça havia se iniciado.

-C, não!-Katy pulou da arquibancada.

Depois ela acelerou sua corrida e desviou de C, que estava provocando e desafiando Félix com olhares ferozes.

-Vamos sair daqui… -Katy disse.

-Espera… aquilo de desviar as bolas de fogo, fui eu que fiz?-Félix perguntou, curioso.

-Não temos tempo pra isso, vamos!-Katy respondeu.

-Se fui eu quem fez isso, posso fazer de novo!-ele disse confiante, e então virou-se em direção de C.

-Hey, espera, não!-Katy exclamou.

-Vejam só, ele gostou de brincar… -C disse alegre, e então atirou suas bolas de fogo.

Félix viu tudo em câmera lenta. As bolas de fogo sendo atirada por C e vindo em sua direção. Ele estendeu a mão como fez da última fez e se concentrou em desviá-las. Uma gota de suor escorreu de sua testa.

Ele estava sentindo aquela raiva vindo novamente, mas ia controlá-la dessa vez. Mas então essa raiva se foi, mas rápida do que veio e ele começou a perder as forças.

-Ah, não… -ele disse em voz baixa e quase foi ao chão, mas Katy o segurou.

Ela estava segurando em seu braço com uma mão e a outra em seu ombro. Ele viu as chamas chegando perto e abaixou sua cabeça. Sentiu uma onda de calor em seu corpo e abriu os olhos, esperando ver suas roupas em chamas. Mas não! Olhou para trás e viu que as chamas atingiram o chão atrás dele.

-Ela… errou?!-Félix disse, mais surpreso do que nunca.

-Vamos embora!-Katy o puxou.

Eles então saíram por uma das portas e deixaram C para trás. Katy corria, puxando Félix, até que ele se soltou.

-Hey, espera aí!-ele cruzou os braços.

-O que foi? Não temos tempo para perder!-ela disse.

-Onde você está me levando? Eu nem te conheço! Nem aquela garota… E minha vida tá uma bagunça!-Félix reclamou, colocando as mãos na cabeça.

-Logo você vai entender tu-do!-ela disse calmamente, mas com um tom apressado em sua voz.

-Tudo o que…?-ele disse em voz baixa e desanimada.

Katy via que aquele garoto ia entrar em lágrimas de sangue. Então disse:

-Olha… a única coisa que posso dizer agora é que… você é… ahn…

-Sou o que?

-É um mutante… -ela disse em voz baixa, quase sussurrando.

-O que?! Você está louca!-ele disse, começando a andar, fugindo dela-Essas coisas são existem, você anda vendo muito desenho animado…

-Você tem pesadelos estranhos, não é?-ela disse-E quando acorda, vê que está acontecendo algo estranho em sua volta… E pelo que vi no ginásio, quando você acorda do pesadelo, deve ter alguma coisa levitando em sua volta…

Ele parou.

-E você tem constantes ataque de dor de cabeça… Como se tivessem cravado dúzias de agulhas em sua cabeça…

-Como você sabe disso…?-Félix perguntou se virando na direção dela.

-Porque eu sou como você… quero dizer, não exatamente como você… -Katy respondeu, então se aproximou de um dos armários do corredor. Ela encostou sua mão nele e então fechou os olhos. Félix observava atentamente, quando a mão da garota atravessou e entrou no armário. Ela se afastou, e quando fez isso, tinha um livro na mão. O livro que estava dentro do armário.

O queixo de Félix caiu.

-Como você fez isso?!-ele disse impressionado.

-Tem uma explicação científica para isso, mas enfim, eu posso atravessar qualquer objeto sólido. -ela disse, se aproximando novamente do armário, atravessando sua mão e guardando o livro, depois, voltou para perto de Félix-Quando meus poderes começaram a se manifestar, eu tinha pesadelos e quando acordava havia atravessado minha cama e estava embaixo dela. Ou atravessava a cama e o chão e estava na sala. Uma vez acordei dentro do porão, e um cerrote estava atravessado na minha barriga.

-Uau…

-Eu recebi ajuda em um acampamento para treinamento de mutantes. E é pra lá que eu quero levar você. Lá você vai aprender a controlar seus poderes e nunca mais vai ter dor de cabeça ou pesadelos que não consiga entender…

-Mas… e minha tia?-Félix perguntou-Eu não posso sumir assim do nada.

-Tá… vamos falar com ela. Você pega algumas roupas e coisas suas e depois partimos… -Katy disse.

Os dois saíram da escola e entraram em um carro azul que estava estacionado na frente. Katy deu partida.

-Escuta, você já pode dirigir?-Félix perguntou.

-Sim… tecnicamente não. Faço 16 anos daqui 2 meses… - ela respondeu-Daqui 2 meses e meio…

Félix se segurou no banco.

Depois de alguns minutos eles chegaram na casa de Félix. A primeira coisa estranha era a porta, que estava aberta.

-Mas… -Félix começou a dizer, então saiu correndo do carro.

-Hey, espera!-Katy disse, se apressando para acompanhá-lo.

Quando o garoto entrou na casa, viu uma visão horrível. Os móveis estavam todos revirados e quebrados. Havia cacos de vidro e pedaços de madeira espalhados pelo chão. E o pior de tudo: sangue.

Havia manchas e pegadas de sangue no chão e muito sangue espirrado na parede. Uma mensagem, escrita também em sangue, dizia: “Vim te fazer uma visita. Infelizmente você não estava, mas sua tia me acompanhou…”

-Não… -ele disse. Seus olhos ficaram marejados rapidamente.

O garoto deu alguns passos e então caiu de joelhos, com a cabeça baixa.

Katy entrou na casa e ficou com horror da cena que via.

-Ai meu Deus… o que houv… Félix…?-ela se aproximou e então dele.

Félix estava segurando um porta retrado todo quebrado. Na foto, ele e sua tia estavam abraçados e sorrindo, mas felizes do que nunca. O cenário era um dos parques da cidade e o dia era ensolarado. Aquele havia sido um dia divertido e perfeito para ele.

Uma lágrima despencou do rosto de Félix e atingiu o rosto dos dois na foto, e ele tinha uma única certeza: sua tia se fora.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Mutação" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.