Amor cigano escrita por nique


Capítulo 1
O começo




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Em uma noite fria de inverno, um homem andava as pressas pelas ruas, trazia junto de si um pequeno embrulho, era bem tarde da noite, para em frente uma casa.

-Aqui parece um bom lugar, me perdoe pequenina, mas é o único jeito de te salvar, um dia quem sabe você encontre o caminho de volta para nós.

E a larga ali na soleira da porta, toca o sino da porta e vai embora, logo as pessoas da casa aparecem á porta...

-Quem será á essas horas-Disse a senhora abrindo a porta- Oh Céus, o que é isso- Então abre o pequeno embrulho- Minha nossa senhora, é um bebezinho, o que terá acontecido aos teus pais para que a deixassem aqui? Será que é menino ou menina? Disse olhando- É uma menininha, pobrezinha deve estar com fome.

Ela a levou para dentro e a alimentou...

-Quer saber de uma coisa, vou criar você como se fosse minha filha e o seu nome será Maria de Fátima, já que você veio a mim no dia de nossa senhora de Fátima.

E assim se passou a noite, no outro dia ela decide sair para comprar algumas roupinhas para a filha, essa mulher nunca pode ter filhos então para ela aquele bebê era um milagre.

Depois de suas compras foi direto para casa, ela havia deixado Maria com sua empregada, chegando a casa sua empregada veio falar com ela:

-Senhora, me desculpe à intromissão, mas andei observando a neném e...

-O que tem Maria de Fátima?

-Pelas características eu diria que ela é filha de ciganos.

-Como pode ter tanta certeza?

-Lembre-se senhora que eu sou cigana e reconheço uma de nossas crianças.

-Ok então você sabe como encontrar a tribo dela, ela deve ter pais, podem estar procurando por ela.

-Não, não estão.

-Porque diz isso?

-Senhora, os Rons estão passando por tempos terríveis, enfrentam doenças terríveis que ainda não tem cura nem para os Gadjes, eles devem tê-la abandonado aqui para salva-la da doença.

-Acha que eles podem voltar?

-Duvido muito, e nem adianta procura-los eles já devem estar longe.

-Bom não podemos deixa-la largada por ai não é? Cuidaremos dela, você e eu, e se um dia ela quiser saber do passado dela nós contaremos tudo.

E os anos passam, Maria cresce feliz ao lado da mãe, nunca soube de seu passado, acreditava que aquela era sua mãe biológica, mas adorava as incríveis histórias que sua babá contava de seu povo.

-Ai Tenca, adoraria conhecer o teu povo.

-Estamos sempre viajando, de vez em quando eles estão por aqui.

-E porque você não é mais nômade?

-Decidi me fixar em um lugar só, muitos de nós estão optando por isso agora.

-Não sente falta dessa vida?

-Às vezes, quando vejo uma tribo acampada por ai, quando os vejo na rua, mas foi opção minha.

E os anos passam, Maria de Fátima se torna uma bela moça, fina e educada, estando agora com vinte e um anos estava na hora dela escolher um marido, muitos vinham corteja-la, mas parecia que nenhum a agradava.

-Minha filha deve escolher um marido, não estarei aqui para sempre e quero alguém cuidando de você-Insistia sua mãe.

-Ah mamãe, todos são iguais, metidos arrogantes, quero alguém diferente em minha vida, não um pavão.

-Preferes ficar solteirona?

-Mas é claro que não, só ainda não encontrei o homem certo.

E com isso ela sai do recinto.

-Ai Tenca, não sei o que vou fazer com essa menina, tenho medo que ela fique sozinha como eu.

-Ela é realmente um espirito rebelde, mas creio que ela tem suas razões para não aceitar nenhum desses jovens.

-Como pode ter tanta certeza disso Tenca?

-Eles não agradaram nem a mim, quem dirá a ela.

-O que sugere que façamos?

-Esperarmos, o homem certo vai aparecer.

Enquanto as duas conversavam, Maria resolve sair para a cidade, precisava comprar uma fita de cabelo nova.

Caminhando pela rua, ela vê algo que lhe chama a atenção, muitas pessoas estavam se reunindo na praça, foi lá ver o que estava acontecendo.

Quando chegou, viu que se tratava de um grupo de artistas ciganos, que tocavam cantavam e dançavam alegremente, sentiu-se tentada a ir dançar com eles, pois a dança era envolvente e parecia que se divertiam muito.

Ficou muito receosa no inicio, mas logo um deles a viu e disse:

-Pode vir, as Gadjis são sempre bem vindas para dançar conosco.

-Eu não sei dançar muito bem senhor.

-Horas, todos sabem dançar, venha, venha, não seja tímida.

Ele foi tão gentil com ela que ela não pode dizer não, logo pegou o jeito, e nem viu o tempo passar, quando viu já era tarde e tinha que voltar para casa.

-Muito obrigada senhor...

-Barnabas, foi um prazer conhece-la senhorita, mas está muito tarde para você voltar sozinha, espere, pedirei para que meu filho a leve até em casa.

-Não precisa, eu não moro longe.

-Eu insisto, não é nada bom que Gadjis fiquem andando por ai sozinhas, espere só um momento.

Depois de um tempo ele reaparece com um rapaz junto a ele e lhe diz:

-Meu filho a acompanhara até sua casa.

-Obrigada senhor Barnabas.

O filho de Barnabas era um moço muito bonito, alto, de cabelos compridos muito negros, barba rala, e a pele bronzeada pelo sol, ele não era de falar muito, não falou nada o caminho inteiro até a casa dela.

-Como é o teu nome?

...

-Ei, estou falando com você.

Mas ele não falou nada, só a acompanhou até a porta e partiu em direção ao acampamento, Maria estranhou sua atitude, mas não deu muito importância, pois não o veria mais.

Mas não conseguia tira-lo de sua mente, do quanto era bonito e misterioso, ela queria se encontrar com ele novamente no dia seguinte.

No outro dia, Maria acorda cedo como sempre, veste seu vestido e vai fazer seus afazeres matinais, tinha aulas durante toda a manha e a tarde era livre.

Naquela tarde ela vai até o acampamento dos ciganos e lá encontra Barnabas.

-O que faz aqui senhorita? Isso não é lugar para uma Gadji.

-Eu sei senhor Barnabas, mas sinto que ontem não o agradeci como deveria então decidi vir vê-lo.

-Oh, não tem nada do que me agradecer, mas venha e tome uma taça de vinho comigo.

-Eu não bebo senhor.

-Serve agua então?

-Pode ser, obrigada.

Os dois se sentam junto à fogueira e Maria resolve falar:

-Senhor, seu filho que me acompanhou ontem até em casa...

-O que tem ele?

-Bom, eu gostaria de saber o nome dele, ele não me disse.

-Você sabia que os Rons têm três nomes?

-Como assim três nomes?

-Um lhe é dito no ouvido quando nasce o outro é seu nome tribal, e o outro é o nome que usamos entre os Gadjes.

-Então seu nome não é Barnabas?

-É só um deles, o nome de meu filho é Renzo.

-E porque ele não me disse?

-Ele não fala com Gadjes.

-Por quê?

-Porque sua mãe foi morta por um Gadjo.

-Porque mataram sua mãe?

-Vocês Gadjes nos odeiam, e um dia, um Gadjo bêbado veio ao nosso acampamento, a minha mulher estava guardando nossas roupas quando tudo aconteceu, Renzo tinha somente dez anos.

-Eu sinto muito senhor Barnabas.

-Não sei o que foi pior, a perseguição ou a doença.

-Doença? Que doença?

-Á alguns anos, nossa tribo estava sofrendo de uma doença que nossas ervas não conseguiam curar, fomos quase que dizimados naquela época, nós a chamamos de morte escarlate.

-E como não tem mais ninguém doente? Acharam uma cura?

-Não, a doença desapareceu como apareceu, do nada.


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