Desespero. Esse era o sentimento que dominava cada mínima partícula de meu ser. Não havia nada, nenhum resquício de luz ou sanidade, além da dor de ter Stefan sem vida em meus braços.

Como seguir em frente, sabendo que não poderia mais ouvir sua voz, seus conselhos, seu riso? Como sair da cama todas as manhãs, sabendo que não poderia contar com seus abraços acalentadores, seus sorrisos que diziam que tudo ficaria bem, ou sua companhia silenciosa ao meu lado? Ou então... quem me ouviria reclamar de coisas bobas ou inúteis, ou ouviria minhas confissões sem fazer qualquer tipo de julgamento?

Eu sei, tenho outros bons amigos, mas nenhum deles jamais foi, ou será, como Stefan Salvatore. Com ele, até o tempo silencioso lado a lado era valioso, cheio de carinho e compreensão. Stefan era o tipo de pessoa que ajudava, se doava por completo, sem esperar nada em troca. Ser “herói” – como Damon insistia em dizer – fazia parte de quem ele era.

Foi com meu melhor amigo que aprendi a não abandonar aqueles com os quais nos importamos, mesmo que eles já tenham nos magoado no passado. Foi com Stefan que aprendi a controlar meu lado vampiresco, mesmo que ele mesmo não tivesse pleno domínio de si próprio. Foi com ele que aprendi a ser uma garota melhor, a pessoa que sou hoje e da qual tenho orgulho de ter me tornado.

O pior de tudo era saber que não havia modo de trazê-lo de volta, Bonnie já havia me dito isso. Não havia mágica para trazer Stefan são e salvo do Outro Lado, e era só questão de tempo para que sua alma se perdesse no vazio. E então eu não teria mais nada.

Por um ínfimo instante, a ideia de recorrer ao Markos bailou em minha mente, mas isso seria inútil, de qualquer forma. Afinal, não adiantaria trazê-lo de volta só para vê-lo morrer outra vez quando o bruxo viajante, ou seja lá como ele se autodenominava, apagasse todo e qualquer resquício de magia, matando a todos nós. Não haveria mais dor e lágrimas para mim, o que também não seria de todo tão mal...

Mas eu não poderia simplesmente entregar os pontos, isso não faria Stefan ter orgulho de mim. Se a situação fosse inversa, sei que ele tentaria encontrar uma solução, lutando até o último instante. Eu devia isso a ele, devia minha vida a ele.

“Amo você, Stef” - me vi sussurrando em meio às lágrimas – “Vou lutar por você, meu irmão de mentirinha. Te trarei de volta, ou morrerei tentando, se for preciso.”

Nesse momento, a brisa trouxe consigo um leve toque em meu ombro, e eu sabia que, de alguma maneira, Stefan estava ao meu lado, me dando forças para continuar. Pensar que, mesmo estando distante, ele ainda conseguia se preocupar comigo fez um mínimo sorriso brotar em meus lábios. Aquele era o Stefan, simples assim. Por isso eu o amava, e a ideia de nunca mais vê-lo era tão dolorosa.

Baixei meu rosto e beijei sua face sem vida, deslizando meus dedos por seu cabelo e sentindo a dor atravessar meu coração como uma lâmina afiada mais uma vez. “Cuidarei de você, Stefan... Eu prometo” - murmurei para o vento, desejando que, onde quer que estivesse, meu melhor amigo acreditasse em mim.