Depois da festa eu passei a morar no castelo. Ainda achava estranho o fato de ter pessoas me servindo, me chamando de Alteza e entre outras coisas. Caspian disse que com o tempo eu me acostumaria, mas eu tenho as minhas duvidas.
Cumpríamos nosso acordo com os narnianos, Caspian estava cada vez mais empenhado na restauração do castelo. Havia decidido que mudaremos para lá depois de terminado, assim como a população da vila que quiser. Mas ainda manteríamos o castelo telmarino como um refugio caso precisássemos.
Enquanto Caspian se preocupava com a restauração e o desenvolvimento das coisas do castelo aqui, ele me deixou encarregada exclusivamente da cerimonia do nosso casamento, que aconteceria em menos de dois dias. Aslam ficou para nos ajudar tanto no projeto da restauração quanto para celebrar nosso casamento. Meu vestido foi entregue hoje pelo alfaiate real, era lindo. Deixei-o no meu quarto temporário para que Caspian não o visse, sou muito apegada as tradições matrimoniais e superstições.
Caspian fez de meu pai seu conselheiro diplomático e militar. Fiquei extremamente feliz. A vida no castelo estava mais ativa e alegre, eu ficava feliz por poder proporcionar alegria ao meu povo.
Mesmo faltando um dia e um pouco mais de algumas horas, a decoração ja estava sendo colocada no pátio aonde realizaríamos a cerimonia e a festa. Recolhi-me no meu quarto após o jantar, coloquei minha camisola e o hobbe por cima enquanto caminhava ate a varanda para observar enquanto alguns homens estalavam a iluminação decorativa por todo o pátio. Ficaria tudo perfeito. Batidas ressoaram pela porta do meu quarto.
– Sim?
– Sou eu Alex. - ouvi Caspian falar. Olhei aonde o vestido estava, coberto por pano preto. Não havia vestígios de nada.
– Pode entrar. - falei, ainda observando o pátio a minha frente. Senti seus braços envolverem minha cintura enquanto seus lábios beijavam o todo da minha cabeça.
– Tudo bem? - perguntou.
– Tudo. - falei.
– Esta tendo duvidas? Ainda da tempo de desistir! - falou quando percebeu para onde eu olhava. Virei meu rosto para olhar em seus olhos.
– Nunca diga isso. - murmurei. - Não posso esperar pela hora em que poderei dividir o quarto com você e ser chamada de sua esposa. Sabe disso!
– Então, o que foi?
– Eu acho que estou começando a sentir a responsabilidade das minhas decisões, só isso!
– As decisões mais pesadas eu tomarei Alex, sabe disso não sabe?
– Mas não deveria ser Caspian. Aslam escolheu a nos dois por um motivo. Devemos tomar as decisões juntos. Não deixar a responsabilidade toda para cima de um ou do outro. Mas ate agora eu não fiz nada, você tomou todas as decisões sem me consultar. Como acha que eu me senti quando soube que você e papai decidiram mudar as coisas para Cair Paravel depois que estiver tudo pronto e não me consultaram? - falei e ele assentiu, concordando.
– Está certa, eu achei que não se importaria, mas eu realmente sinto muito. Com todos os preparativos do casamento, quis te poupar de ter que tomar mais decisões. Mas eu prometo que não tomarei mais nenhuma decisão sem sua opinião.
– Obrigada. - falei.
– Olhe para nós, mal começamos a governar e já estamos discutindo. - ele falou e eu sorri. Passei meus braços pelo seu pescoço, puxando-o para mais perto. Senti seus lábios sendo pressionados contra os meus, suspirei em agradecimento. Suas mãos apertaram minha cintura.
Nos separei, respirando fundo.
– Sinto sua falta. - ele murmurou.
– Mais um dia. - falei e ele assentiu.
– Vou te deixar descansar. Temos muita coisa para fazer amanha.
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O dia anterior a cerimonia foi extremamente agitado. Ate mesmo Caspian teve de deixar os afazeres reais de lado para me ajudar. A ultima prova de seu traje foi seguida pela prova do bolo. Logo depois o cozinheiro do castelo precisou de nossa aprovação para as comidas e os vinhos. A ultima coisa que fizemos foi a aprovação final da decoração de flores.
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Eu estava nervosa. Lógico que estava, era o dia do meu casamento. Minha mãe terminava de trançar meu cabelo enquanto eu me analisava no espelho.
Desde que conheço Caspian, ele sempre me disse que nos casaríamos que eu seria sua rainha. Acabei de perceber que não tinha noção do que isso realmente significava. A mulher a minha frente não lembrava nada a criada que servia a família real alguns meses atrás. A maquiagem leve em meu rosto combinava perfeitamente com o colar que eu carregava no pescoço. A coroa estava presa em meu cabelo enquanto os longos fios estavam trançados junto de fios de ouro, que foram presentes dos faunos, eles estavam presos em minha raiz e iam ate a ponta dos meus fios. Eles combinavam perfeitamente com a coroa narniana.
Me levantei e fui ate meu vestido. Minha mãe me ajudou a coloca-lo sem que estragasse nada. Ele era lindo. Suas mangas iam ate meu cotovelo e eram transparentes. A parte de cima era justa e lisa, o tecido da saia era brilhoso e quando chegava no meio da canela ele ficava transparente, deixando aparecer meus pés e sapatos.
Minha mãe olhou para mim e percebi seus olhos encherem d'água.
– Mãe. Não chora. Vou acabar chorando também. - pedi e ela assentiu.
– Tem razão. Você não pode chorar. - falou e sorriu. - Você esta linda minha filha e eu tenho muito orgulho de você.
– Obrigada mãe, muito obrigada. - falei e a abracei. Escutamos batidas na porta.
– Posso entrar? - ouvimos papai perguntar.
– Pode pai.
– Minha filha, vim te apressar. Acho que se demorar mais alguns minutos, Caspian irá passar... - se interrompeu quando seus olhos se fixaram em mim. - Está linda. Meu bebe.
– Obrigada pai. - falei e o abracei.
– Eu vou descendo na frente. Para avisar a todos. - mamãe falou e eu assenti. Papai me ofereceu o braço e eu aceitei. Descemos a escadaria acompanhados de dois guardas. A cada passo meu coração dava um salto dentro do meu peito. Eu estava muito nervosa.
Quando vi todas aquelas pessoas me esperando, o nervosismo só aumentou. Segurei o braço do meu pai com mais firmeza e olhei para ele, que me passava confiança o tempo todo.
– Não me deixe cair pai. - pedi.
– Nunca minha filha. - falou. Passamos no meio das pessoas, pelo caminho que foi deixado aberto para minha passagem. Alguns sorriam, outros murmuravam enquanto olhavam para mim, mas nenhum deles pareceu rude em momento algum. Tanto Narnianos quanto Telmarinos apareceram para a cerimonia e isso me deixou muito feliz.
A reta final da minha trajetória estava ali e eu podia finalmente ver meu marido, em pé, ao lado de Aslam, trajando uma roupa completamente branca e sua espada presa a cintura. A coroa dourada narniana em sua cabeça. Ele sorria. E eu também. Nada me importava mais, meu único pensamento era ele. Meu pai entregou minha mão para ele que a beijou e sorriu para meu pai, logo depois nos viramos para Aslam, dando inicio a cerimonia.
– Amigos e amigas, estamos aqui hoje para testemunhar e celebrar a união de duas pessoas que passaram por cima de todos os obstáculos e perigos juntos, buscando o mesmo objetivo: amor. - Caspian segurou minha mão e eu sorri para ele. Ele estava lindo, o sorriso em seu rosto deixava claro que ele estava tão feliz quanto eu.
– Esta linda. - murmurou para mim.
– Caspian, - Aslam o chamou. - você aceita Alexandra como sua esposa, para ama-lá e respeita-lá, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, ate que a morte os separe?
– Eu aceito. - falou, me encarnado, seus olhos brilhavam.
– Alexandra, você aceita Caspian como seu marido, para ama-lo e respeita-lo, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, ate que a morte os separe?
– Eu aceito.
– As alianças, por favor. - Aslam pediu e um fauno veio ate nós, carregando uma pequena almofada vermelha, onde estavam nossas alianças. Caspian havia mandado banhar em ouro as alianças que havíamos trocado momentos antes da batalha, segundo ele, não havia necessidade de fazer alianças novas. Eu peguei a aliança maior e Caspian a menor.
Ele levantou a minha mão, colocando a aliança em meu dedo, antes de beijar minha mão. Coloquei a aliança em seu dedo e encarei seus olhos, sorrindo. Nos viramos para Aslam.
– Eu vos declaro marido e mulher. Você pode beijar a noiva! - Aslam falou e senti Caspian envolver minha cintura com um braço e com o outro ele segurou meu rosto, enquanto me dava um beijo casto.
Antes de nos separarmos, senti uma folha cair em cima de nós. Olhamos para cima e eu percebi que não eram folhas, eram pétalas. As arvores de Nárnia celebravam o nosso casamento. Várias e várias pétalas voavam com a ajuda do vento por todo o pátio. Ao olhar para o horizonte, percebo que não era só ali, o céu de Nárnia estava decorado com pétalas e mais pétalas. A luz do por do sol deixava tudo mais lindo.
– Narnianos e Telmarinos, apresento-vos Alexandra, a Bondosa e Caspian, o Corajoso. Os novos rei e rainha de Nárnia.
A multidão festejava enquanto descíamos e nos juntávamos a eles. A festa foi grandiosa, alegre e animada. Ambos os povos interagiam em harmonia como se não tivesse havia desavença por mais de um milênio entre eles. Se dependesse de nós assim continuaria por quanto tempo pudéssemos manter.
Caspian e eu dançávamos em meio a multidão, nossa primeira dança como marido e mulher.
– Preciso te contar uma coisa! - falei para ele.
– Pode dizer. - ele falou.
– Eu estou grávida.