I'm Not Going Anywhere escrita por The Dark Passenger


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoas. Essa fic foi uma tentativa de fazer algo diferente e forçar meu bloqueio a passar. Não a julguem, é minha primeira Lason. A história foi meio que inspirada na música Chemical Kid and Mechanical Bride do Pierce The Veil, então seria legal ouvir pra entrar no clima da fic, sei lá. Vou deixar o link pra quem quiser. Se passa logo após a chegada deles ao Acampamento, mas eu modifiquei algumas coisas, então pode não estar de acordo com a ordem cronológica do livro. Por favor, não façam como eu, não sejam leitores fantasmas! Reviews me deixam feliz, e eu respondo todos, não deixo ninguém no vácuo. Também vou postar no Anime Spirit, só avisando. Se houverem erros (com certeza eles estão aí) não liguem, às vezes, quando a culpa por escrever coisas idiotas e postar sem revisar me castiga, venho aqui e concerto.



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— Leo, por favor, fale comigo.

Jason estava parado na entrada do Bunker 9, encostado na soleira rochosa, esperando Leo sair debaixo do Impala 67 que acharam no meio do bosque. O veículo estava completamente destruído, com o parabrisas estilhaçado, a lataria amassada e o porta-malas eternamente aberto por causa da ferrugem. Não perguntaram à ninguém sobre o que um carro estaria fazendo escondido entre as árvores do Acampamento, mas sabiam que devia ser realmente muito velho e que passara por uma luta e tanto. Havia marcas de sangue nos bancos e os vidros estavam trincados como se um corpo houvesse batido neles, mas não com força suficiente para quebrá-los. Ainda era bonito, mas de um jeito meio sinistro. Possuía três colorações diferentes: prateado, preto onde a tinta resistia e vermelho na maior parte deviado à oxidação do metal. Quando costumava se parecer mais com um carro e não com um monte de sucata, seria o tipo de carro que Jason gostaria de dirigir. Talvez tivesse um antes. E uma família preocupada em algum lugar. Quem sabe um cachorro, e uma casa com cerca branca, um lar. Não conseguir lembrar o perturbava, e sabia que era melhor evitar pensar sobre seu passado, mas se não pensasse temia que ele desaparecesse. Temia nunca conseguir descobrir de onde viera e se deixara os que amava e que eram realmente importantes para trás.

Leo não respondeu. Andava estranho nos últimos dias. Desde que descobrira o Bunker 9 passava a maior parte do tempo na oficina, esboçando projetos para em seguida jogá-los fora, bebendo café em quantidades perigosas para se manter acordado, xingando em espanhol sempre que algo dava errado e trabalhando no carro. Aquela lata velha era um caso perdido aos olhos de Jason, mas para Leo era como um desafio. Se conseguisse concertá-la, poderia também concertar o dragão de bronze que o chalé de Hefesto caçava. O garoto andava obcecado pelo autômato, pois achava que poderiam usá-lo como transporte na missão que realizariam em alguns dias. Jason não achava uma boa ideia tentar voar em um dragão maluco e assassino com dentes maiores que ele, mas quem se importava com segurança? Certamente não Leo. O fato era que o filho do deus do fogo pensava que se concertasse o carro, poderia fazer o mesmo com a fera, não morrer na missão e salvar o mundo. Não era uma lógica muito boa, mas ninguém disse que Leo era fácil de entender.

O Bunker estava mais sujo que de costume. Jason teve ímpetos de arrumar tudo, mas se deteve. Leo detestava sua mania de limpeza. Sempre que tentava organizar seus projetos ou até mesmo ajeitar as correias de sua armadura, Leo o repreendia. O garoto falava que gostava de sua bagunça, que se sentia bem no caos, e que era muito gay querer arrumar a gaveta de cuecas dos outros. Foi daí que surgiu seu apelido, Jay. Somente Leo o usava, e era bem estúpido, mas gostava mesmo assim. Gostava de tudo o que vinha de Leo. Ele era como uma criança, com aquela cara de elfo travesso que o fazia parecer um garotinho hiperativo no Halloween. Tudo o que fazia e falava o surpreendia. Nunca sabia o que esperar de Leo, e isso só o tornava mais interessante.

Talvez eu seja mesmo meio gay, pensou Jason.

Jason também percebera que Leo o evitava. Não era só ele, todos os outros também, mas continuava sendo estranho. Afinal, eram melhores amigos. Sentia que havia algo errado, e se culpava. Fizera algo para irritá-lo, mas ainda precisava descobrir o que. Por isso estava ali. Fugira de Piper, e teria que se desculpar depois, mas a prioridade era o amigo.

— Leo. — chamou de novo — Se não quer falar comigo pelo menos me explique o motivo.

— Estou ocupado agora, Jason. — disse Leo, a voz abafada pelo carro.

Jason se aproximou um pouco do Impala. Não resistiu e começou a arrumar a bancada à sua esquerda, onde um pacote de Doritos vazio estava cheio de embalagens de chocolate também vazias. Um pelotão de formigas marchava pelo desenho do que parecia ser um barco, o que o fazia parecer o jogo de ligar os pontos mais difícil do mundo. Jogou tudo em uma saco plástico e este despejou em uma lixeira no canto. Começou a limpar a bancada à direita, onde havia uma horrível mancha de óleo de motor, quando ouviu Leo se arrastar para fora do carro, praguejando em grego antigo.

— Você está limpando meu balcão? — perguntou tentando parecer indignado quando percebeu o que Jason fazia.

Sem os sons metálicos das ferramentas estalando contra o motor, o filho de Júpiter se sentia desconfortável. Leo levantou do chão espanando o velho macacão que usava e tirando o óculos de proteção, depositando-o no cinto de ferramentas mágico atado à sua cintura. Sua bochecha estava manchada de graxa e ele trazia uma chave de fenda na mão. Fitou Jason, o estudando como à uma máquina. Estava diferente. Não havia um traço sequer do divertimento habitual em seu rosto. Completamente sério, Leo parecia errado, como se não fosse ele mesmo e sim uma réplica, um autômato. Desde que se conheceram nunca viu Leo sem seu olhar maniaco e o sorriso largo. Havia algo realmente muito errado. Tentava perguntar sempre que se encontravam, mas era afastado com comentários do tipo: "Os burritos do café-da-manhã não estavam tão bons" ou " As gatas do chalé de Afrodite são tão bonitas que me deixam doente, cara". Óbvio que não acreditava em uma palavra, mas não insistia. Na hora certa saberia, pensava. Então Leo começou a desaparecer. Não dormia no chalé com seus irmãos, não comia no pavilhão, não aparecia para as aulas de equitação em pégaso e arco-e-flecha. Vivia a base de Doritos e café, que permitia a Jason levar para ele. E só. Não deixava mais ninguém entrar no Bunker, não que soubessem de sua existência, e passava cada vez mais tempo sozinho. Jason precisava saber o que estava acontecendo.

Leo abriu um sorriso insano, como se não acreditasse que teria de se interromper por causa de Jason, os olhos brilhando com um fogo ameaçador.Se apróximou, tentando parecer indignado , mas sua tentativa foi arruinada pela graxa espalhada por sua bochecha. Parecia uma criança suja de tinta. A mania de Jason o fez erguer um pouco a mão para limpar o rosto do amigo,mas se deteve.

— O que foi? Estou muito ocupado agora, como disse, tentando fazer essa droga funcionar — atirou a chave de fenda que tinha na mão no carro, que emitiu um som agudo — Então, se não for nada importante...

Leo virou-se e tentou se afastar, mas Jason o segurou pelo braço. O toque o surpreendeu, e Leo ficou paralisado olhando para a mão do garoto em sua pele, com uma expressão engraçada no rosto, a boca formando um perfeito O. Em seguida puxou o braço violentamente, raiva e confusão se misturando em seu olhar. Jason olhou para a palma e viu que ela estava queimada. Fumaça se despreendia do corpo de Leo, faíscas dançavam entre seus dedos.

— O que foi isso, Leo? O que há de errado com você? Se estiver irritado comigo por algo, não terei como saber até me contar...

— Cale a boca, Jason! — gritou Leo repentinamente. Suas mãos estavam envoltas em chamas que não pareciam machucá - lo. — Você é o problema! Você e essa sua mania de pensar que tudo é sua culpa, de querer ajudar a todos, de tentar sempre ser o melhor! Eu não quero a sua ajuda, quero ficar sozinho, tentando ser útil pelo menos uma vez. Vá embora, me deixe em paz.

Jason estava muito surpreso. De uma hora para outra Leo explodira. Não ficou com raiva, só esperou-o se acalmar. O fogo se apagou e o cabelo de Leo parou de fumegar. Jason notou que ele tremia. Leo andou até uma bancada suja de farelos de Doritos e se sentou em um banco alto. Escondeu o rosto nas mãos e suspirou audivelmente,os cabelos castanhos tampando a face. Os ombros se curvaram e ele parecia mais cansado que nunca. Jason se preocupou mais ainda. Havia algo muito errado. Andou lentamente até o amigo e ouviu soluços abafados. Leo estava... chorando? Jason segurou os ombros ossudos do amigo, virou-o para si delicadamente, e Leo não resistiu. Seu rosto estava riscado por lágrimas que ele tentava debilmente esconder com os punhos cerrados. Jason segurou seus pulsos e os abaixou para olhar seus olhos. Estavam muito próximos, mas não se incomodava. Tudo o que importava naquele momento era Leo. Era horrível vê-lo tão vulnerável e não saber como ajudar, então só ficou segurando-o, sussurrando palavras tranquilizadoras até que sua respiração regularizasse e que as lágrimas cessassem, o que não demorou a acontecer. Ele respirou fundo e pareceu mais controlado, mas ainda se encolhia como uma criança com medo. Jason soltou um de seus punhos , ergueu o rosto de Leo para que pudesse analisá-lo e foi surpreendido por sua mão segurando a sua. Não tentou se afastar, mas agora quem devia estar com cara de bobo era ele. Leo riu de sua expressão, um riso amargo, e disse:

— Jay, pare de fazer essa cara. Te deixa ainda mais estúpido que de costume, sabia? — ele limpou o rosto com as costas das mãos e abaixou a cabeça, focalizando o chão do Bunker.

— Leo, o que está acontecendo? Eu sou seu amigo, quero ajudar. Me diga o que é, por favor. Pode não parecer, mas me afeta quando te vejo assim. Não é certo ter que passar pelo o que quer que seja sozinho. Pode confiar em mim. Sei que a pressão é grande, Piper e eu também estamos preocupados com a missão, mas não se preocupe. Vou fazer com que tudo dê certo.

Leo sentiu vontade socá-lo. Como ele era idiota! Estava lá, bem diante do nariz dele e ainda assim não conseguia enxergar. Não se forçaria a falar aquilo, não em voz alta. Temia perder a amizade de Jason, e faria de tudo para mantê-la porque era tudo o que conseguiria dele. Já aceitara o fato de que ele nunca teria o que ele desejava. Jason era perfeito demais, certo demais para alguém como Leo. Ele nunca o olharia de um modo diferente, sempre o veria como o amigo palhaço que precisava proteger. E Leo aceitaria, porque era melhor do que nada.

— Jason, alguém já te disse que você é o cara mais burro que já pisou sobre a terra? — Leo riu um pouco, mas não conseguiu conter um suspiro — Não é nada demais. Eu só estou um pouco preocupado. É claro que vou conseguir salvar o mundo, mas não se precisar ficar me preocupando com você. Seria horrível voltar carregando sua mortalha. Como ia segurar os meus troféus? Estou bem, só queria ter aquele dragão, ou quem sabe o carro... Mas parece que meu divino pai — ergueu as mãos para o teto — esqueceu que preciso de ajuda. Não se ligue para mim. Vou conseguir.

Tentou parecer confiante, mas suspeitou, pelas sobrancelhas que o loiro ergueu, que havia falhado.

Jason o observou um pouco, como se temesse uma nova crise de choro. Não acreditava em nenhuma palavra. Podia ser verdade em parte, mas havia muito mais. Leo estava escondendo algo. Por fim puxou a mão do rosto de Leo suavemente e disse, sem se afastar:

— Eu entendo que queira guardar para si mesmo, mas lembre-se que sempre vou estar aqui quando estiver pronto para contar. Não precisa fingir estar feliz comigo, Leo. Mesmo quando conta suas piadas posso ver que algo o perturba. Acho que te conheço bem demais para saber que você só se faz de engraçado para que não percebam que está assustado.

Jason se aproximou mais ainda e a respiração de Leo se acelerou. Seu coração batia como um lunático, e teve medo que Jay o ouvisse. Antes que pudesse fazer qualquer coisa foi envolto em um abraço gelado. A pele de Jason era fria e tinha cheiro de chuva e algo mais que não soube nomear. Era a melhor sensação que já experimentara. Não sabia o que o levara a abraçá-lo, mas agradecia por isso. Pela primeira vez em muito tempo se sentia em casa. Seguro. Agarrou a camisa de Jason e o apertou com força, como se o mero ato de segurá-lo junto de si impedisse sua partida. Aspirou seu cheiro e deixou-o impregnar sua alma. Temeu o momento em que teria de soltá-lo, mas Jason se afastou assim que julgou necessário. Leo foi tragado de volta à realidade e suspirou resignado. Era por momentos como aquele que manteria seu segredo bem guardado. De tempos em tempos se abasteceria de Jason e não precisaria fugir mais, só o bservaria e o acompanharia como um amigo fiel. Sofrendo, mas era o tipo de sofrimento pelo qual Leo ansiava sentir.

Desceu do banco onde se sentava e andou até a entrada do Bunker, sendo seguido pelo filho de Júpiter. Apagou as luzes e trancou tudo. Virando-se para Jason, sorriu e disse:

— Vamos lá, Jay. Chega desse papo emo. Vamos jantar, estou faminto.

[...]

Jason ainda queria saber o que havia de errado, mas decidiu esperar. O ar melancólico de Leo o irritava um pouco. Ele não abrira a boca o caminho inteiro até o pavilhão, quando Piper se juntou à eles. Ela também percebeu que Leo escondia algo, mas não perguntou, só o abraçou e sorriu. Seu abraço não teve o mesmo efeito que o de Jason. Leo comentou que ela estava bonita e sentou-se à mesa de Hefesto. Não comeu quase nada e foi para o chalé 9 cedo, acenando timidamente para o amigo antes de retirar-se. Jason decidiu segui-lo. Sabia que era idiotice e que se fosse pego seria incinerado, mas algo o impeliu a ir em frente.

Antes que a porta batesse a segurou e adentrou o chelé de Hefesto silenciosamente. Era incrível. Tudo era tecnológico, até as camas. E não havia nenhuma estátua assustadora de Hefesto segurando um martelo flamejante ou algo do tipo. Perguntou-se se só no seu chalé havia estátuas intimidantes de deuses enormes e assustadores, mas parou de divagar sobre coisas idiotas e procurou um lugar para se esconder. Se enfiou entre dois beliches e quase foi fatiado por uma faca de pão que brotou de uma gaveta na parede.Aquele lugar mais era perigoso que o chalé de Ares.

Leo se sentou na cama mais legal que Jason já vira: tinha até um frigobar embutido. O garoto apoiou a cabeça nas mãos e suspirou. Ele vinha fazendo muito aquilo ultimamente. Começou a sussurrar, como se estivesse rezando, e Jason se aproximou com cuidado para não acionar algum dispositivo de defesa. O que ouviu foi algo que não esperava ouvir nunca.

— Hum... Afrodite? Bem, eu sou amigo da sua filha, Piper, aquele que é um fracasso total no amor. É, você me conhece. Já tentei pedir isso várias vezes, mas a senhora deve ser meio surda, porque não fui respondido. Então, por favor, faça dar certo dessa vez. Faça com que eu... Faça com que eu pare de amá-lo. Ele nunca vai retribuir, então por que continuar com isso?

Jason estava completamente desnorteado. Leo gostava de um garoto? Era por isso que estava tão estranho? Deuses, pensou Jason, Como eu não percebi antes? Ele parecia mesmo estar apaixonado. Suspirava o tempo todo. Até chorou. Mas um garoto? Ele nunca teria imaginado. Quem seria? Jason não simpatizou nem um pouco com o menino que fazia Leo sofrer daquele jeito. Sentiu raiva e... o que era aquilo? Se assemelhava com ciume, mas não era. Por que sentiria ciumes de Leo? Jason estava realmente confuso.

— Hoje eu quase estraguei tudo. Quase contei o que sentia por ele. Mas o que ele faria se soubesse? Com certeza me afastaria e diria que não poderia ser mais meu amigo, e isso não pode acontecer, porque sem ele eu... Eu não quero viver sem a amizade dele.— definitivamente Jason detestava o garoto que era alvo da paixão de Leo. E definitivamente sentia ciumes. Ele era o melhor amigo de Leo. Desde quando havia outro? Estava com muita raiva. Sentia correntes elétricas atravessando seu corpo — Nunca pedi nada demais. Só quero poder ser o melhor amigo dele sem ter medo de fazê-lo fugir, sem ter medo de ficar sozinho. De novo. Então, por favor, faça com que dê certo. Faça com que... Ajude-me a esquecê-lo. Ajude-me a tirar Jason da cabeça.

Jason se sentiu como se tivesse tomado um soco no estômago. Todo o ar fugiu de seus pulmões. Leo o amava? Ele fazia com que Leo sofresse daquele jeito? Não conseguia acreditar, mas era tão óbvio agora que sabia. Sempre que estava por perto Leo se esforçava para fazê-lo sorrir, e sempre conseguia. Às vezes o pegava observando-o com um sorriso besta no rosto, e quando o indagava sobre ele ria e falava que sua cara de bobo o deixava encantado. Não gostava de ficar perto de Piper quando os três estavam juntos e evitava falar de si mesmo. Quando estavam no Bunker Leo fora frio, mas demonstrou um afeto surpreendente ao abraçá-lo e o agarrou tão forte, como se não quisesse soltá-lo nunca.Chorou e segurou sua mão junto à si. Jason entendeu porque ele puxara o braço tão violentamente quando o tocou. Era doloroso para ele ser tocado por Jason e não poder retribuir. Era doloroso estar perto de Jason. Ele compreendeu o sacrifício enorme que era para Leo estar à seu lado, sempre tento oportunidade de revelar o que sentia mas não o fazendo por medo de ser repelido. Jason compreendeu tudo com pesar e culpa. Se sentia tão idiota e culpado. Queria se desculpar e fazer tudo ficar bem, mas não sabia como.

— Bem, é isso — continuou Leo, a voz embargada — Não me decepcione de novo, Afrodite. Por favor. Dessa vez acho que encontrei meu lugar. Não quero fugir de novo e deixar tudo isso pra trás.

Jason se moveu para sair do chalé, mas acabou acionando um alarme que soou alto, fazendo Leo pular na cama e se levantar. Droga!, xingou Jason. Não queria ser descoberto. Estava confuso demais, precisava de acalmar ou acabaria discutindo com Leo, ou fazendo qualquer outra estupidez. Tentou fugir, mas antes que alcançasse a saída o amigo o viu.

— Jason? O que está fazendo aqui?

Jason se preparou para ser queimado vivo, mas tudo o que Leo fez foi ficar estático observando-o. Ele se aproximou um pouco e Jason deu alguns passos, até ficarem mais próximos. Agora somente cinco metros os separavam. Jason sentia e eletricidade passando do seu corpo para o ar.

— Você... Você não ouviu aquilo, não é? — gaguejou Leo.

— Leo, eu...

Leo ficou furioso. Mas também estava com medo. Jason sabia. Ele sabia e iria embora, exatamente como havia previsto. Xingou Afrodite em espanhol e começou a andar pelo chalé, um sorriso maluco no rosto, os olhos marejados.

— Meus deuses — dizia ele — O que você está fazendo aqui, Jason? Por que você tinha que estragar tudo? Eu me esforcei tanto, fiz de tudo para esconder, e você acha que pode invadir meu chalé e ouvir minhas conversas assim? Droga, Jason! Eu... Argh, eu nem sei o que fazer com você! Eu...

De repente Leo parou de andar e cobriu o rosto com as mãos. Começou a chorar, seus ombros sendo sacudidos pelos soluços. Jason entrou em pânico. Não era o tipo de cara que gostava de consolar, mas tinha que fazer alguma coisa, qualquer coisa, porque algo se remexia desesperadamente dentro de seu peito quando via as lágrimas de Leo. Não, não queria fazê-lo chorar de novo. Doía vê-lo chorando. E doía ainda mais saber que ele provocara seu pranto. Se apressou a segurá-lo. Guiou-o para a cama e, novamente, esperou até que se acalmasse. Pegou seu rosto nas mãos e forçou-o a olhá-lo. Seus olhos continham medo, culpa e dor. Era horrível. Partia o coração de Jason, e ele percebeu que a pior coisa que já sentira era o que sentia naquele momento. A pior coisa do mundo era ver Leo triste.

"Isso mesmo, meu querido.",disse uma voz feminina em sua cabeça," Agora compreende, não é? Leo queria que eu o fizesse esquecê-lo, mas fiz algo muito melhor: fiz com que você o amasse também. Cuide bem dele, Jason. Leo é um menino especial. O escolhi porque sei que é o único que tem capacidade de fazê-lo feliz. Não me decepcione, filho de Júpiter."

Afrodite devia estar se contorcendo de rir naquele exato momento.

Jason quis negar, mas de repente a verdade o atingiu. Ele também amava Leo. Só não havia percebido antes. Nunca imaginara, mas realmente o amava. E, naquele momento, segurando seu rosto e vendo como era perfeito, mesmo com todos os seus defeitos, Jason não pode fazer outra coisa senão beijá-lo. Em parte para forçá-lo a parar de chorar, em parte porque quanto mais fitava seu rosto mais era atraído por ele, como se Leo possuísse um campo gravitacional próprio que o puxasse em sua direção.

Leo arregalou os olhos em uma expressão de espanto. Foi bem engraçado. Teria rido se não estivesse ocupado. Não se lembrava de seu primeiro beijo, se é que ele havia acontecido, então ficou perdido no começo. De algum jeito fez com que Leo reagisse, e aí as coisas começaram a acontecer. A inexperiência e o nervosismo se transformaram em movimentos seguros e intensos, por parte dos dois. Jason nunca se sentira tão bem na vida. Disso tinha certeza. Quando estava com Leo todos os problemas desapareciam de sua mente. Não se importava com o passado quando estava com ele. Se sentia simplesmente... completo. Como se antes estivesse quebrado e fosse Leo a concertá-lo. Sempre se vira como o líder que deveria cuidar dos outros, mas compreendia que era mais dependente do filho de Hefésto que de qualquer um. Leo parecia sentir o mesmo, pois o beijava com uma ternura infinita, como se tivesse medo de que se fizesse movimentos bruscos Jason fosse passar pela porta e nunca mais voltar, o que não aconteceria. A tendência dali para a frente era que Jason passasse pela porta com muito mais frequência.

Quando o ar se fez necessário, se separaram, ainda abraçados. Era tudo muito novo para Jason, mas parecia que sempre quisera estar exatamente ali, envolvendo o corpo magrelo de Leo. O garoto ostentava no olhar uma mistura de medo e êxtase. Jason sentiu vontade de tranquilizá-lo, de dizer que não fugiria, mas não foi preciso.

— Jay, o que... O que foi isso?

— Bem, acho que foi um beijo. — os dois riram. O sorriso rapidamente morreu nos lábios de Leo.

— Mas eu pensei que... Você e Piper... Meus deuses, Piper! Ela vai ficar tão...

— Não é hora de pensar nos outros, Leo. Agora Piper não importa. Tudo o que me importa é você. E ... nós.

Leo sorriu tanto ao ouvir aquilo que Jason pensou que seus lábios fossem rasgar. Seria uma pena, pensou, Nunca mais poderia beijá-lo. Ah meus deuses, quando foi que fiquei tão estúpido?

Tenho medo que seja tudo um sonho. Seria um sonho bem cruel. Mas eu entendo se você não quiser nunca mais me ver. — Leo enterrou o rosto no peito de Jason, aspirando seu cheiro de chuva e de... aquilo seria canela? — Pode ter sido só um... só um impulso. Se você não quiser mais olhar para a minha cara, eu vou entender. Puxa, Jason, me sinto como um filho de Afrodite estúpido falando essas coisas.

— Ei! Eu estou aqui. — sussurrou — Não vou a lugar algum.

Jason não viu, mas pôde sentir o sorriso de Leo, e aquilo o fez tão feliz que soube algo imediatamente. Talvez sua única certeza. Não iria mesmo a lugar algum.


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Notas finais do capítulo

Link da música https ://www.youtube.com/watch?v=9dlbYEOme7E
Alguém mais aqui tem uma paixão secreta pela franja do Vic, do PTV? Cara, aquela franja faz a vida valer a pena, sério.



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