Aprendendo a não se importar escrita por GabrielaGQ


Capítulo 1
William Holmes Jr.


Notas iniciais do capítulo

Escrevi essa one shot como uma pequena continuação de O Herdeiro! Então quem é Team Will espero que gostem!

P.S: Não é uma fic especialmente Sherlolly, mas espero que gostem do filhinho desse casal.
So, here we go!



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- Eu não entendo porque você gosta tanto de ir ficar na casa do Mycroft William!

- Ele é meu tio, você se lembra papai?

- Sim, mas e daí?

Era sempre um prazer observar meus dois Williams. O motivo da discussão de hoje era: “Porque Will gosta tanto de passar um tempo com Mycroft”. Quando eu digo “passar um tempo” quero dizer brincar, conversar e dormir na casa de Mycroft.

Parece estranho dizer que isso tinha se tornado comum, mas William tinha uma ótima conexão com seu tio e pelo jeito, Mycroft também gostava dessa conexão.

O único que parecia infeliz com toda essa história era Sherlock. Acho que para ele tudo esta confuso. Agora que eu estou grávida, de 4 meses por sinal, Sherlock está tendo dificuldade em dividir sua atenção. Para uma pessoa que costumava ser solitária, até que ele está se saindo bem.

- Molly – ele disse me encarando – diga alguma coisa! Tente por um pingo de juízo na cabeça do nosso filho!

Tá, talvez não esteja se saindo tão bem assim.

- Sherlock – eu comecei calmamente – William completou 8 anos, podemos deixar ele ter liberdade para já tomar algumas decisões, você não acha?

- Ah, você está do lado dele agora? – Sherlock perguntou perplexo e um pouco bravo, enquanto se jogava emburrado na poltrona de frente para a minha. – Não me surpreende você do lado do Team William.

Eu sorri e me levantei indo em direção a ele. Me sentei delicadamente no colo dele e acariciei seus cabelos.

- Não estou do lado de ninguém querido. Só estou querendo dizer para você deixar de ser tão ciumento.

O olhar dele voltou a ficar surpreso.

- Ciumento? Eu? Ah por favor Molly!

- É papai, você é ciumento e eu não entendo porque você implica tanto com o tio Mike! – William disse enquanto entrava na sala, trazendo duas malas de mão pretas grandes demais para ele. Os planos eram William passar 2 dias com Mycroft, mas minha intuição materna, que se encontrava bem apurada, estava me dizendo que seria menos do que isso.

Sherlock tinha fechado os olhos e se calado. Quando William viu isso, revirou os olhos e se preparou para ir.

- Quero ver quando você vai crescer viu pai!

E então ele fechou a porta e me deixou com o meu amado marido.

- Você viu Molly – ele disse enquanto abria os olhos que tinham um brilho de tristeza e mágoa – Will já está falando igualzinho à ele.

***

- Olá Will. Pronto para passar mais um tempo com o seu tio?

William sorriu enquanto largava as malas no corredor da enorme casa de Mycroft e andava em direção a ele. Os dois trocaram um abraço. Um abraço estranho e emocionado ao mesmo tempo.

Às vezes William sentia uma energia estranha vinda de Mycroft, como se ser gentil, simpático e carinhoso exigissem energias e disposição que Mycroft não estava acostumado a ter. Era como abraçar alguém que nunca tinha sido abraçado.

- Sim, totalmente pronto! – William disse ao se desfazer do abraço, enquanto sorria.

Will já sabia qual dos muitos quartos na casa de Mycroft era designado para ele. Apesar de estar constantemente naquela casa, Will ainda se surpreendia com o luxo e a classe que aquele lugar tinha.

Era uma casa enorme, com no mínimo 3 andares. Will não sabia exatamente porque nunca chegou a ir em todos. Os móveis eram sempre da melhor qualidade e vários empregados passavam por ele realizando suas tarefas. Mycroft parecia estar acostumado a ser servido e nem ligava para as várias pessoas ao seu redor.

Mas para William, tudo aquilo era completamente incrível. Ele ficava constantemente comparando a vida do seu tio com a do seu pai. Tudo era tão diferente. Eles ERAM diferentes. “Seu tio se vendeu para o governo britânico William”, era o que Sherlock dizia todas as vezes em que ele perguntava o porquê da vida deles serem tão diferentes. Sherlock sempre falava mal de Mycroft e não suportava falar dele por mais de um minuto.

William revirou os olhos enquanto pensava nisso, também se lembrando da cena que Sherlock tinha feito antes dele sair. William se dava bem com Sherlock. Adorava tê-lo como pai, principalmente porque para ele, Sherlock era o ser humano mais inteligente da Terra. Mas todo esse sentimento mudava quando William falava de Mycroft. Sherlock se transformava na pessoa fria e ranzinza que William sabia ser o antigo “Sherlock Holmes”.

William realmente não entendia porque os dois homens que ele mais gostava e admirava não se davam bem. Isso o deixava completamente irritado e triste. E além de tudo isso, ainda tinha o bebê. “A futura Elizabeth”, como Sherlock dizia. Nem tinha nascido e já recebia toda a atenção.

Esse era mais um dos motivos de William gostar de passar uns dias com Mycroft. Só assim ele podia se desligar do assunto bebê e receber um pouco de atenção.

- Maratona de xadrez! Que tal William?

Mycroft estava parado na porta do quarto de William. Assim que viu o tio, Will abriu um sorriso. Jogar xadrez ainda era um vício para William e jogar com Mycroft era o que os mantinha ligados. Com ele era mais interessante jogar do que com Sherlock. William sempre ganhava de Sherlock e até isso já tinha perdido a graça. William queria um novo desafio.

- Com certeza eu aceito tio! – William disse enquanto tirava o “Rei” da mala. Sempre que ia para a casa do tio, Will levava a peça que ele tinha ganhado de Mycroft naquele dia que para ele, agora, era só mais uma lembrança.

***

Eu tinha feito um chá e agora estava novamente sentada na minha poltrona. Era normal eu sentir enjôos e tonturas na parte da tarde do dia. Sempre nesse horário, Sherlock tocava o seu violino para me acalmar e difícil explicar, sempre funcionava. Antes eu confesso, não suportava ouvir e ver Sherlock todos os dias agarrado ao violino, mas agora eu entendo que o violino é uma parte dele e assim, eu também aprendi a amar isso nele também.

Sherlock estava tocando virado para a janela, mas de repente parou de tocar e a sua voz interrompeu meus pensamentos:

- Você sabia que eu sempre deixo ele ganhar?

- O que amor?

- William. Sempre que eu e ele jogamos xadrez, eu sempre deixo ele ganhar. – Sherlock agora me olhava com os olhos brilhando de lágrimas. Aquilo apertou meu coração ao mesmo tempo em que um sorriso tímido brotava nos meus lábios.

- Por que você deixa ele ganhar Sherlock?

- Eu não sei Molly... – ele disse suspirando e enxugando as lágrimas – No começo eu pensava que se ele ganhasse, iria gostar de mim e sempre iria querer jogar comigo. Mas agora, eu deixo ele ganhar e parece que... que...

- Que ele fica entediado? – eu completei ainda com o sorriso no rosto.

- É...isso. Parece que ele se cansou de jogar e que não gosta mais de jogar...comigo.

Era nítida a conexão e o apego que Sherlock tinha desenvolvido com William. Ele era o pai que necessitava de carinho, amor e atenção do filho. Não ao contrário. Agora que Sherlock tinha aprendido a se importar com as pessoas, precisava de alguém para se importar com ele.

Toquei a mão de Sherlock e o olhei ternamente nos olhos. Será que é possível amar tanto alguém como eu o amo?

- Sherlock, William ama você, é claro que ama. Você o salvou lembra? Ele não tem motivos para não te amar. Você é o pai dele e nada pode mudar isso.

***

- Xeque mate!

William ouviu Mycroft dizer. Ele tinha perdido a conta de quantas partidas eles já tinham jogado e perdido a conta de quantas partidas Mycroft havia ganhado.

- Mas outra vez tio? – William dizia reclamando com um bico, enquanto aceitava o desafio de se concentrar em outra partida.

Mycroft tinha um sorriso vitorioso no rosto. Por alguma razão, aquilo assustava Will um pouco.

Mesmo estando em casa, Mycroft vestia a sua roupa social e mantinha seu guarda chuva sempre a mão. Era como se ele não descansasse nunca, que sempre precisava manter o personagem sem defeito.

- Aposto que jogar com Sherlock não é tão desafiador assim não é?

William parou de arrumar as peças no tabuleiro por um instante e se perguntou por que Mycroft queria falar de Sherlock. William deu de ombros.

- Na verdade, eu ando pensando na possibilidade dele sempre me deixar ganhar quando nós jogamos.

Mycroft soltou uma risada cheia de sarcasmo e orgulho.

- Bem típico do meu irmão! Mas não duvide William, você talvez seja bem mais inteligente que Sherlock.

William se recostou na poltrona vermelha que ainda era bem grande para ele e encarou Mycroft. A sala onde eles jogavam agora estava vazia. Nenhum empregado estava ali. Era o “momento privado” pelo qual Mycroft chamava.

- Como assim “mais inteligente” que meu pai?

Mycroft terminou de arrumar as peças no tabuleiro e também se recostou na sua poltrona encarando Will. O sorriso nos lábios dele tinha sumido.

- Bom William, para começar, o seu pai nunca escuta os meus conselhos. – ele fez uma pausa – Você pelo contrário, sabe ouvir idéias e sugestões que valham a pena.

William demonstrou uma cara confusa e cruzou os braços.

- E que conselhos meu pai não ouviu de você?

Mycroft então sorriu e se levantou ficando de frente para a lareira que tinha um fogo tímido queimando.

- Eu sempre disse para Sherlock que se importar não era uma vantagem, que pessoas como eu e ele não tínhamos tempo ou espaço em nossas vidas para nos interessarmos em outras pessoas. Não precisávamos nos envolver e muito menos desenvolver sentimentos por outros.

William ouvia calado enquanto Mycroft falava com um tom de desprezo na voz. Will ainda não entendia onde o seu tio queria chegar.

- E seu pai William não ouviu nenhum desses meus conselhos. Primeiro com John. No dia em que ele apareceu, eu sabia que isso afetaria Sherlock de alguma forma e realmente o afetou. Fez Sherlock ceder a um mundo sem volta. Depois Sherlock se envolveu com Molly, se casou e por fim matou alguém por John. Foram péssimas decisões tomadas uma atrás da outra e...

- Espera aí! – William então saiu do silêncio e se levantou – Você acha que meu pai ter se casado com a minha mãe foi uma péssima decisão?

William estava perplexo enquanto dizia essas palavras ainda sem entender direito o que tinha ouvido.

- Não William... quero dizer, sim, foi uma péssima idéia e as conseqüências estão vindo agora.

- Eu sou a conseqüência? – William perguntou com raiva e com algumas lágrimas se formando – E como você ousa falar mal do tio John?

Mycroft sorriu enquanto olhava para William.

- Ah William, você mesmo sabe que o John não acrescenta nada de inteligente a ninguém.

Um silêncio se formou na sala. O tabuleiro de xadrez ainda se encontrava pronto para mais uma partida. Mycroft e Will se encaravam.

- É claro que nem todas essas más decisões foram de todas ruins.

William de novo mostrava estar confuso.

- Você William, foi a salvação de tudo o que o meu irmãozinho fez. Você é o herdeiro da família Holmes. E só agora eu posso mostrar para meu irmão como tudo deveria ter sido. Eu posso te ens...

- Como é? – William agora se aproximava de Mycroft, com os olhos vermelhos pela raiva e pelas lágrimas. Apesar de ainda ser um tanto pequeno, Will tinha uma coragem e petulância digna de um Holmes. – Você quer me usar para atingir meu pai?

- Claro que não William. – Mycroft disse com toda a calma - Eu quero ensinar a você todas as coisas que Sherlock não aplicou na vida dele e mostrar para ele o quão bem sucedido você pode ser se for igual a mim! – Mycroft disse abrindo um sorriso.

William não podia acreditar no que ouvia. Com um lapso, Will entendeu tudo.

Sherlock tinha razão. Mycroft não era uma pessoa boa, só o estava usando.

O tio Mike não gostava de passar um tempo com ele, mas só queria treiná-lo para ser igual a ele e afetar Sherlock. William seria um futuro “Homem de gelo” e não cometeria os mesmo erros de Sherlock, conforme Mycroft dizia.

O mais assustador era que todo o plano de Mycroft já estava dando certo. William tinha mudado. Estava mais frio com as pessoas, evitava contato com Olivia, era ríspido com John e tinha se afastado de Sherlock. Até a idéia da sua irmãzinha estar chegando o deixava estressado e impaciente.

Will sentiu uma tristeza o atingir. Várias lágrimas escorriam no seu rosto e por vários segundos, não sabia o que fazer. Então respirou fundo.

- Eu amo meu pai e sempre vou amar. E se você acha que ele tomou várias decisões estúpidas, porque você não desaparece e deixa a gente em paz? – Will gritava e em meio a raiva, empurrou o tabuleiro com força, fazendo com que todas as peças caíssem no chão.

- O meu pai é a pessoa mais inteligente e importante para mim. Porque você não procura outra pessoa para ser tão insignificante como você hein titio?

Assim que disse as últimas palavras com um tom de ironia, William se virou e saiu correndo da sala para ajeitar suas coisas no quarto. Não tinha organizado seus pensamentos e sua cabeça estava muito confusa. O seu coração estava apertado e doía por ter sido enganado.

Mas ali na sala, William deixou um Mycroft em estado de choque. Algo dentro dele tinha mudado. Sentia como se seu coração estivesse quebrado e que alguma vozinha em algum lugar dentro dele estava dizendo “O que você fez?”

***

Eu e Sherlock já estávamos deitados quando ouvimos algum barulho na porta da sala.

Sherlock já estava mais calmo depois de ter desabafado tudo o que o angustiava e até agora estávamos conversando e relembrando o passado.

Nos levantamos para verificar o barulho e olhei o relógio: 23h13.

Sherlock foi o primeiro a chegar na sala e assim que pisei no cômodo, vi uma cena que fez meu coração acelerar. William, nosso pequeno Will, estava abraçando Sherlock. Abraçando e chorando.

Em meio aos soluços, eu conseguia ouvir Will dizer “Me desculpe papai” e “você tinha razão”. Também comecei a chorar enquanto observava os meus dois Williams.

Quando então tudo estava mais calmo, o pequeno William começou a dizer:

- O tio Mycroft realmente é um babaca papai!

- William, não fale assim! – eu o adverti.

- Me desculpe mamãe, mas é a verdade. Ele não gosta de mim, nunca gostou papai! – Will começou a chorar novamente.

Antes que Sherlock pudesse dizer alguma coisa, ouvimos uma batida na porta.

- Mycroft? – Sherlock perguntou espantado assim que abriu a porta. Um olhar de raiva assumiu o rosto de Sherlock: - O que faz aqui?

- Eu... eu precisava me desculpar com William. – Mycroft suspirou – Não podia deixar ele pegar aquele táxi e vir para cá sozinho, então eu o segui para me certificar de que ele ia chegar bem.

- Vai embora, eu não quero você aqui! – William disse gritando e ficando do lado de Sherlock a porta.

- Eu realmente entendo seu comportamento William, mas quero me desculpar pelo o que eu fiz e disse. Percebi o quanto eu fui estúpido. Na verdade – Mycroft disse se abaixando e ficando um pouco mais baixo que Will – acho que sou sempre eu que tomo as decisões estúpidas Will, não seu pai.

Sherlock fez uma cara de dúvida e olhou para mim. Eu apenas dei de ombros, enquanto ouvia Mycroft continuar.

- Você é a pessoa mais importante para mim e realmente eu gosto de você Will. Eu amo ser seu tio. – Mycroft disse sorrindo.

William ainda estava emburrado, mas eu sabia que independente do que tivesse acontecido, Mycroft já tinha conquistado o perdão dele.

- E você, querido irmão – Mycroft disse se levantando e ficando da altura de Sherlock novamente – me perdoe também. Por tudo que eu fiz, por tudo o que eu disse.

Então ele olhou pra mim.

- Você tem uma família perfeita e... e eu acho que... senti ciúme dessa sua coragem de admitir o que sentia e ir atrás do que realmente te fazia feliz. Eu fui um covarde e quase transformei Will em um também.

Por fim, ele suspirou e encarou Sherlock. Posso jurar que vi lágrimas no olhar de Mycroft.

- Por favor, me perdoe.

Era inacreditável estar aqui, observando essa cena. Nunca em minha vida tinha sequer imaginado uma possível relação amigável de Sherlock com Mycroft e vice-versa.

Enquanto um silêncio dominava a sala, observava Sherlock. Toda aquela declaração o tinha pego de surpresa. Tinha o deixado paralisado. Mas então Will o tirou do seu devaneio:

- Anda papai, diz alguma coisa.

- Eu... eu...

- Olha tio, eu te perdôo! – William disse abraçando as pernas de Mycroft e a de Sherlock ao mesmo tempo. – E eu sei que o papai também te perdoa!

William sorria enquanto os abraçava e olhava para cima sorrindo para os dois homens mais importantes na vida dele. Mycroft também sorriu enquanto acariciava os cachos de Will. Então olhou para Sherlock com um olhar receoso.

- Perdoa mesmo?

Sherlock então sorriu e abraçou Mycroft.

- Mas é claro irmão. Eu te amo, como não iria perdoá-lo?


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Notas finais do capítulo

Definitivamente, toda a família unida!
Eu adorei escrever o meu Tio Mike hahahaha
Obrigada especialmente a Leticia Pombares pela ideia inicial! Espero que tenha agradado!
Se gostaram ou não me contem nos reviews! Beijo!



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