Inominável escrita por Sir Andie


Capítulo 23
Lutar Com Deus




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Todos os móveis da maior sala do bunker foram levados para outros cômodos. O lugar se tornou uma espécie de galpão vazio. Vazio se não fosse por tudo o que se preparava lá e a tina. No centro de tudo estava uma velha banheira.

Acuada em um canto Elle observava Sam desenhava novas runas de proteção para demônios e anjos nas paredes usando três diferentes preparados cremosos que nem de longe era tinta. A garota já tinha terminado a sua parte do ritual, tentar se acalmar.

– Você precisa confiar no Kevin. Não no que está dentro de você. – disse Castiel logo atrás de si - A parte racional que te habita irá expulsar a presença do Kevin, pois essa é a programação, você precisa lutar contra junto do profeta.

– Você está dizendo que eu preciso lutar contra Deus? – o tom de voz de Elle vacilou, ela tentou disfarçar o riso, balançando para frente e para trás dentro do roupão.

– Calma. – sugeriu Dean sem tirar os olhos de sua missão no preparo, sovar um líquido viscoso que contra a luz variava entre o bordo e o purpura. O rosto afastado de Dean indicava que o cheiro não era tão agradável quanto às ondas de cor.

– Calma? – irônica ela arqueou uma das sobrancelhas - Você já tentou lutar contra Deus – cada vez que ela falava Deus parecia que a palavra enchia o lugar. Sam se pegou pensando se os trovões estavam compassados ou se era apenas um efeito mental. – Até onde eu sei é um treco tipo onipresente, onipotente e onisciente!

– Nós sabemos quem é, Deus Bastiel. – continuou Castiel quase perdendo a paciência com a insolência dela.

– Realmente não parece – nada simpática ela virou o canto dos olhos para o anjo antes de continuar com o som saindo por entre dentes agressivos – Essa vai ser a última vez que você vai me chamar por esse nome ridículo, okay?

– Você nem conhecia esse nome. – sugeriu Dean tentando tornar o ambiente menos estranho, ele percebeu logo que indiretas não era o melhor jeito. O olhar que recebeu de Elle não fez da piada a melhor ideia do mundo.

– O fato é – começou Sam levantando do chão e observando se estava igual ao livro de onde tinha copiado a imagem. Ele continuou falando – Se os demônios acham que são capazes de acabar com a existência de Deus a gente só precisa ter fé que a existência Dele está tão pequena que seremos capazes de burlar a barreira de Kevin.

– Fé. Como vocês são irônicos – sugeriu Elle focando Kevin longe em outra sala. O rapaz estava sendo hipnotizado por James para manter a calma e deixar sua energia mais forte.

– O que Sam está dizendo faz muito sentido – prosseguiu Dean cheirando a própria mão vermelha com uma careta antes de enfiá-la na vasilha mais uma vez e voltar a mexer o líquido – Kevin conseguiu fazer alguma ligação com você nas outras tentativas. O medalhão aguentou por um tempo, James aguentou por um tempo maior ainda. É impossível que um arsenal desse tamanho não o mantenha ativo tempo o suficiente.

E era justamente isso que eles estavam fazendo, um arsenal de feitiços, magias, mandingas e qualquer tipo de ritual que pudesse manter Kevin firme tempo o suficiente para ler o que Elle escondia.

James dividiria sua força vital com Kevin e usando sua ligação com Portia passaria para o garoto também a força vital de natureza mágica de sua familiar. Assim Kevin estaria com a alma pelo menos três vezes mais forte. E se os planos de Sam estivessem certos, de quebra a ligação entre os três embaralharia a trava programada para Kevin confundindo a existência dele com a de dois outros seres.

Dean preparava a terceira poção da semana. Um preparado viscoso que desligaria as energias de Elle, colocando ela quase em programação básica. James ao sugerir o composto realizado por feiticeiros vodus acreditava que ele junto do item certo de alto controle faria com que Elle se ligasse apenas a sua alma original. Se ela ainda era capaz de falar, pensar e agir por si mesma isso significa que a parte principal do controle devia ser dela e assim as poções juntas deveriam intensificar a existência de Elle e diminuir a existência clandestina.

Ninguém tinha muita certeza se uma poção seria capaz de diminuir a existência de Deus, mas eles estavam em um ponto em que precisavam testar qualquer coisa.

Sam desenhava no chão uma série de inscrições que por definição deveriam intensificar a capacidade de qualquer acontecimento mágico que acontecesse sobre aquele solo que agora, apesar de ainda ser o velho bunker, era sagrado. E sagrado em diversos sentidos, já que Sam estava tentando todo o tipo de sacramentos.

–Aqui. Bebe isso. – Dean entregou a Elle um cálice de ouro cravejado em pedras negras. Ela torceu o nariz ou cheirar aquele liquido viscoso e inconstante. Com a maior das caras de nojo ela levou o líquido até a boca, sua primeira reação foi fechar os lábios um contra o outro e manter o líquido preso na boca já que sua garganta estava fechada para a passagem.

Ela praticamente estava sentindo todo o almoço voltar pela goela e quase se misturar ao liquido nojento. Por sorte ela não tinha almoçado. Dean arregalou os olhos para ela. Sam parou por um segundo segurando o saco de gelo que estava virando na tina para observar a cena. Ele tentou não rir porque Elle já estava ficando tão roxa e vermelha quanto o que tinha bebido.

Com a delicadeza que lhe cabia Dean moveu a cabeça um pouco para o lado desaprovando. Sua mão segurou a cabeça de Elle por trás e com a outra tampou a boca e o nariz da garota com uma força tremenda. Sem respirar Elle foi obrigada a engolir.

– Isso aí – disse Dean dando tapinhas nas costas de Elle depois de soltá-la. Por um segundo Elle o olhou com raiva e em um literal piscar de olhos era desespero.

A inominável caiu no chão de joelhos, a mão sobre o peito subindo pela garganta. A tosse aumentando e depois as mãos procurando apoio no piso. Arqueada Elle gemeu de dor antes dos joelhos começarem também a falhar. Logo ela estava deitada no chão, se contorcendo com os olhos apertados.

– Isso aí não fui eu. – Dean ajoelhou do lado dela e quando colocou a mão sobre a testa dela sentiu a própria pele queimar – Ela está entrando em combustão! – exclamou olhando para os lados em busca de ajuda. Até mesmo Kevin e James tinham parado o ritual de concentração para ver o que se passava.

– A poção deve estar mexendo com a programação dela – sugeriu Castiel abaixando e tocando a testa da garota – Quente... – sussurrou.

– Eu sei que ela está quente! Dá para ver que ela está quente! – e realmente dava. Cada cicatriz em sua pele brilhava como se fossem rachaduras de um vulcão.

– Eu não sou capaz de curá-la – anunciou Castiel que imediatamente a pegou pelos braços e começou a puxa-la para o centro do sala. Dean tentou segurá-la pelos tornozelos, mas mesmo por cima do roupão não aguentou por mais que alguns segundos.

Sozinho Castiel a derrubou dentro da tina de gelo que Sam estava preparando. O objetivo de meia hora atrás era que gelada o suficiente Elle entrasse em uma experiência de quase morte, um estado mais suscetível a invasão, já que segundo Castiel o corpo dela iria se concentrar em revivê-la e depois de um tempo o ciclo manteria aberta para o contato. Basicamente Elle ficaria quase morrendo e quase vivendo por tanto tempo eles precisassem contando que fossem capazes de controlar o ciclo.

Mas agora a situação estava mudando. Ela estava pegando fogo. Ela gritava e se debatia, mas estava fraca, pois seus movimentos eram vazios, complemente diferentes do que Elle geralmente era capaz de fazer.

Quando seu corpo foi jogado por Castiel contra a água uma nuvem de vapor escondeu a parte de cima da banheira. O anjo precisou colocar o rosto para trás para esperar a queimadura de primeiro grau passar. Tempo o suficiente para Elle apagar.

– O que a gente faz? – perguntou Dean ajoelhado na beira da tina, vendo a garota afundada na agua por mais de um minuto.

– Espera ela esfriar eu acho – tentou Sam sem muita certeza - Quero dizer, ela não vai morrer – a segunda frase tinha um pouco mais de certeza que a primeira – Não tem como não é? – por fim ele olhou para Castiel.

– Na verdade, eu não acho que uma simples poção de fortificação e limpeza seja capaz de lutar contra Deus, mesmo que Ele esteja fraco a probabilidade de ela morrer com uma poção é mínima e o que deve estar acontecendo é que...

Castiel não teve tempo de terminar de falar. Com uma puxada incrivelmente grande de ar Elle tirou a cabeça para fora d’água segurando com toda a força as bordas da tina. Ofegante ela tateou na direção do peito de Dean e usou a gola do casaco dele para se manter sentada.

– Eu me lembro. Eu me lembro de tudo – as palavras estavam saindo mais rápido do que a respiração da garota era capaz de dar conta a cada segundo.


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