Inominável escrita por Sir Andie


Capítulo 2
Saint Andrea




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O caso de Saint Andrea teria percorrido o mundo. Se alguém se importasse com Saint Andrea.

Devido a estranheza dos fatos a notícia até tentou aparecer no jornal noturno de um dos canais nacionais de menor impacto, mas ninguém quis se revoltar sobre. O assunto era tão idiota que mesmo a publicação sensacionalista de um blog de humor negro da capital daquele estado não teve mais do que dez comentários

Como um desses atos divinos que não se explica - ao menos não a esse ponto da história - foi justamente um desses comentários que apareceu nos resultados de busca de Sam. As buscas por termos exatos e período curto entre datas o levaram a divagações de internautas do submundo de terror da rede.

Effie_09, uma moradora da cidade vizinha, dizia que o que estava ocorrendo em Saint Andrea era obra de um Metamorfo. O caso atual dava a certeza de que a crise de esteria municipal não era nem de um longe um metamorfo. Em Saint Andrea as pessoas estavam matando cada uma com as próprias mãos, isso era um fato.

Ainda que não fosse um metamorfo era um novo caso. No dia 04 de novembro de 2012 o metamorfo agonizava em uma cova de sal flamejante. No dia 06 de novembro de 2012 as rodas do Impala atolavam na lama fresca de Saint Andrea.

– Os senhores querem ajuda?

A casa de onde vinha a voz era a primeira ao longe da rua circular que formava toda o vilarejo. Sam ainda não tinham muita certeza de que Saint Andrea poderia mesmo ser considerada como um vilarejo, mas depois de olhar no google maps e se convencer de seu tamanho conclui que algo que se roda de carro em apenas trinta minutos com certeza não era considerado uma metrópole.

O velhinho ajoelhado na varanda martelava vigorosamente uma nova tábua na escada de madeira. O marrom natural contrastando com branco envelhecido, agora manchado de bordô. Sam olhou primeiro para o sangue, depois para Dean que olhava para o martelo.

– Se o Senhor puder nos emprestar uma das tábuas velhas. – respondeu Sam a ele. Do outro lado Dean saia do carro. Seu sapato, assim como o Impala, atolou na lama, já as botinas de chuva do velhinho lidavam muito bem com o chão choroso. Enquanto ajudava o velhinho com a tábua Sam percebeu que Dean sacudia seu coturno de tecido grosso com fervor, a lama presa respingava de volta para o chão, mas não se libertava por completo.

Como esses pensamentos estranhos e sem fundamento, mas que sempre parecem mais fortes do que os racionais, de alguma maneira Sam tinha certeza que Saint Andrea não gostava da visita dos dois. Mas que assim como a lama aquilo grudaria em seus pés por algum tempo.

Os pensamentos vagos foram embora no primeiro empurrão da tábua contra a roda. Ali se arrastaram bons minutos que juntos formariam quase uma hora. Tempo suficiente para tirar toda a informação que o Professor Black, aquele tal senhor prestativo, tinha. Ou seja, nenhuma. A única coisa que consegiram arrancar do velho que apesar de solidário, não gostava muito de papo foi onde ficava a única pensão da cidade. Sobre o caso, se o professor soubesse de algo - e em uma cidade do tamanho daquela eles sempre sabiam - ele não queria falar. Com certeza o tal Professor Black era muito bom em ser evasivo.

Com um último empurrão Sam fez o carro voltar a andar, Dean acelerou até um ponto mais seco da estradinha. Precisariam se trocar no carro se quisessem aproveitar a tarde para fazer algumas entrevistas antes que as nuvens anunciassem a próxima tempestade.

– Hey. Esperem! – gritou o velhinho.

Os irmãos se entre olharam e esperaram o senhor, que entrava em casa e alguns segundos depois voltava com uma caixinha. No caminho da varanda ao carro ela abria, tirando de lá duas fitinhas bordo. Uma delas caiu sobre a tabua suja que tinha sido trocada. Ironicamente eram exatamente da mesma cor e o Professor Black demorou até reencontrá-la.

– Aqui – disse o velhinho prendendo a fitinha no peito de Dean com um alfinete de frauda. O loiro tentou disfarçar a desconfiança, mas não conseguiu deixar de cutucar a fita quando o homem foi alfinetar seu irmão.

– É pelos nossos mortos. – sua voz tinha pesar. Os Winchesters deixaram que ele falasse na esperança de que finalmente soltasse qualquer dica sobre os acontecimentos – Foi ideia do Ledger o Padre – quem torceu a boca dessa vez foi o professor, que depois de um suspiro concluiu – É meio ridículo, eu sei... Oh se sei... Mas se querem ganhar a simpatia desse povo na hora de fazer suas perguntar enxeridas usem esse treco. Esse povo está se apegando aos pequenos detalhes agora... Parece que qualquer coisa os irrita.

Abanando a mão o senhor voltou para a sua varanda e suas tabuas.


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