Jaejoong

Aquele laço que me prendia à ele era algo tão especial e tão forte que nada nem ninguém conseguiria rompe-lo...

Eu acreditava em Yunho... Eu confiava nele mais que tudo... Estava tão agradecido e tão contente de estar ao lado dele que simplesmente sorria sempre que podia... Percebi que isso o deixava feliz e eu tinha certeza que era a melhor forma de eu retribuir as coisas que ele faz por mim .

Meu coração pertencia a ele? Não sei por que, mas pensei em coisas parecidas com isso ultimamente...

Eu te amo, em meus braços

Eu quero te ter, meu menino...

Eu e ele aprendemos muito um com o outro e eu estava tão satisfeito com isso... Ele me ensinou tantas coisas sobre aquele mundo no qual eu não me sentia bem vindo... Me deu dicas e conselhos, já que eu teria que conviver com ele e parecia que seria por um bom tempo...

Por que ele não me deixava ir.

Sempre que eu chegava e dava a intenção de começar o assunto de minha partida, ele rapidamente me abraçava e contava novidades que as vezes ele já havia me contado. Eu acabava me sentindo um pouco mal com isso e acabei deixando que ele mesmo viesse até mim e me falasse a hora de eu ir.

Eu e Changmin nos tornamos realmente melhores amigos. Percebi que sempre poderia contar com ele em algumas coisas que eu talvez precisasse... por que ele sabia me ouvir e me compreendia melhor que ninguém. Ele era um bom amigo e eu iria cumprir com a minha promessa de ajudá-lo a conquistar o garoto que tanto ama.

Era final de tarde e Changmin havia vindo junto comigo para a casa. Não falei nada com o Yun por que ele estava muito ocupado então convidei o Chang sem seu consentimento...

Espero que isso não me meta em problemas com ele.

- Chang, você quer... comer alguma coisa? – perguntei colocando minha mochila em cima do sofá. Ele olhava tudo boquiaberto e apesar de ser da mesma classe social de Yunho, ele não esperava que o apartamento dele fosse tão moderno e tão organizado – Chang? – ri.

- Han!? A-Ah sim... – envergonhou-se – Posso colocar minha bolsa aqui também?

- Claro que pode – sorri – Fique à vontade... – não era a minha casa e eu nem devia estar falando como se fosse... Mas o Yun não estava ali e acho que ele entenderia.

- Você está com fome? – perguntei mais uma vez, vendo que ele já havia se sentado ao sofá.

- Não, não... muito obrigada Jae... – sorriu. Changmin era tão gentil e tão educado... Como alguém podia odiá-lo.

Ele não estava com fome, mas eu estava por isso fiz um daqueles mega-sanduíches que uma vez um cozinheiro de uma lanchonete havia me ensinado. Um sanduíche bem caseiro e para mim era o melhor do mundo! Peguei um copo de suco e comi meu lanche rapidamente.

Nesse meio tempo, notei o quanto o Chang se encontrava pensativo. Ele olhava um ponto qualquer no chão... E mesmo com o reflexo da luz que batiam em seus óculos, eu pude ver seus olhos castanhos... que outrora se encontravam tão cheios de brilho e agora estavam tão vazios...

Lavei as louças e me sentei ao seu lado no sofá, coloquei a mão em seu ombro e ele olhou para mim sem mudar aquela expressão que me dava uma sensação de imensa tristeza... Abri um sorriso gentil, mesmo que por dentro eu também não me sentisse bem por vê-lo daquela forma... Ele sorriu pra mim da mesma forma e vi que seus olhos agora estavam cheios de lágrimas e tentava as reprimir de todos os jeitos, silenciosamente... Changmin realmente havia se apaixonado por aquela pessoa que eu não sabia ainda o nome.. Sentia que Changmin o queria mais que tudo, mas esta pessoa não lhe dava o devido valor... Eu já havia me decidido e eu queria ajuda-lo de verdade...

- Changmin... Quem é a pessoa que tanto gosta?

- É... É... – mordeu o lábio e percebi o quanto ele estava nervoso assim que coloquei minha mão sobre a sua e lhe lancei um olhar tranqüilo e muito sereno.

- ... - ele sorriu pra mim...

– O nome dele é Henry... Ele estuda na mesma sala que a gente e... Ele não é a melhor pessoa do mundo... então eu queria tanto cuidar dele e... – quando ele disse aquele nome eu me assustei... lembrei daquele menino me tocando daquele jeito asqueroso no banheiro e rapidamente afastei minha mão da de Changmin por aquelas lembranças horríveis daquela noite que perturbavam me mente... Vi quando uma das lágrimas escorreu por sua bochecha quando ele olhou pra mim com o cenho franzido – O que houve Jae?

- N-Nada... nada... – respirei fundo sentindo um calafrio percorrer meu corpo, mas por fim abri um sorriso tratando de disfarçar aquele sentimento terrível – M-Mas... Chang, sinto que aquele garoto não te merece...

- Eu penso que... eu é que não o mereço... – suspirou triste – Ele é tão bonito e sempre tem uma aparência muito agradável de ver... Ele sempre tem muitas pessoas a sua volta e é também muito popular na Universidade... Alem do mais é tão inteligente... Eu não sou assim... Sou um mero e ridículo nerd, que todos evitam... – franziu ainda mais o cenho, contraindo sua mandíbula, mostrando o quanto se sentia chateado por isso.

- Changmin, não seja bobo... – sorri e segurei seu queixo, para que ele pudesse me olhar... Retirei seus óculos e mexi um pouco em seu cabelo todo penteado a gel. Desfiz sua pequena gravatinha borboleta e desabotoei os três primeiros botões de sua camisa pólo, levantando um pouco a gola para que ficasse do jeito que eu já vinha imaginando. Changmin se manteve calado esse tempo todo, apenas me encarando com uma expressão confusa... Quando ele percebeu o que estava fazendo, notei um rubor em seu rosto e enquanto eu o ajeitava, suas mãos brincavam uma com a outra.

- J-Jae o que...

- Shh, vá até o banheiro e veja como você está – e abri mais um sorriso acolhedor.

Changmin

Olhei aquele reflexo no espelho e fiquei imóvel por um instante, apenas analisando o trabalho de Jae... Com apenas alguns minutos Jae tinha mudado todo mo meu visual.. Abri um sorriso forçado, como se alguém estivesse a me frente, me olhando e me notando... Depois respirei fundo e por um instante deixei de olhar para a minha imagem... Pensei em Henry mais uma vez. Será que ele gostaria de mim vestido dessa forma? Algo como uma pontada de esperança invadiu meu peito... Me olhei novamente... Aparentava ser um daqueles estudantes comportados, bastante atraente e era o tipo de homem que as garotas mais gostavam... A diferença era que eu não me via como alguém atraente... Aquilo que parecia ser uma oportunidade de conquistar Henry rapidamente desapareceu. Passei a mão em meus cabelos, tratando de ajeitá-los como estavam antes e abotoei minha camisa com um pouco de dificuldade já que estava sem meus óculos...

Jae estava sentado no sofá... Eu apareci e me sentei no mesmo lugar, recolhendo minha gravata e a ajeitando em meu pescoço, colocando meus óculos antes.

- Chang, por que essa cara? Não gostou? – percebi seu olhar de decepção... Eu sabia que ele só queria me ajudar... Mas eu realmente não tenho solução...

- Não é isso Jae... é só que... Eu acho que não deveríamos fazer isso... É uma perda de tempo e alem do mais Henry nunca vai mudar sua opinião sobre mim...

Por mais difícil que esteja sendo para mim  afirmar isso, eu estava certo de que era a mais pura verdade.. Não queria que Jae perdesse seu tempo com alguém como eu, assim que lhe abri um sorriso forçado, mesmo que deixasse passar um pouco da tristeza que sentia...

Levante-me e coloquei a mochila em minhas costas... Não seria bom ficar ali já que eu queria muito que aquela dor saísse do meu peito e a única forma que eu encontrei foi chorando... Nunca fui alguém que fraquejava para as coisas e nem que chorava por não consegui-las, mas era a primeira vez que eu me apaixonava por alguém... Era algo diferente do que um diploma de ensino médio o qual eu quase não consegui... Estava frustrado e precisava respirar um ar puro assim que me despedi de Jae e segui meu rumo, sem deixar de agradecê-lo antes de ir.

Andava pelas ruas já bem movimentadas, afinal já estava noite... não muito tarde. Era por volta de sete e meia da noite. Andava devagar e sem muita vontade de ir para nenhum lugar então decidi mesmo ir para a casa.

Eu perdi meus pais muito novo e os únicos familiares que eu tinha eram meus simpáticos tia Sunday e tio Hyuk, ambos casados há anos (não que sejam velhos, eles tinham pro volta de 30 e 35 anos)  e sempre estavam de bom humor... Isso me agradava um pouco. Cheguei em casa, não estranhando que não tivessem lá afinal não paravam em casa. Sempre saiam para se divertir em festas da cidade e a maioria delas ele entravam de penetra... Achava graça das histórias que as vezes eles me contavam... Eles realmente eram um pouco estranhos, mas eu os amava e me sentia eternamente agradecido por terem cuidado de mim.

Depois de ler o pequeno recado de tia Sunday pregado na geladeira, segui para o meu quarto para descansar... Apesar de não ter sido um dia muito corrido, eu não estava muito bem e o motivo era um pouco óbvio mesmo eu querendo colocar outro no lugar.

Yunho

A noite estava estrelada... Olhava aquele céu tão vasto pensando em quão grande deve ser o universo... Era estranho pensar algo assim, ainda mais estando em uma festa tão glamurosa como aquela.

Mias uma vez o dono da universidade de Seul havia me convidado para mais uma de suas festas para recebê-lo. Ele havia ido por negócios ao Japão e voltava após alguns meses... Não era a pessoa mais sensata do mundo, sempre rodeado de mulheres a sua idade (45) e sempre bebendo e falando muito... Eu não ia muito com a cara dele, mas ele sempre gostara de mim e eu era o melhor amigo de seu filho, que havia ido estudar há alguns anos no exterior.

O dono da casa se aproximou de mim, com sua taça de vinho e uma bela senhorita ao seu lado. Ambos com um sorriso gentil no rosto...

- Podemos nos sentar? – perguntou o senhor.

- Por favor... – e abri um sorri gentil, me levantando para que a senhorita pudesse se sentar e logo retornei ao meu assento.

- Jung Yunho, queria lhe apresentar minha sobrinha Tiffany, futura professora de direito em nossa universidade!

- Oh! Prazer senhorita Tiffany... Sou Yunho, também professor de direito da Universidade de seu tio – peguei delicadamente sua mão e a beijei – Encantado em conhecê-la...

- Encantada também... – e assentia com a cabeça varias vezes... Ela era realmente uma linda mulher... Não que eu estivesse me apaixonado ou sentindo paixão, mas fisicamente Tiffany me atraiu, alem do mais ela usava um belo vestido vermelho, bastante decotado deixando bastante a mostra seus volumosos seios...

- Vou por alguns instantes... Fiquem a vontade! – e notei como ele piscava um dos olhos para ela, que sorriu timidamente, logo desviando olhar para mim. O avistei indo de encontro a alguns outros professores convidados.

- Então dará aula na Universidade de Seul... não é assim? – tomei um gole de meu vinho.

- Sim, começarei amanhã cedo – sorriu – Penso que ficarei no mesmo prédio que você...

- Creio que sim... Direito também, não é?

- Sim... – vi como suas bochechas coravam... Por quê? Estaria ela interessada em mim?

- Oh... então você seria a moça que me substituiria pela manhã?

- Acredito que sim – ela riu levemente – Então pode relaxar agora, já que ficará só com o turno da tarde – ri.

- Gostaria de dançar? – me levantei e me pus ao seu lado, pegando sua delicada mão.

- Adoraria – e sorrindo, me acompanhou o local onde estavam algumas dezenas de casais que também dançavam.

Coloquei uma mão sobre sua cintura e a outra levei até sua mão. Senti um de seus braços em meu ombro e logo sua mão acariciar de leve minhas costas. Assim começamos a dançar aquela musica... Por um instante, o olhar de Tiffany sobre mim era algo muito intenso, muito possessivo... Parecia com o olhar de Henry sobre meu Jaejoong... Meu lindo e terno Jae.. Como será que ele estava? Estaria esperando por mim... ou já havia dormido? Abri um sorriso enquanto a imagem dele preenchia minha mente.

- No que está pensando? – ela me perguntou de repente, me enviando um olhar frio que rapidamente se tornou um olhar curioso enquanto um sorriso tomava forma em seus lábios.

- Nada... Apenas em como a noite está linda hoje... Não é? – sorri.

- Sim... está bela – juntou mais seu corpo ao meu e eu senti seus seios em meu peito... Aquilo me deu uma sensação agradável... mas nada mais que uma simples atração.

- Você dança muito bem senhorita Tiffany! – falei em um tom divertido e abri um sorriso.

- Oh... Nem tanto assim. – falou timidamente – Você dança perfeitamente bem –retribuiu o sorriu.

A noite estava calma... e eu continuava a conversar com aquela bela moça sobre variadas coisas, não entrando muito no assunto da Universidade. Talvez teríamos melhores oportunidades para conversar sobre isso...

- Mas é claro que – falava animado, quando fui interrompido pelo toque do meu celular – Só um minuto – me levantei e me afastei um pouco do mesa para atender o telefone. Reconheci imediatamente o numero no visor, me recordando de Jaejoong – Jae? – abri um sorriso... eu simplesmente não conseguia evitar.

- Y-Yun...? É... É o Jae... – senti como ele estava nervoso... Certamente também estaria com suas macias bochechas avermelhadas agora... eu morria para vê-lo agora.

- Eu sei meu anjo... Por que me ligou? – falei ternamente... não queria assusta-lo alem do mais eu ainda percebi como ele ficava com medo de conversar as coisas comigo...

- Eu... eu só.. .queria saber se você está bem...

- Eu estou... não se preocupe! – como amava ouvi aquela voz – E como você está?

- Bem... Só... não gosto de ficar sozinho... então... e-eu liguei pra você... – agora sim ele devia estar muito corado...

- Hum... – meu coração estava batendo tão forte – Quantas horas são?

- Acho que já são quase duas da manhã

- EEEH? Já? Não demore e já estou chegando por aí... Te am – não.. o que deu em mim? Não podia falar isso pra ele... Eu me deixei levar novamente... Não podia – Até! – e cortei a ligação.

 Falar “eu te amo” ? No que eu estava pensando? Ainda era cedo para se dizer alguma coisa... Eu havia pegado tanto carinho por ele... Estaria apaixonado por Jae? Talvez sim e eu não me sentia nem um pouco mal com isso... Jae era alguém que eu desejava ter ao meu lado pelo resto dos meus dias... Talvez eu o amasse...

- Yunho? Tudo bem? – Tiffany tocou de leve em meu ombro. Eu me virei fazendo uma expressão um pouco triste.

- Preciso ir – sorri de soslaio.

- M-Mas já? Tão cedo – ela torceu os lábios, quase formando um bico.

- Nos vemos na Universidade amanhã? – perguntei um pouco mais alegre. Na verdade parecia mais que eu estava inventando todo aquele desanimo... Eu realmente queria voltar para casa e ver meu Jaejoong.

- Ok! Estarei lá pela tarde também – ela abriu um sorriso encantador – Até amanhã então! Foi uma noite maravilhosa

- Sim... Realmente foi – lhe devolvi a gentileza e logo parti, me despedindo mais uma vez de Tiffany.

x-x-x

Yunho chegou em seu apartamento depressa... Estava louco de vontade de ver Jaejoong e alem disso queria muito que ele lhe contasse como estava indo com Changmin... Simpatizava com o garoto desde que o conheceu, mas não podia negar que agora não podia dizer que ele era o único na vida de Jae... E sim, um certo ciúme lhe invadia sempre via Jae com Changmin, mas nada que pudesse se tornar algo grave.

Entrou devagar, percebendo que a apenas a luz do abajur na sala estava acesa. Olhou para o sofá após colocar suas coisas em cima da mesa e avistou Jae adormecido, coberto por uma pequena manta. Yunho não pode deixar de abrir um sorriso... Aproximou-se e agachou-se ficando de frente para o menor. Acariciou ternamente sua bochecha, deslizando os dedos suavemente pela extensão de seu nariz, contornando aqueles lábios tão perfeitos, sentindo aquela pele tão suave e tão cálida... Ele dormia tão tranquilamente que não teve coragem de acordá-lo, assim que o pegou no colo, percebendo que ele se ajeitava em seus braços, afundando o rosto em seu peito... Yunho o carregou até o quarto e o colocou com cuidado sobre a cama, o cobrindo logo em seguida.

O moreno tomou um banho quente e também não demorou a se deitar... estava exausto. Olhava para o teto e lembrou-se de Tiffany. Que bela mulher.. linda  e educada... Com certeza seriam muito amigos e alem disso eram bons quando o assunto era direito. Yunho sorriu e virou-se, ficando de frente para Jae... Olhou aquele rosto tão lindo... Respirava tão calmamente... O moreno se aproximou mais e roçou a ponta de seu nariz no de Jae, fechando os olhos e sentindo a doce respiração contra seus lábios... Algo em seu peito dizia que amava aquele menino, mas ainda tinha certas duvidas se era amor ou se era apenas afeição... Sorriu de soslaio, se afastando do menor apenas alguns centímetros, novamente tocando seu rosto, fazendo um pequeno carinho seus cabelos.

Aquela palavra que tanto martelava em seu coração voltava à tona e apenas o moreno não podia notá-la. A palavra que com certeza era o sentimento que ele sentia por Jaejoong... Um forte e verdadeiro sentimento chamado Amor.