Agindo mais por instinto do que por raciocínio, todo seu corpo se moveu pronto para agarrá-lo, enquanto seus olhos se continham para não derramar as lágrimas que havia jurado não deixar cair. A situação era outra e os sentimentos eram ainda mais intensos.

            - Não – ela disse segurando o pulso fino e branco. – Não vá!

            Ele sentiu vontade de abraçá-la, ali, no meio daquele salão e que se danasse o que cada um pensava, inclusive Pansy, só podia pensar que tudo tinha de ter sido diferente, tinha de ter agarrado-a enquanto ainda podia e aproveitado todos os momentos, tinha de ter se mantido firme e a assumido. Tudo seria mais fácil se o orgulho Malfoy não fosse tão difícil de passar por cima.

            Agora já era tarde para pensar nisso, só tinha de erguer o rosto olhando para o futuro que cada vez lhe parecia mais incerto.

            - Droga – ela murmurou o soltando como se estivesse voltando a si, recuperando sua consciência.

            - Você quer mesmo que eu fique? – ele perguntou, conhecia a garota o suficiente para saber que Hermione podia ser meio bipolar. Era melhor garantir.

            - Eu quero que você seja sincero – ela murmurou dando um giro no que ele pensava.

            - É nossa última noite – ele murmurou puxando-a pela mão quando mais ninguém podia vê-los. – E eu não quero passá-la discutindo com você...

            - Eu não quero que acabe – ela murmurou tocando-o no rosto quando já se encontravam afastados.

            Ela queria mais do que isso, não queria só que não acabasse, queria poder mudar as coisas, fazê-lo entender e no fundo fazer com ela própria entendesse, porque tudo vinha se tornando um emaranhado de questões negativas e ela já se encontrava perdida. Mas ela não queria permanecer assim, o problema é que o único capaz de ajudá-la encontrava-se tão perdido quanto.

            No fundo Hermione desconfiava que nem ele próprio soubesse o que os levou ao fim, mas não importava agora, teriam apenas essa noite, então que pudessem aproveitá-la.

            - Nem eu – ele murmurou entranhando as mãos em seu cabelo, soltando o coque que ela demorara a fazer, seus lábios logo se aproximaram dos dela, suas respirações mesclavam-se aos poucos, e quando o beijo aconteceu despertou um misto de emoções que ambos tentavam controlar.

            Tarde demais para voltar atrás.

            - Vem comigo – ele disse querendo ter certeza de que ela o faria por vontade própria.

            E ela iria ao inferno naquele instante se ele lhe pedisse, desde que Draco Malfoy mantivesse-se junto dela, nada mais importava.

            - Você se lembra daqui? – ele perguntou trazendo-a para mais perto de seu corpo, sentindo o aroma inebriante que provinha daquela mulher. Da única mulher capaz de enlouquecê-lo.

            Os corredores de Hogwarts estavam silenciosos, as escadas mal se moviam e inclusive os quadros haviam mudado de moldura, tudo para prestigiarem o fim do ciclo de mais uma turma.

            Como ela poderia esquecê-lo?

            Não, nunca. Ao menos não tão cedo, não enquanto uma poção do esquecimento não fosse inventada – mas, mesmo que tivesse escolha, Hermione ainda desconfiava que iria preferir mantê-las, pelo assim ainda teria algo só deles.

            Então nada seria capaz de apagar seus momentos.

            - O que você pensa que está fazendo Malfoy? – ela perguntou quando ele puxando-a pelo braço após mais um jogo de quadribol, no qual Sonserina havia jogado contra Corvinal e ganhado.

            - Eu quero minha recompensa pela aposta – ele disse abraçando-a. – Você duvidou que nosso time poderia ganhar, agora você vai pagar Granger.

            Ela gargalhou com vontade deixando que ele a prensasse contra a parede, mas passos logo foram ouvidos e Draco sorriu, aquele sorriso torto e malicioso que fazia com que seus olhos acinzentados brilhassem de um jeito encantador.

            - Vem – ele a puxou pelo corredor até achar a porta que tanto procurava. A Sala Precisa, ali estava.

            E não era difícil saber o que Draco Malfoy desejava naquele momento.

            A sala converteu-se em um daqueles lugares encantadores, um quarto muito bem mobiliado, com móveis a moda antiga e uma daquelas camas, com cortina, no centro. Ele a encarou um instante, fazia seis meses desde que começaram a se encontrar assim, as escondidas – mesmo que no fundo Hermione tivesse uma dúvida de se Harry ou Gina já não a havia visto junto de Draco – e ele sentia-se pronto para isso, agora só dependia dela.

            - Vamos – ela disse com um sorriso malicioso no rosto enquanto o beijava.

            Ela não sabia o que poderia acontecer no dia seguinte, não sabia até quando conseguiriam manter-se desse modo, escondidos e entregues, então preferia entregar-se e aproveitar o momento a planejar o próximo encontro.

            Os dedos longos e pálidos de Draco tocaram sua pele causando arrepios excitantes, e enquanto ele a despia a vergonha ia indo embora dando lugar apenas ao desejo de ambos.

            Foi com a mesma calma que tudo começou e permaneceu, Draco a beijava alternamente nos lábios e no pescoço, ora em seus seios, ora em sua barriga lisinha. E assim permaneceu, até o momento de penetrá-la, quando Hermione tremeu em seus braços sentindo-se fraquejar pela primeira vez desde que resolvera se entregar ao momento. A verdade é que muitos diziam que doía e podia ser desconfortável, e ela não sabia se estava realmente pronta para isso naquele momento. Mas no instante seguinte, quando Draco a olhou nos olhos e sussurrou palavras carinhosas, Hermione deu-se conta que não se importava, afinal estaria com ele, e por ele valeria à pena.

            A dor poderia ser suportada afinal, e no fim só lhe restava aquele prazer encantador que os deixava com vontade de mais e cada vez mais.

            Cada momento Draco permanecia ainda mais cuidadoso, nada semelhante ao sonserino que conhecera nos primeiros dias em Hogwarts, pena que aquele Draco apenas ela conhecia, porque, para os outros, ele seguia sendo o mesmo mesquinho de sempre. Isso era o suficiente para mantê-la afastada dele na presença de outros, não suportava o jeito como ele agia, fazendo-a até pensar, algumas vezes, em qual das duas personalidades Draco estaria atuando – e temia descobrir que fosse com ela.

            Mas ali, naquela sala, com ele tocando-a de maneira tão calma e cuidadosa, Hermione desconfiava de que ele não lhe mentia, de que afinal havia algo bom dentro de Draco Malfoy – de que ele não era a copia de Lucius