- Olha quem está aqui – a voz de Pansy ecoou por seus ouvidos.

            Conte até três, Hermione pensou e repensou, mas era inevitável sentir seu sangue ferver na presença dela, porque no fim das contas era Pansy que possuía maior parte da culpa de seu romance não ter dado certo.

            - O que você quer comigo? – Hermione perguntou servindo um copo com drink para então encarar a garota de pele branca e cabelo incrivelmente preto.

            Pansy parecia uma dessas menininhas tiradas de histórias felizes, com rosto bonitinho e corpo perfeito, Hermione pensou e logo olhou para si mesma. Enquanto Pansy saia de um livro, ela vinha da onde? Seu cabelo era normal, seus olhos não possuíam nada de diferente e seu corpo era apenas certo.

            Não, não demonstraria fraqueza na frente dela.

            - Fique longe dele – Pansy disse antes que ela se afastasse.

            - Ele é seu – disse Hermione com rancor. – Contente-se com isso!

            Não que ela planejasse vê-lo essa noite, pelo contrário, não se sentiria mal com a distância.

            Bastou pensar novamente nele para aquelas sensações voltarem. Droga.

            - Você veio – Gina disse alegre assim que Hermione chegou até eles, segurando uma taça de champagne e entregando outra a Rony, Hermione tentou sorrir, fingir pelo menos que tudo estava bem.

            - E vocês se largaram – disse tentando “descontrair” e sorriu ao ver como Harry também gargalhava enquanto as bochechas sardentas de Gina ficavam coradas.

            - Sente aqui – disse Rony pondo um banco bem próximo.

            - Mas eu não vou demorar – ela disse para Gina ao se sentar. – Rony é que insistiu mesmo...

            - É o baile de vocês – Gina disse, já que ainda faltava um ano para o dela.

            - O seu é logo – Rony disse revirando os olhos.

            - Nem tão logo assim – ela disse acariciando o rosto de Harry.

            Esse era o problema deles dois, ela em Hogwarts e Harry não.

            Hermione sorriu, ah se seu problema fosse só isso.

            Seu sorriso morreu assim que o viu passando, porque não podia se meter debaixo de uma capa de invisibilidade e evitá-lo para sempre. O olhar que o loiro lhe lançou fez seu coração estremecer, ele parecia realmente sentir muito, e esse era o problema... Mesmo que Draco sentisse muito, ele não fazia nada para mudar isso.

            - O que você faz aqui sangue-ruim? – o loiro perguntou ao vê-la entrar na sala dos troféus.

            - Eu vou fazer companhia para você a noite toda – ela declarou com um sorriso nada amistoso.

            Naquela noite Draco estava em detenção por ter aprontado contra sangues-ruins da Grifinória, e como punição tinha de limpar a sala de troféus da Grifinória, sem danificar nada.

            O maior castigo para alguém como ele, ter de rebaixar-se a casa que abriga, como ele diz, sangues-ruins e ainda por cima não por danificar nada. Malfoy estava visivelmente irritado, e pela primeira vez Hermione se pôs a reparar nele – já que era o único que lhe restava a fazer naquela sala, nem sequer havia carregado um livro consigo.

            Malfoy esfregava um dos troféus de qualquer torneio de quadribol que a Grifinória havia ganhado, e Hermione viu como os dedos claros eram longos, e seu braço parecia mais definido, como se ele houvesse mesmo malhado. A camisa dobrada nas mangas e com três botões abertos no peito dava um ar sexy ao garoto, e subindo sua vista, Hermione pode reparar como no rosto claro havia pequenos resquícios de barba, o que lhe dava um ar mais sério, crescido talvez, o cabelo cada vez mais claro estava perfeitamente cortado, mas, por cansaço Draco já o havia bagunçado algumas vezes – se ele soubesse quão belo ficava assim, para ela, Draco não voltaria a fazer isso.

            Havia também seus olhos, de uma cor tão característica, acinzentada, sem falar nos lábios que possuíam a medida perfeita, nem muito carnosos nem muito finos, devidamente rosados para acompanhar os dentes perfeitamente brancos.

            Não podia negar, Draco Malfoy era mesmo atraente.

            - O que foi, sabe-tudo? – ele perguntou estralando os dedos.

            - Estou apenas aproveitando – ela disse revirando os olhos, não havia como não usar ironias ou sarcasmo quando falava com ele. – São poucas as vezes que se pode ver um Malfoy rebaixando-se à casa dos sangues-ruins – ela cuspiu as palavras. – E pode se acalmando ai, porque a noite é longa...