Thalia olhava ao redor da sala prateada em que estava trancada á espera da Fury.

–Desculpe-me pelo atraso, mas lidar com tantos adolescentes é uma loucura. –Sentou-se.

–Como você construiu tudo isso? –Perguntou.

–Com a mesada que a minha mãe me dá, com o salário que eu ganho na SHIELD, com a ajuda dos meus amigos que agora estão aqui e com algumas “doações”. –Fez aspas.

–Doações? –Arqueou a sobrancelha.

–Quando meu pai me manda em missões e eu volto com algumas coisas peço permissão para que eu as pegue para mim. –Explicou.

–Ele sabe de tudo isso? –Sinalizou com os dedos.

–Não, é claro que não. –Negou.

–Se ele soubesse... –Começou.

–Me acusaria de traição. –Interrompeu.

–Quero que você tenha em mente que depois que eu achar os meus pais essa coisa de heróis acaba. –Avisou.

–Ninguém foge do destino Nathalia. –Disse.

–Você é um tipo de vidente? –Desdenhou.

–Na verdade sim. –Encarou-a. – Eu consigo ler mentes, mover objetos com a mente e consigo ver o futuro, mas é como um quebra cabeças e eu nunca sei exatamente o que acontecerá. –Disse.

–O que você acha que eu faço? –Perguntou.

–Tudo o que eu faço com exceção de ver o futuro. –Respondeu.

–Senhorita Fury. –O Dr. Madson entrou na sala.

–Diga. –Disse.

–A coisa está pronta. –Avisou.

–Eu vou fazer um teste para ver como seus dons funcionam. –Suspirou preocupada. –Chame os outros para assistir. –Ordenou ao Doutor.

–Você enlouqueceu? –Vociferou.

–Abaixe seu tom de voz, aqui eu sou sua superior. –Respondeu.

–Desculpe. –Saiu da sala.

Um portão blindado foi aberto e Thalia entrou, era como se fosse uma arena fechada, ela conseguia ver todos que estavam assistindo ao show.

A Fury parecia preocupada, o Dr. Madson não estava lá assim como Dean, Harry e a Doutora Eleonora, Juliette estava apoiada ao loiro, Charlotte mexia nas unhas, Thomas estava concentrado vendo tudo e Alex parecia estar gritando com a chefa.

Indo contra os protestos do Stark, Lydia abriu o outro portão.

Do outro lado Thalia pôde ver uma pata enorme sair da escuridão, quando “a coisa” saiu por completo da escuridão Thalia deu um passo para trás e seus olhos encheram de lágrimas.

A criatura era um tigre em tamanho anormal, mas ao invés de rugir emitia um som parecido como de cobra e sua língua com a da mesma, seu rabo era como se escorpião e encarava Thalia com seus olhos sangrentos.

–Tire ela de lá agora. – Alex gritava.

A ruiva tentava de todas as maneiras usar seus poderes, mas eles simplesmente haviam sumido. A criatura avançou na ruiva e a derrubou pressionando-a contra o chão com a pata.

–Abra. –Juliette gritou.

–Não está funcionando. –Lydia gritou de volta enquanto apertava o botão que não funcionava de maneira alguma.

–Já chega. –Alex apertou o pequeno botão em seu relógio e sua armadura veio ao encontro.

Era idêntica a de seu pai, mudando apenas a cor, que era azul. O rapaz estourou o vidro e foi ao encontro da ruiva, ele apontou o laser para a criatura que parecia ser indolor. Era como se ele não estivesse lá.

Charlotte pegou o arco e flecha, atirou do outro lado e um fio de metal estava fincado, seria sua passagem para o outro lado.

–Você não vai. –Thomas segurou o braço dela.

–Eu vou sim, eu vou tirar eles de lá. –Soltou-se.

–Eles ou ele? Vai salvar o amor da sua vida é? –Arqueou a sobrancelha.

–Vou. –Respondeu decidida.

E assim o fez.

Juliette pegou a espada e partiu para a guerra, Luke fez o mesmo, pois jamais abandonaria a loira e o amigo que estava caído na arena.
Parecia um massacre.
Alex estava protegendo Thalia que estava sangrando no chão. Luke, Juliette e Charlotte atiravam no monstro que continuava atacando Alex e Thalia.

–Vou acabar com a brincadeira. –Thomas revirou os olhos. –Hora de morfar. –Riu.

–Isso não é uma brincadeira senhor Banner. –Lydia virou-se furiosa.

–Você vai ter que concordar que ver aqueles manés como heróis é uma piada. –Continuou com um sorriso nos lábios. –Hora de mostrar o que é ser herói. –Tirou a camisa.

O físico perfeito foi mudando conforme a queda de onde estava até a arena por uma cor verde e um tamanho sobrenatural, ele podia até ser maior que o pai.
Com apenas uma das mãos ele literalmente esmagou o pescoço da criatura e parecia se divertir sentindo o sangue azul marinho escorrer misturando-se com o verde de seu corpo.

–Vocês são um máximo. –Harry apareceu correndo na frente de Lydia que finalmente havia conseguido abrir o portão com o auxílio de Eleonora.

–Numa guerra jamais repitam isso. –A Fury vociferou furiosa. –Eu não vi heroísmo aqui, eu vi um bando de adolescentes irresponsáveis cometendo suicídio. –Estava com os punhos cerrados. –Stark agiu por impulso numa tentativa falha de proteger Romanoff que foi uma falha enorme, Barton pulou aqui sem pensar duas vezes apenas para contrariar o Banner e salvar a vida do namoradinho, outra falha. –Todos estavam assustados. –Juliette veio salvar a amiguinha, achei que você fosse mais responsável. –Gritou com a loira. –E o idiota do filho de Loki foi atrás da prima, ou seja lá o que vocês forem. Duas falhas terríveis. –Continuava exaltada. –E por fim o nosso grande filhotinho de Hulk que veio aqui só para mostrar o quão melhor é. F a l h a. – Soletrou.

–Me desculpe, mas vi outra coisa. –O Dr. Madson se pronunciou. –Eu vi heroísmo. –Deu ênfase.

–Heroísmo? Eles tentaram proteger um ao outro mesmo sabendo que o treinamento apenas começou. –Gritou.

–É exatamente esse o ponto. –Disse calmo. –Como poderão salvar uma cidade ou um mundo inteiro se não protegerem a si mesmos e aos companheiros? Se eles morrerem sem ajuda não haverá heróis. –Continuava contido. –Heroísmo é isso Fury, heroísmo é ter compaixão e ser leal. –Suspirou. –Vocês estão de parabéns e considerem isso como um teste e vocês passaram e não falharam. Isso foi uma falha da nossa chefinha. –Tombou no ombro da morena e saiu.

–Isso não acabou aqui, considerem-se de castigo e se preparem porque eu vou mandar vocês para uma missão só para esfregar na cara desse doutorzinho idiota o quanto vocês são cheios de falhas. –Saiu batendo os saltos violentamente contra o chão.

Alex pegou a ruiva no colo.

–Está bem Beija Flor? –Luke segurou o rosto de Juliette entre as mãos.

–Você ainda lembra. –Sorriu.

Alex olhou para o loiro e brincou com as sobrancelhas.

–Acho que alguém tem aquela chance também, não é Luke? –Passou por eles.

–Chance de que? –A loira arqueou a sobrancelha.

–É uma coisa entre mim e ele. –Disse.

–Isso soou gay, mas eu não tenho preconceitos. –Riu.

–Ele é meu... Amigo. –Parecia não acreditar.

Pela primeira vez Luke estava tendo um amigo de verdade.

Charlotte estava de braços cruzados e olhava sério para Thomas.

–O que foi baixinha? –Questionou.

–Obrigada por salvar todo mundo. –Agradeceu.

–De verdade, eu queria salvar você. –Puxou-a para um abraço. –Nunca mais arrisque sua vida para salvar aquele sem sal. –Afastou-se do abraço.

–Ele não é sem sal e eu fiz isso por ela também. –Disse.

–Você a odeia. –Constatou o fato.

–Está bem, eu fiz por ele. Todo mundo está cansado de saber que eu acho aquele cara um máximo. –Deu de ombros.

–Menos ele. –Thomas saiu.

–Mas vai saber. –Sorriu de canto.

Alex colocou a ruiva numa cama no dormitório.

–Obrigada por se importar comigo. –Agradeceu.

–Eu não me importo. –Respondeu.

–Mas se você se importasse. –Olhou para ele.

–É melhor que eu não me importe. –Desviou o olhar.

–Por que você não me olha? –Perguntou.

–Por que... Eu não sei. –Continuou sem encara-la.

–Olhe para mim. –Pediu.

Ele o fez. Mergulhou no azul celeste de seus olhos, o castanho mergulhou fundo no mar azul. Thalia sentou na cama sem tirar sem olhos dos dele, Alex se inclinou. A respiração dos dois se misturava vagarosamente, a ruiva fechou os olhos.

–Tha... –Uma voz quebrou o momento. –Eu não sabia que vocês dois. –Harry balançava as mãos. –Quem diria que o ódio era amor. –Começou a gargalhar.

Alex tropeçou e derrubou algumas coisas e saiu quase correndo do quarto, Thalia ria.

–Se você contar para alguém eu te mato. –Ameaçou o irmão.

–Não mata não, eu sou a única pessoa da família que te sobrou e você me ama incondicionalmente. –Sorriu. –Fique tranquila ninguém vai saber, mas saiba que eu apoio. Ele é legal. Mas o papai iria te matar. –Passou o dedo indicador na garganta.

–Papai poderia me mata, eu não me importaria. –Disse.

–Então você gosta dele. –Abriu a boca surpreso.

–Não. –Negou. –Saia daqui. –Expulsou.

Harry levantou as mãos em rendição e saiu correndo.

–Eu não posso me apaixonar por ele. –Disse alto para si. –Foque na missão Romanoff. –Disse para si.
Então a ruiva percebeu que havia se chamado de “Romanoff” sobrenome esse que havia renegado toda sua vida.
Thalia se levantou, pegou uma bandeja de alumínio e viu seu reflexo.

Quase a cópia de sua mãe.

–Vou fazer isso por você mamãe, e pelo papai também. –Fechou os olhos. –Eu vou te encontrar e vou fazer pagar quem o tirou de nós. –Disse á si mesma.

Natasha sentou na cama.

–O que aconteceu? –Jane encarou-a.

–Ouvi a voz de Thalia. –Disse. –Ela disse que faria por mim e por Steve, mas eu não sei. –Suspirou. –Ela tem poderes psíquicos, será que ela consegue falar comigo? –Perguntou.

–Acho que sim. –Jane sorriu. –Só que acho que ela não sabe e nós não temos como avisar. –Abaixou a cabeça.

–Eu posso. –Pepper disse. –Se conseguimos falar com alguém daqui sei que conseguirão falar com meu filho e eles com certeza estão juntos. –Finalizou.

–Quem? –Natasha perguntou.

– Alvord. –Respondeu.

–Você não pode estar falando sério, senhora Stark. –Jane se manifestou. –Lembro como esse garoto apareceu aqui e lembro que veio com alguém terrível. –Jane estava assustada.

–Ele é a nossa única chance. –A esposa de Hulk insistiu.

–Como falaremos com ele? –Natasha perguntou.

A mulher caminhou até a porta da cela e uma moça se aproximou.

–Eu preciso falar com o agente Alvord. –Disse.

A moça saiu rapidamente.

Minutos depois o agente entrou no quarto onde as mulheres estavam presas.

–Encontre a Fury ela está com meu filho e diga á ele que Thalia pode se comunicar com a mãe. –Disse, o homem assentiu e entregou á ela um comunicador de ouvido.

–Esconda isso muito bem. –Avisou. –Quando chegar a hora certa nos comunicaremos. –Estava sério. –Eu vou tirar vocês daqui, mas preciso de ajuda e sei que a garota Fury irá me ajudar. –Garantiu.

A mulher assentiu.

O rapaz foi saindo, quando sentiu uma mão pousar em seu braço.

–Diga á Thalia e Harry que eu os amo, por favor. –Natasha pediu.

–Direi. –Saiu.

–Você acha que podemos realmente confiar neles Astrid? –Perguntou á mãe de Thomas.

–Tenho certeza absoluta, ele é um bom garoto e não tem culpa de ser... Você sabe daquilo. –Disse.

–Será que tudo isso é obra daquilo? –Natasha deu ênfase assim como a amiga.

–Talvez,mas lembre-se que Loki sempre será o vilão. –Jane disse.

–O importante é que poderemos nos comunicar com nossos filhos. –A ruiva sorriu. –Queria poder conseguir falar com o Steve também, queria saber se ele está bem. –Fechou os olhos.

–Você o ama muito não é? –Jane questionou.

–Mais do que a minha própria vida. –Garantiu.